sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Um bom lugar para recomeçar


O governador do Amapá, Camilo Capiberibe esteve ontem em Brasília para politicamente pedir o apoio do presidente do senado José Sarney. Muitos podem achar isso meio despropositado, mas Ignoto Ignóbil aproveitou para conferir pessoalmente o encontro e quem sabe conseguir dar um alô ao governador.
Camilo foi principalmente tratar de dois objetivos que querendo ou não podem ter agilidade ou total ignorabilidade se dependerem da boa vontade de Sarney, já que são adversários políticos e Sarney tem uma velha rusga com o pai do governador, que pode ser um verniz da ditadura arranhada.
A federalização da CEA foi um dos pedidos do governador ao presidente do senado e soberano do Maranhão. Sarney afirmou que pode interceder na questão, já que o pleito é antigo e sabe-se a longa data que a companhia já não anda bem das finanças, fruto de várias ingerências e Camilo conhece bem as dificuldades, pois herdou a CEA em plena crise com a Eletronorte e a inadimplência deixada pelos governos anteriores.
Com o intento de tornar a União detentora de 85% do capital acionário e do rombo milionário que a companhia acumula, o Amapá ficaria com 15% e assim poderia ter poder de voto para gerir programas assistenciais como o luz para viver melhor, por exemplo. Sendo assim não sobrariam as dividas para o Estado assumir e sim seu majoritário acionista.
O segundo pedido de Camilo foi quanto à gestão das obras da BR 156, sob a custódia do DNIT e paralisadas por vários problemas de gerenciamento, sendo que o órgão tem dificuldades para administrar a fase final e a construção do desvio de 1,5 quilômetros que se faz em Oiapoque com destino a ponte binacional. A serem geridas pelo governo do estado e não mais pelo governo federal.
Quanto ao segundo pedido, Sarney não disse nem que sim nem que não, pois mesmo não concordando com o pedido do governador, pois deixou bem clara sua posição quanto ao grau de confiabilidade no governo de Camilo, mas se comprometeu em não atrapalhar a provável migração da administração das obras para o poder local. Que tem forte aceitação por parte do próprio DNIT.
Ignoto não entendeu muito bem a posição de Sarney quanto as obras da BR 156, mas como já conhece o interesse de Sarney pelo ramo energético, viu que os olhinhos dele brilharam ao se falar de federalização de algo que estava fora do círculo da família.
Mas quanto a gestão das obras, ignoto se perguntou e até foi ler na porta do gabinete do senador, de que partido ele era qual estado o elegeu, até se admirar ao descobrir que tanto o governador quanto o senador são do mesmo estado embora de partidos distintos.
Restou a dúvida a Ignoto: Por que cargas d’agua, algo que beneficie um Estado que elegeu determinado politico não tem apoio do mesmo, já que independente de partidos, colocações e gostos pessoais, o desenvolvimento do Estado e o bem estar de sua população se deve a ações que priorizem os mesmos.
Mas sabendo que Sarney, ao contrário de muitos nordestinos que migraram para o Amapá, não se mudou de mala e cuia para as TerrasTucujús, só veio usando a mesma tática de Assis Chateaubriand em minas na época de Castelo. Se eleger para abrir espaço.
Ignoto vai levando, resolveu dar um voto de confiança ao governador. Vieram sentados lado a lado no voo BSB/MCP, mas ainda não trocaram figurinhas, apenas aproveitaram para tuitar quando pararam em Belém, rumo a terra prometida. Mas por via das dívidas, Ignoto mandou um presente para o Palácio do Setentrião; uma ampulheta para o governador entender que o tempo passa depressa e que as ações demoradas de planejamento para efetuar ações pós-crise tem que ser agilizadas, pois muitas dívidas ainda precisam ser quitadas, mesmo com um superávit nos últimos dez meses.
E aproveitou também e deixou uma garrafa de óleo de peroba ao senador, pois o estoque dele estava já devia estar baixíssimo...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ignoto ignóbil, o ignorante ignorado


Ignoto Ignóbil desembarcou em Macapá na madrugada de ontem e já cheio de dúvidas e incertezas em sua atormentada mente, começou a se perguntar por que veio. Afinal ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Macapá já teve sua grata cota de espera, pois os 37 minutos que o separavam da capital paraense, sua ultima escala foram menos atormentadores que os 43 minutos que passou na sala de desembarque a espera de sua bagagem, já que veio de mala e cuia.
