terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Ideb de Monteiro Lopes


Embora acredite que os indicadores de avaliação da educação sejam instrumentos mais passíveis de falhas do que pesquisas eleitorais. Sou forçado a concordar com certos números do último Ideb divulgados e alardeados pelo governo federal como a salvação da lavoura.

O mais convincente só vem corroborar o que sempre afirmo: Educação é um instrumento que não necessita de tantas adereços e penduricalhos para que se desenvolva a plenos pulmões. Fato este que invalida os argumentos de qualquer candidato à gestão pública que venha afirmar que educação se faz com recursos multimídia, camarão com açaí ou design Niemeyerianos nas casas do saber.

De fato mesmo, vamos convir, houve avanços consideráveis nos números apresentados. Mas não se tem muito o que comemorar se a distancia entre a educação brasileira ainda é enorme diante dos padrões globais de qualidade da educação.

Se mergulharmos bem fundo nos números do Ideb, verificamos que o padrão da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entidade que reúne os países mais desenvolvidos. Nem 4 % de nossas escolas chegam próximo ao padrão, sendo que mais da metade das instituições tem um desempenho sofrível na escala.

Mesmo com este som de desânimo desnudado pelos números do Ideb, temos também os resultados positivos de algumas escolas e mesmo que não engrandeçam o conjunto universo dos percentuais de escolas com boas notas (cerca de 3%) se destacam pelo simples fato de alcançarem excelentes números sem precisar de todos os penduricalhos oferecidos fartamente nas campanhas politicas.

É válido fato ressaltar que a maioria das escolas que alcançaram estas excelentes notas, além de estarem em zonas de risco social intenso (como vizinhança predominante de reduto do trafico e violência urbana) nem por isso deixaram de alcançar resultados educacionais dignos de realmente se fazer uma propaganda nacional para exemplifica-las ás outras que não tiveram o mesmo resultado.

Outro fator preponderante é a gestão escolar e a docência, que nas escolas mais bem avaliadas tinham uma estabilidade e continuidade bem longa. Só para se fazer um comparativo; uma escola com nota 8,5 tem sob sua direção uma profissional com mais de 15 nos a frente da escola. Assim como uma equipe também longeva de professores. Sem a oscilação da troca ao sabor das gestões de governadores e prefeitos.

Se existe um investimento pesado em educação, está sendo empregado nos recursos educacionais errados, não surtem o efeito desejado, pois que pelo menos motive aluno-professor a alcançar a excelência no ensino-aprendizado. Com isso fica claro que não adianta só ter X do PIB, Y dos Impostos e Z dos repasses, se não se sabe fazer os investimentos certos na educação.

Entre galinhas circulando livremente e pisos estourados nas salas de aula, uma escola em Terezinha provou que apesar de ter um baixo custo nos investimentos consegue ter uma nota muito mais expressiva do que no Amapá, por exemplo, que tem o 14º custo mais alto por aluno na rede pública e mesmo assim tomou tem um índice fraquíssimo.

Diante deste quadro, vemos tantas escatologias dos que dizem defender os direitos da educação, quando na verdade não a entendem nem querem entender. Como proibir Monteiro Lobato só por qualificar seus textos de racistas, depois de tantos anos passados, não vai acrescentar em nada nos resultados do próximo Ideb. Pelo contrário, deve estimular a mais “cabeças de vento” a tendenciarem sobre Aluísio Azevedo, Eça de Queiroz e tantos outros que retrataram a figura do negro no Brasil de forma pejorativa ou não.

A realidade é que devemos nos importar da forma como educamos. Da educação dos valores pedagógicos, tanto familiares quanto no convívio escolar. Dessa maneira sim ao nos deparamos com um texto realmente ofensivo sobre A ou B teremos o discernimento para qualifica-lo como nocivo ou útil à cultura e educação brasileira.

Fora isso, é simplesmente praticar a educação “Monteiro Lopes”, aquele doce de aniversário que tem uma metade branca e uma chocolate. Pois dessa forma são os pseudo-moralistas da educação veem o que não existe e cegam-se ao que é mais evidente, consubstancial e absolutamente real.

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