Existem algumas histórias
que a gente aprendeu lá no passado e nem se dá conta de que, com a passagem do
tempo e a descoberta de novas tecnologias, aquilo pode não corresponder mais a
realidade, se tornaram meias verdades, mentiras inteiras, como a atribuição ao
Alcorão da velha frase: "Se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai
até Maomé” que na verdade tem origem em uma parábola inventada por Francis
Bacon.
Mas também existem as
mentiras convenientes que visam lançar proveito de algum aspecto da mentira. Ao
apresentar a verdade em doses homeopáticas para sarar a própria consciência do
mentiroso que volta e meia passa acreditar piamente em seus delírios como se
fossem fatos reais, mas que no fundo do seu Id resplandece a sobra da verdade.
Talvez seja por isso que
um vasto compêndio de fábulas seja fartamente divulgado pelo atual grupo
político que governa o Estado ou pelo menos acredita que governa, seja
tão eloquente em crer em seu próprio conto da carochinha a ponto de
registrá-lo e distribuí-lo como pão de bálsamo aos pobres.
Nada pode faltar neste
cancioneiro, a começar pelas declarações que mais parecem ter saído pás páginas
dos contos de Grimm do que da boca de uma secretária de saúde; afinal segundo
ela a saúde vive seu melhor momento! Palmas para a jovem moça das madeixas
encarnadas que provavelmente não usa o serviço de saúde que administra.
Ou quem sabe aquele conto
do vigário que o ocupante mor do palácio governamental aplica nos desavisados
prefeitos que desconhecem haver uma lei aprovada na assembléia legislativa e
sancionada por ele mesmo que estabelece a contrapartida nas obras dos
municípios com recursos federais. Mas é mais fácil levá-los no bico dizendo que
o Estado pode dar a contrapartida e assim colher os louros do corte da fita de
inauguração.
Sem falar de tantos outros
contos que são aplicados diariamente não só no povo, mas também entre eles
mesmos. Afinal pregava o velho Goebbels, que basta repetir, repetir e repetir a
mentira e tudo se encaixa na veracidade. Se bem que em alguns casos a coisa
fica difícil de digerir até mesmo para o sistema gástrico mais robusto possível.
Nesse caso apela-se para
medidas extremas; um exemplo: O candidato tucuju à ABL lançou um livro de
fábulas em que conta que foi preso e perseguido, cumpriu pena, puxou cana
braba. E mesmo assim lança com seu pequeno exército molambo a apologia da
vergonha pela prisão de seu adversário político. Meio contraditório para
quem frequentou o cárcere por crime comum, afinal não há nada de
patriótico em saquear uma sorveteria.
Também não consigo
vislumbrar esses heroicos atos supostamente praticados em nome da
democracia contra a repressão da ditadura militar. Por acaso alguém ouviu falar
deste ser mítico que hoje patusca na tribuna senatorial em uma corda bamba que
pende entre a moralidade de um apontador de jogo do bicho ao caso do jaraqui
doméstico que figura em rede nacional, figurando entre as listas do MOLIPO ou da
COLINA? Ou quem sabe do MR-8?
Ou quem sabe perfilado ao
lado dos martirizados Marighella e Herzog? E nem se pode alegar a justificativa
de que ambos morreram na luta contra a ditadura. Afinal até a presidente Dilma
que está vivinha da Silva, tem suas cicatrizes dos tempos em que carregava
fuzis para o VAR-Palmares. Mas o que este indivíduo tem para contar? Nada mais
que lendas e auto-elogios.
Eis então que se versará
sobre ele para a posteridade, que junto com sua prole estabeleceu uma
verdadeira dinastia da Matrix na cabeça do conturbado cidadão que cada vez mais
se convence que realmente vive em outro mundo, o mundo de fábulas e lendas
contadas por João e Maria (será mesmo Maria?) em que o final com certeza não
promete ser feliz em nenhuma das versões escritas nessa epopeia das
florestas...