Ao olhar para o lado, Ignoto viu o imponente esqueleto de uma construção, que para sua informação via taxista era o novo aeroporto, mas que por uma pequena falta de entendimento entre os partidários do Presidente do Senado, o TCU e o colega Zuleido Veras, da Construtora Gautama; o finado aeroporto deverá daqui a algum tempo fazer parte daqueles concursos nacionais que elegem estruturas antigas como as Pirâmides de Gizé e a Muralha da China como maravilhas arquitetônicas antigas e inacabadas.
Admirou-se como dona chica, ao saber que ninguém se importa em ficar em um aeroportozinho desconfortável, apertado e sem nenhuma estrutura para mais que dois voos simultâneos. Ninguém cobra de ninguém uma satisfação ou providencia sobre o futuro, pois o imponente nome de aeroporto internacional parece piada pronta diante da estrutura atual que mais lembra uma rodoviária do interior de Pernambuco.
Rumo ao centro, de taxi, Ignoto foi observando a fartura da nova terra ao admirar-se de tantos modelos de veículos novos e semi-novos nas ruas, mais até mesmo que em sua terra de origem, a capital mais rica do país. Ao saber que mensalmente a cidade recebe uma média de mil veículos novos, pensou ele, há muito dinheiro nesta terra então, e realmente parece que há.
Ignoto fez uma pequena cruzada sócio-politica para dar o ar de sua graça nas terras Tucujus, e para isso fez uma visita de cortesia ao líder do executivo, mas ficou meio sem graça ao saber que o mesmo nem tem agenda e quando tem só atende ao que lhe convém, e às vezes nem sabe ao certo o que lhe convém, pois a julgar pelas pencas de assessores dispersos dentro do palácio do governo, percebeu que a maioria só tem um objetivo: proteger seu ganha pão, fazendo com que o governador fique cego, surdo e mudo.
Meio desestimulado, fez algumas visitas aos secretários de estado, e descobriu algumas curiosidades bem esdrúxulas sobre os ocupantes das pastas: Na Secretaria de turismo, entendeu que a secretária Helena Colares é quem na verdade faz o turismo, mas o pessoal, pois nunca esta na secretaria que chefia, quando não está na militância de seu partido, está incomunicável por algum motivo obscuro.
Na Cultura, ficou feliz em saber que um agente da cultura, um músico, chefia a pasta, mas que pela quantidade de apadrinhados rodeando o mesmo com ideias no mínimo condenáveis e absurdas fazem com que o mesmo na sua mera incipiência acabe chegando aos finalmentes assinando os papéis e levando a vida.
Na saúde, nem se fale, a maioria dos funcionários da própria repartição desconhecia o secretário ou a sua existência, sendo mais uma vez um homem desconhecido. Já na educação, nem se conhece quais as prerrogativas do secretário para ocupar a pasta; que segundo a boca pequena da repartição, só fez o ensino médio, ou seja, até o Tiririca serve. Enquanto que a lei de representação do executivo está em vacância, pois o Procurador Geral achou tão complicado procurar algo improcurável que acabou indo ser defensor público no estado vizinho.
Só então, quando resolveu ir ao desenvolvimento econômico, descobriu que a secretaria responsável pela indústria e comércio do estado é tão pequena, mas tão pequena que nem tem espaço para o secretário, que às vezes desconhece o tamanho da sua pasta ou se faz de convidado em sua própria festa.
Na desilusão com executivo, foi à casa do povo, mas viu que o grande rebuliço que estava lá acontecendo, tal que havia parado a função da casa por alguns instantes, não era um anuncio importante de alguma medida que beneficiaria o estado de alguma forma, mas sim a presença dos palhaços de terno da Band, que na falta de piadas em seu reduto de origem, foram atraídos àquela casa que tem sido motivo de noticiário nacional ultimamente, então rende a piada dos cem mil.
Entre fotos e flashes, foi-se para fora da casa, pois não conseguiu dar seu alô ao presidente da AL, pois o mesmo não atende diretamente ao público já que a demanda é grande e o legislador precisa trabalhar e seu assessor faz esse trabalho, por isso é preciso ter algo relativamente importante para conseguir dar um alô ao presidente.
