terça-feira, 13 de novembro de 2012

O construtivismo não é um sonho.


O conceito errôneo que alguns analistas educacionais fazem das teorias construtivistas, faz até parecer que o construtivismo veio de um planeta distante, onde a civilização que o criou não tem nada mais do que dois neurônios para educar e muitas cartilhas, uma para cada ação da vida para dominar seu comportamento social.

Os que condenam o construtivismo, o fazem talvez por acreditar que o papel da educação nesta pratica é uma via de mão única onde o papel do mestre é apenas de expectador do real passante; o aluno. Jogar a responsabilidade de como aprender sobre os ombros do aprendiz não é estúpido. É cruel. E é só mais uma das muitas interpretações equivocadas que se disseminou, pela falta de conhecimento, estudo e informação.

Com isso acabam criando vertentes inexistentes no processo construtivista, como se fosse uma ideologia que se molda de acordo com a vontade do ideólogo. Gerando bobagens como construtivismo brando, radical, ou outras excrescências do gênero. Aconselho a estes “doutores da lei” que vale à pena estudar mais, apropriar-se dos conceitos que envolvem o construtivismo, perceber suas ações, suas bases teóricas, obter referências de sucesso, especialmente em nosso país. E não comparar Brasil com Suécia ou Macapá com Estocolmo.

Acreditar que o construtivismo é um sonho é quase como se afirmássemos que a mente humana não é capaz de criar e sim apenas acumular o conhecimento pronto, embalado e carimbado com o selo de aval do MEC. Que pelo jeito é o que vale como símbolo da verdade suprema.

Enquanto não nos acostumarmos que a educação é um processo criativo constante, de onde o que hoje parece ser o ápice do conhecimento, não passa de um efêmero pensamento amanhã. Já que assim como a humanidade, o conhecimento está em constante fase de evolução e crescimento.

Se não crermos nisso não outra há saída, só nos restaria a tradicional cartilha, igual para todos, com seus conteúdos pré-estabelecidos, sem oportunidade de considerar as diferenças, nem tampouco as mudanças no mundo e na infância. Depois disso o próximo passo é nos vestirem com as mesmas roupas e nos chamarem por números ao invés de nomes, pois nossa individualidade estaria extinta.

Seguir o modelo, preencher o pontilhado, responder estudo dirigido com a cópia da resposta dada pelo professor, treinar, treinar, treinar. Resta saber que individuo está sendo considerado, para ser formado para que mundo? Para qual sociedade? Com quais parâmetros? E será que depois disso ainda seremos indivíduos?

A sociedade, hoje, requer um ser participativo, cooperativo, criativo e autônomo. Como tornar cidadãos conscientes, atentos à heterogeneidade e multiplicidade de situações e autônomos. O conteudismo cerceador já teve sua era. O convite do construtivismo é perceber o entorno, respeitar as diferenças, aprender nas interações sociais com o outro, considerar a historicidade, ver o mundo com outras lentes que não apenas as instituídas e formalizadas pela escola e sociedade.

Ter oportunidade de opinar, errar, pensar, dialogar. Este lado que os ideólogos do conteudismo de latas de ervilha trazem é apenas uma faceta do que significou, de início, uma filosofia mal interpretada. Dizer que “ao ser exposto repetidamente àquela grafia que se refere a um objeto conhecido, ele acabe por assimilá-la, como por osmose” é o fim do bom senso e da falta de leitura e compreensão sobre a psicogênese da língua escrita e o verdadeiro sentido do conhecimento.

Alguns educadores tradicionalistas ao afirmar que em um país como o Brasil, onde as carências educacionais são agudas, em especial a má formação de professores, a existência de um método rigoroso, de uma liturgia de ensino na sala de aula, é quase obrigatória.

Será? Esquecem-se de que é justamente por conta destas carências e diferenças, é que há que de se pensar em novas formas de abordagem que atendam às especificidades dos regionalismos e particularidades.

Por isso está na hora de parar de apedrejar o construtivismo sem conhecimento de causa, deixar de repetir o jargão que tantos dizem a respeito. E que de nada contribui para o proveito da educação e da construção do indivíduo pensador e tomador das suas próprias decisões que são construídas em parte pelo velho “binário do sim ou não”, mas que pode evoluir para o vasto contexto do “Porque Sim ou do Porque Não”.
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