Embora acredite que os indicadores
de avaliação da educação sejam instrumentos mais passíveis de falhas do que
pesquisas eleitorais. Sou forçado a concordar com certos números do último Ideb
divulgados e alardeados pelo governo federal como a salvação da lavoura.
O mais convincente só vem
corroborar o que sempre afirmo: Educação é um instrumento que não necessita de
tantas adereços e penduricalhos para que se desenvolva a plenos pulmões. Fato
este que invalida os argumentos de qualquer candidato à gestão pública que
venha afirmar que educação se faz com recursos multimídia, camarão com açaí ou
design Niemeyerianos nas casas do saber.
De fato mesmo, vamos convir,
houve avanços consideráveis nos números apresentados. Mas não se tem muito o que
comemorar se a distancia entre a educação brasileira ainda é enorme diante dos
padrões globais de qualidade da educação.
Se mergulharmos bem fundo
nos números do Ideb, verificamos que o padrão da OCDE (Organização para Cooperação
e Desenvolvimento Econômico), entidade que reúne os países mais desenvolvidos.
Nem 4 % de nossas escolas chegam próximo ao padrão, sendo que mais da metade
das instituições tem um desempenho sofrível na escala.
Mesmo com este som de
desânimo desnudado pelos números do Ideb, temos também os resultados positivos
de algumas escolas e mesmo que não engrandeçam o conjunto universo dos
percentuais de escolas com boas notas (cerca de 3%) se destacam pelo simples
fato de alcançarem excelentes números sem precisar de todos os penduricalhos
oferecidos fartamente nas campanhas politicas.
É válido fato ressaltar que
a maioria das escolas que alcançaram estas excelentes notas, além de estarem em
zonas de risco social intenso (como vizinhança predominante de reduto do
trafico e violência urbana) nem por isso deixaram de alcançar resultados
educacionais dignos de realmente se fazer uma propaganda nacional para exemplifica-las
ás outras que não tiveram o mesmo resultado.
Outro fator preponderante é
a gestão escolar e a docência, que nas escolas mais bem avaliadas tinham uma
estabilidade e continuidade bem longa. Só para se fazer um comparativo; uma
escola com nota 8,5 tem sob sua direção uma profissional com mais de 15 nos a
frente da escola. Assim como uma equipe também longeva de professores. Sem a
oscilação da troca ao sabor das gestões de governadores e prefeitos.
Se existe um investimento
pesado em educação, está sendo empregado nos recursos educacionais errados, não
surtem o efeito desejado, pois que pelo menos motive aluno-professor a alcançar
a excelência no ensino-aprendizado. Com isso fica claro que não adianta só ter
X do PIB, Y dos Impostos e Z dos repasses, se não se sabe fazer os
investimentos certos na educação.
Entre galinhas circulando
livremente e pisos estourados nas salas de aula, uma escola em Terezinha provou
que apesar de ter um baixo custo nos investimentos consegue ter uma nota muito
mais expressiva do que no Amapá, por exemplo, que tem o 14º custo mais alto por
aluno na rede pública e mesmo assim tomou tem um índice fraquíssimo.
Diante deste quadro, vemos
tantas escatologias dos que dizem defender os direitos da educação, quando na
verdade não a entendem nem querem entender. Como proibir Monteiro Lobato só por
qualificar seus textos de racistas, depois de tantos anos passados, não vai
acrescentar em nada nos resultados do próximo Ideb. Pelo contrário, deve
estimular a mais “cabeças de vento” a tendenciarem sobre Aluísio Azevedo, Eça
de Queiroz e tantos outros que retrataram a figura do negro no Brasil de forma
pejorativa ou não.
A realidade é que devemos
nos importar da forma como educamos. Da educação dos valores pedagógicos, tanto
familiares quanto no convívio escolar. Dessa maneira sim ao nos deparamos com um
texto realmente ofensivo sobre A ou B teremos o discernimento para qualifica-lo
como nocivo ou útil à cultura e educação brasileira.
Fora isso, é simplesmente
praticar a educação “Monteiro Lopes”, aquele doce de aniversário que tem uma
metade branca e uma chocolate. Pois dessa forma são os pseudo-moralistas da
educação veem o que não existe e cegam-se ao que é mais evidente,
consubstancial e absolutamente real.