sábado, 4 de fevereiro de 2012

Entrevista da semana – Thiago Balieiro

Amapaense, com 21 anos apenas, mora em São Paulo há certo tempo, faz parte do mais cobiçados grupo de RH do país a Catho Online. Consultor meteórico alçou a arte de educar executivos em três estados do País. Com uma combinação curricular poderosa, apesar da pouca idade carrega já uma experiência vasta e umas opiniões fortes, sempre bem humoradas. 

Vai estar em Macapá em março junto com os “papas” do T&D para um workshop que não deixa ninguém do ramo de fora. Com os cabelos desgrenhados dentro de seu canto recém-inaugurado em São Paulo, surgiu esta descontraída entrevista com um sujeito que é atualmente um dos profissionais mais cotados do cenário Coaching Brasil.




Coisas da Vida: Você tem 21 anos, já escreveu um livro, já plantou uma árvore e hoje tem uma carreira promissora... Muita coisa para sua idade, não?
Thiago: Todo mundo se assusta com a minha idade. Mas, ao contrário do que pensam, não fui precoce, não deixei de aprontar na adolescência, fiz um monte de maluquices – aliás, ainda faço. Só que nunca me dei ao luxo de pensar na carreira só depois. Pra mim, carreira sempre foi uma prioridade. Aí então comecei o meu processo…

Coisas da Vida: Que processo? Foi quando você descobriu o Coaching?
Thiago: Processo de desenvolvimento profissional. Começou quando eu escolhi a faculdade, depois tomou proporções imensamente maiores quando eu conheci o coaching com a Sheila Trícia, minha ex-professora e primeira Coach. Descobri que eu queria trabalhar com treinamento, decidi vir pra São Paulo e aí, investi pesado em conhecer pessoas, me conectar com gente que tinha mais experiência do que eu. Ouvir, ver e sentir o que essa gente tinha de conselhos para me dar… Segui bons conselhos e fui me desenvolvendo, estudando, aprendendo e cá estou.

Coisas da Vida: Quem são essas pessoas? O que elas te disseram?
Thiago: Ah, mas é um monte de gente. Tive sempre a sorte de ter gente muito poderosa ao meu redor. Minha mãe, a maior Coach de todas; entusiasta do meu sucesso incondicionalmente. Aí vieram Geni Frota, Sheila Trícia, Beth Gonçalves, Arline Davis, ih, uma galera. Disseram-me suas experiências, me alertaram sobre as realidades do mercado, e aí me indicaram livros, me apresentaram outras pessoas, etc.

Coisas da Vida: Um dia você falou que andava com medo de alguns Coaches por aí e que não queria mais ser chamado de Coach. Por quê?
Thiago: Tem gente vendendo coaching e PNL como a saída dos problemas do mundo amém. Não é assim, todo mundo sabe. Esse papo de autoajuda, de libertação dos problemas, mais parece propaganda da Igreja Universal. Nada contra, mas não combina comigo. Trabalho com consultoria de desenvolvimento humano, treinamento ou atendimento, no intuito de municiar as pessoas dos recursos que elas possuem pra resolver melhor seus problemas – não prometo acabar com eles. Quanto mais recursos a gente reconhece que tem, mais fácil a gente vai pra frente, em direção aos nossos planos. É nisso que eu acredito.

Coisas da Vida: E não quer ser chamado de Coach?
Thiago: Se coaching é isso que esse povo está vendendo, de ganhar R$ 2 mil reais por hora, de ser imbatível, inabalável e invencível, não, não quero. Chama-me de consultor, até porque coaching por coaching não adianta nada. Tem que ser preenchido com a experiência do Coach, com a bagagem do cara, há as formações complementares, há a vivência, tudo isso faz diferença e eu não faço coaching puro. Misturo meu conhecimento de treinamento, de pratictioner em PNL, de administrador, de um monte de outras coisas, pra aí então a salada ficar boa.

Coisas da Vida: Você sempre disse que sua paixão é mesmo a sala de aula…
Thiago: Sempre. Palestra eu curto, consultoria eu adoro, mas nada me dá mais excitação do que a sala de aula. Falar para as pessoas, ouvi-las, compartilhar vivências, presenciar os insights, tudo isso é muito lindo, é muito rico. Faz a gente evoluir como pessoa, como treinador. Depois de chegar a São Paulo e conhecer as pessoas que eu conheci, percebi que tenho ainda muito pra melhorar e tenho feito meus movimentos pra aprimorar a cada dia a minha técnica de sala de aula.

