terça-feira, 19 de julho de 2016

O eterno proselitismo partidário

O TSE já contabiliza 35 agremiações partidárias registradas. Constantes entre nanicos e titãs, as máquinas de fazer candidatos já estão azeitadas de supostas ideologias, mas é evidente que não existem tantas ideologias político-partidárias que justifiquem a existência de tantas siglas, algumas das quais basta mudar uma singela letra da legenda que o sentido muda radicalmente ou insignificantemente.
Algumas dessas agremiações correspondem a posições de momentos históricos anteriores, como é o caso do PDT que representa o nacional-desenvolvimentista a partir do getulismo pré 1694. Ou como é o caso do PMDB e do PP que são nada mais do que fósseis da era do bipartidarismo imposto durante o regime militar.
Após a redemocratização do país e da promulgação da Constituição de 88, nesse caldeirão fervilhante de partidos é possível identificar mesmo que sensivelmente, as principais correntes de ideologias políticas em alguns dos mais encorpados partidos. Como por exemplo, o PFL, hoje DEM que tem seu umbigo atrelado a ARENA/PP, que vislumbra o liberalismo exacerbado.
Ou como é o caso do PSDB e do PT, formados por integrantes do antigo MDB, que representam respectivamente a socialdemocracia e a dita "esquerda" de origem marxista-leninista, mesmo que seja apenas na casca mais fina do verniz externo. Hoje no PSDB essa marca não é mais visível, já o PT tenta, mesmo que na corda bamba, mantê-la indelével.
Já o caso do PMDB, hoje no poder de fato, e sempre no poder pelas extremidades, esteve na conjuntura política pós 88. Já que durante o período militar, o MDB constituiu-se como uma frente política organizada em torno de um programa mínimo, a redemocratização do Brasil. Por sua composição plural, foi capaz de liderar a luta democrática de massa pela reconquista do Estado Democrático de Direito. Cumpriu sua tarefa quando Ulysses Guimarães promulgou a Constituição Cidadã.
A partir de então, seu mérito tornou-se seu defeito. Após 88, a tarefa política urgente no país passou a ser a afirmação de um programa para o desenvolvimento econômico e o combate às desigualdades sociais. E justamente por ser uma frente, o PMDB passou a enfrentar enormes dificuldades para dar conta dessa tarefa. Tornou-se uma federação de interesses regionais, que vive do passado da luta democrática contra a ditadura e que, por isso mesmo, apesar de ser o maior partido brasileiro, passou a desempenhar papel de principal coadjuvante na disputa eleitoral polarizada entre o PSDB e o PT nas eleições de1994 a 2014.
Por outro lado, é compreensível que, após a conquista do Estado Democrático, num país desigual como o Brasil é; apesar dos governos do PT pregarem o contrário. A disputa tenha se polarizado entre os dois partidos que apresentam propostas diferentes para a promoção de justiça social.
Entretanto, apesar desse propósito em comum, mesmo que não admitido pelos petistas, PSDB e PT são radicalmente diferentes em questões como responsabilidade fiscal, economia de mercado, gestão pública e políticas sociais emancipatórias e não assistencialistas.

Por fim, se é verdade que há ou pode haver corruptos em qualquer partido, a existência de tantas legendas pode justificar o mesmo fenômeno que ocorre em algumas seitas carismáticas, em que quando ocorre uma dissidência de ideias gerais, se funda uma nova Eclésia a fim de prosperar “novas ideias” que nada mais são do que uma reorganização da ideia original. Simples assim: a política sempre vai ser uma eterna dicotomia tentando se travestir de multiopções para vender sempre o que menos entrega: a tal da revolução popular.
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