quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Nem tão pequenos assim

Adam Smith o pai da economia em seu livro A Riqueza das Nações, traduziu a lógica do capitalismo por meios das operações e dos interesses do açougueiro, do padeiro e do feirante. Para Smith, o capitalismo é uma relação complexa de interesses interligados e regidos pela mesma lógica das engrenagens de um relógio em funcionamento.

Na prática, os bens e serviços produzidos pelo açougueiro, pelo padeiro, pelo feirante, assim como os de tantas outras profissões e empresas de pequeno porte, são importantes para movimentar a complexa engrenagem da economia local que, por sua vez, faz rodar a economia nacional e a mundial.

Atualmente, os empreendedores por oportunidade estão em alta e se fazem presentes em todos os segmentos da economia, entretanto, é necessário levar em conta o número de empreendedores por necessidade. Além de representar uma grande parte dos empreendedores globais, eles também são importantes para a economia de qualquer cidade ou país.

Uma recente pesquisa registrou um aumento expressivo no número de empreendedores por oportunidade. Segundo os dados avaliados, o número saltou de 42% para 69,2% nos últimos dez anos. Embora o universo pesquisado no Brasil tenha sido de apenas dez mil pessoas, esse número representa em torno de 32 milhões empreendedores.

De acordo com os critérios da organização que coordenou a pesquisa em 69 países ao redor do mundo, empreendedores por necessidade são aqueles que iniciam um negócio autônomo por não possuírem melhores opções de trabalho, portanto, abrem um negócio a fim de gerar renda para si e para suas famílias.

Por outro lado, empreendedores por oportunidade optam por iniciar um novo negócio mesmo quando possuem alternativas de emprego e renda ou ainda para manter ou aumentar sua renda pelo desejo de independência no trabalho.

O que a pesquisa não demonstra é o número de microempreendedores espalhados ao redor do mundo. Em qualquer lugar do planeta, o microempreendedorismo não se limita aos feirantes, camelôs, catadores de lixo reciclável e os chamados trabalhadores de fundo de quintal.

No Brasil, os microempreendedores giram a economia por meio de negócios criados dentro de casa, nas garagens, nas ruas e na própria Internet, onde se pode comprar e vender de tudo, desde que se possa fazê-lo de maneira legal e rentável.

Devemos lembrar que as empresas de grande porte constituem apenas 1% das empresas legalmente constituídas. As demais, 99%, são empresas de micro, pequeno, médio e grande porte, formais e informais, que respondem por mais de 60 milhões de empregos no Brasil.

Considerando tudo isso, temos um contingente expressivo de empreendedores informais, cuja riqueza produzida equivale a 60% da riqueza gerada pelas pequenas, médias e grandes empresas existentes no mundo, segundo dados da Organização Mundial do Comércio.

De maneira geral, os microempreendedores tem um imenso poder nas mãos. Por uma questão de sobrevivência ou necessidade, eles movimentam a economia local e mundial por meio do consumo necessário para gerar negócios nas suas próprias microempresas.

Quando se trata de empreender, não importa se você é micro, pequeno, médio ou grande empreendedor. O que importa é que o seu negócio também produz riqueza, portanto, torna-se interessante para toda a cadeira geradora de negócios, além de distribuir renda de maneira mais eficiente do que muitos governos.

O grande desafio desses empreendedores é o crescimento, já que os bancos ainda veem os micro com lentes mais diminutas ainda, e as linhas de crédito são tímidas e muitas das vezes quase simbólicas. No caso do Amapá, por exemplo, o fomento chega a ser um desafio, visto que a agencia de desenvolvimento local ADAP, tem um orçamento muito baixo em relação a importância dos microempreendedores nas engrenagens da economia do estado. Gasta-se três vezes mais na propaganda institucional do que em fomento aos micro empreendedores, essa sim é uma ideia microscópica.
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