O TSE já contabiliza 35
agremiações partidárias registradas. Constantes entre nanicos e titãs, as
máquinas de fazer candidatos já estão azeitadas de supostas ideologias, mas é
evidente que não existem tantas ideologias político-partidárias que justifiquem
a existência de tantas siglas, algumas das quais basta mudar uma singela letra
da legenda que o sentido muda radicalmente ou insignificantemente.
Algumas dessas agremiações
correspondem a posições de momentos históricos anteriores, como é o caso do PDT
que representa o nacional-desenvolvimentista a partir do getulismo pré 1694. Ou
como é o caso do PMDB e do PP que são nada mais do que fósseis da era do
bipartidarismo imposto durante o regime militar.
Após a redemocratização do
país e da promulgação da Constituição de 88, nesse caldeirão fervilhante de
partidos é possível identificar mesmo que sensivelmente, as principais
correntes de ideologias políticas em alguns dos mais encorpados partidos. Como
por exemplo, o PFL, hoje DEM que tem seu umbigo atrelado a ARENA/PP, que
vislumbra o liberalismo exacerbado.
Ou como é o caso do PSDB e
do PT, formados por integrantes do antigo MDB, que representam respectivamente
a socialdemocracia e a dita "esquerda" de origem marxista-leninista,
mesmo que seja apenas na casca mais fina do verniz externo. Hoje no PSDB essa
marca não é mais visível, já o PT tenta, mesmo que na corda bamba, mantê-la
indelével.
Já o caso do PMDB, hoje no
poder de fato, e sempre no poder pelas extremidades, esteve na conjuntura política
pós 88. Já que durante o período militar, o MDB constituiu-se como uma frente
política organizada em torno de um programa mínimo, a redemocratização do
Brasil. Por sua composição plural, foi capaz de liderar a luta democrática de
massa pela reconquista do Estado Democrático de Direito. Cumpriu sua tarefa
quando Ulysses Guimarães promulgou a Constituição Cidadã.
A partir de então, seu
mérito tornou-se seu defeito. Após 88, a tarefa política urgente no país passou
a ser a afirmação de um programa para o desenvolvimento econômico e o
combate às desigualdades sociais. E justamente por ser uma frente, o
PMDB passou a enfrentar enormes dificuldades para dar conta dessa tarefa.
Tornou-se uma federação de interesses regionais, que vive do
passado da luta democrática contra a ditadura e que, por isso
mesmo, apesar de ser o maior partido brasileiro, passou a desempenhar
papel de principal coadjuvante na disputa eleitoral polarizada entre o PSDB e o
PT nas eleições de1994 a 2014.
Por outro lado, é
compreensível que, após a conquista do Estado Democrático, num país desigual
como o Brasil é; apesar dos governos do PT pregarem o contrário. A
disputa tenha se polarizado entre os dois partidos que apresentam
propostas diferentes para a promoção de justiça social.
Entretanto, apesar desse propósito
em comum, mesmo que não admitido pelos petistas, PSDB e PT
são radicalmente diferentes em questões como responsabilidade fiscal,
economia de mercado, gestão pública e políticas sociais emancipatórias e
não assistencialistas.
Por fim, se é verdade que há
ou pode haver corruptos em qualquer partido, a existência de tantas legendas
pode justificar o mesmo fenômeno que ocorre em algumas seitas carismáticas, em
que quando ocorre uma dissidência de ideias gerais, se funda uma nova Eclésia a
fim de prosperar “novas ideias” que nada mais são do que uma reorganização da
ideia original. Simples assim: a política sempre vai ser uma eterna dicotomia
tentando se travestir de multiopções para vender sempre o que menos entrega: a
tal da revolução popular.