sábado, 16 de abril de 2011

Folclore enriquecido


Realmente este cearense nascido na Fortaleza da década de 20, teria passado despercebido como um advogado, promotor ou qualquer ente que se relacione com o universo tão burocrático e momótono do direito.


Mas com uma pena na mão e umas boas idéias, entre o sarcasmo e a ironia, Helio da Mota Gueiros, conseguiu chamar a atenção de uma das fíguras mais ímpares do Pará naquela época, o então intendente, governador e coronel Magalhães Barata.


Barata colocou Hélio na vida pública como promotor em Santarém e daí pra frente, o jovem advogado engrenou com o pai de Jader Barbalho uma cruzada editorial para combater a ditadura de onde ambos foram cassados.


Hélio não teve uma expressão tão grande nesse período, sua notoriedade veio quando foi prefeito, senador e governador do Pará, de onde despontou como uma das figuras folclóricas mais inusitadas da politica paraense. Expressões como a famosa "Tara por Doca" ou se auto considerar o "papudinho" pela sua apreciação a uma boa cachacinha, só acrescentou mais lenha na fogueira de histórias do anedotário de Helio.


Sua ultima apresentação pública foi ao concorrer a prefeitura de Belem, no pleito, passado; sua marca era: "Eu ainda tou tinindo!", infelizmente não ganhou.


A ultima vez que ví Hélio ele ainda era prefeito de Belém e estava reinaugurando a Praça do Carmo, seu discurso de improviso falava sobre a beleza da revitalização do espaço antigo da bela Belém. Acho que nem eu, nem Hélio, nem todos que o aplaudiram após o discurso, sabiam que aquela ia ser a ultima obra inaugurada por ele em toda a vida que Deus lhe deixou pela frente.


Hélio vai com Deus, nos encontramos lá em cima...

terça-feira, 12 de abril de 2011

Pele de Formiga


Pele de formiga é uma das criaturas mais divertidas e loucas que conheci.

Um dia desses mesmo estava me lembrando de como a conheci na Europa, em um dos ambientes mais sádicos e inconstantes da velha Paris, o Bois de Bologne.

Com um senso de humor à flor da pele, ela ria dos seus próprios defeitos físicos, os que ela diz ter, depois de ter feito inúmeras lipoaspirações. Embora nada aparente eu pudesse ver a ao ser algumas cicatrizes que todos temos na infância.

Divertia-se em divertir os outros. Apesar de lutar contra a depressão, e de ter crises agressivas e mudanças de humor, e sofrer de falta de concentração.

Ela, com seu super carro (uma Masseratti muito velha, mas invejável), consegue cruzar três países da Europa, roubando os lixos das casas que lhe atraem. Seu passatempo preferido.


Talvez daí venha o seu apelido 'pele de formiga'.


Com os seus ajudantes que só riem o tempo todo dos seus feitos, distribuem roupas do lixo de presente para quem precisa; não sabendo eles de sua verdadeira procedência.



Quando conversamos a primeira vez no café Saint Josephine na Artois de Germain, ela me disse conhecer as pessoas através das roupas.


- Posso dizer se são felizes sujas, tornei-me uma especialista nisto, comentou ela.

Essa comunicação se da no meio de muitas roupas sujas.


No chão de uma linda mansão. A noite chega, Pele de Formiga agita-se. Enquanto seu mundo familiar dorme.


Nossa heroína sacia-se nos lixos da velha Europa. Um de seus comparsas relata que Pele de Formiga diz saber distinguir uma pessoa suja de outra limpa. Mais durante uma de suas buscas encontrou um sapato e pegou uma frieira danada.


Nesse momento, o seu comparsa é inclusive questionado quanto à origem de suas roupas. E entre ser do lixo ou não ser. Continua a questão.


Pele de formiga estará noites após noites nos lixos da Europa
saciando o seu cérebro depressivo?


Compulsivo?

Sim.

Porque através disso, seu sorriso, contos, contagens, transmitem alegria a outros que não entendem que nessa loucura está a arte de sobreviver e aliviar o seu cérebro da dor da depressão.


