sábado, 12 de dezembro de 2015

Falta de parlamentares e índios de verdade

Em 116 anos desde a proclamação da República o Brasil só teve um parlamentar indígena: Mario Juruna. Desde então nunca mais foi “Dia do Índio” no parlamento, mas os “caciques” continuam por lá em pé de guerra.

Juruna que no finzinho da década de 70 se tornara conhecido por empunhar um gravador onde registrava as falsas promessas feitas por altos funcionários do governo.  Dizia: “homem branco mente muito!”. E com o passar dos anos parece que a coisa não mudou nada, afinal todos os dias vemos os parlamentos, não só do Congresso Nacional, mas dos estaduais, a exemplo do nosso Amapá, em ações nada republicanas.

Amiúde, as coisas não têm mudado muito de lá pra cá, parlamentares enchem de vergonha os eleitores que lhes confiaram seu bem democrático mais precioso: o voto. E a retribuição vem em forma de “mensalão”, “mensalinho”, “jaraquis” e “jabás”, acompanhados de toda a sorte de balangandãs ligados à má versação do erário divulgados amplamente na mídia.

No caso de Juruna em sua pudica inocência, até que incomodou tanto que acabou eleito deputado federal pelo PDT de Darcy Ribeiro e Leonel Brizola, com mais de 30 mil votos, nas eleições de 1982.

Estando no Congresso; tentaram de todo o jeito ridicularizá-lo e de transformá-lo num bufão. Jô Soares, em seu programa humorístico na Globo, logo criou um índio que mal sabia falar o português para que os telespectadores rissem dele. O general João Baptista de Figueiredo, último presidente militar, foi o primeiro a rosnar contra Juruna, dizendo que o Rio de Janeiro só tinha eleito “índios e cantores de rádio”.

Juruna reagia: “Quem não tem consciência, me trata como objeto, me trata como boneca. E quando eu passo aqui dentro de plenário e alguns companheiros à frente de mim e diz cara emburrada é ridículo. Eu não vim aqui fuxicar com ninguém, eu vim aqui pra trabalhar, pra defender povo, eu vim aqui pra lutar. Eu quero que gente começa a respeitar nome de Juruna”.

Mas não deu outra, o brasileiro não leva a sério quem não tem cara de europeu e fica bem de terno e gravata. Com isso o líder xavante que fora convencido a entrar na política por Darcy Ribeiro, que denunciou a campanha contra o índio-deputado feita sobretudo pela imprensa que achava mais bonito o biótipo do politico empertigado do que do índio parlamentar.

Com certa dose de inocência por não saber como as mazelas do parlamento conseguem enodoar o coração de um homem, Juruna foi massacrado por tentar ser um parlamentar dentro que aquilo que se espera eticamente do cargo. A oposição era tão escancarada que até a imprensa mais respeitável do país (à época), a exemplo do Jornal do Brasil, mantiveram durante anos, uma campanha sistemática de desinformação contra o deputado Mário Juruna, através dos procedimentos mais antiéticos, indignos da sua tradição jornalística.

No dia da sua posse como deputado, em março de 1983, Juruna foi aplaudidíssimo, mais até que Ulysses Guimarães. Decidido a só fazer seu primeiro discurso no Dia do Índio, resolveu falar uns dias antes apenas para reclamar das alfinetadas de Figueiredo. “Estou muito revoltado. Este presidente da República tem que fazer serviço para garantir emprego ao povo brasileiro e não para fazer campanha de calúnia contra as pessoas. Eu sou contra a repressão, contra a violência e também contra a mentira e a sujeira. O presidente não pode falar besteira, que é contra a eleição, que é contra mim, o governo federal quer ganhar eleições em todos os Estados do Brasil, mas ele não vai ganhar a consciência do povo, do homem carecido. O presidente não pode meter o pau em nenhum companheiro, em nenhum deputado. Ele que salve o Brasil”.

No dia 19 de abril, como prometido, subiu à tribuna e voltou à carga, valente, criticando os ministros do governo militar e pedindo sua demissão. Em setembro de 1983, iria além e chamaria os ministros de ladrões. “Todo ministro é a mesma panelinha, é a mesma cabeça. Não tem ministro nenhum que presta. Pra mim todo ministro é corrupto, ladrão, sem vergonha e mau caráter. Não vou dizer que todo ministro é bom, legal e justo. Vou dizer que todo ministro é do mesmo saco que aproveita o suor do povo trabalhador”.


