sábado, 28 de agosto de 2010

Altruísmo e egoismo


Sinto cada vez mais que o mundo tem deixado de ser mais social e cada um tem enveredado mais pelo caminho do próprio umbigo. Não sei se é pelo fato de nos importarmos cada vez menos com os outros ou se isso é uma fase evolucionária do ser humano dentre as tantas que já passou, acho que deixamos de ter a fase de adaptações físicas e passamos a uma fase de evolução psicológica.
O antropólogo Sam Mac Neil disse uma vez que até 2100, o ser humano já não teria mais nenhum tipo de pelo no corpo. Até uns dois anos atrás eu ainda propagava a afirmação de Sam em minhas aulas. Hoje não mais.
Prefiro acreditar em minha própria tese de que as fases de nossas carcaças se adaptarem ao meio Darwiniano chegou ao fim. Passamos por grandes tormentos e até perdemos a cauda e a função do apêndice e do baço. Realmente acredito que não vamos nos adaptar mais ao meio, a não ser que nas próximas gerações comecemos a nos adaptar a respirar dióxido de carbono e outros gases que temos despejado a rodo na atmosfera. Mas acho muito pouco provável que deixemos de ser formas a base de carbono e nos tornemos algo bem surreal como os ET´s de Stan Lee.
Minha tese carece de base, até mesmo por que não cursei filosofia (embora o título pomposo PhD seja Philosophiæ Doctor), muito menos psicologia e nem um pouco de antropologia ou ciências sociais, que confesso achar uma verdadeira arte do não fazer nada a não ser pensar e não agir.
Sou um bom cientista de exatas, mas tenho que dar o braço a torcer e pedir ampara a estas linhas do estudo da existência do pensamento e comportamento humano, afim de delinear minha tese que estamos evoluindo ao ponto de deixarmos de ser caracterizados como seres sociais (sepultando logo aí as ciências sociais em seu todo) e perdendo nosso coletivismo altruístico em função do ser isolado ao qual estamos caminhando a ser. Egoísta e portador da verdade soberana da importância de si mesmo sem a necessidade dos outros para fazer o tão sonhado "Bem comum".
Particularmente nos vejo daqui a algum tempo, semelhantes aquela civilização caracterizada no filme W A L L - E. Onde os seres humanos ficaram reduzidos a massas inertes, preguiçosas e obesas, completamente alheados da verdade suprema da vida que os cerca e fadados para sempre a ter suas necessidades cobertas por máquinas sem precisarem mover um mínimo músculo para provar que sua insignificância é tão grande que um grão de areia ainda tem mais complexibilidade do que o egoísmo do ser humano que volta e meia se mascara de altruísmo e sai para passear com suas velhas e decréptas amigas.

Bom sábado meus amigos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Cara de palhaço, pinta de palhaço...


O ministro Ayres Brito deu uma dentro. Com a suspensão do artigo da lei eleitoral que suspende a decisão de que os humoristas não poderiam fazer piadas dos candidatos à eleição. O texto em si já é uma piada, afinal uma das grandes escadas do humorismo é o político caricato, que serve muito bem para este propósito como a grande piada, os eleitores acabam de vez em quando colocando figuras que maios tarde se tornarão piada.
Quem não se lembra de Severino Cavalcante, o rei da propina das quentinhas no congresso? Foi eleito sem a ajuda dos humoristas, mas depois que como uma grande piada assumiu a presidência da câmara e se tornou com seu jeito rude o motivo de chacota no Brasil, ganhando até uma capa da revista Veja com coroa de rei.
Prova viva de que os humoristas não ajudam a fazer propaganda política, mas contribuem com as idéias dos filósofos gregos: "aponte seus defeitos, ria suas deformidades de forma a que o riso se desencadeie a apontar o ridículo de cada ser humano".
Bem sacado para quem viveu há mais de mil anos, quando a propaganda eleitoral se resumia a um pai indicar um filho a um cargo público e nada mais, sem leis capengas que tem a falsa pretensão de moralizar um processo, quando sabemos que ela foi elaborada mesmo é com a intenção de blindar os políticos do ridículo, como forma de desumanizar os mesmos.
Ainda bem que se caiu no bom senso de que em tempos de eleição, o bom mesmo é rir das piadas dos humoristas quando ridicularizam os políticos, e rir deles mesmos tentando posar de sérios no horário eleitoral gratuito, fazendo promessas que são as verdadeiras grandes sacadas do humorismo.

