terça-feira, 26 de julho de 2016

Um osso ainda mais duro de roer

Esta será provavelmente a eleição mais anômala do todos os tempos, afinal não é só por se tratar de um novo pleito para o majoritário municipal e parlamento mirim, mas, como o primeiro após a minirreforma eleitoral que promete criar toda sorte de empecilhos para quem já estava acostumado a ter sua “muralha da China” particular nas tesourarias de campanha.
Para começar o número de eleitores neste ano está 4% maior que nas últimas eleições municipais de 2012. Com isso os custos também aumentaram, pois, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o processo eleitoral deste ano foi estimado em R$ 600 milhões, o que equivale dizer que a justiça eleitoral vai desembolsar cerca de R$ 4,16 para cada um dos mais de 144 milhões de brasileiros aptos a votar se dirigirem de casa para a urna eletrônica.
Outro fator-chave reside nas mudanças de perfil dos eleitores, algo que sugere que as táticas usadas em outros carnavais para ganhar o voto do brasileiro deverão mudar radicalmente neste ano para convencer em números atuais a massa de eleitores formada por 74.459.424 mulheres (52,13%) e 68.247.598 homens (47,79%).
Outro ponto importante é que o índice de jovens eleitores com 16 e 17 anos que correspondem a 2.311.120 (1,60%) também teve uma mudança no quesito escolaridade, fazendo destas eleições municipais a que tem um eleitorado de maior escolaridade e por tabela um mais refinado senso crítico sobre as promessas apresentadas por cada um dos postulantes às eleições municipais em comparação com as duas últimas eleições.
O aumento do número de jovens de 16 e 17 anos que poderão votar nas eleições municipais deste ano, em relação à eleição presidencial de 2014 mostra um cenário onde há 2.311.120 jovens com título de eleitor, um crescimento de 41% em relação a 2014, quando eram 1.638.469.
Já em 2012 eram 2.902.672 os jovens de 16 e 17 anos que poderiam votar, o que representa uma queda de 20% nestas eleições em relação à última disputa municipal.
Em 2012, aqueles que não haviam concluído o ensino fundamental eram a maioria (51%), incluindo os analfabetos e os que sabiam ler e escrever. Este ano esse grupo caiu para 44,17% do eleitorado e, em 2014, o percentual foi de 47,56%.
Também aumentou o percentual dos que passaram pela universidade. Os eleitores com ensino superior completo ou incompleto, em 2016, respondem por 10,7% do eleitorado. Em 2012, eles eram 7,5% e, em 2014, 9,2%. Já o percentual dos que possuem o ensino médio completo ou incompleto é de 38%. Em 2012, foi 34,2%.
Este ano aumentou o número de cidades que poderão ter segundo turno, por terem mais de 200 mil eleitores. Serão 92 nessas eleições, ante 83 em 2012.
Também cresceu a utilização da biometria, quando o eleitor é identificado pela impressão digital na hora de votar. O sistema será usado em 27,66% dos municípios (1.540 cidades). Em 2012, foram 299 municípios, ou 5,37%. Há ainda outros 840 municípios que utilizarão a biometria em apenas uma parte dos locais de votação. Assim, no total, 2.380 cidades terão urnas biométricas.

Todas estas mudanças de perfil do eleitor, associadas com os poucos recursos que a legislação eleitoral permite farão deste pleito um balão de ensaio para 2018 e principalmente apontarão um fator de destaque para o eleitor: Os candidatos que forem eleitos e que conseguiram isso com porcos recursos, têm predicados suficientes para lidar com a crise que assola os 5.570 municípios brasileiros. Afinal, o bom gestor não se revela nos momentos de fartura e sim nos momentos de penúria, e por enquanto, penúria é o que não falta nos cofres do tesouro municipal de cada um dos municípios do Brasil.
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