sábado, 30 de abril de 2011

Os sonhos não morrem jamais


"Esta canção. Não é mais que uma canção. Quem dera fosse uma declaração de amor. Romântica. Sem procurar a justa forma. Do que me vem de forma assim tão caudalosa...”
Hoje Yolanda nos deixou, mas assim como muitos que me deixam para trás, no caminho da vida eu também deixo Yolanda partir. Triste, seca, sem a famosa justa forma, mas assim mesmo partir. Yolanda foi a minha veia poética sem ser eu mesmo, por isso tomo emprestados seus doces versos para que neles sinta o perfume desta flor que desabrochou e chegou ao momento que foi para onde todas as flores vão.

Os sonhos não morrem...
Tampouco envelhecem...
Por vezes, se escondem...
Se muito, adormecem.
São bônus da vida...
Riquezas do ser...
constroem o futuro...
Ajudam a viver.
E, quando, calados...
No peito escondidos...
No fundo da alma...
Quietos esperam...
Não importa o tempo,
Que fiquem guardados...
Que passem adormecidos...
Um dia despertam.
Os sonhos são jovens...
São livres, são belos...
São vôos diretos...
Em busca de paz...
Alimentam esperanças...
Desejos secretos...
Os sonhos são eternos...
Não morrem jamais.

Yolanda ... Espere-me a beira da luz para que entremos juntos rumo ao paraíso quando chegar minha vez!


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Uma questão de bom senso


Nestes dias em que vemos situações cabeludas em uma semana animada por mais corrupção em desvios de assembléias legislativas, senadores bêbados e sem carteira ou até mesmo senador Maçaranduba, como Jaques Wagner.

Temos também casos pavorosos dia a pós dia nas páginas policiais dos jornais do Brasil inteiro. Cada vez penso mais que os meandros da política mesclam-se a estas páginas policiais, mas saem em cadernos diferentes. Cada um a sua maneira e diferentes na forma de mostrar o crime efetuado contra o povo, o erário ou até mesmo contra a vida.

A semana também é coroada com futilidades como o casamento dos meso realeza, que vai dar pano para as mangas em tablóides e revistas de fofocas durante tempos, futilidades a parte. O que acontece na família Windsor com certeza não afeta mais o mundo, a valer-se do casamento Diana-Charles que acabou do jeito que acabou, deixando espaço para Camilla Maracujá de gaveta.

O tino ácido da crítica se dá pela falta do que falar ou do que fazer em semana tão sem assunto que não seja o comezinho, fútil e manjado toleimoso politiquês.

Se continuar assim, o Coisas da Vida vai acabar entrando para o marasmo e eu com ele. Ainda bem que nenhum prédio caiu ou avião explodiu, seria catastrófico aquecer o rol de assuntos desta coluna com noticias à Gil Gomes.

Mas com certeza a luz vai voltar, os temas irão brotar do solo como feijões mágicos trocados por vaquinhas, a ponto de crescer a tal ponto que alcancem os céus e a casa fantástica do gigante que guarda o ganso dos ovos de ouro.

Deixa só a poeira baixar, os senadores se acalmarem, Dilma se aquietar na cadeira após não ter o que fazer no MERCOSUL e finalmente acontecer a primeira manchete dos tablóides britânicos anunciando mais alguma baixaria das bandas dos Windsor. Para mim é igual o cigarro que fumei durante tantos anos, "Uma questão de bom senso..."





terça-feira, 26 de abril de 2011

O Acéfalo


Esta tarde recebi um email no mínimo curioso de um desafeto meu. Ele fazia uma série de queixas sobre a implantação de um departamento comercial que eu particularmente já considero natimorto. Mas com toda polidez possível me chamava de acéfalo, acho que em algum momento devo concordar com ele, afinal me sinto atualmente acéfalo.


Embora seja uma pessoa das minhas inexistentes relações a me chamar a atenção para isso, realmente sou forçado a fazer uma introspecção de vida e chegar mesmo a essa conclusão. Não é por bancar o pobre portuguesinho e me divertir a vampirizar emocionalmente as esperanças do alheio.


Ou simplesmente me apossar do intelecto de um secular mestre, ou até mesmo de minar a relação dos outros com neuras insurgentes. Mas a palavra me tocou; uma acefalia, só não me magoou mais por que até alguns meses atrás só havia sido chamado de intransigente e em outras encarnações de lacônico.