Ignoto voltou ao hotel, entrou na internet e passou algumas horas para conseguir entrar no site da companhia aérea, pois a banda era estreita e lenta permanece e quando finalmente conseguiu se conectar a energia foi embora o deixando às escuras.
Já em clima de vai embora, nosso herói está indo, com uma lição bem escolada: Por hora o Amapá não precisa de grandes técnicos ou profissionais gabaritados, pois assim como ignoto Ignóbil, muitos vêm e vão embora, pois os tolos que se iludem com o poder e nenhuma graça de conhecimento acham que quatro anos são bastante tempo para ignorar o mundo, e em retorno o mundo parece continuar a ignorar o Amapá...

Khadafi, o Ministro do trabalho.


 “Só saio abatido à bala”. Esta declaração ao estilo de Muammar Khadafi, ditador deposto e morto da Líbia, do ministro do trabalho, Carlos Lupi gerou um grande desconforto ao governo, que logo procurou articular sua máquina através da ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann que levou o recado da Presidente ao ministro revolucionário, para que procurasse se retratar pela quebra de hierarquia.
A ministra da Casa Civil falou a Lupi sobre os excessos da declaração, passando até uma imagem negativa de que o futuro do governo dependeria da presença dele e não da decisão de Dilma. Ficou entre as entrelinhas que Lupi estava mandando um recado sobre sua conduta e talvez algum argumento forte que o fizesse pressiona-lo a presidente a mantê-lo no cargo.
Gleisi passou um grande sabão em Lupi e enfim colocou um esparadrapo para o ministro evitar novas declarações polêmicas. Mesmo com muitos perfumes, a ministra colocou em seu discurso o roteiro de que o ministro não está com sua posição ameaçada dentro do governo, mas que cabe única e exclusivamente à Presidente a decisão de que ele fique desempregado ou não.
Com a fisionomia de quem está calçando as sandálias da humildade, Carlos Lupi deu uma declaração de que em nenhum momento tentou desafiar a presidente e não era sua intenção desautorizar a mais alta autoridade. Negou que seja a próxima vítima na faxina ministerial.
O PDT considerou a celeuma exagerada e até lançou uma notinha para minimizar a crise de declarações polêmicas, tentando direcionar auspiciosamente as declarações do ministro para “os acusadores anônimos” que causa estranheza, pois quem são estes denunciantes e o que pleiteiam ainda é um mistério.
Para quem está alheio ao clima da crise ministerial atual, O ministro é alvo de suspeitas lançadas pela revista Veja em que três servidores e ex-servidores do Ministério do Trabalho estavam envolvidos em esquema de propinas para recolher fundos ao PDT, o partido de Lupi.
Resta saber quanto tempo à situação vai se sustentar afinal o gênio de Dilma serve à política do mosquito e a mão, ou seja, incomodou é esmagado sem dó nem manchas. Mesmo Lupi pertencendo a um partido mais forte na base aliada ao governo que o PC do B do ex-minstro dos esportes, Orlando Silva, sabe-se que o governo não tem muita democracia na arte de manter alianças com partidos problemáticos da herança de Lula.
Para Jorge Hage, escritor responsável por bobagens como “Lula, o filho do Brasil” e “Governo Lula e o combate à corrupção”. O governo Lula foi responsável por retirar a tampa do esgoto da corrupção no Brasil e revelar a sujeira existente. Apesar de respeitar o excesso de sedas rasgadas por Hage a Lula, afinal cada um tem direito a escolher nos pés de quem deve orar. Acredito que não só o governo Lula tem parte neste grande bueiro, pois, O atual ainda tem destampado novos esgotos, e esses não são heranças de FHC, Itamar e Collor.
Mas resquícios de uma pista que esclarece que Lula herdou uma rede de esgotos e continuou sua ampliação, e ao que parece, Dilma tem atrasado as obras, talvez por falta de conhecimento da engenharia da corrupção, mas a presença de Lupi no governo deve mostrar que ela aprende rápido, até na arte de dar sequencia as entranhas da corrupção histórica neste país.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Enquanto uns manifestam...


No inicio de ontem a PM paulista cumpriu a decisão judicial de reintegrar a posse do prédio da reitoria da USP. 70 manifestantes foram detidos e acusados indiciados por desobediência a ordem judicial e destruição do patrimônio público.