Figueiredo, furioso, chegou a pedir a cassação de Juruna, mas o deputado acabou recebendo apenas uma censura por parte da Mesa. Em 1985, Mário Juruna denunciaria a tentativa de Paulo Maluf de comprar seu voto no colégio eleitoral. Devolveu o dinheiro e votou em Tancredo Neves. Desgostoso com a política após não conseguir se reeleger em 1986, Juruna morreu em 2002, vítima de diabetes. O único índio deputado morreu pobre e esquecido, mas não se vendeu!

Eufemismos de um discurso roto

Eu particularmente acho hipocrisia bancar o bolchevique e viver da sinecura pública como se isso fosse a coisa mais tolerável possível. Mas quando se trata da “new left” ou “esquerda caviar”, ou qualquer eufemismo mais apropriado que se possa utilizar nesses tempos em que ninguém mais sabe o que é oposição ou situação, direita ou esquerda.... Chega mais uma modalidade das muitas façanhas da dita esquerda.

Em uma dessas cenas pitorescas de pose extremista, vê-se como exemplo o esvaziamento do Psol no Amapá. Claro que tudo bem medido e bem pesado já que as ditas “estrelas” que um dia balançaram a bandeira rubra da estrela azarada resolveram aderir a outras constelações, se é que isso pode ser um eufemismo galáctico.

Todavia podemos analisar uns fragmentos da “carta testamento” que o único senador do PSol deixou para seus não tão desconsolados confrades, que pareceram até comemorar bem mais do que carpir a saída do ex-psolista que agora se embala na Rede.

O tal fragmento carregado de eufemismos, parece fazer da figura de linguagem um meio de dizer sem dizer que entre tapas e beijos o partido não sentirá falta de seu ex-filiado, assim como o mesmo parece não ter muita estima pelo que se passou e saudades também não parece sentir, visto que o desabafo quando desnudado das antíteses se torna um verbo não muito polido.

Quando diz que “A partir de hoje deixo de ser um filiado e passo a ser um amigo do partido”. Amigo? De quem mesmo? Pois as alas mais conservadoras nunca viram com bons olhos a associação com os democratas na politica do “fazer para ganhar”. Apenas toleraram até certo ponto da manifestação solitária e velada.

“No entanto, o ambiente político exige uma maior capacidade de articulação política”. Ou seja, depois de dez anos finalmente abriram-lhe os olhos de que seu partido nativo não tinha capacidade de articular absolutamente nada? Chega a ser um contraste gritante com todos os holofotes acesos na tentativa de articular.

“Exige amplitude, exige multiplicidade de relações (...)”. Algo que já era uma realidade de longa data, a capacidade de procurar objetivos cujas relações eram contraproducentes à filosofia que se construiu em cima do partido que deveria ser avesso a tudo o que se pregava na politica vigente do primeiro mandado do PT a frente do Planalto. Mas que na verdade ficou tudo igual, mudou-se apenas a sigla, os maus costumes perduraram.

“(...) para que se construam organizações políticas capazes de atrair jovens, intelectuais, artistas, membros do movimento social, ativistas, militantes das redes sociais”. Surpreendente ver que uma afirmação dessas recai sobre um partido que vive imiscuído entre a juventude, artistas, (BBB também conta!), ativistas e militantes de redes sociais, e de repente foi classificado como obtuso e obsoleto, quase um PDS!

“(...) e todos aqueles que possam abraçar uma agenda comum em defesa do desenvolvimento soberano e sustentável e da superação das desigualdades econômicas e sociais”. Enfim chegamos ao ápice em que o partido que serviu de abrigo e trincheira para amealhar destaque como esquerda, já não tem mais propósito para combater as desigualdades sociais.

O longo discurso enfadonho similar ao de Fidel em seus tempos de tribuna. É o mesmo discursos de esquerda, que manifesta-se contra tudo em tempos em que não se tem mais aqueles cartazes e panfletos com “Fora FHC” ou “Fora FMI”. Já que a esquerda tomou conta do executivo nacional, fornicou e proliferou como larvas no esterco e no fim das quantas e tantas, acabou no mesmo balaio que tanto condenou em discursos e protestos.


