Certas coisas na vida tem a capacidade de interagir de maneira que o mal entendido acaba tomando como destino as linhas da história. Seja ela contada, cantada ou versada, não importa. O que importa é como ficam gravadas no tempo e o jeito é conviver com elas.
Lembro que um dos primeiros exemplos disso, são os famosos chifres que algumas representações esculturais do profeta bíblico Moisés têm, ornando o alto de sua testa. O Louvre tem uma destas imagens meio mal explicadas, que a primeira vista jamais seriam uma dedicatória artística a um personagem tão ligado a Deus como ele.
O certo mesmo é que alguns copistas da idade média acabaram em algum desleixo deixando-se deslizar do aramaico para o latim e “face acobreada” acabou sendo traduzido como “testa com cornos” e assim o pobre Moisés herdou os chifres, já que os artistas tinha pavor de contrariar as escrituras e irem parar no inferno ou na fogueira, que dá no mesmo.
Uma história de equívocos, também me lembra de Istambul e sua Mesquita Azul. Uma joia do império otomano. Adornada com seis minaretes, quando o normal são quatro; onde o muezim chama os fieis a orar nas cinco vezes do dia.
Construída por Arhmet, o sultão. As ordens foram para construir um dos minares de ouro. Talvez para diminuir custos o arquiteto do sultão aproveitou-se de que a palavra ouro e o número seis tem quase a mesma grafia no árabe. Acabou tendo seis colunas de granito ao invés da ostentação proposta pelo monarca.
Muitos equívocos tendem ao esquecimento, mas sua história acaba gravada em bronze, o que lhe confere a imortalidade. Casos esdrúxulos como as histórias da politica amapaense, merecem estas doces pinceladas, já que o anedotário é vasto e os casos de políticos caricatos são fartos.
Alguns veem a vida como se fosse uma caixa de música que tal qual o tambor grafado toca incessantemente a mesma melodia e volta ao principio sempre em um comando harmônico eterno.
Desviam, mentem, posam como paladinos da moralidade eterna e probidade sem fim. Ostentam em mansões e carros o fruto do ocaso das moedas. Vilipendiam o pobre povo que neles creem como sendo a salvação de todo o mal, o Messias prometido.
Criam exércitos para militar suas causas sem propósito, a fim de fazer dos inocentes uteis, a infantaria de seus despautérios e sandices. Mentem sem se preocupar com a procedência do passado. Perdem-se em números variáveis de prestações de pagamento e de contas com os justos e afins.
E no fim de tudo, acreditam em si mesmos, como dúzias de Hitlers que acabam tendo a certeza de que o que fazem é o certo e o duvidoso é obra do destino que parece que em nenhum momento lhes virá o juízo sobre as consciências pesadas e tão pobres de qualquer forma de moralidade.
Palavra se gravada em bronze é eterna. Mas os pulhas sempre carregam uma lima nos bolsos como todo bom e velho bandido, na iminência de ter sempre uma barra da cela a limar, e nas palavras gravadas em bronze desbastar...