A bela Paris no primeiro quarto do século XX passou maus bocados. A crise foi tanta que até mesmo o maior patrimônio da Cidade Luz entrou em estado de penúria, a torre Eiffel começou a oxidar e a prefeitura não tinha dinheiro nem para as despesas essenciais, imaginem desoxidar 325 metros de aço.
O austro-húngaro Victor Lustig, homem que falava diversos idiomas e se orgulhava de seu refinamento e cultura, conseguiu dar o grande golpe da sua vida vendendo a Torre a um industrial incauto, que acreditou que a Torre seria leiloada como sucata. Lustig era reconhecido não apenas por sua audácia, mas, sobretudo pelo seu conhecimento de psicologia humana; podia avaliar uma pessoa em minutos, descobrindo seus pontos fracos, e tinha um verdadeiro radar para detectar otários.
Aproveitando que a prefeitura de Paris estava em dificuldades financeiras (ainda sob reflexo do período pós-guerra) que a impedia inclusive de dar a devida manutenção ao monumento oxidado, Lustig se instalou na suíte mais elegante do Hotel de Crillon, em frente à Place de la Concorde, com uma ótima vista da Torre para sua futura vítima. Com a ajuda de um falsificador conseguiu várias folhas em branco, envelopes e selos com o timbre da prefeitura e convocou por escrito os cinco mais importantes negociantes de sucata do país, para lhes propor um grande negócio que exigia o máximo de discrição.
Os cinco interessados foram ao encontro de Lustig que, em meio a canapés e taças de champanhe, lhes revelou que havia sido destacado pelas autoridades municipais para vender a Torre Eiffel à melhor proposta. Enquanto explicava as dificuldades financeiras que obrigavam a prefeitura a se desfazer do monumento, observava seus interlocutores para saber qual deles era o mais ambicioso e ingênuo. Segundo Lustig, a prefeitura Após 48 horas recebeu cinco envelopes fechados com propostas de compra.
Independente do valor, só se interessou por aquele que achava que cairia mais facilmente na mentira. Convocou-o no dia seguinte para lhe comunicar que sua proposta era a que tinha sido aceita. Ao perceber a desconfiança do industrial, Lustig teve outra idéia brilhante: "Mas você sabe que nestes casos costuma-se fazer chegar discretamente ao senhor prefeito certa quantia em dinheiro vivo, para agradecer o apoio", disse Lustig, ao que o novo dono da Torre aceitou imediatamente. Claro que o fato de pedir uma propina por fora não deixava dúvidas de que o negócio era sério.
No dia seguinte o feliz comprador chegou a ver Lustig com uma pasta cheia de cédulas, e acertou voltar à tarde para assinar a transferência oficial. Porém, foi surpreendido com a notícia de que Lustig tinha feito as malas, pago a conta e deixado o hotel com destino desconhecido. Para não passar publicamente por otário, o comerciante sequer prestou queixa contra Lustig. E a Torre Eiffel segue sendo um monumento de propriedade da prefeitura de Paris.
O Amapá não é Paris, apesar de estar fronteiriço a um dos departamentos da França. Mas com certeza tem seu Lustig. O feliz proprietário da Tocantins Mineração Ltda.
O cidadão é quase um poltergeist na arte de se fazer ausente em qualquer situação cabulosa que envolva seu nome Jorge Augusto Carvalho de Oliveira. Foge da justiça do Trabalho como o canhoto da cruz.
Consegue enfiar na Papuda, gente graúda do poderio local como o ex-governador Waldez Góes & clã. E mesmo assim continuar no cenário local sem nenhum arranhão. Sinceramente acho que esse sujeito deve estar quase empareando com Mister M para um quadro no Fantástico. Afinal as peripécias mágicas que ele faz, são dinas de tais aplausos e ovações.
Nosso Victor Lustig comprou a ICOMI por R$ 1,00 (primeira mágica), trocou o nome de sua empresa para conseguir adaptações quanto a pagamento de royalties (segunda mágica, talvez um aperitivo) e finalmente: Montou um escritório digno de Muda Hassanal Bolkiak - Sultão de Brunei), lá em copacabana, ocupando um andar inteiro do predio. (Grand finale)
Reuniu-se com várias potenciais empresas compradoras do minério que está estocado no Amapá. Fechou negócios, ganhou dinheiro a rodo. E não satisfeito, resolveu também ressuscitar os mortos; já que a ICOMI é falecida e extinta segundo os registros públicos.
Mesmo assim se você chegar a Serra do Navio vai deparar-se com placas e mais placas (novas) delimitando o terreno e identificando-o como sendo da falecida mineradora de Augusto Antunes e o Generalato da ditadura. Enfim o cara é bom mesmo. E com certeza deve ter lido a história de austro-húngaro Lustig, por que fez o dever de casa com riqueza de detalhes.
O Amapá, assim como o cliente lesado de Lustig, também fez a lição de casa; nem se quer deu queixa e muito menos se deu ao trabalho de reclamar publicamente. Talvez pelo mesmo motivo: Para não passar publicamente por otário, quem sabe...