No final de tudo é isso que conta, o imediatismo do discurso em detrimento ao que realmente importaria: O Povo! Que pena, mas George Orwell sempre esteve coberto de razão quando deu na telha de dizer que os bichos fazem exatamente as mesmas coisas, sejam; cães, gado, galinha e até mesmo porcos. Independente da espécie, no final da tudo na mesma, só mudam os eufemismos...

Respeitem os cabelos brancos da imprensa

Cada vez que ouço alguém se expressar contra os profissionais da imprensa com todos os adjetivos mais pejorativos possíveis acompanhados por frase chapadas como “fez por merecer” ou “está recebendo algo para escrever isso”, vem aquele aperto no pomo de Adão só de pensar no mau juízo que fazem da mídia na politica do “por um pagam todos”.

Ora, ainda existe espaço para o jornalismo sério no Brasil, não aquele do “mela, mela”, que se resume a simplesmente macular a imagem ou o caráter de um ou outro para simplesmente tascar a pecha disso ou daquilo e toda a sorte de despautérios a fim de amealhar um trocadinho, ou na linguagem do meio “um jabazinho”.

Mas, antes de qualquer coisa, deve-se respeitar a antiguidade dos cronistas sérios, afinal a arte de relatar a humanidade é bem mais velha do que os doutos senhores da lei, pois o homem já retratava sua vida cotidiana nas paredes de cavernas em pinturas rupestres, simplesmente pelo motivo de preservar o fato como registro de sua própria humanidade.

Esses críticos insanos devem mais é curvar-se ante um busto de Ésquilo que retratava a vida em seus textos e com isso, comparar o quão é longevo é o oficio do cronista.  Pois desse ventre nasceu o jornalista moderno; não sem antes pregar sua máxima de retratar o mundo como se vê e eivado de caracteres que possam passar esta impressão ao leitor seja ele contemporâneo ou membro da posteridade.

O desrespeito com que a profissão tem sido tratada é quase como um comparativo ao meretrício, se é que não fui muito longe ao fazer tal baliza, mas é como alguns descrevem os profissionais que todos os dias saem de suas casas para enfrentar um universo de noticias, muitas delas apócrifas, ou sem nenhum valor moral e nem contexto útil ao conhecimento da sociedade. E mesmo assim sobreviverem ao fim da jornada, quando a ultima rotativa começa a dar sinal de que a missão está cumprida.

Ora pois, a maioria ainda tem que se esgueirar em um universo virtual recheado dos ávidos blogueiros e pseudos que fazem de uma gota um oceano para afogar desafetos e por isso receber como um mercenário e não um cronista. Como os antigos tabloides faziam com que fatos corriqueiros da vida social vitoriana se tornassem manchete de capa, assim como tabloides iguais ao The Mirror que ainda ganham o pão desta forma até hoje.

Para os críticos, principalmente aqueles se sentiram prejudicados por não terem sido retratados a contento, um aviso: o universo das noticias não se reserva ao direito de guardar os fatos mais capciosos da vida pública ‘em uma redoma de falsa moral’, se você não concorda com um ponto de vista informado, discorde, esse é um direito que assiste ao mundo livre e democrático.

Mas daí a levantar a voz e a espezinhar em cima do indivíduo e não do fato, isso sim é uma demonstração de o quanto se é obtuso à vida em sociedade. Os jornalistas profissionais sim, vão sempre zelar pelo privado desde que esse não interfira no público, mas com certeza o público é publicável e por mais que se queira ou que doa, ou que magoe; uma coisa a imprensa nunca chegará a ser: Inerte! Como certos poderes que se julgam acima do bem e do mal, mas que no fim de tudo, ainda mantém a síndrome de ‘sepulcro caiado’ bem viva em suas mentes, em seus corações e em seu estilo de vida contraditório.

Pois bem digo, respeitem os cabelos brancos da imprensa! Afinal se você se sentiu atingido é por que em algum momento de sua vida você foi retratado pelos seus méritos ou faltas desde que sejam de interesse público.




Trocar 6 por meia dúzia?

O impeachment da presidente Dilma Roussef, ou de qualquer presidente da República das bananas, ops! Digo, do Brasil. Exige um processo complexo, demorado e pode não produzir o resultado imaginado por muitos brasileiros, e diga-se de passagem os mais a eloquentes a ideia.

