Já
não é de hoje que o maravilhoso sistema de cotas para ingresso no ensino público
superior, criado pelos morubixabas que habitam o MEC em tempos de prosperidade
da educação, nos faz crer que realmente vivamos em algum país do G-5 e não no
bom e velho Brasil da educação “mãe Joana”.
O
governo federal opta em resolver o problema da maneira mais fácil e com isso
cria uma hostilidade sócio-racial que mais tarde pode fazer parte do conjunto
das dívidas que a sociedade brasileira tem com a nação negra desde os tempos da
servidão colonial.
Mais
sinistro ainda é o fato de que os próprios beneficiários deste sistema
cerceador da isonomia de direitos do cidadão saberem que o problema não é só socioeconômico
já que na concepção bitolada dos criadores do sistema de cotas; melanócito parece
ser sinônimo de neurônio.
Mas
partindo do princípio de que tudo o que é mais fácil, rende números
maravilhosos nas estatísticas parnasianas apresentadas pelo MEC nas bem
elaboradas peças publicitárias do governo federal. Prefere-se rebaixar a
qualidade universitária de acordo com o péssimo padrão do ensino básico, que é
a verdadeira raiz do problema.
Com
atitudes dessa natureza a educação de base ao invés de ser ré confessa na falência
de um sistema caduco e carente de reformas e de investimento sério é envolvida
em um manto de prosperidade como aquele sofá velho e roto do qual colocamos um
lençol limpo para receber as visitas e parecermos elegantes.
Fora
o fato de que os penalizados seguintes serão os jovens; filhos de pais que
cansados das mazelas do ensino público e que tendo também tido a mesma
formação, com alguma prosperidade conseguem colocar o filho em uma instituição
particular e verão que os filhos sofrerão a desqualificação de serem excluídos do
sistema de cotas.
Vergonha
quotizar a raça, a pobreza e a desigualdade social de um país, com um factoide de
tamanha afronta a qualquer brasileiro que tenha, apesar da humildade, a
dignidade de se submeter à tão vil atitude, evidentemente uma exclusão social
ao invés de inclusão.
Resgatar
uma dívida da nação em relação aos desfavorecidos economicamente ou aos
injustiçados socialmente é a justificativa para a criação infame das cotas. Mas
desde quando a inserção de indivíduos que foram desfavorecidos sim de seu
direito de receber uma educação de base com a qualidade que lhe é de direito, é
a solução para a excelência do ensino superior?
Investir
maciçamente no ensino fundamental e médio, sem engodos ou paliativos ainda é a
melhor solução, mas uma politica séria, nada de extemporâneos MOBRAIS ou
soluções do gênero, só assim corrigiremos as distorções e deformações do ensino brasileiro. Algo que
já deveria ter sido feito desde os tempos em que a democracia foi restituída neste
país.
É
inadmissível que atualmente à luz de todo o conhecimento que nossa sociedade
humana já conquistou que o governo e os determinadores dos caminhos da
sociedade continuem a acreditar que as características fenotípicas ou a
condição social sirvam de critério para selecionar, classificar, distinguir ou
agrupar seres humanos. Isso nunca vai deixar de ser um atraso e um fracasso com
a educação brasileira.