Quando
se imagina que já se viu de tudo em terras tucujus, aí que se dá conta de que
não se pode subestimar a criatividade de sua majestade imperial que se assenta
no trono do Palácio do Setentrião. Afinal depois de tão abundantes momentos que
se imortalizarão no cancioneiro dos absurdos colecionáveis pela atual gestão,
tudo é possível.
Desde
comidas exóticas em quantidades exorbitantes, rotatividade anormal de
secretários de pastas-chave na administração pública, passando por acordos
feitos em surdina para serem quebrados sem nenhuma cerimônia, e até
engalfinhamentos com filho de deputada em cerimônia pública. Tudo dentro da
vasta ilusão de residirem nos Campos Elíseos, de tão alheios à dura realidade
de um estado pobre.
Talvez
este pacote de viagens que surgiu recentemente para que a família imperial tome
os ares do Caribe, sirva para ver que apesar de pobres, os países que formam
aquela paradisíaca região, não vivem exclusivamente de praias, mas em contraste
também não tem vocação industrial, lição esta que pode ser aprendida oxalá,
pela comitiva do imperador do Amapá e seu séquito de aias e valetes.
Mas,
vêm os questionamentos de praxe: de que serve mesmo esta ida aos mares
caribenhos? Que acordos internacionais pode um Estado fechar sem o conhecimento
do Itamarati? Que Estado é esse Amapá, tão pujante e viçoso que tem sobra de
caixa para custear este nababesco mimo ao imperador das ruinas que se formam
pelas bandas de acá?
Nestes
questionamentos que delatam o absurdo, somam-se ainda o tal PPA. Afinal o que
se entende por plano plurianual? Pois no conceito mais amplo, o plano
plurianual é o instrumento de planejamento governamental de médio prazo,
previsto no artigo 165 da Constituição Federal e estabelece diretrizes,
objetivos e metas da administração pública para um período de 4 anos.
Sua
meta é organizar as ações do governo em programas que resultem em bens e
serviços para a população. Sendo aprovado por lei quadrienal, com vigência do
segundo ano de um mandato majoritário até o final do primeiro ano do mandato
seguinte. Nele constam, detalhadamente, os atributos das políticas públicas
executadas, tais como metas físicas e financeiras, público-alvo, produtos a
serem entregues à sociedade.
Mas
o curioso é que em nenhum momento vê-se a população tomar parte nessas
comitivas de sua majestade imperial. Verdadeiras frotas de pick-ups, ônibus e
outros veículos saem da capital com destino aos incautos municípios, dos quais
os munícipes mesmo, nem comparecem nas tais audiências públicas, pois quem
deveria ter voz, o povo, não a tem nos parlatórios e promessas de terra que
jorra leite e mel.
O
que se vê nestes PPAs mesmo é a presença maciça de aduladores e bajuladores,
mas povo mesmo, quase nada. Em Vitoria do Jari, recentemente a plateia de
ouvintes de sua majestade imperial era basicamente assessores e carguistas,
nenhum povo, nenhum munícipe! Então qual o propósito de tudo isso senão uma
aberta corrida desesperada de sua majestade para se manter no poder.
Talvez
por isso, nessa sucessão de tentativas de diminuir a rejeição magnânima de sua
majestade, os conselheiros reais sugiram as mais esdrúxulas fórmulas para
conter a desenfreada queda do imperador. De caminhadas promesseiras a viagens
ao exterior para que sua majestade possa exercitar sua proficiência linguística
à admiração dos seus vassalos. E é claro a mais recente novidade: a
distribuição de pintos para a população. O símbolo maior da decadência não se
sabe se do imperador, ou do povo que recebe o abençoado pinto imperial.