Uma operação bem Hollywoodiana foi montada pela PM. Cerca de 400 homens armados, 50 viaturas e dois helicópteros foram o aparato utilizado para prender os 70 “criminosos” fortemente armados com seis coquetéis Molotov.
Como a operação ocorreu na madrugada, por volta de 5 da manha, os estudantes confinados no prédio da reitoria foram pegos de surpresa e não ofereceram resistência contra a invasão da policia.
A invasão teve sua origem motivada contra a presença da Policia Militar no campus da USP Butantã que acabou prendendo alguns estudantes (maconheiros) de posse de maconha (não falei? Maconheiros) e para dar um verniz mais social ao protesto, alegaram que alguns funcionários da USP têm sofrido processos administrativos injustos.
A policia nunca foi bem vinda dentro do campus da USP, em face de uma velha rixa remanescente da ditadura, quando depois de muita negociação de direitos, a policia foi destituída da segurança do campus.
Mas voltou de uns tempos pra cá a operar na segurança desde que o Reitor Grandino Rodas e o Governador Alckmin passaram a defender a presença da PM no campus após a morte de um estudante ocorrida em maio deste ano.
O grande pavor dos estudantes é de que a PM passe a coibir não só os crimes dentro da USP, mas também interferindo nas manifestações de caráter politico ocorridas com frequência, nesta que é a maior instituição da América Latina.
Parece irônico que enquanto uns rechaçam a presença da polícia, outros clamam pelo menos a presença dela em locais onde realmente ela é necessária. Não sou favorável a invasão e depredação do prédio da reitoria da USP, afinal sou de um tempo em que manifestar era preciso e manifestar com violência e raça era necessário, afinal podia ser a única chance antes que o DOPS baixasse o cassetete.
Mas vem a grande contradição. Naquela época, tínhamos o motivo da falta de liberdades constitucionais tolhidas pelos diversos atos institucionais do governo militar. O que nos faltava eram oportunidades para manifestar. E isso os estudantes tem em demasia e não usam com maestria com o seus antecessores.
Hoje se tem a total liberdade de manifestar-se, de chegar em frente ao Senado Federal e colar cartõezinhos vermelhos nas paredes com forma de protesto contra o código florestal. Se levar choque com pistola elétrica, de ser arrastado pela policia do congresso.
Mas por uma causa válida, justa e serena.
Mas ao criar um rebuliço destas proporções, simplesmente por causa de um baseado, faz os estudantes parecerem meninos mimados querendo seu brinquedo preferido, derrubando a honra de todos os outros estudantes antecessores dos maconheiros, que lutaram, alguns até sucumbiram nas mãos do DOPS, só para manter a policia fora do Campus.
E a PM paulista também ficou feio, um aparato destas proporções para prender estudantes desarmados, é simplesmente prova de desperdício de dinheiro público, a não ser que o interesse eleitoreiro (sempre ele) esteja envolvido.
Deixaremos os estudantes saírem da cadeia, refletirem e chegarem ao acordo de que a PM deve permanecer do lado de fora dos portões do campus. Vamos torcer para que essa leva de novos estudantes; consigam manter a honra lavada dos que conseguiram a duras penas fazer com que o simbolismo da não entrada da PM continue valendo.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

As cadeiras que dançam lá e cá...


O clima de limpeza e desinfecção com Veja ainda acomete Brasília que se põe em polvorosa desde a ultima cabeça rolada, a de Orlando Silva. Destituído forçadamente sob o manto do pedido de demissão, o Ministro dos Esportes abandonou o barco, dando a Aldo Rebelo, seu sucessor, a oportunidade de limpar as coisas para o PC do B.
Carlos Lupi, da pasta do trabalho está no alto do mesmo precipício, esperando instruções de navegação de seu partido, o PDT, que ao que parece já deu a ordem kamikaze, já que pediu a Controladoria Geral da União para investigar o ministro e as irregularidades com ONG’s, assim como na ultima crise.
A Presidente Dilma parece gostar do fato, já que assim como Orlando; Lupi também agoniza sob as acusações de desvio do dinheiro público através de ONG’s apadrinhadas por uma verdadeira quadrilha instituída nas instituições públicas.
