Pensar
que nossos problemas estão acima da linha das prioridades dos outros habitantes
do planeta, pode ser um sentimento pouco altruísta. Partindo do princípio de
que nossas preocupações tucujús são válidas do ponto de vista da população, mas
convenhamos que nem sempre o problema é tão grande que uma solução minimalista
não equacione o mesmo.
No
começo do século XX o mundo estava a beira de um colapso de proporções
homéricas, afinal, o principal mecanismo impulsionador da sociedade, por mais
absurdo que hoje possa parecer, eram os cavalos, que só nos Estados Unidos
somavam mais de 21 milhões de indivíduos, que consumiam cada um mais de quatro
toneladas agricultáveis por ano.
Com
quase um terço das terras agricultáveis destinadas a alimentar a máquina
impulsionadora, a crise era evidente, afinal desde o transporte até a própria
agricultura dependiam dos cavalos, e restava a duvida: Alimentar a máquina ou
saciar o homem que dela precisava?
Com
um mundo beirando o bilionésimo habitante, o dilema que faria do economista
Thomas Malthus o profeta do caos mais evidente, a conta da economia e
agricultura baseada na era dos cavalos não fecharia, e o mundo estaria
condenado a uma época das vacas magras como nos tempos de José do Egito.
Assim
como nesse passado os donos do dinheiro não deram ouvidos a Malthus e o mundo
estaria entrando em um período de fome pela omissão dos que podiam ter feito
algo para evitar, mas não foram empáticos com as necessidades da população
quando esta deveria ser uma prioridade.
Mas
como todas as vertentes da natureza humana acabam encontrando um caminho, às
vezes meio que equivocado ou não, em meio dessa quase desgraça os combustíveis
fósseis foram desenvolvidos e na caçamba da evolução os motores á combustão
interna também.
Atualmente
a tecnologia da agricultura é uma das mais desenvolvidas. Novos processos,
novas técnicas. Os transgênicos invadindo desde o feijão nosso de cada dia e
até aquela batatinha frita que você come a beira do rio Amazonas goza deste
processo evolutivo.
Mas
o que é estranho em um mundo onde hoje até os trabalhadores braçais se
alimentam mais e melhor do que Henrique VIII o Amapá ainda não consiga produzir
nada mais do que uma safra pífia de uns grãozinhos aqui e uns hortifrútis mirradinhos
acolá.
A
mesma justificativa, mais do que superada sobre a pobreza, da acidez, da
laterização e outras mais que fazem qualquer experiência produtiva como a de
Israel que hoje produz uvas de qualidade em pleno deserto, ou de países que
superaram as dificuldades com a tecnologia disponível no mundo.
É
quase certo que falta mesmo, não é vontade politica, mas sim a disposição de
deixar de ser um mero Estado esquecido no norte do país, com terras
infindáveis, mesmo com as reservas florestais, fadado a ser apenas mais um
número na divisão dos repasses federais.
O
desejo de se produzir no Amapá, não é uma novidade, talvez até seja para os
amapaenses que às vezes se conformam com politicas comezinhas de colher
castanhas como se fosse a salvação da lavoura, mas um Estado forte, se baseia
na premissa de ser realmente auto sustentável, pelo menos no tocante a
alimentar seu povo e prover o mínimo de condições de crescimento.
Algo
que talvez que falte, nestes tempos em que o Brasil deixou de ser o país do carnaval
e passou a ser o país que idealizamos de verdade. Que no Amapá reapareçam os
espíritos de velhos empreendedores, que apesar de não terem nascido do rico
torrão, tentaram desenvolver algum projeto, mesmo que não apoiado a época de Ludwig,
mas que pelo menos idealizaram a verdadeira sustentabilidade e não a ficção que
tem se propagado aos quatro ventos, que parece que só inglês vê, mas o
amapaense nem sonha...