sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Folheando monsieur Hugô







A folhear meu velhos alfarrábios, dos tempos em que a mocidade se inspirava nos "grandes" para conquistar e amar. Encontrava-se Victor Hugo perdido em um papel de pão, querendo ardentemente sair e mais uma vez atormentar o juízo.
Eis que então faço destas palavras a mensagem de Ano Novo do Coisas da Vida. FELIZ 2013!




Desejo
Victor Hugo

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

2000 e foice


O ano já respira por aparelhos e cada vez mais nas súmulas que cada cidadão faz, nota-se que 2012 foi um ano funesto. Não só pelos inúmeros obituários ocorridos ao longo desta caminhada ao redor do sol, mas de tantos outros acontecimentos de natureza sinistra.

Mas alguns fatos são dignos de relato, afinal após angustiante espera por parte de muitas seitas apocalípticas, o mundo não se consumiu em cinzas ou nas tormentas do armagedom que não veio, e não vamos culpar os Maias pela canoa furada em que muitos embarcaram, culpem Lula, culpem a Bossa Nova, culpem até o homem da canoa, menos os Maias.

Esta semana final deve reservar poucos acontecimentos políticos, já que o recesso anual deixou o Brasília entregue às traças durante este período. Talvez Lula nos brinde com algum acontecimento novo de sua epopeia pseudomoralista pós Planalto. Mas isso também pode ser frustrado, já que a blindagem total tem feito de Lula quase como um semideus ou um veículo de assalto (no bom sentido!), daqueles que os americanos adoram ostentar em seus filmes. A prova de tudo!

Enquanto isso, o Zé da Foice (que não Dirceu!) continua sua saga sem trégua nem folga, arrebatando um ou outro, daqui e dali, não poupando segmento nem patamar. Afinal de uma paneirada só, arrastou de Gore Vidal a Oscar Niemeyer da banda dos pensadores e no mundo artístico levou até a primeira dama do teatro de revistas Hebe Camargo. Mas para o bem das pegadinhas, ainda bem que poupou Silvio Santos!

No mundo politico o balaio de sepultos não é tão grande, pelo menos no quesito das vicissitudes, já que os obituários de carreiras politicas têm sido cada vez mais frequentes após o julgamento do mensalão e de tantos escândalos palacianos, que pelo menos serviram para mostrar que todo mundo tem um lado e um senhor.

No rol alongado das atividades do Zé da Foice, também não podemos deixar de incluir as balburdias locais das terras de Andaluzia Macapaba, afinal grandes foram os infortúnios no universo politico e até na vida da população, já que com as exéquias da situação da prefeitura da capital após a não reeleição, grandes são os problemas que se proliferam como larvas no esterco, ou diria, no lixo mesmo.

No universo da gestão estadual, não se vê com bons olhos as carpideiras que lamentam que a greve dos servidores da educação tenha levado à penalização das férias escolares e o fracasso do ano letivo, com incentivo a evasão.  Mas nada tão grave quanto o estado terminal de um sistema de saúde imerso em cova rasa há tanto tempo, e ninguém para chamar este Lázaro de volta à vida. Faltam desfibriladores!

E com os lamentos e prantos, não podemos deixar de citar que o tempo de plantar e de colher, como se alardeia ultimamente, parece que deve ter sofrido alguma estiagem causticante, pois as sementes que se plantaram são oriundas de outros semeadores, as colheitas que se tenta fazer e são dos louros de outras coroas. Próprio mesmo, só a bravata e a velha briga comezinha de sempre.

Triste mesmo, a ponto de se prostrar a beira do esquife e lamentar, é essa mania que se tem de tentar ostentar o que não existe: Mas afinal o que seria do mundo do além se não fossem as maravilhas da construção civil que o governador alardeia como conclusas, se na verdade ainda são uma mera esperança de concretização. Ou das maravilhas destacadas ao bom som, que ao se chegar o olhar bem de perto se vê maravilha nenhuma.

Mas no apagar das luzes, procuremos refletir sobre nossas atitudes, não como uma daquelas promessas de ano novo que nunca sem cumprem, mas como de realmente acreditar que o brasileiro consegue, nem que seja um bocadinho, erguer a cabeça, abrir os olhos e ver a verdade sem lulismos, eufemismos, dilmismos, camilismos ou qualquer um desses outros tantos ismos que pelo nosso casuísmo, continuam fazendo ano após ano um prenuncio de fim do mundo. Ainda bem que o neologismo “maismo” não pegou na boca do povo.

Pelo menos este, bem fez o Zé da Foice, que se encarregou de levar...


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