Essa é mais uma filha da dor da depressão.






segunda-feira, 11 de abril de 2011

General Les, o encurralado


Os dias tem sido cada vez mais problemáticos quando se decide viver sob pressão intensa e ainda mais quando se coloca mais pressão dentro da panela. Fico imaginando se isso é bom ou ruim, afinal a vida tem sido cada vez mais agitada de tensões e o corpo cada vez mais tem mostrado sinais de cansaço da luta constante, quase como se pelejasse duas, tres vezes por dia, com um batalhão que tem apenas um objetivo: Me derrotar.
Tenho me recusado a ceder, as pessoas tem cada vez mais ferramentas e como eu disse, cada vez mais fico cansado de batalhas de onde somente meu corpo alquebrado sai violentado e combalido e meus oponentes tem tido cada vez mais vitórias e eu cada vez mais cansado para batalhar.
Penso todos os dias que estou começando a amolecer, que estou ficando mais dócil e mais burro, que cada vez mais a malícia alheia me passa despercebida por onde antes enchergava rios de traição e de conspiração. É o mal de quem acha que já viu tudo.
A crueldade que tenho enfrentado me coloca na defensiva, afinal entrar em confronto direto é quase sinal de fraqueza absoluta e isso não psso demonstrar diante de meus oponentes, ainda não levantei a bandeira branca, mas após sucessivas derrotas creio que será uma questão de tempo até que meus ferrenhos opositores acabem me capturando e me colocando finalmente na jaula prometida do ostracismo ao qual sei que tenho reservas.
Até mesmo os inimigos mais antigos ainda pelejam para me degolar, seu ódio mortal levantado há oceanos de tempos ainda não se aplacaram nem tem indícios de se apagarem com o tempo. Ainda tenho estado mais tenso e mais cansado, me faltam as ferramentas que tanto utilizei nas artes da guerra, não sei mais dissimular, nem trair. nem mentir e nem tenho mais forças nem soldados suficentes para guerrear. Acho que estou no limiar em que Sun Tzu colocoria como acuado, encurralado. Mas ainda conservo as artes da guerra, acho que por isso ainda estou no campo de batalha, quase que esgotando os últimos recursos, carros e soldados em uma guerra secular que pareço estar perdendo campo finalmente.
Parece que agora ou a guerra termina comigo ou eu encontro de vez uma forma de acabar com ela, nem que seja me rendendo, levantando a bandeira, aceitando as amarras e me decidindo de vez a enfrentar os anos de desterro e de cárcere aos quais tenho direito pelos anos de guerras a fio que beligerei com todos que um dia foram aliados e amigos.

domingo, 10 de abril de 2011

Mestre Jonas


Na real conjuntura das coisas, acho que a tendência é piorar mais ainda, afinal as coisas no mundo tem se agitado cada vez mais.
Tsunamis, terremotos e outras desgraças humanas cada vez mais próximas umas das outras. Alguns podem até predizer que o fim do mundo está próximo, que um momento apocaliptico pode estar se aproximando e até mesmo case com as já contestadas escrituras maias que previam o fim do mundo para o ano que vem.
Não creio nessas quadras, centúrias ou profecias desnudadas de certezas. Acredito sim que chegará nossa hora, estamos mesmo cavando nosso túmulo. Dia desses assisti a um programa evangélico onde o pastor (se é que pode se dizer isso daquele sujeito) dizia que o aquecimento global é uma farsa. Como cientista não posso aceitar uma propagação de tamanha asneira, mas enfim elas se propagam com estes profetas do absurdo que enfim buscam amealhar ovelhas e cobres afim de oferecer a salvação.
Na politica as mostras de sinais apocalipticos ainda são intensas. Vejo Dilma e Obama cortarem cada vez mais despesas que seus antecessores não tiham se quer a preocupação de poupar para não faltar. Vejo Angela Merkel comprando avião de segunda mão para servir ao seu governo. Assim como os cabelos brancos de Jose Sócrates caem cada vez que a crise lusa deixa de ser uma piada de salão.
Sorte dos que vão, nem que seja com a morte, para longe de todo esse mundo louco e cão. De onde mal sabemos pra onde vamos ou aonde vamos chegar. Mas sabemos que as coisas podem melhorar, depende apenas da nossa vontade.
No fim de tudo mesmo, acho que vou preferir a confortável barriga da baleia, de onde mora mestre Jonas, e acho que o conforto da escuridão, umidade e sucos gástricos vão me digerir menos do que eu levo para digerir as dores do mundo com suas chagas abertas e insaráveis que perdurarão mais tempo do que eu mesmo e a baleia que me engoliu, pela face da terra.
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