Coisas da Vida: E o que você tem feito pra aprimorar?
Thiago: Praticado, praticado e praticado, porque na Catho a gente ou está em sala de aula o tempo inteiro ou a gente tá trocando experiência com quem tá na sala. Temos uma grande equipe que se dá feedback o tempo inteiro, se avalia, se dá conselho, se ajuda, se elogia. A gente troca muito e isso é evoluir. Também tenho lido coisas novas. Estou estudando com carinho a literatura da Fela Moscovici e suas sábias considerações acerca do treinamento em grupo. Vou vendo como vou encaixar o Psicodrama e a Gestalt Terapia de Alto Impacto nas minhas atividades… Ah, pra quem pensa muito como eu, é difícil não estar lendo três, quatro livros ao mesmo tempo.

Coisas da Vida: O que você diz pra todo mundo que quer entrar no mercado de T&D?
Thiago: Entrem. Tem muita gente ruim, tem muita gente fazendo barbeiragem, maluquice, macaquice. Formem-se, sejam diferentes e façam bem feito. Tem lugar pra todo mundo que está afim de fazer um bom trabalho, bem embasado, bem estruturado, sabe? E pensem que por trás de tudo há uma matriz de crenças e valores que permitem e motivam nossas ações. Tenham claramente o motivo de estarem entrando nesse mercado, porque se for só fama e grana, não houver paixão, tesão, melhor pensar em outra coisa.


"Tem gente vendendo coaching e PNL como a saída dos problemas do mundo amém. Não é assim, todo mundo sabe. Esse papo de autoajuda, de libertação dos problemas, mais parece propaganda da Igreja Universal."




www.blogdotrainer.wordpress.com

Entrevista concedida em 03/02/2011

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Crítica Literária: "Pétalas sobre Macapá" - Amiraldo Bezerra

Cumprindo nossa agenda da semana, no quadro crítica literária, que no ensejo coincide com o aniversário da capital mais charmosa e pitoresca, a bucólica Macapá, que deixa seus ares de menina moça para trás e começa a enrijecer seus seios de botão da Amazônia para despontar nos próximos anos como um expoente exemplo de superação das fases de onde já foi a provinciana capital do Território Federal, plana e tranquila. Para evoluir e receber cada vez mais filhos dos quais amamenta como se de seu ventre fossem paridos.

Esta é a Macapá que o poeta e contista Amiraldo Bezerra, descreve em sua mais nova obra; Pétalas sobre Macapá, que foi lançado na véspera do aniversário da cidade que acontece hoje com vasta programação comemorativa.

Dedicado à Macapá dos “tempos do Braga” Pétalas sobre Macapá é uma homenagem do autor ao lugar onde nasceu e viveu e vive as importantes fases da sua vida, quase como um conjunto de reminiscências percorridas pelo tempo e os fatos da Capital Tucujú.

Navegando no contexto do cotidiano macapaense, Amiraldo de maneira poética relata fatos acontecidos e a relação entre figuras amapaenses e dos muitos imigrantes que aportaram e de Macapá nunca mais partiram, ajudando a construir a sua história e seus costumes modernos, assim como sua influencia  os vários segmentos da sociedade, politica e construção do seu patrimônio populacional e cultural.

Com um prefácio caprichoso de Assis de Almeida que também assina a edição da obra, que destaca que ao escrever Pétalas sobre Macapá, Amiraldo Bezerra se reporta a dois passados que se encontram nos versos livres dos poemas que compõem a sua obra.

Por ter vivido de forma plena os momentos de cada etapa de sua vida ao escrever Pétalas sobre Macapá, o Amiraldo refaz os caminhos até chegar a sua infância, na então bem jovem Macapá. Como se um portal se abrisse e fosse possível contemplar por uma estreita fresta o Amiraldo menino ao lado de oito irmãos.