Bom fim de semana a todos e fiquem com Deus!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Um Brasil dos Brasileiros?


Na visão distorcida de Michel Temer, segundo seu discurso no debate entre os candidatos a vice de Dilma, Serra e Marina. O Deputado Federal foi bem infeliz no ato de defender sua parceira.
Índio da Costa voltou novamente com seu tacape e atirou na questão do envolvimento do PT com as farc e o narco tráfico e para encerrar, deu uma forte flechada no vice de Marina o empresário Gulherme Leal: Você contrataria a Dilma para gerenciar sua empresa?
A resposta foi contundente: Não!
Na verdade como Índio disse. Dilma nunca participou de um processo eleitoral, diferente dos outros ela é um produto do PT e de Lula. Mas o que me deixou mais decepcionado, não foi o fraco bate boca dos três e sim uma declaração de Temer dizendo que o PMDB vai apoiar o novo governo incondicionalmente ao loteamento de cargos que todos sabemos que é disputado a tapas, prova viva é o cargo de vice que só tem serventia se o presidente bater as botas ou em uma impossibilidade de um novo caso Collor acontecer.
A outra foi a insípida declaração de que Dilma tem a alma paulistana e a garra do nordestino. Só esqueceram-se de falar para ele que o Brasil é maior do que Sampa e do que Garanhuns, que em sua infeliz declaração esqueceu de incluir mais de 60 milhões de eleitores dentro das fronteiras nacionais.
Prova viva de que Dilma é um factóide e que se ela morrer ficaremos a mercê de um pmdebista completamente cego (para não cair em palavra mais ofensiva) em geografia do Brasil, o que deve ser péssimo para um Presidente da República.

Muitos abraços para meus amigos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Biruta de aeroporto...