Já dirigi ONG’s no passado, o suficiente para saber o quanto é difícil conseguir verba pública para tocar projetos de natureza assistencial. Vale ressaltar que a febre de ONG’s surgiu da necessidade de complementar as ações que o governo não foi capaz de desempenhar. E assim como o próprio governo, sucumbiram a corrupção.
Sabemos muito bem que Dilma pode cozinhar Lupi até a reforma ministerial, onde ele deve atuar como zumbi até lá, ou na mais provável das hipóteses se as coisas se tornarem insustentáveis, como tem se mostrado, é fato que a Ministra Ideli Salvati, das relações institucionais já deve ter acionado a cúpula do partido da base governista para pedir um nome para substituir Lupi.
As cadeiras também dançam por aqui, já que o Procurador Geral Marcio Figueira, teve um surto “tropa de elite” e jogou a toalha. Sob a alegação de assumir um cargo efetivo na defensoria pública do Pará, o procurador geral deixa o governo sob uma crise institucional na Procuradoria do Estado.
Nepotismo, assédio moral e até acusações de atecnia, por parte dos próprios defensores, colegas de instituição. Marcio Figueira sai pela porta dos fundos sem dar as horas. Sabe-se que o Governador já foi informado da ação do ex-Procurador e já providencia um nome para assumir a PGE.
Assim como Paulo Figueira, primo de Marcio que chefiava a SEMA, saiu sob acusações de recebimento de propina em um esquema ainda investigado. Marcio deixa o governo justificando que apesar de apresentar a demissão ao governador, o mesmo não aceitou a exoneração.
As crises continuam, Dilma pelas bandas do planalto central, administra sua crise doméstica por cima das panelas, afinal ela tem faxinado ministros herdados de Lula. Ou seja, apenas está limpando algo que impacta diretamente não em sua imagem mas sim, na do presidente anterior que empossou uma quadrilha que tem sido aos poucos desmascarada.
Sabe-se lá que nos oito anos de Lula estes mesmos ministros já não atuavam em suas falcatruas, e como as coisas mudam e a propinas também, agora as denuncias afloram e os ministros caem como piolhos pós-andiroba.
Para Dilma isso é bom e ruim para Lula se ainda tem (e tem mesmo!) pretensões para 2014. Afinal ela chegará ao fim do mandato sob a proteção até agora da imagem de estar na marginal das ações suspeitas de Lula e seus meninos de ouro. Mas a lição não serve de exemplo para Camilo, pois Dilma limpa o que não sujou, mas o Governador do Amapá tem estado como criança de fraldas, brincando com a própria sujeira que ele mesmo empossou.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O filósofo Equus asinus e a viagem no tempo


Meu amigo Wilson Meiler em seu livro “Sucesso é um segredo do coração”, narra uma estória muito legal.
“Conta a lenda, que um velho burro estava pastando distraidamente num campo. Ele não estava prestando atenção por onde pisava e de repente caiu num poço fundo. O burro começou a zurrar e zurrar até que o fazendeiro chegou e viu o burro lá no fundo. O pobre burro estava desesperado e olhou tristemente para o fazendeiro, como se quisesse dizer-lhe: “por favor, tire-me daqui, deixe-me voltar para minha casa”. 
O fazendeiro não disse nenhuma palavra... virou-lhe as costas e foi embora. O burro ficou no poço por três dias, que pareceram uma eternidade.
No quarto dia, o fazendeiro voltou com seus três filhos. Todos eles olharam para o burro lá no fundo e ainda se riram dele. 
Então, o fazendeiro falou – o poço está abandonado, não há mais água e o burro está tão velho que não vai valer a pena salvar, então mãos à obra... e começaram a jogar terra no poço com o burro lá dentro.
À medida que as pás se sucediam e a terra era jogada sobre o burro, este se sacudia para tirar a terra do lombo. Isto aconteceu durante algum tempo, até que suas patas começaram a ficar cobertas de terra que caia no solo. Para não afundar o burro começou a pisotear o chão, livrando as patas coberta pela terra que caia. E assim foi; as pás de terra eram jogadas, o burro sacudia e pisava em cima; a terra caia o burro sacudia e pisava em cima. 
Não demorou muito para que todos vissem espantados que o poço estava sendo fechado e o burro estava saindo do poço para a liberdade.
