O setor industrial
amapaense, na verdade não existe de fato, é apenas uma fábula engendrada por
quem nem de indústria conhece o chão. Podemos classifica-lo como um pequeno
aglomerado de manufatureiras e extrativistas que na verdade não causam no PIB nem
mesmo um leve suspiro.
Mesmo com o setor
industrial brasileiro estando bastante aberto ao comércio internacional. Como
câmbio real valorizado, e com os preços em dólares de produtos manufaturados
exportados e importados pelo Brasil mantendo-se estáveis devido à recessão e ao
baixo crescimento na Europa e EUA, a incipiente indústria amapaense parou no
tempo.
E já não é um
aprendizado novo, pois desde a implantação do polo de extração mangânica pela
ICOMI para servir aos interesses da segurança nacional, vemos que a indústria amapaense
já nasceu com a sina de não crescer. Com esse hábito arraigado na história da indústria
do Amapá gerou-se a incapacidade de responder à competição externa, sendo esta
uma das maiores causas da estagnação da indústria.
Mas isso não conta toda a história. O setor industrial é, também, muito menor do que o setor produtor de serviços. O PIB do setor de serviços embora represente mais de 65% do PIB brasileiro, empregando em torno de 60 milhões de trabalhadores, enquanto que o PIB da indústria de transformação representa apenas 25%, empregando um volume de trabalhadores muito menor, em torno de 20 milhões. Mesmo assim não conseguiu-se extinguir o estigma de que ser funcionário público é o melhor a se fazer.
Já que se incutiu
desde o berço na cabeça do amapaense que o setor industrial e o setor de
serviços “pagam mal” e o melhor é se engajar no exército da viúva do que com o
morto em si. Então vem de fora o contingente de migrantes vindos de todos os
cantos em busca daquilo que o amapaense parece não querer.
Atualmente setor
industrial amapaense está deprimido, sofrendo com a competição externa, afinal,
a sereia cantou muito a canção da sustentabilidade e do extrativismo. Quando na
verdade tudo se resumiu ao universo da sustentabilidade pela simples ideia de
catar coquinhos para ser sustentado.
Dia sim e no outro
também, se assentam os atestados de óbito de cada uma das joias da coroa da indústria
amapaense que tanto adornaram bravatas nacionalistas de um estado que parece
ter parado no tempo e ainda parece não se dar conta disso, quando continuamos a
ouvir as mesmas bravatas de meio século atrás.
Muitas das culpas
são divididas, afinal, este excesso de nacionalismo de botequim, gerou bazófias
e retóricas eternas nas bocas da politicagem e dos muitos Policarpos, mas
também abriu as portas para aventureiros e especuladores que não são novidades,
desde o velho Ludwig até o contemporâneo Eike, passaram por aqui e amealharam
seu quinhão, deixando sempre para trás a terra arrasada de onde não quiseram
levar nem o pó na sola dos sapatos.
Exemplos a mil,
remontam das mineradoras que se foram, das experiências mal fadadas de indústria
extrativista que só existe no reino das sinapses de quem ainda acha que enaltece-las,
rende-lhes alguns louros no alto do palanque. Enquanto isso a CEA se vai e se
esvai, valendo menos que um vintém furado e na cauda dela vem o atraso maior do
que o da omissão.
E nessa omissão,
mais um dos marcos da epopeia amapaense também começa a enrolar a bandeira e se
evadir do estado. A Jari Celulose que após tantos anos esqueceu-se que o mundo
cresceu e que novos e mais baratos produtos assolam o mercado.
Assim como nossos
antepassados da Amazônia ocidental se iludiram com o Eldorado da borracha, que
fez era na nossa história, gerando tanta opulência no afã de querer ser Europa.
Nossos contemporâneos esqueceram que o mundo continua a girar para a evolução.
Apostaram em um retrocesso que levou a era de ouro da borracha natural para as
páginas dos livros de sexto ano, em detrimento a borracha sintética que
substituiu tudo.
Assim caminha a indústria
amapaense, sem incentivos, sem energia abundante e de baixo custo, sem norte
para que possa andar mesmo estando no próprio norte. O custo de toda essa
omissão não por falta de aprendizado; vai chegando todos os dias em faturas e
mais faturas que são anonimamente colocadas por debaixo das portas de cada
amapaense, que não se exima da culpa, pois assim como diz o dito: “se não por
amor, será pela dor”. Agora a indústria agoniza e a nós cabe, senão, enxugar as
lágrimas e pagar a conta de nossa própria omissão.
O que resta agora é
reiniciar o planejamento de novos objetivos por cima dos escombros do que já se
foi. Mas pelo jeito, na linha politica parece não valer muito a busca desses
objetivos, mesmo porque produz resultados apenas em longo prazo, e o horizonte politico
é o do seu mandato, e não o que garanta o crescimento de longo prazo.