Após instaurado o processo de impeachment no Senado, após a admissão da acusação – por denúncia de qualquer brasileiro nato ou naturalizado no gozo de seus direitos políticos -, por dois terços da Câmara dos Deputados, o presidente ficará suspenso das funções pelo prazo máximo de cento e oitenta dias conforme a Constituição Federal.

A vacância do cargo do presidente, pelo impeachment decretado pelo Senado, não leva necessariamente a novas eleições, mas a sucessão pelo vice-presidente da República, no caso Michel Temer (PMDB), conforme prevê o artigo 79 da Constituição Federal. Nesse caso, assumiria em seu lugar, pelo restante do período do mandato, o vice-presidente.

Novas eleições só ocorreriam se também o vice fosse processado e ao final declarado impedido, o que não parece ser o caso. Ocorre que o impeachment é um processo de responsabilização política de natureza pessoal, isto é, como todo processo punitivo, pressupõe imputação por fatos do próprio acusado, não se estendendo a terceiros, salvo os casos de concurso de agentes, ou seja, corréus ou partícipes do mesmo crime.

Assim, embora o vice-presidente não seja diretamente eleito, porque não recebe voto pessoal, assumindo o cargo juntamente com o presidente, não pode ser responsabilizado juridicamente por atos daquele, fora dos casos de coautoria ou participação, como se a sorte de um dependesse da sorte do outro.

É possível ver que o afastamento definitivo da presidente da República - que para muitos é parte importante das mudanças necessárias para o país -, pode ser uma medida muito mais simbólica do que efetiva. Tirar-se-ia dela o protagonismo do comando, mas não os partidos que governam a Nação.

Frente ao conjunto de demandas da sociedade brasileira, notadamente as que dizem respeito à ineficiência dos serviços públicos essenciais e a incapacidade dos órgãos governamentais em oferecer as respostas estruturais de que o Brasil necessita, a demanda pelo impeachment é absorvida e ultrapassada, certamente por se generalizar a consciência de que a causa fundamental dos nossos problemas é de fundo ético; trocar o comandante de uma nau desgovernada pode corrigir o rumo e até evitar o naufrágio, mas não nos levaria a um porto melhor e mais seguro.

A histórica corrupção e a impunidade no Brasil, por sua extensão e falta de limites, é percebida cada vez mais como um problema que afeta a todos, que contamina poderes e instituições de maneira geral. E, à parte explicações de ordem sociológicas (o ingênuo jeitinho brasileiro, o é dando que se recebe), é certo que já não podem ser vencidas com os instrumentos ordinários sob o regime jurídico-político vigente de que se nutre.

Talvez seja o caso de começarmos a indagar: por que o presidente da República deve ter tantos poderes? Por que é tão difícil tirá-lo do cargo? Por que há julgamentos políticos como o impeachment?  Por que devemos ter reeleição? Por que o presidente nunca presta contas ao Congresso? Por que devemos ter tantos senadores e deputados? Por que os partidos políticos devem ter o poder que têm? Por que os partidos políticos não são fiscalizados e punidos? Por que um cidadão não pode eleger-se senão por meio de um partido político? Por que os instrumentos de participação direta do povo, o plebiscito e o referendo quase não são usados?

É claro que essas indagações são apenas exemplificativas. Mas podem ser o começo de uma discussão que deve ir paras as ruas, pois se quisermos mudanças duráveis e efetivas, devemos surpreender os problemas no berço do sistema político, onde são “embaladas” as soluções de que dependem todos os outros subsistemas e poderes.

O povo que vai às ruas, ou seja, a classe média - porque os governos neutralizam as pontas: as elites e as massas; a primeira sente pouco os efeitos da crise, e a segunda é anestesiada pelo assistencialismo -, parece descobrir que o campo político como é o objeto das suas reivindicações.


Mas, vamos convir: Dilma não é Color, as pedaladas fiscais não foram feitas em um Fiat Elba e Michel Temer não é Itamar. E por mais anti-petista que eu seja. Com certeza absoluta, devemos lamber as feridas e aguardar as cenas dos próximos capítulos, pois com certeza nesses tempos de crise intensa, não vislumbro que a criação de uma nova moeda possa mudar o Brasil.

