As
relações entre médicos e o governo do estado tem se tornado cada vez mais
desgastadas e caminham para um sentido quase sem sentido. Mas afinal todo mundo
sabia que seriam tempos difíceis e que não se teria um instante de paz e de
proveito nos próximos 1460 dias subsequentes a que se concedeu mandato aos que
já haviam sido exilados do poder.
Hoje
a revolta dos médicos faz paridade às reclamações de muitos trabalhadores que
tem gritado e não têm sido ouvidos nem pelo governo, e ao que parece, nem pela
opinião pública. Sendo que a segunda tem poder de revolta entendido, pois é a
principal interessada e usuária do serviço público de saúde que constantemente
entra na UTI e quando parece dar sinais de melhora, vai à coma novamente.
Uma
bela manhã de sol em vez de se preocupar em resolver problemas delegando e
agilizando ações, o governo resolveu adotar a mania de controle sobre os
plantões médicos, sendo esta uma categoria importante, pois tem o domínio sobre
as ações da vida e da morte sobre nossas relações harmônicas.
A
politica adotada foi mexer em vespeiro, já que as relações trabalhistas
referentes a essa atividade plantonista não tem nenhum instrumento contratual
que efetive esta relação, logo aos olhos da lei elas inexistem. Afinal o
vínculo se estabelece pelo cargo concursado, mas não pela ação dos plantões. A
não ser que se queira tornar o juramento de Hipócrates um contrato formal de
trabalho.
Falando
com conhecimento de causa, pois a maioria da população desconhece o índice de
stress contido em um plantão na emergência, da pressão por que passa um
residente de PS. Afinal significa muitas vezes significa ir para a guerra levando ao
invés de uma arma apropriada, as mãos nuas isso quando os médicos tem que entrar no seu
plantão desprovidos se quer de instrumentos básicos, que se não levar os seus;
não tem.
Nos
meus anos de juventude mais proeminente fiz a escolha da família que queria ter
um representante dos que se vestem de frasco de leite de coco, pois como minha
mãe já dizia é sempre bom ter um médico e um padre na família, afinal nunca se
sabe quando se vai precisar. Graças a Deus não me servi a nenhuma das causas.
Muitas
das vezes se diz que médico ganha bem que vive nadando em rios de dinheiro, que
sua vida é um mar de rosas. Erro crasso que já começa no traje que deixou ha
muito o jaleco branco glamoroso para dar ao lugar à calça e camisa verde
abacate com leite.
O
erro seguinte é sobre a remuneração médica ser milionária, ledo engano para quem
desconhece os percalços e custos para galgar passo a passo desde o processo
vestibular até o fim da residência.
Frente a um cargo eletivo em que a única prerrogativa que exige é saber
ler e escrever, um médico tem a responsabilidade sobre a vida e muitas das
vezes não lhe concede o direito de escolher sobre quem vai ou sobre quem fica.
Afinal,
médico tem que fazer escolhas difíceis, mas ao contrario do que se
pensa ou sobre a fala errática de Jung sobre alguns médicos terem “complexo de
Deus” digo que não procede, caso contrario teria seguido carreira como um deles
e não tendo me desvirtuado para o engendro das fórmulas da química.
Mas
enquanto se brinca de gato e rato, a saúde e a vida tomam suas próprias decisões,
mesmo que autônomas aos desígnios do governador ou das negativas dos médicos em
terem pagamento de seus plantões desatrelados da data de seus vencimentos.
Decisão
infeliz e prova robusta de que nas mãos de ineptos o poder ao invés de um fardo
ou uma dádiva é apenas um brinquedo que as crianças levam para o quintal e se
divertem com fantasias, bem ao modelo dos backyardgans que imaginam um mundo
inteiro de maravilhas no fundo do quintal.
Pena
que os médicos não são fantasias, a crise na saúde não é uma ilusão ou
argumento fantasioso da oposição e a população não pode ressuscitar no final do
episódio como acontecem nas histórias.