O passado afetivo visita o passado cronológico. E é essa tônica que perpassa os poemas. É a afetividade que conduz as palavras, mas é a coerência que descreve os fatos. É neste passado que o autor se depara com personagens que parecem extraídos da literatura universal, como os Zagury, vindos do Oriente e em Macapá fizeram história e deram notoriedade a Macapá.

Macapá que espelha a caridade pelo testemunho de vida de Marcelo Candia, que segundo os passos do Messias, largou projetos, abriu mão de sua fortuna para olhar e cuidas dos esquecidos, dos excluídos e dos leprosos.

As pétalas que Amiraldo joga em Macapá são a saudade, mas também a alegria pela farta colheita que a literatura oferece nessa seara tão conturbada onde o papel parece não perder espaço para as telas de tablets ou outros instrumentos que nunca substituirão a poesia do farfalhar das páginas que reproduzem com a tessitura da vida plena.

Poesia e história sempre valem a pena conferir

Pétalas sobre Macapá
Amiraldo Bezerra
Lançamento no Espaço Cultural Raízes do Amapá (Ceará da Cuíca), com noite de autógrafos.

Cortesia de imagens www.portaretrato.blogspot.com

O Rei veste arrogância, a democracia desnuda o Rei

A globalização vem produzindo malefícios de todo tipo: econômicos, sociais, culturais, espaciais e políticos. Isso tem sido amplamente discutido nos meios acadêmicos. O malefício-mor, porém, aquele que é mais importante do que qualquer outro, tem recebido pouca ou nenhuma atenção. Refiro-me ao fato de que a globalização inclui, no seu “saco de maldades”, a destruição das condições que tornam possível a existência do regime democrático.

Daí resulta que estamos sendo tangidos pela globalização como um rebanho pacato. Nada podemos fazer contra seus aspectos negativos na medida em que não dispomos dos instrumentos de luta que só o regime democrático poderia nos proporcionar. Quanto mais a globalização avança, mais distantes ficamos da realização do ideal democrático. Vale dizer, mais impotentes nos tornamos. Somos os sem democracia.

Longe de nós, porém, a ideia de participar de algum movimento contra esse estado de coisas. Estamos tão alienados que nem sequer sabemos mais qual é o significado da palavra democracia. Não sabemos, nem fazemos questão de saber.

Dentre as mudanças que estão afetando nosso sistema político, destaco as relações entre o poder executivo e o legislativo amapaenses, onde um clima beligerante instalou-se de tal maneira entre os litigantes, que mesmo as palavras de insólita humildade pronunciadas pelas partes, não convence de que os próximos três anos serão difíceis para a democracia amapaense. 

As consequências ainda não mensuradas pelos dirigentes dos poderes em guerra serão visíveis dentro em breve, pois um estado frágil e de economia tão subserviente á União, tende a sofrer um rápido processo de esvaziamento perdendo poder, recursos, funções e o prestígio.  Logo faltarão condições para controlar suas finanças já que preços cruciais como os de câmbio, dos juros, das tarifas e das commodities, assim como o tamanho do déficit nos orçamentos e no balanço de pagamentos, não constituem matérias suscetíveis de serem definidas por meio de decisões exclusivamente internas e soberanas. 

Faltará também capacidade para atuar como motor do desenvolvimento já que as decisões de investimento, assim como a geração de progresso técnico submetem-se cada vez menos a critérios decorrentes de algum tipo de planejamento governamental. E também da capacidade técnica dos articuladores, o que parece não existir em numero satisfatório em ambos os lados.
Faltarão finalmente, os meios para atender, de modo satisfatório, as necessidades de educação, saúde, habitação, seguridade, meio ambiente e segurança pública. Até mesmo no que diz respeito ao provimento de capital social básico (estradas, portos, saneamento e energia) pouco se pode esperar do Estado hoje aviltado e exaurido, entregue à ganância de uma economia desengastada, liberta dos condicionamentos sociais e pautada apenas por suas próprias leis do movimento.

Em lugar do desenvolvimento, do pleno emprego e do bem-estar, o Estado, acima de tudo terá que cuidar de sua credibilidade diante dos mercados financeiros, um tribunal de cujas decisões não cabe recurso. Para tornar as coisas ainda bem piores, acontece que a ação do Estado é vista como contraproducente pelos bem sucedidos e integrados e como insuficiente pelos desmobilizados e desprotegidos: essas duas percepções convergem na direção da deslegitimação do poder administrativo e da desvalorização da política. 

