segunda-feira, 4 de junho de 2012

Brincando no quintal dos médicos


As relações entre médicos e o governo do estado tem se tornado cada vez mais desgastadas e caminham para um sentido quase sem sentido. Mas afinal todo mundo sabia que seriam tempos difíceis e que não se teria um instante de paz e de proveito nos próximos 1460 dias subsequentes a que se concedeu mandato aos que já haviam sido exilados do poder.

Hoje a revolta dos médicos faz paridade às reclamações de muitos trabalhadores que tem gritado e não têm sido ouvidos nem pelo governo, e ao que parece, nem pela opinião pública. Sendo que a segunda tem poder de revolta entendido, pois é a principal interessada e usuária do serviço público de saúde que constantemente entra na UTI e quando parece dar sinais de melhora, vai à coma novamente.

Uma bela manhã de sol em vez de se preocupar em resolver problemas delegando e agilizando ações, o governo resolveu adotar a mania de controle sobre os plantões médicos, sendo esta uma categoria importante, pois tem o domínio sobre as ações da vida e da morte sobre nossas relações harmônicas.

A politica adotada foi mexer em vespeiro, já que as relações trabalhistas referentes a essa atividade plantonista não tem nenhum instrumento contratual que efetive esta relação, logo aos olhos da lei elas inexistem. Afinal o vínculo se estabelece pelo cargo concursado, mas não pela ação dos plantões. A não ser que se queira tornar o juramento de Hipócrates um contrato formal de trabalho.

Falando com conhecimento de causa, pois a maioria da população desconhece o índice de stress contido em um plantão na emergência, da pressão por que passa um residente de PS. Afinal significa muitas vezes significa ir para a guerra levando ao invés de uma arma apropriada, as mãos nuas isso quando os médicos tem que entrar no seu plantão desprovidos se quer de instrumentos básicos, que se não levar os seus; não tem.

Nos meus anos de juventude mais proeminente fiz a escolha da família que queria ter um representante dos que se vestem de frasco de leite de coco, pois como minha mãe já dizia é sempre bom ter um médico e um padre na família, afinal nunca se sabe quando se vai precisar. Graças a Deus não me servi a nenhuma das causas.

Muitas das vezes se diz que médico ganha bem que vive nadando em rios de dinheiro, que sua vida é um mar de rosas. Erro crasso que já começa no traje que deixou ha muito o jaleco branco glamoroso para dar ao lugar à calça e camisa verde abacate com leite.

O erro seguinte é sobre a remuneração médica ser milionária, ledo engano para quem desconhece os percalços e custos para galgar passo a passo desde o processo vestibular até o fim da residência.  Frente a um cargo eletivo em que a única prerrogativa que exige é saber ler e escrever, um médico tem a responsabilidade sobre a vida e muitas das vezes não lhe concede o direito de escolher sobre quem vai ou sobre quem fica.

Afinal, médico tem que fazer escolhas difíceis, mas ao contrario do que se pensa ou sobre a fala errática de Jung sobre alguns médicos terem “complexo de Deus” digo que não procede, caso contrario teria seguido carreira como um deles e não tendo me desvirtuado para o engendro das fórmulas da química.

Mas enquanto se brinca de gato e rato, a saúde e a vida tomam suas próprias decisões, mesmo que autônomas aos desígnios do governador ou das negativas dos médicos em terem pagamento de seus plantões desatrelados da data de seus vencimentos.

Decisão infeliz e prova robusta de que nas mãos de ineptos o poder ao invés de um fardo ou uma dádiva é apenas um brinquedo que as crianças levam para o quintal e se divertem com fantasias, bem ao modelo dos backyardgans que imaginam um mundo inteiro de maravilhas no fundo do quintal.

Pena que os médicos não são fantasias, a crise na saúde não é uma ilusão ou argumento fantasioso da oposição e a população não pode ressuscitar no final do episódio como acontecem nas histórias.
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