Daqui a pouco, a pré-candidata Dilma Rousseff não vai reconhecer a própria imagem no espelho. Campanha obriga a cada coisa. Dilma tem se assemelhado mais a uma biruta de aeroporto, que muda ao sabor dos ventos e de acordo com as pesquisas eleitorais.
Em outubro do ano passado a quase farc do MST invadiu e depredou uma fazenda da Cutrale, com a derrubada acintosa de pés de laranja, o que afirmou a então ministra? Isto:
“Não vamos ser complacentes com qualquer ato ilegal. Mas também não vamos ser conservadores a ponto de tratar os movimentos sociais como caso de polícia.”
Só faltava defender explicitamente atos ilegais. Como se vê, era uma fala que protegia o MST. Mas logo em seguida vem a falácia da presidenciável: “Sou inteiramente contrária a criar prejuízos aos que não são responsáveis pela política e sou contrária às invasões de terra”. Que bom, mas para ser quase uma Suíça de saias Dilma nem citou a sigla da quase farc MST.
Já em 1008, sob o auge da polêmica da lei de anistia, a guerrilheira Dilma disse: “Eu, pessoalmente, como cidadã e indivíduo, acho que crime de tortura é imprescritível”. Com essa fala, a então ministra estava pedindo a revisão da Lei da Anistia. Quando o então Advogado Geral da União, José Antonio Dias Toffoli, encaminhou parecer contrário à revisão, Dilma reagiu. O parecer da Casa Civil era bem outro: a favor da revisão. O Programa Nacional-Socialista dos Direitos, que também passou pela Casa Civil, é abertamente revanchista.
Em seguida: “Eu não sou a favor de revanchismo de nenhuma forma. Do ponto de vista da decisão do Supremo, decidiu, decidido está”.
Além disso tem a série de controvérsias acadêmicas de Dilma, ela já foi quase mestra e quase doutora, senão as duas coisas. Dilma disse que era mestre pela Unicamp no site da Casa Civil e na Plataforma Lattes; Dilma Rouseff não obteve o título de mestre, confirmou a Unicamp.
Dilma disse que era doutoranda pela Unicamp no site da Casa Civil e no Sistema Lattes. Dilma não é doutoranda, pois teve sua matrícula cancelada em 2000, por falta de inscrição, e acabou jubilada pela Unicamp.
Dilma disse na Plataforma Lattes que obteve o mestrado da Unicamp com uma dissertação sobre “Modelo Energético do Estado do Rio Grande do Sul”. Muito pomposo mas Dilma não apresentou dissertação nem obteve mestrado na Unicamp.
Dilma disse que não concluiu o mestrado porque assumiu a Secretaria da Fazenda da Prefeitura de Porto Alegre. Dilma só assumiu o cargo de secretária da Fazenda em 1986, três anos depois de ter deixado o curso de mestrado, segundo informou oficialmente a Casa Civil.
Dilma disse que não sabia das informações mentirosas em seu currículo. Pelo menos em duas ocasiões, quando foi entrevistada pelo programa Roda-Viva, da TV Cultura, Dilma ouviu impassiva as mesmas mentiras sobre seu currículo acadêmico publicadas pelo site da Casa Civil e pela Plataforma Lattes.
Dilma disse que foi presa por crime de opinião. Como lembra o jornalista Elio Gaspari, “presos e condenados por crime de opinião foram o historiador Caio Prado Júnior e o deputado Chico Pinto, Dilma Rousseff militou em duas organizações que, programaticamente, defendiam a luta armada para instalar um Governo Popular Revolucionário (Colina, abril de 1968) ou um Governo Revolucionário dos Trabalhadores, expressão da Ditadura do Proletariado (VAR-Palmares, setembro de 1969).”
Dilma disse que não participou da luta armada, que não foi terrorista. O também ex-guerrilheiro Darcy Rodrigues testemunha que uma das funções de Dilma era indicar o tipo de armamento que deveria ser usado nas ações e informar onde poderia ser roubado. “Só em 1969 ela organizou três ações de roubo de armas em unidades do Exército, no Rio”. A própria Dilma que contou, em entrevista: “Eu e a Celeste (Maria Celeste Martins, hoje sua assessora) entramos com um balde; eu me lembro bem do balde porque tinha munição. As armas, nós enrolamos em um cobertor. Levamos tudo para a pensão e colocamos embaixo da cama. Era tanta coisa que a cama ficava alta. Era uma dificuldade para nós duas dormirmos ali. Muito desconfortável. Os fuzis automáticos leves, que tinham sobrado para nós, estavam todos lá. Tinha metralhadora, tinha bomba plástica. Contando isso hoje, parece que nem foi comigo”.
Dilma disse que não tinha feito um dossiê sobre gastos pessoais da Dra. Ruth Cardoso (realmente doutora) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Dilma informou, em um jantar com trinta empresários, que o governo estava colecionando contas de FHC consideradas incriminatórias. O jantar ocorreu um mês antes da ministra tentar justificar como “banco de dados” o dossiê produzido pela Casa Civil.
É por essas e outras que não acredito muito em pesquisas, mas acredito em fadas.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Dia abençoado!


Muitos presságios ruins e fatos desagradáveis marcaram o dia 24 do mês que já tem má fama pela pobre rima com desgosto.
Nesse dia e com razão o mundo se lembra de pompéia devastada pelo vesúvio em 79DC, Alarico saqueou a rica Roma em 410 DC, Getúlio cedeu a pressão e atirou no peito em 54, Jânio teve a visão das forças ocultas em 61 e jogou o Brasil nas mãos dos generais, mas também aconteceram coisas boas neste dia.
Édson patenteou em 1891 a câmera de cinema e fez história, maradona foi supenso em 1994 por um ano por uso de drogas, a sonda Voyager 2 passou por netuno em 92 e nos deu uma visão ímpar deste corpo celeste.
Também nasceram Léo Ferré, Paulo Leminski, Jean-Michel Jarre, Sofia Duarte Silva e gente que se você se não ouviu falar é por que não conhece muito o mundo da música de qualidade, pintura, artistas e figuras da cultura contemporãnea.
Minha filinha Maria Luisa não está enquadrada em nenhum desses tipos, nem como celebridade e nem o seu dia de nascimento deve ser considerado triste mesmo com tanto preconceito com 24 de agosto.

Minha pequena folha, assim como Neruda eu te saúdo e louvo o dia da tua vinda ao mundo conturbado, mas que te deixa feliz por estar nele. Amo-te!

"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo. "

Pablo Neruda


Feliz 4 anos de idade, babo te ama.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Danke mein Freund!


