Há um ano o Governo Federal tomou uma decisão lúcida na área da educação, que impacta em todas as áreas, pois a criação do programa de bolsas de estudo em universidades estrangeiras para os graduados que tem interesse em aperfeiçoar sua formação parece uma luz no fundo do abismo. Mas ao contrário do que se pode pensar, as bolsas não levam a países com fama de formação exemplar e pouca tecnologia. Mas se destinam a cursos em países com farta tecnologia nos campos do desenvolvimento, que mesmo em tempos de crise ainda oferecem um ensino superior dos mais avançados do mundo.
O programa também não atende cursos que não são voltados aos campos do conhecimento tecnológico como gastronomia, arte pois disso já somos bem servidos, mas sim aos processos produtivos como as disciplinas cientificas que atendem o futuro de um país em franco crescimento e meio que vacinado contra as incertezas das bolhas econômicas americana e europeia.
Em um Brasil que tem uma carência crônica de profissionais qualificados nessas áreas do conhecimento, pois um vasto mercado de atividades essenciais depende diretamente deles e com sua ausência as empresas, sejam elas privadas, estatais e até as multinacionais que operam em solo brasileiro simplesmente deixam de executar uma infinidade de projetos na indústria, infra estrutura, nos agronegócios e na exploração sustentável dos recursos naturais.
Em consequência disso o país deixa de crescer, investimentos ficam parados ou bloqueados, engessando a criação de empregos, a melhoria da renda do brasileiro e até mesmo a arrecadação de impostos.
Apesar da iniciativa, tem-se muito que repensar as benfeitorias deste tipo de incentivo à educação e ao crescimento da indústria brasileira, pois a mesma mão que afaga, também desfere a palmada, já que as universidades públicas tem um histórico de sucateamento de longa data e cada vez mais tendem ao declínio, haja vista, que muitas das instituições ainda estão com seus servidores em greve e a formação continuada do acadêmico seriamente comprometida.
Também contribui o fato de que o número de diplomados tem diminuído paulatinamente, quando sua tendência seria aumentar, já que a popularização do ensino superior foi massificada nos últimos dez anos. Um reflexo que vai em rumo contrário às expectativas.
Se de um lado temos a benesse da pós-graduação em universidades no exterior e do outro o sucateamento e declínio das universidades públicas; na pose de fiel contrapeso ainda existe a ditadura do carimbo, que torna lento e penoso o processo de reconhecimento dos cursos feitos no exterior, que devem segundo a ótica brasileira ser quase um similar em grade curricular e carga horária aos das universidades brasileiras, o que chega a ser escatológico se formos comparar os parâmetros de lá e cá. Com instituições como a UNB que se dá ao desfrute de apreciar apenas seis validações por semestre, é de se admirar que o Brasil cresça a passos mais lentos que os do velho cágado se necessitar destes profissionais para fomentar seu PIB.
Enquanto este abismo da incoerência e da lucidez existir na rede do destino da educação em nosso país, é muito justo ainda se admitir o analfabeto funcional ou real para trabalhos menores de grande desgaste físico e o estrangeiro capacitado para exercer a posição de dirigente. Uma história que parece antiga, mas que por causa de decisões sobre os rumos da educação dependerem de quem nem sequer a domina, continuaremos nas costas do cágado, calados e moucos como nossos antepassados que permitiram isso por que achavam que o mundo tinha limites. fato consumado, já que a terra não é mais plana e nem existem abismos os extremos dos oceanos, mas a educação ainda parece ser.