As sete vacas do PT

Qualquer economista por mais incipiente que seja, sabe que oscilações na economia são fator presente em qualquer mercado aberto, seja ele emergente ou não. Talvez Levy e Dilma tenham perdido essa aula por alguma sessão de panfletagem militante.

Por isso, agora todos sofrem com as decisões equivocadas na politica econômica. A comunidade europeia está aí para provar que até o bloco dos mais ricos do velho mundo balançam o açaizeiro de vez em quando, como a Grécia que anda roendo um caroço de pupunha neste momento.

Mas, a derrocada na economia é um fato. Talvez até tão antigo quanto o mundo. Até na Bíblia temos uma narrativa na história de José do Egito, que a terra farta dos faraós passaria bonança e por grandes apertos no o tempo das vacas gordas e magras.

Mas para a administração petista dos últimos 13 anos a lição parece não ter sido aprendida nem no catecismo. Afinal estamos entrando em uma época delicada em que o governo Dilma anuncia um pacote nada popular, mas que não parece se importar com o amanhã, já que não estamos em ano de eleição.

Para equilibrar as finanças federais, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciaram mais um grande baque na população brasileira. Um pacote de “apertem os cintos o piloto sumiu” como nunca se viu na história deste país.

Algo dessa magnitude fez com que cada eleitor de Dilma mordesse a ponta da língua de maneira famigerada ou até canibal com o anuncio nada animador do pacote de medidas econômicas. Claro que muito dessas sandices fiscais e cortes até na veia populista de Lula e Cia devem passar pelo congresso, que já não anda muito feliz com o Palácio do Planalto. E ao contrario de Dilma, alguns parlamentares tem ambições ao executivo municipal de seus estados no ano que vem.

Se a intenção é superavitar os cofres do tesouro federal, a fórmula parece ser a mais drástica possível sobre o brasileiro, já que o contribuinte direto e indireto dos impostos será o maior financiador do ambicioso plano anunciado por Levy.

Seria até admissível que se o governo federal anunciasse um pacote impopular desse calibre para dizer a população: “-Olha, tem que ser assim por que se não for não teremos dinheiro para custear os serviços básicos, como educação, saúde e previdência social”, poderia se ter certa complacência.

Mas não é bem assim, pois a justificativa básica que veio junto com o pacote foi de que isso tudo seria para manter a capacidade do governo ter um superávit viável (aquele dinheirinho que se usa para pagar as dívidas do governo internamente) e manter o PIB nada glorioso de menos de 1%.

Como se já não bastasse a justificativa a grosso modo de rapelar o contribuinte para pagar dividas de quem gastou desenfreadamente. Os cortes impactam diretamente no serviço público já que reajuste para o funcionalismo em 2015 nem que vaca tussa! Isso também vale para o ingresso no serviço público, já que uma das medidas é suspender qualquer concurso nesse período.

Mas o drama não para por aí, já que não só os funcionários públicos vão ficar com o pires na mão. Estados e municípios também vão ter muita sudorese já que os cortes impactam no PAC; Minha Casa, Minha Vida; na saúde e nos subsídios à agricultura. Ou seja, é bom baixar a porta larga por que o brasileiro agora vai entrar na era do “se me dão”.

A pessoa física também terá surpresas quando for prestar contas com o leão, já que a proposta milagrosa que parece ter sido escrita com a mesma caneta de Cristina Kirchner com aval de Axel Kicillof, reajusta o IRPS (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares) que atualmente está com teto progressivo até 15% pode chegar até insustentáveis 18%. Parece pouco, mas é quase 1/5 do que uma pessoa recebe de rendimentos, faça as contas: de cada 30 dias trabalhados 6 você devolve só em impostos diretos retidos na fonte, fora os impostos indiretos sobre produtos de consumo e serviços.

Isso sem falar das tendências milagrosas de Dilma e Levy que num ato messiânico devem ressuscitar a CPMF (Contribuição Provisória sobre as Movimentações Financeiras) que era apelidado de ‘imposto sobre o cheque’ e tinha a finalidade de capitalizar a saúde, mas no final da quantas acabou servindo para engordar os cofres da união e proporcionar a gastança que levou a tudo isso que vemos hoje e agora volta para ratear a divida do governo federal entre todos os brasileiros.