A mudança radical é a obsolescência da crença na democracia. Para usar um termo da moda, dinossauros não são apenas os estadistas, os nacionalistas ou os socialistas: os democratas também viraram seres do passado, pregadores de antigos ideais. Os poucos que sobraram não conseguem compreender, nem muito menos aceitar o fato de que as condições atuais, aqui como alhures, são francamente desfavoráveis à implantação e ao florescimento do regimento político democrático.

A democracia requer, como condição sine qua non, a existência de um Estado-nação soberana. A prova disso é dada pelo sistema colonial: se o “demo” está na colônia e a “cracia” na metrópole, não pode o povo da colônia participar do processo decisório central que, por definição, transcorre fora do seu alcance.  A teoria democrática sempre pressupôs que o autogoverno é possível porque, sendo soberano, o Estado-nação detém o controle de seu próprio destino e está sujeito apenas aos limites que lhe são impostos por atores, agências e forças que operam no interior de suas fronteiras territoriais. Desde que o Estado seja soberano, a origem das mudanças sociais encontra-se em processos internos à sociedade.

Rogo às partes para que reconsiderem seus posicionamentos pessoais e comecem a fazer suas obras baseadas no poder que lhes delegou o combustível da democracia, o eleitor. Períodos absolutistas e ações despóticas, mesmo que supostamente esclarecidas, tem o hábito de enfurecer as massas mesmo em tempos modernos, basta que lhes tirem o pão, já que o circo é perene...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Parerga e Paralipomena pelo juízo de Zarathustra

Esse clima de piedade e comiseração, que atualmente vem desempenhando o poder público, encontrou sua mais acabada expressão nas ações recentes do judiciário, já que o papel de vitimização em função do poder maléfico da seita satânica de Eliana Calmon tem feito até com que os evangelhos, onde "ama a teu próximo como a ti mesmo" sejam aclamados nas salas do judiciário como uma forma de manifestação demagógica sem precedentes bíblicos. 

Mas no que constitui o princípio fundamental da conduta? Se nem mesmo a ética da piedade possibilitaria ao homem atingir a felicidade última. Mas nada vai nos fazer pensar que o pensamento fantasioso de Schopenhauer de que a mais completa forma de salvação para o homem somente pode ser encontrada na renúncia quietista ao mundo e a todas as suas solicitações, na mortificação dos instintos, na auto anulação da vontade e na fuga para o Nada. Mas nem um de nós foge e muito menos faz “nada”.

Desviemos um instante os olhos de nossa própria indigência e de nosso limitado horizonte; levemo-lo sobre esses homens que venceram o mundo nos quais a vontade, atingindo a perfeita consciência de si, se reconheceu em tudo que existe e livremente renunciou a si mesma... E vamos analisar esta hostilidade que quem está no topo e nas cadeiras do poder desenvolvem e estimulam seu séquito de seguidores a agirem da mesma maneira, assim como o judiciário tem hostilizado Eliana Calmon e as ações da equipe do CNJ.

Sua ética não se apoia em mandamentos e não é muito diferente das éticas criadas nos pavilhões carcerários, onde a lei e as relações sociais acabam se desenvolvendo pelo behaviorismo das ações, amparados pelo comportamento despótico que vão assumindo ao longo do tempo, nem tenho como determinar se é uma prerrogativa de um dos três poderes em si isolados, ou se é uma prática coletiva, mas por enquanto não é bom generalizar, afinal esse foi o erro de Eliana ao declarar a priori que todos os magistrados são bandidos.

Faltou-lhe um pouco da lógica matemática para impor as famosas condicionais matemáticas para agradar espartanos e persas. Mas antes na noção de que a contemplação da verdade é o caminho de acesso ao bem. Afina, o egoísmo, que faz do homem o inimigo do homem, advém da ilusão de vontades independentes que afirmam seus ímpetos individuais. A superação do egoísmo somente seria possível mediante o conhecimento da natureza única universal da Vontade. Vejo esse egoísmo na forma sistemática do governador do Amapá e de sua equipe niilista, assim como em certa fatia do judiciário que se apoia em muletas tortas para crucificar Eliana e o povo.

