quinta-feira, 15 de março de 2012

O Amapá que não caminha

O Amapá tem tentado se planejar desde o período histórico em que deixou de fazer parte do Estado do Pará e se tornando um Estado da Federação.

O planejamento tem sido historicamente substituído desde a transformação do Território do Amapá em Estado. Um dos fatores que contribui para isso é a completa desorganização institucional entre as esferas de poder (municipal, estadual e federal). Programas e projetos muitas vezes não contribuem para o avanço e sim para acentuar profundas contradições.

A falta de cumplicidade entre as esferas administrativas tem contribuído para a queda da qualidade de vida, seja pela falta de oferta de empregos, ou pela ausência de indicadores satisfatórios de serviços de transportes coletivos, água, esgoto, pavimentação, sistema de trânsito, etc. As preocupações com as questões de planejamento governamental têm-se restringido simplesmente às coisas superficiais em detrimento das discussões de projetos públicos considerados vitais para o desenvolvimento dos municípios.

O Estado do Amapá tem apresentado, ao largo do processo de estadualização, profundas transformações na sua paisagem rural e principalmente urbana, entretanto tais transformações não têm sido suficientes para evitar a dependência dos municípios de recursos estaduais ou federais para sua sobrevivência. Os indicadores relatados pelo Banco Mundial desde o ano de 2002 mostram claramente as condições de pobreza no Amapá com a concentração de população em Macapá e Santana.

Os gestores do Estado do Amapá precisam conhecer mais amplamente o repertório técnico e científico produzido sobre a realidade econômica dos municípios do Estado do Amapá. Observar a vocação peculiar de cada município, investir na continuidade de obras estruturais e conseguir manter o financiamento de obras estruturantes como a conclusão da BR156 que liga a capital ao norte do Estado.

Nos últimos vinte anos, os governantes aumentaram o tamanho da máquina pública; cresceu de forma significativa o número de servidores públicos (municipais e estaduais), no entanto, os números da iniciativa privada nos demais municípios são pífios. A dependência de quase todos os municípios do Amapá, dos escassos recursos do FPM e das verbas de programas federais de auxílio através de bolsas tem sido muito pouco para que os nossos municípios possam alcançar metas de desenvolvimento.

Os municípios não têm conseguido se inserir na discussão sobre a gestão de seu território com relação ao grande número de áreas protegidas; isso tem ocasionado entraves na obtenção de recursos para novos investimentos principalmente sobre aqueles que já estão previstos através de planos nacionais como o Ecoturismo e os Estudos da Biodiversidade.

Dentro da condição de Estado mais preservado do Brasil, o Amapá não tem usufruído desta condição ou dela ter tido benefícios. A maioria dos municípios é recente, com menos de 20 anos, e muitos foram criados sem nenhuma base ou sustentação econômica, ficando na dependência extrema de recursos federais para a manutenção básica das funções primordiais. Como inverter esta lógica? Esse é o grande desafio.

O estado do Amapá não pode mais pagar o preço de ter uma economia exclusiva do “contracheque”; nem todos os cidadãos podem ser servidores públicos. É preciso outros meios para permitir a instalação de indústrias, empresas e principalmente o desenvolvimento do turismo. Quais as perspectivas de desenvolvimento para o Amapá? Esta pergunta é norteadora para se pensar a concepção de que o estado do Amapá é um Estado em (Des) construção. Para isso, será necessário desconstruir a lógica criada no Amapá desde a época do Território.

Será preciso perceber o Amapá dentro de uma visão sistêmica de desenvolvimento e não de forma pontual como vem ocorrendo nestas últimas décadas. Os gestores do Estado do Amapá terão uma odisseia pela frente para vencer obstáculos, romper atitudes, plantar a ideia de que o Amapá precisa ser construído e transformado no âmbito de uma visão sistêmica de planejamento para as próximas décadas.

Os dados dos municípios amapaenses são caóticos, as adversidades estão aumentando, as possibilidades de solução estão ficando cada vez mais escassas. Nestes últimos dez anos, várias tentativas foram feitas de discutir orçamento participativo, recursos descentralizados e trabalhos coletivos, porém, tudo isso fracassou por conta da falta de uma estratégia de desenvolvimento, troca-se o nome ou a bandeira norteadora das administrações, mas permanece a penúria generalizada da imensa fragilidade de nossas cidades.

O sonho de qualquer jovem no Amapá é passar em um concurso público, pois, esta foi a única alternativa que foi construída em décadas por nossos governantes.  Assim, qual a perspectiva de desenvolvimento para o Amapá?

terça-feira, 13 de março de 2012

E Paulo Henrique Amorim tinha razão




Estamos em condições de observar e analisar o baixo nível da imprensa marrom, a imprensa de má qualidade que existe e se alastra por todos os cantos da Terra.


Presente nos EUA, do mesmo modo como na Europa, na África, na Austrália, no Japão ou em qualquer país latino americano. O exemplo do tabloide inglês News of the World é um exemplo de quanto esta imprensa de baixo nível tende a criar factoides, chegando ao cúmulo de grampear os telefones de mais de duas mil pessoas, entre artistas políticos e celebridades afins, só para criar noticia. 