Embora estas expressões Greco-latinas só venham se interpor a coisas que já de longa data me fazem ver a verdade, tenho tentado me distanciar dela, mesmo sabendo o quão dura ela tem a me dizer como resposta aos meus medos mais íntimos.


Na verdade a verdade me assusta tanto que tenho medo de olhá-la cara a cara e realmente tomar consciência de que ela tem razão e eu sou mesmo o acéfalo por não querer ver o que esta diante de meus olhos mesmo que eu maquie com raras figuras e belezas e cantos e cores e toda a sorte de adereços possíveis para não ver o que é óbvio: Sou um acéfalo.


Enfim, a mania de me alimentar emocionalmente dos anseios, das emoções e dos medos dos outros, como um vampiro burlesco, pronto para ser sempre saciado, alimento não falta devido a tantas mazelas no mundo e tantos corpos carentes de um segundo de atenção.


Cada vez perco mais minha identidade mor e chego à conclusão que sou realmente o intransigente, acho que cheguei a um grau de laconicidade o suficiente para não ter mais nada a dizer, exceto: Sou um acéfalo!

domingo, 24 de abril de 2011

Nem anjos nem demônios


Resolvi passar a semana santa com minha irmã e minha mãe em Niterói, faz uns quatro meses que não nos vemos então aproveitando a emenda Tiradentes - sexta feira da paixão. Peguei um avião e fui. Feriados geralmente são para farras e festas, eu geralmente me excluo a estes entrudos e prefiro usar o bom senso para reflexão.

Ainda ontem mesmo quando imaginava um tema para o artigo de páscoa, vi no Jornal Nacional uma reportagem sobre estudantes de diversos ramos; engenharia, farmácia, psicologia e outros, em um mutirão para construir casas populares pelo intermédio de uma ONG.

Bem ao lado, logo no começo da reportagem, ouvi um comentário despropositado de minha mãe: “_Pra que isso já?”. Tipicamente o desprezo pelos movimentos sociais e do fazer sem pedir em troca, não fazem parte do dialeto de minha família mercantilista, mas o curioso foi o fato de ver que ao longo da reportagem, em que as pessoas emocionadas pela entrega de uma casa, muitas cheias de filhos, e outras até esperando mais filhos; e os estudantes todos manchados de tinta verde após o fatigante trabalho de construir casinhas de 60 metros quadrados.

Vi o rancor e o desprezo abandonarem o rosto da velha face enrugada de minha mãe. Acho que a sensação de ver pessoas que dormiam em barracos de papelão, muitas vezes encharcados ela chuva e encolhidos frio, fez amolecer um pouco da dureza e ausência de solidariedade que habitam o coração da velha senhora que mora seu palácio de cristal. Infelizmente a percepção foi só visual, já que não houve menção ditada ao fato.

A lição que tiro disso, é que todo mundo pode mudar, pode agir, só não o faz se não quiser; se não fizer mesmo; oportunidade? Essa existe para todos. Um mundo melhor é sonhado pela humanidade desde que o homem começou a pensar no bem de si e dos outros. Passamos por momentos onde esse altruísmo foi mais evidente, com os filósofos e sociólogos do século XVIII, mas decaiu à medida que fomos olhando mais para nossos umbigos e desprezando o alheio sofrimento.

Nem mesmo o momento reflexivo da páscoa, para os católicos ou do pesach para os judeus, é levado em consideração aos que se atém aos famigerados ovos ou as farras que antecedem a páscoa dominical. Todos nós às vezes nos sentimos desamparados, órfãos por alguns momentos como me senti na hora do: “_Pra que isso já?”. Mas isso passa. Até mesmo Jesus se sentiu assim na hora do Eloi, Eloi, lama sebactani?

Então assim como ele devo me resignar e aceitar meu destino e aguardar a recompensa divina, não tão dadivosa quanto à dele que foi ressuscitado e ascendeu aos céus para junto de Deus. Não sou tão pretensioso e levado a soberba tanto assim, mas com certeza meu olhar mais humano que o de minha lúcida mãe, será levado em consideração na hora de remir meus pecados.

Feliz páscoa amigo leitor.

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