Então, em vez desse tumulto de aspirações sem fim, em vez dessas passagens constantes do desejo do poder o medo de perde-lo, em vez dessas esperanças sempre inalcançadas e sempre renascentes, que fazem da vida humana, enquanto animada pela vontade, um sonho interrompido, não perceberemos mais do que esta paz, mais preciosa que todos os tesouros da razão, a calma absoluta do espírito, esta serenidade imperturbável, tal como Rafael e Corregio a pintaram nas figuras de seus santos e cujo brilho deve ser para nós a mais completa e verídica anunciação da boa nova: a vontade desapareceu; subsiste apenas o conhecimento.

Prefiro acreditar que a mediocrização das instituições e poderes gerem um verdadeiro atlas da forma despropositada de agir e fazer com que suas militâncias e séquitos de assessores ajam da mesma maneira. Além desse efeito nivelador, na hegemonia das ideias modernas ainda um há outro perigo iminente: com o apagamento de todas as diferenças e a dissolução de toda autoridade legítima, prepara-se involuntariamente o caminho para a barbárie e a tirania. Fato de que estamos muito próximos a alcançar, visto que o desrespeito dos poderes em relação ao cidadão tem sido cada vez mais evidente.

Ao autoproclamarem-se os príncipes da moral absoluta, não apenas instituem a unanimidade gregária no bem e no mal; além disso, com o auxílio de uma religião que fazia a vontade dos mais sublimes apetites de animal-de-rebanho, e os adulam. Faz chegar ao ponto em que, mesmo nas instituições políticas e sociais, encontramos uma expressão cada vez mais visível dessa falsa moral. Trazendo perigo aos demais cidadãos já que os mais impacientes, os doentes e maníacos do citado instinto primitivo, cada vez mais furiosos arreganham os dentes de cães anarquistas que agora vagueiam pelos becos a espera de poder sair à luz.

Sejamos coerentes daqui para frente, mas sem pessimismos ou otimismos extremos. Pois a necessidade do poder sempre será amoral e ainda assim vital e sempre criará a pulsão incontrolável de que faz que o homem enfrente todas as vicissitudes para saciá-la, e que a sociedade será sempre um conflito permanente entre poderes, mas que transcendem a simples luta política partidária e ideológica, para que não acabem absorvidos pelas políticas clínicas dos sanatórios e das penitenciárias, pois isso é certo como a morte.

Dedico este aos embora não irmãos de ordem, mas honoráveis: Miguel Gil, Bonfim Salgado e Vicente Cruz, que sabem admirar a beleza do pensamento livre.

Um sonho Tucujubano

Joseph Goebbels foi Propagandaminister (algo como ministro das comunicações) do sonho imperial de Adolf Hitler  na Alemanha Nazista, como figura chave no regime e usando seus dotes retóricos exerceu um severo controle sobre as instituições educacionais e os meios de comunicação, fazendo com que a Alemanha pensasse por muito tempo estar fazendo a coisa certa.

Não sou muito de alardear o regime nazista, mas quando me vem à frente o uso excessivo de retóricas com intuito de fortalecer um pensamento utópico e de resgatar as benesses de uma Pasárgada perdida, não tenho como não me lembrar de três palavras: Goebbels, Cuba e o mais recente vocábulo PSB Amapaense.

A Presidente Dilma está nesse momento nas terras de Fidel e Família, quase como se visitasse Curupú no Maranhão. Mas a viagem é bem receptiva por Raul castro, não só por ser a primeira da Presidente Guerrilheira, mas por levar nas algibeiras um mimo de US$ 523 milhões, o que já perfaz um total de US$ 1,37 Bi só de linhas abertas para a ilha de Fidel.

Há de se admirar que o Amapá venha se chegando tanto às intimidades com Cuba, considerando que os investimentos brasileiros lá superam em muito os tímidos acordos fechados para o investimento em terras Tucujús. Por exemplo, enquanto ainda se sofre para ver que destino miraculoso se traçará para o Porto de Santana se tornar uma via de escoamento das exportações brasileiras rumo ao mercado internacional, o Brasil vai financiar o término do Porto de Mariel, Coisa de pouca monta algo em torno de US$ 683 milhões, o que torna o tal investimento inócuo já que o comércio entre as duas nações em 2011 foi quase igual a esse investimento generoso, enquanto isso, nada se sabe das benesses pleiteadas pela articulação política não só da bancada federal, mas como a do próprio governador que parece ainda não ter aprendido a diplomacia do lobby nas brasileias da vida.