É uma imprensa de má qualidade, cuja formação (quando há alguma) dos seus funcionários é de certo modo sucateada. Com “profissionais” que não sabem formular as perguntas certas e mais apropriadas, e que não sabem na verdade o que é apropriado. Às vezes nem falar sabem, ou nem se dão ao trabalho de inteirar-se da matéria antes de proferir sílaba qualquer.


Perguntam e questionam os personagens a esmo, sem propósito definido. Engraçam-se pelas seduções dos cifrões para laurear um e condenar à danação outros que não lhes abastece as algibeiras.


Em seus trabalhos estão abordagens a cerca do que se alimentaram como dormiram como estiveram e com quem estiveram durante a noite, etc. Menos o principal: a notícia em si.


Não tratam do cerne da questão, não abordam quem deveriam abordar, por absoluta incapacidade de se envolver no propósito maior que é informar as massas. Até mesmo revistas conceituadas como as Revistas Veja e Época, se deixam conduzir por esse cenário da imprensa e a forma de sua abordagem, para esmiuçar os personagens como se fossem atores do cinema internacional.


Porém, o que ocorre é que a maioria se resume apenas em brincar de telefone sem fio, onde uma parte com o pouco de credibilidade que lhe resta, inicia a mensagem que chega de tal maneira deturpada que acaba sendo tomada como fato, confundindo até a própria imprensa séria e de qualidade, que tem fontes criveis e argumentação sólida.


Ou seja, aquela que deveria contribuir e favorecer o trabalho como se estivessem em equipe, acaba prejudicando por incapacidade de gerir a abordagem e o trabalho investigativo.


Ganhando assim conotações de tisnado marrom ou o PIG, (Partido da Imprensa Golpista) sigla criada por Paulo Henrique Amorim, que embora criticada acidamente no princípio, hoje se faz sólida devido à presença pusilânime destes que mancham os quatro anos dedicados à formação profissional superior e mais o infinito tempo que um grande propagador da notícia leva par alcançar o estágio de ser sinônimo da noticia séria, como fazia Cid Moreira logo no seu gutural BOA NOITE!



segunda-feira, 12 de março de 2012

O ultimo Marques de Macapá

Desde os tempos medievais, a nobreza sempre encantou pelo seu brilho, pelas roupas bufantes, pelas ostentações das joias nas cabeças coroadas e com o título carimbado pelo brasão da genealogia das famílias brindadas pelo rei.

A literatura não nos deixa mentir pelos personagens que incorporaram a nobreza virginal do "sangue azul" pulsante nas veias desde os sofríveis contos do Marquês de Sade, passando por Monteiro Lobato que nos presenteou com o hilário Marquês de Rabicó.

Das luxuriantes noites que a Marquesa de Santos proporcionou ao nosso Pedro imperial. Ou dos folguedos lembrados eternamente pelo Marquês de Sapucaí, que brindou o Rio de Janeiro com uma de suas avenidas mais famosas. E das lutas do revolucionário Marquês de Tamandaré que junto com outros heróis do nosso bravo exército nos trouxe gloriosas vitórias.

Não só o poderoso Marquês de Pombal, que reinou absoluto no Brasil manuelino, com dedos também em nosso Amapá. Mas também todos os outros nobres marqueses que abrilhantaram a vida do mundo e do povo. O título de Marquês deriva da época em que Carlos Magno com magnitude de seu império, demarcou seus limites com “marcas” e deu aos Margraves o direito de regulamentar estas fronteiras marcadas. Os Margraves deram origem aos Marqueses ou “ricos homens”.

Eis então que hoje nosso ultimo Marquês nos deixa. Caminhando para os pavimentos superiores, rumando ao Oriente Eterno. Meu amigo e compadre Bonfim Salgado, foi se encontrar com nosso Grande Arquiteto de todas as cousas, grandes ou pequenas.

Vigilante “homem rico”, mas em sabedoria, esta que vale mais do que ouro. Nosso Marquês foi vigilante nas fronteiras da imprensa escrita por mais de quatro décadas. Guardião soberano de um conhecimento crítico e prático. Comedido e sensato, mas enérgico e enfático. Um Cérbero vigilante às portas do mundo subterrâneo da imprensa, que guarda entre a moral e a ética os portões para que a imperícia na arte de malhar o metal da notícia não se prostituísse ao vil metal real.

Eis meu amigo, Marquês de Bonfá, cidadão brasileiro, apaixonado pela família e pelo Amapá. E pelos netos, que na verdade ele considerava sua grande riqueza, pois a eles nunca negava uma bala ou guloseima.

Um apaixonado pelas notas de Duke Ellington e Charlie “The Bird” Parker, valseava pelas notas do Jazz. Apreciador da fina flor da cultura era um homem forte. Forte o bastante para negar a dor e se firmar na imponência de sua altura.

Eis meu amigo e compadre, Marques de Bonfá. Um dia me prometestes que te farias Senador. Mas bem sei que jamais no alto da tua vaidade deixarias o título de nobreza com o qual te laureamos, mesmo que não hereditário, para ser apenas um edil temporário.

Vai amigo, vai. Deixa-me tua cadeira vazia em nossa mesa de trabalho que agora jaz na escuridão de nossa sala, nos teus papéis a tua inteligível escrita que somente eu e os velhos escribas hieráticos conseguíamos decifrar. 

Vai Marquês, vai. Assenta caminho com a pedra angular pois quero novidades jornalísticas fresquinhas quando me chegar à hora do juízo ao também cruzar o oriente eterno...

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