Como o leite já está derramado, de nada adianta a equipe econômica tentar aprender alguma coisa com a história de José do Egito e as suas vacas magras e gordas. O jeito agora é Dilma por o véu de carpideira, colocar o evangelho debaixo do braço e torcer para que não estejamos vivendo o princípio do Apocalipse, já que as bestas (no sentido de otário mesmo!) estão soltas e prontas para contribuir com os impostos.

O feijão e o sonho

Não, não!

Não pense que estou plagiando o título do romance de Orígenes Lessa, por que o feijão deste desabafo não tem nada de literário e quiçá predispõem-se a tentar salvar a ultima migalha de moral que o brasileiro ainda deve ter depois de entender por onde anda aquela piada que se diz muito no norte, “de fazer filho na mulher alheia”.

Acontece que em plena crise econômica, com uma safra de grãos meio que prejudicada, nesses tempos bicudos em que os subsídios à agricultura foram cortados quase que no talo do erário e as medidas protecionistas à agricultura e investimentos no setor de agronegócio meio que broxando a olhos vistos.

O Governo Federal resolve fazer mais uma daquelas “ações humanitárias” para tentar exportar a indústria da miséria para fora das fronteiras brasilianas. Como por exemplo, enviar 625 toneladas de feijão para... O Nordeste? Não, não meu amigo. Para Havana, para Cuba!

Esse mimo para Raul e a prole dos Castro, vai a título de ajuda humanitária, inclusive amparada por uma lei dos tempos do “nunca dantes na história deste pais...”

Mas, ajuda humanitária; deve-se perguntar o incauto leitor e contribuinte brasileiro que deve voltar a contribuir involuntariamente a partir de 2016 se as medidas de Dilma passarem no congresso: Ajuda humanitária por que?

Qual terremoto, tsunami, calamidade ou êxodo islâmico assolou a ilha caribenha de tal maneira que o governo brasileiro tenha que ser tão solícito na feijoada dos cubanos enquanto nossos índices de miséria não foram zerados e mais de sete milhões de brasileiros ainda não tem o que comer em uma refeição diária?

Esse é o Brasil da estrela, onde para se fazer um gesto se gasta mundos e fundos para parecer uma potencia mundial ou um líder de um bloco e tem-se atrás do balcão um cesto de roupa suja de petróleo ainda quente e mal resolvido para lavar.

Hão de me questionar, ah você se pega a picuinhas, é só um feijãozinho de nada! Mas vamos botar na ponta do lápis que a ilha dos Castro tem cada vez mais se tornado um departamento ultramarino do Brasil. Afinal construímos Mariel para os cubanos, demos-lhes um porto de primeiro mundo sendo que nem no Brasil temos igual.

Mas apesar dessa generosidade do governo Lula que nos custou R$ 1 bi ao BNDES e a fundo perdido, diga-se de passagem, (não precisa pagar de volta!). E então o que acontece? Os EUA param de fazer beicinho com Cuba, acaba o embargo comercial. Rússia e EUA voltam a fazer amor em terras cubanas e o Brasil pagou o motel em Mariel!

Esse é o nosso costume, pagar a conta para os outros, assim foi com Mariel, assim será com a feijoada que a CONAB está transferindo para Havana, e sem direito a frete grátis, já que o erário ainda vai pagar o frete de R$ 2,5 milhões pela doação caridosa aos nossos Hermanos de cuba.

Que sujeito radical, escuto os esquerdistas pensando, ou até mesmo pensando em me atirar uns bagos de feijão por mais essa malcriação em forma de artigo, que dizem eles, “incitam ao ódio, a intolerância”.

Mas aí eu adiciono ao vasto desabafo: O que é um feijão sem um arroz?

Pois bem meu leitor, isso também o governo brasileiro já providenciou, afinal 625 toneladas de feijão pedem um arrozinho nessa “ajuda humanitária”. Por isso A Conab também realizou três leilões de troca de arroz para atendimento à Cuba como se a migração da palestina estivesse rumando para lá e não para Turquia e Grécia.

Vão vendo, vão vendo... Quando o brasileiro se espantar, além da feijoada completa e o arrozinho quentinho, não se exaltem se o cubano não estiver comendo uma bela picanha maturada endossada por Roberto Carlos e Tony Ramos enquanto você aí eleitor de Dilma ainda está roendo os ossos...



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