Como Cuba quase nada tem a exportar e muito para comprar, com a abertura comercial cada vez mais procurando tornar a ilha um mercado consumidor menos tímido, com certeza estes investimentos em terras amapaenses seriam muito mais promissores para a balança comercial brasileira do que lá; mas vai entender a mente de quem ainda adora as ideias de todos morarem na mesma casa. Ideia esta que parece estar sendo importada pelo Governador Camilo, já que a ultima missão cubana que aportou por aqui procurou fechar um acordo rentável de cooperação técnica em saúde e educação, assuntos que por enquanto realmente precisam de socorro por falta de gestores que realmente entendam do mètier.

Os tão maravilhosos êxitos da revolução de 59, alardeados aos quatro cantos como modelos educacionais e de gestão da saúde superiores aos de alguns países ricos, com certeza se aplicam a Cuba com mérito, haja vista que o universo populacional de cuba com seus 11,3 milhões de habitantes parece ser bem mais fácil gerir do que os 200 milhões de brasileiros nas terras de cá.

Mas vamos convir que nesse universo, 20% da população não vive só de saúde e educação de qualidade. O governo ainda aplica sua ideologia socialista e fornece dinheiro extra, alimentos, roupas e até móveis. Coisa difícil de copiar com a esmirrada bolsa família, que mal consegue alcançar as necessidades básicas daqueles que vivem na linha de pobreza, mas herança de Goebbels existe para isso.

Além do fato da intervenção direta do governo cubano nos preços dos aluguéis, o que faz com que o custo habitação seja coerente com a baixa renda, sem falar no programa de reforma agrária que beneficiou as cooperativas com doação de terras e na reforma urbana transformou 85% dos cubanos e donos de suas próprias casas, realizando assim um programa de casa própria realmente invejável.

Na educação, obrigatória e gratuita para as bases, com alimentação e assistência médica de qualidades asseguradas por lei e até o curso superior que é gratuito até nos materiais. Como a lei é severa nas sanções para quem não mantém os filhos na escola, 100% das crianças estão em sala de aula e os mais de 60 mil que apresentam limitações físicas ou psíquicas frequentam educação especial, com tratamento fisioterápico e atendimento psicológico.

A saúde cubana vai bem obrigado, já que foi desenvolvido um gigantesco sistema de cobertura nacional a todos os cidadãos, sem nenhuma exceção. Onde não faltam médicos nem medicamentos e muito menos condições de trabalho e equipamentos para o desenvolvimento de diagnósticos e tratamentos. E nenhuma doença fica fora do sistema de saúde cubano, isso significa a inexistência de Tratamento Fora de Domicílio (TFD) por lá.

Mas a democracia que falta em Cuba e sobra no Brasil, faz com que muitas discrepâncias existam a ponto de muitos dissidentes do regime tenha que fugir amarrados a balsas de pneus com destino a Porto Rico, já que a após a falência da União soviética, Cuba foi abandonada a própria sorte até encontrar um novo mecenas que por enquanto é Hugo Chaves, o que não é muito inspirador para uma transição democrática.

Por enquanto Cuba vai investindo nas relações de amizade, não só com o patrono Bolivariano, mas com Dilma, que assim como Lula ainda detém um viés de admiração pelo sistema onde tudo é comum e social como a cabeça de Lênin. Prova viva de que os US$ 350 milhões que Dilma vai dispor para financiar a compra de alimentos para a ilha. “Essa é a contribuição que podemos dar”, diz satisfeita a presidente Dilma. Por enquanto a pequena contribuição do Brasil a Cuba, seria de grande reforço à infraestrutura amapaense, que por enquanto tem seu governador deslumbrado como milagre cubano da educação e saúde, sem levar em consideração que as coisas só funcionam lá pela escala populacional e pelos investimentos que por enquanto o governador e a bancada não se dispuserem a pedir em Brasília, e com certeza vão fazer Cuba continuar a ser apenas um sonho e nada mais...