Liberto do poço, ao chegar em casa ainda meio assustado, o seu neto um burrico ainda jovem, perguntou-lhe como só as crianças sabem fazê-lo:
- Vô, o que é que eu tenho que fazer para quando crescer tornar-me um burro de sucesso assim como o senhor? Ao que o burro velho respondeu. 
É fácil meu neto. Para ser bem sucedido tudo o que você tem de fazer é “sacudir e pisar em cima”.
Vamos embarcar na máquina do tempo e retornar lá no início, muito antes do período histórico.
Lá iremos redescobrir que o ser humano tinha uma clarividência natural que lhe possibilitava a convivência direta com os deuses, ele tinha consciência cósmica, mas ainda não tinha consciência de si, para ele, a consciência estava mais presente no mundo espiritual do que no mundo físico, logo ele convivia com seus deuses mais ainda não tinha adquirido a autoconsciência.
Se avançarmos um pouco, lá por volta de 3.000 a.C., na chamada Era Matriarcal, descobriremos que os seres humanos perderam a possibilidade de conviver diretamente com os deuses e o contato agora passava a ser feitos através de sacerdotisas em Oráculos, para receber orientações de como os seres humanos deveriam proceder. 
É uma época importante porque na tradição hindu, por exemplo, é o início da Era da Escuridão da evolução humana chamada no sânscrito, língua arcaica, de kaly yoga. 
Este é o início da Era Histórica, a partir da qual existem documentos produzidos por representantes das épocas culturais que antecederam a época atual e é o início do patriarcado e de toda a nossa história conhecida.
Nesta época longínqua as sacerdotisas começaram a perder gradativamente a influência e o poder na sociedade, os oráculos entraram em decadência, o último é o oráculo de Delfos cujas ruínas ainda existem no Monte Parnaso na Grécia. Os oráculos foram sendo substituídos gradativamente pelos Templos dos Mistérios. 
Nessa época, a consciência do desenvolvimento da humanidade era grupal e não individual.Era a época da “teocracia”, em que a vida espiritual política-jurídica e a vida econômica formavam uma unidade em si e era conduzida pelos templos de mistérios.
A clarividência se extinguira a tal ponto que a morte passou a ser um enigma. O homem vivenciava a interdependência dos fenômenos materiais e espirituais, que os historiadores denominavam de visão orgânica.
Caminhamos mais um pouco nos deparamos com o período grego-romano, é neste período que desperta no ser humano a consciência individual e a palavra “Eu” aparece pela primeira vez. A mitologia é substituída pela filosofia, marcando maior consciência do “Eu”, com isso nasce o intelecto e com ele, a filosofia grega. 
Com a tomada da consciência do “Eu individual” cresce o egoísmo e o homem que era, naturalmente, um ser grupal passa a necessitar de leis para que possa viver em grupo. O homem perde definitivamente a ligação com os mundos espirituais, a força de coesão de grupos pelos laços de sangue, a tradição e as normas de comportamento social e o contato com a natureza, dominando-a e destruindo-a.
Caminhamos mais um pouco e chegamos ao Renascimento onde o homem abandona o conceito de terra como mãe nutridora e entra com o conceito de natureza supridora de todos os seus desejos. 
Do ponto de vista da ciência, essa mudança alterou também a relação ética e teórica do homem consigo mesmo, inicia-se a era denominada de antropocentrismo que é seguida do racionalismo onde a visão homem/máquina deu origem a um novo método de investigação científica que envolve a descrição matemática da natureza.
Esta mudança provoca importantes transformações e uma sensível evolução científica que tem como conseqüência o aumento do poder de manipulação do homem sobre a natureza.
Nossa máquina do tempo segue viagem posarmos em uma época em que a população rural começa a migrar para as grandes cidades transformando-se em operários, ocupados com a produção e a distribuição de bens industriais. 
É o fim do feudalismo que dá passagem para a chamada revolução industrial.
Essa transformação deu origem à automatização do trabalho humano, com inúmeros desdobramentos a partir do final do século XVIII e o homem que era um ser puro com uma clarividência natural começa a viver uma era de homem máquina cujos valores são outros completamente diferentes do que ele construíra ao longo de sua história. 
