terça-feira, 1 de julho de 2014

Para ver o futuro é preciso quebrar o retrovisor

Em uma sociedade econômica moderna, a produtividade é o pule de dez. Mas temos uma realidade brasileira muito diferente do que já ocorre no mundo globalizado ha um bom tempo. Desde os anos 80, época em que o governo federal lançou a Política Industrial, Tecnológica e do Comércio Exterior centrada na inovação de lá pra cá não inovamos nem produzimos nada que impulsionasse a política industrial brasileira.

Não fugindo dessa realidade, temos os estados brasileiros que nasceram com o perfil equivocado de que por estarem dentro da Amazônia deveriam ter vocação para o extrativismo e eterno berço de commodities para dar um falso testemunho de conservação do velho “pulmão do mundo”. Esquecendo-se que nesse novelo os principais emuladores de produtividade, inovação tecnológica e o desenvolvimento industrial estão atrelados diretamente à educação como projeto de longo prazo.

Com isso a baixa neste crescimento tem como marco de sepultamento o desatrelamento do ensino técnico em conjunto com o ensino médio na década de 90, que tendeu a uma cada vez menos expressiva procura por parte da massa estudantil em detrimento ao crescimento de vagas nas universidades, criando uma geração de pretensos chefes e muito poucos chefiados.

O Amapá não escapou desta vocação, de onde o ensino técnico praticamente adotou a formação de normalistas e técnicos em contabilidade. Mas muito pouca expressão da indústria que vocacionalmente veio a relampejar com o natimorto projeto Jarí e mais tarde com o a atuação da ICOMI.

Políticas desenvolvimentistas nem vamos falar, já que na verdade apesar da interligação recente ao sistema elétrico nacional e a construção de hidrelétricas não usufruí disso e nosso potencial se quer foi estimado para criar uma estratégia desenvolvimentista. Na verdade nem se teve a boa vontade de planejar qualquer estratégia.

Essa inquietação é cada vez mais gritante quando se vê minúsculas províncias no meio do cerrado brasileiro esticarem os braços e agarrar-se avidamente ao setor primário, ao desenvolvimento, mas de maneira planejada, sem as velhas manias demagógicas de catar coquinhos na floresta.

Esta página, senão um capítulo inteiro regurgita teimosamente na garganta dos entusiastas das políticas de desenvolvimento, nos precursores da inovação, que tristemente vem ao Amapá a dar-se de cara na porta por não ver expectativas além da velha politicagem e compadrio que entra e sai das cadeiras da gestão a cada dois pares de anos.

Exemplos como esses vão criando uma história do “já teve” ou “já foi assim” mas vão entrando nos anais da história como um estado que amorfo ainda não definiu seu perfil mesmo depois de mais de duas décadas, deixado para trás por caçulas do mapa geográfico do Brasil, tonando-se uma eterna Pasárgada.

E com isso o tempo vai passando, empresas, negócios e oportunidades batendo a porta, mas ninguém abre, e as que ficam tem pouco a contar, senão a epopeia clássica de viver num estado esquecido pelas políticas de desenvolvimento cujo maior feito no momento foi o de extinguir uma fábrica de Coca Cola, servindo de exemplo de que nem aqui o filão inventando por John Pembertom conseguiu frutificar.
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