O mote desta semana foi a
esdrúxula filiação de Marina Silva ao PSB. Afinal, depois de lutar contra o
sistema para tentar atar sua rede nas escápulas junto aos 32 já existentes, não
teve o mesmo sucesso que seus contemporâneos PROS e Solidariedade que
conseguiram se balançar com aliados e filiações do oba oba criado pela brecha
na legislação vigente.
Mas uma filiação não é
algo inaudito, mas sim a via que se abre para que Marina se pendure no pescoço
de Eduardo Campos já que não houve espaço para suas ideologias da libertação,
pregadas no estatuto de sua natimorta Rede.
O que causa espécie, é que
o discurso da ex-senadora quando registrou o estatuto de seu novo partido, no
1º Cartório de Registro de Pessoa Jurídica de Brasília, parece ter caído por
terra já que antes de protocolar o documento, Marina criticou as posturas dos
atuais partidos políticos brasileiros e disse que o foco das legendas passou a
ser "o poder pelo poder".
Ou talvez a linha mais
perolada de seu discurso de que não aceitaria a política pragmática e sim um
partido que discutiria o projeto e visão de mundo. Sua REDE então seria essa
visão do mundo perfeito e que nada mais alem disso serviria para seus desígnios
políticos.
Enfim, Marina parece ter
dormido com a missão de curar as dores do mundo e acordado com uma baita dor
nas costas devido a sua posição mal dormida na REDE que furou e com ela
esvaíram-se os pudores e as bravatas contra as famosas “zelites”.
Algo não muito incomum
para quem discursava pelos cotovelos, como a também ex-senadora Heloisa Helena,
que apontou tantas vezes o seu leque de dedos pela moralidade esquerdista, lhe
custando inclusive a sua expulsão do PT, por discordar da política das
“zelites” de Lula, mas que no frigir dos ovos selou seus lábios e ficou silente
ao ver seu colega Randolfe Rodrigues entupir o palanque de Clécio Luis com os
mesmos “partidos sujos da direita racista” que ela tanto criticou em tempos de
cotovelos de lábios ferinos.
Enfim Marina entrega os
pontos, recebe apoio da colega alagoana e tudo se rende as tão famigeradas
legendas que se viciaram no poder, e por que não contaminarem aqueles que
enveredam pelos meandros do mandato? Afinal Marina já demonstrou que quer um
mandado a qualquer preço, como todo mundo, como todos os partidos “sujos”
segundo ela mesma.
Nada nos admiraria se
Marina se filasse ao PDT, ao PT ou até mesmo ao PMDB, tanto faz, já que ela
colocou todo mundo em vala comum quando tentou assentar a pedra angular de sua
REDE que nem se quer chegou a dar um embalo pra lá ou pra cá e já arrebentou os
punhos e o cadilho.
Vale tudo, só não vale
dançar homem com home e nem mulher com mulher. Ah claro que agora já pode:
casamento homo afetivo, células tronco, interrupção de gravidez de
anencéfalo... Afinal estamos na modernidade! Por que não então, críticos
ferrenhos das “zelites” não poderem se tornar a própria “zelite”?
Então só nos resta
relembrar Cazuza, que cada vez mais tem se consolidado como o profeta do
apocalipse da política brasileira, e de onde comparamos Marina “com aquele
garoto que queria mudar o mundo, e agora assiste a tudo, em cima do muro...
ideologia, eu quero uma pra viver...”