Quando nessa semana a Secretaria de
Planejamento anunciou que o nosso pobre feijão já não é mais tão pobre assim,
pois aumentou a inflação do estado em 7,11% e sofreu uma alta nos preços de
31,14%, então é chegada a hora de afirmar: O feijão está pela hora da morte.
Sendo a estrela de uma das combinações
mais tradicionais e preferidas dos brasileiros – o feijão junto com o arroz –
pode estar com os dias contados, tendo em vista a constante alta nos preços dos
dois produtos. Nos últimos 12 meses, o preço do feijão carioca já subiu mais de
58%. Este ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a escalada do preço do feijão chega a 33,49%.
Já o preço do arroz, desde o início do
ano, aumentou quase três vezes mais do que a inflação – uma alta de 12,42%,
segundo a Associação Brasileira de Supermercados. Somados ao óleo, cebola e
alho, ingredientes utilizados no preparo dos dois pratos, a alta atinge a
131,53%. Sem muitas opções, a saída para o consumidor é substituir os
alimentos.
De acordo com especialistas, a alta dos
produtos se deve ao clima e à elevação da cotação do dólar, além da crise
internacional. O excesso de chuvas, principalmente na Região Sul do país, que
detém 70% da produção nacional de arroz, registrou perdas e atraso no plantio.
O mesmo ocorreu no Paraná, que responde por cerca de 24% do feijão que é
produzido no Brasil. A alta média desses produtos foi quase o dobro da inflação
medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de 12 meses, que
fechou janeiro em 10,74%. No mesmo período do ano passado, a variação em
relação a 2013 havia sido de aproximadamente 10%.
Porém, não é só o clima que determina o
aumento nos preços de alimentos. Outro fator fundamental é a valorização do
dólar, que elevou em 25% os custos de produção do arroz na safra 2015/2016 em
relação à colheita anterior, a maior alta desde a implementação do Plano Real.
Os preços de itens cotados na moeda, como agroquímicos e fertilizantes, subiram
19% e 44%, respectivamente.
Esses fatores diminuem a oferta dos
produtos, enquanto há uma pressão da demanda. Quando há redução da oferta, os
preços sobem. Quando a oferta de produtos é maior, os preços se ajustam. A
demanda acaba pressionando a oferta. A crise é um componente que gera aumento
de custos, principalmente dos insumos utilizados na produção. Além disso, ainda
há as intempéries do clima, como a chuva em excesso e a seca, comum para este
período, e que comprometem a produção. Todos esses fatores acabam ocasionando o
aumento nos preços.
Apesar dos preços altos e das tentativas
de substituição do nosso “par perfeito” nada substitui o substrato básico do
prato dos brasileiros, afinal já é uma cultura nacional que não tem como ser
alterada. Cabe ao povo bater os pés e ranger os dentes, quem sabe assim as políticas
voltadas para o setor agrário voltem a ser uma realidade e não um caminho para
a lenda do feijão com arroz, contada para nossos netos com o saudosismo de algo
bom que não voltou mais...