A revolução industrial provoca um acelerado desenvolvimento dos meios transportes fazendo com que os mercados se ampliassem rapidamente. Esta mudança faz com que aconteça uma produção em escala maior, com isso os preços baixaram e muito mais pessoas podiam adquirir bens e serviços. Começamos a vivenciar a chamada era do mercantilismo. 
Com a revolução científica em marcha o divino desaparece completamente da visão científica do mundo, deixando um vácuo espiritual que se tornou característico de nossa cultura atual onde a base filosófica passou a ser a divisão cartesiana entre espírito e matéria e o homem torna-se materialista. 
Hoje sentimo-nos como individualidades livres, emancipadas, mas, também solitárias no mundo, convivendo com a insegurança cada vez maior, com a escassez e competição por recursos naturais, violência, poluição, aquecimento global, desaparecimento de espécies, etc...
Como resultado de todo o processo de individuação ou emancipação do indivíduo surgem duas forças básicas na alma humana: o egoísmo e o medo. 
A força do egoísmo nos faz ver que vivemos como indivíduos conscientes num corpo físico, e o medo porque nos tornamos conscientes de nossa solidão interior. 
A força do medo também se individualizou, tornando-se uma marca existencial individual comum ao nosso tempo. São nossos medos: do desconhecido, do risco, da mudança, do fracasso, do futuro, da perda material, da perda das relações, da morte, da perda da saúde física e mental.
Passamos a viver a era do consumo em massa ou a era da imitação onde eu não posso ser o Brad Pit, mas, posso me vestir como ele. Como conseqüência, a partir daí toda administração foi construída com o intuito de melhorar a eficiência e produzir mais e mais para atender a grande demanda, sem nenhuma preocupação com o ser humano.
A facilidade de se conseguir bens materiais gera um vazio existencial e conseqüentemente uma nova busca pelo sentido da vida.
Você deve estar perguntando:
- O que tudo isso tem a ver com a estória do burro?
O grande Sêneca certa vez ensinou que “... aquele que persegue a volúpia e a ela subordina tudo o mais, a primeira coisa de que descuida é a sua liberdade…” 
Se atualizarmos os ensinamentos de Sêneca podemos afirmar que “… aquele que persegue o sucesso e a ele subordina tudo o mais, a primeira coisa de que descuida é da sua liberdade…”
Logo, estamos vivendo em uma era em que o homem não compra o sucesso, vende-se a ele e torna-se seu escravo, pois, o homem passa a precisar do sucesso a qualquer preço.
Daí resulta uma vida ansiosa, suspeitosa, temerosa, assustada com os acontecimentos, sem ética e sem os verdadeiros valores. Em função de tudo isso o mundo foi ficando árido, incolor, sem estética, materialista, sem consciência e espírito.
O homem precisa rever o seu conceito de sucesso.
Eu ouso dizer que sucesso é levar a felicidade aos outros, ser feliz, estar em paz, usufruir de conforto, ser querido, ser interessante, conhecer e experimentar, viver de forma ampla...
Sucesso é uma coisa simples, quando imbuída de valores éticos e morais, isto significa que existe um elo perdido na vida pessoal e na vida das organizações.
Logo, precisamos repensar e desenvolver novas crenças, novas conexões, novas competências, precisamos rever o significado da vida, precisamos rever o significado da empresa, pois, a facilidade de se conseguir bens materiais, está gerando uma sensação de vazio e provocando o declínio das instituições mais nobre.
Não será esta a causa de tanta solidão, de tanto estresse e de tanta infelicidade? 
Lembre-se nascemos homem e nos tornamos humano.
A escolha de que tipo de seres humanos queremos nos tornar depende de nossas escolhas e estas escolhas implicam diretamente na nossa maneira de ser como pessoas, como executivos, gestores ou gerentes, enfim, como profissional. 
Precisamos buscar um novo jeito a ser aplicado para que as pessoas e as organizações possam transformar o trabalho numa experiência que transcenda as ações diárias, no qual a motivação e o entusiasmo venham de dentro para fora naturalmente e isso não será através de uma técnica e sim de um novo valor de vida.
Que tal seguir o conselho do velho burro, sacudir os velhos valores materialistas e pisar em cima para que possamos construir uma nova história para o Amapá, sem pensar relevar os erros do passado para amparar nos erros do presente e nem muito menos, jogar terra no burro, pois quem sabe este, se enterre de vez... 

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