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O Grande irmão mandou ainda vê você!

O termo “Grande Irmão” ou “Big Bbrother” como ficou difundido nas cabecinhas vazias de cada brasileirinho que se debruça perante seu aparelho de televisão na hora em que o sino toca, surgiu primeiramente no livro “1984” de Eric Arthur Blair, que se auto intitulou George Orwell (só semelhança com o autor de “A revolução dos bichos”). Que trás uma visão no mínimo intrigante e até interessante sobre a tão famigerada Nova Ordem Mundial, tão temida pelos profetas apocalípticos modernos. Onde o grande olho atento, observa toda uma população através das “tele telas”, governando de forma despótica e manipulando a forma de pensar dos habitantes de um mundo controlado.

O “Grande Irmão” de Orwell é como o apresentador de um programa, que se faz o único canal que o mundo tem fora do ambiente fictício e pré-determinado com a verdade que ele mesmo cria e é imposta e aceita como absoluta e soberana. É importante destacar que na obra os habitantes endeusam o “Grande Irmão”, da mesma maneira que alguma comunidade isolada da Oceania, por exemplo, faria com alguém que considerasse supremo ou até a personificação de um deus, pelo simples fato de ser de alguma forma “diferente” ou pelo menos aparentar tal diferença em relação a um universo onde o conhecimento deu lugar a reverencia a tais deuses.

Os comportamentos descritos por Orwell também criam uma semelhança social, como por exemplo, a figura de um líder interno na comunidade, que desfruta de uma pequena fração do poder designado pelo próprio “Grande Irmão”, mas que por si só, não decide nada e nem muito menos tem algum poder real, embora às vezes possa parecer que desempenhe alguma função autônoma. Na verdade isso também faz parte do grande plano de controle do “Grande Irmão” sobre os demais habitantes.

Alguns mimos de convencimento são distribuídos não só às massas, mas também a estes pequenos príncipes que a todo o momento parecem seguir o “Grande Irmão”, mas que no âmago, só querem mesmo é alcançar algum destaque pessoal em detrimento ao coletivo usando como base a verdade inferente tomada pelas palavras do “Grande Irmão”. Ou na maioria dos casos nem sabem exatamente a natureza dos seus desígnios e muito menos para onde ir ou o que fazer.

O Mininiver é a verdade repassada ao mundo como sendo a única versão de um fato e não deixa pressupostos para outras versões, uma espécie de edição da história, capaz de mostrar somente a verdade sob uma ótica que atende apenas as expectativas do “Grande Irmão” e de ninguém mais. Nem mesmo as lideranças de factoides conhecem os desígnios que espreitam na mente do “Grande Irmão”, e talvez na maioria do tempo, nem o “Grande Irmão” saiba aonde quer chegar com seu experimento social, que às vezes parece aproveitar remendos para construir uma grande colcha de retalhos sem nenhum objetivo concreto ou se quer algum plano conhecido pelo leitor e talvez por ninguém.

Se analisarmos mais o livro, veremos que drasticamente nos remete a uma Nova Ordem Mundial, onde muitos veem como sendo uma solução viável para o mundo: uma vida à sombra de uma constante vigilância e onde a verdade de cada um é a verdade pintada para todos. E onde os objetivos nunca são claros, mas sempre baseados na premissa de que com pequenos, mimos, fantasiosas ideias de liderança na maioria incapaz de liderar o próprio umbigo e uma grande vontade de fazer um experimento humano sem precedentes com a falsa ideia de que tudo caminha para um bem comum. 

Fica-se na dúvida sobre em que proféticas ideias futuras baseou-se Orwell para criar seu tão anacrônico enredo. Pois um bom punhado dessas ideias foi parar no programa da Rede Globo, exibido diariamente com a intenção sempre de entreter e cozinhar um pouco da massa encefálica do já bastante acéfalo povo que ainda se deixa envolver com tais enredos tão difusos da nossa realidade. Mas partindo desse princípio também é possível analisar o quadro politico, de onde não se pode escapar de dar uma espiadinha e se autoquestionar: Será o Amapá também um experimento do grande irmão?

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