Sonhei com Millor Fernandes sentado ao meu lado em uma
espreguiçadeira a divagar por uma noite inteira de reflexões, na sua fala me
dizia que: bem se sabe que um boi não faz uma boiada e que um erro não
justifica os outros. Mas em uma crise institucional de proporções homéricas
como a que assola o Amapá. Muito me pasma ver que mesmo com tudo, a população
se mantém na inércia, talvez a espera de um milagre messiânico ou quem sabe,
assim prefiro acreditar: A espera das urnas!
Demóstenes Torres sempre esteve no púlpito acima de todo bem
e do mal. Como um Torquemada, mandou incinerar bruxas e bruxos hereges da
democracia e estandartes da corrupção, sob a égide da correição e de suas palavras
bem pontuadas e politicamente corretas. “Afinal moralista é o sujeito que
sempre acha que você deve fazer o contrario”. Figuras como Demóstenes parecem
surgir em cada canto, da FAB à Candido Mendes.
De todo lado, temos estas figuras xifópagas de Demóstenes, como
cachoeira e seus clones, que de cantadores de pedra de bingo passaram a
bicheiros e de contraventores a criminosos num átimo só. O que prova duas coisas bem sabidas por qualquer
brasileiro seja ele da Cidade de Deus carioca ou do Beiradão jarilense: A
corrupção se alojou como o quinto poder. O que nos consola é que “Toda prisão é
construída com dinheiro roubado”.
Uma coisa é certa nestes meandros: a lei também parece não
estar esmerada em se fazer lei, ou talvez a dama justiça por ser cega tenha se
desprovido da vaidade feminina, mas ao que tudo indica; olhos e luzes é o que
mais tem os operadores da justiça que sentem-se tão a vontade em frente as halógenas
luzes que por si só a dama cega parece não ter importância no processo. Nem mesmo
os advogados, pois “Grandes advogados conhecem muita jurisprudência, já os
advogados geniais conhecem muitos juízes”.
Em tempos a corrupção em todos os termos tem contribuído muito
para que cada vez mais a população perca toda e qualquer fé em um regime democrático
como o brasileiro, que tem atualmente exportado exemplos, como o reflexo de
Collor em Lugo. Talvez os produtos mais pedidos nesta balança comercial moral sejam
as peripécias da corrupção que nos colocam no rol das patuscadas e pantomimas até
mesmo por que se sabe a longa data que “Mordomia é ter tudo o que o dinheiro do
contribuinte pode comprar”.
De fato mesmo é que o Amapá já deve entrar naquele jargão muito
comum propalado pela população carcerária a cerca de suas culpas: “Somos todos
inocentes, armaram pra mim dotô”.
Criamos esta cultura do conformismo e da banalidade, onde até o critico pseudo-moralista
sente inveja do facínora ao ver as benesses que a corrupção lhe trouxe, ao ver
que o trafico de influencia e a politicagem comezinha se tornou o sonho de
consumo de um fogão ou uma geladeira da linha inox. Somos um “Brasil que ainda
é o único país em que os ratos conseguem colocar a culpa no queijo”. E cueca não
serve apenas para a genitália.
Insisto que a mãe de todos esses males ainda é a vaidade e as
inverdades (por que ser tão infeliz no uso da palavra mentira?), justo que a “Verdade
é tudo aquilo que sobra depois que se esgotaram as mentiras”. E da veleidade
da vaidade nada mais pode se refutar a não ser que “Não ter vaidade é a maior
de todas as vaidades”.
No andar desta carruagem ou carroça? Que parece perder cada vez mais exemplares de Equus asinus
toda vez que avança um passo, quero acreditar, quero mesmo, que para cada um
dos quadrupedes que caiam, um bípede chegue para repô-lo afinal é para isso que
temos um polegar opositor, para agarrar as coisas e não simplesmente tangenciar
sonhos. Um dia a presidente Dilma, com
toda a pompa, discursou como o doutor Luther King, com a velha frase: Eu tenho
um sonho! E o sonho de Dilma parece ser o mesmo de cada brasileiro. “A
reestruturação do estado, visando acabar com o golpe, o suborno, o
acobertamento, o compadrio e o nepotismo. Em suma, acabar com os valores
tradicionais da politica brasileira”.
É Millor, a gente ainda vai conversar mais vezes...
*As frases em destaque são de autoria de Millor Fernandes.