É
bem possível que nos próximos anos passemos a nos questionar sobre o Brasil
entre os anos de 2015 e 2016 e tenhamos uma surpresa sobre os resultados
encontrados não só no Google como nos recortes de jornais e revistas daqueles
dois anos estranhos que poderiam ter marcado a mente dos brasileiros de maneira
indelével, mas não marcaram. Simplesmente passaram!
Talvez
o ávido leitor se recorde vagamente que foi ano de impeachment, ano de
olimpíadas, ano de Dilma, Lula e Temer em uma grande rede de traições e reveses
da qual dentre mortos e feridos o Brasil acabou redescobrindo Eduardo Cunha e
sua mão boba, assim como Sergio Moro e sua mão pesada.
2015
foi um ano atípico, afinal nele começou a desembocar não se sabe ao certo por
onde, todas as mazelas da economia moderna, como o descalibramento do cambio,
alta da inflação como nunca dantes a pós-ditadura militar e índices de
desemprego semelhantes aos dos militantes do núcleo do Partido dos
Trabalhadores. Foi o ano da ultima centelha do Mensalão e do fogaréu da
Lava-jato que queimou tanto quanto a fogueira santa de Edir Macedo, foi o ano
até de ressuscitar o Templo de Salomão e de ter os Dez Mandamentos como
Blockbuster nos cinemas brazucas, com direito até a “carona da fé”.
Já
2016 não foi nada diferente no quesito frissons, piripaques e siricoticos.
Tivemos uma sessão circense no Congresso nacional, com direito a “beijinho,
beijinho” e “Tchau querida” sob o manto de confetes de Wlad, o deputado
festeiro e agora cassado. Que no frigir dos ovos acabou defenestrando a “Dama
de metal ausente na tabela periódica” juntamente com sua corte do Palácio
idealizado por Niemeyer para simbolizar o novo Brasil nascido do planalto
central de JK.
É
verdade, foram anos atípicos dos que estávamos acostumados, muitas marolas,
muitas firulas. E até a Seleção entrou na roda, quem diria... Chegou até ao
ouro olímpico apesar de não ter podido varar a rede de Iraquianos e
dinamarqueses, lavou à meia-boca a honra da “Copa das Copas”.
Mas
entre sobressalentes e remanescentes, 2016 foi o ano do “legado grego”, assim
como 2014 foi o ano da “Copa das Copas”. Os resultados práticos disso, a gente
ainda não contabilizou, mas os rombos deixados no tesouro nacional depois de
dois megaeventos dessa envergadura comprovam a capacidade dos petistas e da
dinastia da estrela com certeza saberem fazer oba oba.
Também
um ano de eleições municipais, diga-se de passagem as eleições mais esquálidas
das quais se tem noticia em função da minirreforma eleitoral que empobreceu
partidos e coligações mas não extinguiu o caixa 2, pelo contrário, abriu
brechas abissais por todo e qualquer tipo de mal feito no intento de cooptar de
maneira ilícita o sufrágio universal.
Claro
que com o “Pai da Copa” e a “Mãe da Olimpíada”, acabamos ficando órfãos nesse
pós-PT que enevoou os olhos de alguns, deu luz a outros, mas no frigir dos ovos
deixou para trás muitas incertezas, a mais gritante delas, é se ainda vai ter
algum brasileiro capaz de relevar o passado, enxugar as lágrimas e recolocar a
cobra surucucu de volta no ninho e se preparar para mais doses cavalares de
soro antiofídico para suportar mais duas décadas vindouras de maus agouros, com
direito a mais piripaques e siricoticos que de nada adiantaram até hoje, junto
com os gritos e ranger de dentes que nosso novo “Pinóquio”, Ryan Lochte vem
acrescentar em nossas agruras.