Conheci o Weimar na década de setenta quando estudavamos no educandário Alves Maia. Junto com ele aprendi muita coisa na arte de gazetar aulas. Sempre fomos unha e carne durante a vida inteira, mesmo nos separando em momentos distintos da vida, mas de repente olha ele lá. Nos reencontramos no Liceu Lauro Sodré e mais tarde no Pio X, onde quase beijamos a pedra. Mas o mundo precisava de nós longe da batina, por isso fui para a universidade aqui e ele como era de familia mais abastada, foi para Princeton cursar direito.
O Aramis sempre foi uma figura ímpar, filho de Pai nascido na Lorena, fronteira com a Alemanha e França. Nunca soube precisar bem qual a nacionalidade de seu pai, até mesmo por que antes da guerra o Velho Richard era francês, durante a guerra virou alemão e depois da guerra voltou a ser francês, logo o pobre do Aramis teve que lidar com isso. O pai apaixonado por Alexandre Dumas (daí o nome do mosqueteiro) e ouvinte uníssono de Wagner, criou o Aramis numa eterna cavalgada das Valquírias, afinal a dona Ismênia, uma brasileira recatada foi para o andar de cima quando nós éramos pré-adolescentes, acho que ela foi a primeira pessoa morta que eu ví na vida e acho que o Aramis Também.
O Aramis se formou e eu também, eu casei e o Aramis também, tive filhos e o Aramis também, separei e o Aramis ficou viúvo.
Quando voltei a terrinha, a primeira pessoa que procurei foi o Aramis, cabelos grisalhos, uma vida reclusa em seu apartamento na Braz. Tipicamente o CDF, vive sozinho, enólogo profissional, procurador federal reticente, que assim como eu não sabe dançar.
Falo sério, gente como eu e o Aramis são bem raras, não por que somos bons, mas por que não nos damos conta que o mundo existe de uma maneira tão comezinha que nos alheamos a isso.
Faço essa dedicatória hoje, ao meu grande amigo Aramis Weimar, que tanto nas horas boas como nas inglórias, fez parte e faz parte da minha história de vida.
Amigo, obrigado por tudo, um abraço do tamanho de órion para você. Vamos tomar uma?

Boa semana a todos os amigos.

Nota: Foto do baile de carnaval de 1983 da AP.

domingo, 22 de agosto de 2010

Há de se ter muita fé e paciência


Quando Benjamin Moser, o festejado autor americano de “Clarice,” falou no palco da última Flip que “os brasileiros não deveriam se envergonhar de Paulo Coelho, pois ele é o segundo escritor mais lido no mundo”, vaias veementes surgiram de alguns pontos da platéia. Moser não pareceu entender muito bem. Mais provável é que nunca tenha lido Coelho, um alquimista a anos-luz da magia verbal de sua adorada Lispector.
Alquimista sim. Afinal consegue melhor que ninguém, transformar histórias bobas em ouro. “O Aleph” é mais uma prova desse talento inegável. Para quem, como Moser, gosta de literatura densa, inventiva, rica em subtextos, inspiradora e que não se esgota em uma leitura, o livro é intragável. No entanto, tem alguma chance de agradar os milhões de fãs espalhados pelo planeta ou seria mais adequado dizer “pelo universo”? Fãs que não se importam de ter a inteligência subestimada, pois querem apenas ser conduzidos e confirmar suas próprias crenças. Por que ser crítico com alguém que só diz o que se espera ouvir (ler)?
Mas a ironia, nesse caso, além de óbvia, é inútil. Pois o ocupante da cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras está claramente acima de ironias, às quais responde com números impressionantes, o carinho leal dos leitores e uma sabedoria supostamente superior. E não se pode negar-lhe o mérito de abrir as portas da percepção literária a muita gente que talvez nunca tivesse aberto um livro e que, a partir daí, tomou gosto. Então qual o segredo? Tudo bem, ele faz chover. Mas é sempre no molhado. E esse “Aleph”, emprestado de tradições milenares, mas também do bruxo “rival” (e sumamente irônico) Borges, é, com o perdão de mais uma ingênua ironia, uma tempestade na enchente. É mais uma variante do mito do herói, ou do “Pássaro Azul” de Maeterlink, em que é preciso cobrir grandes distâncias para descobrir o tesouro que sempre esteve ao seu lado.
Particularmente acho um exercício desnecessário de paciência aturar as 256 páginas de tormento pseudo-literário, afinal apesar do sucesso, J.K. Rowling e Dan Brown também venderam mais que Saramago, mas com certeza não vão se igualar nunca a beleza de uma construção memorável.
A espinha dorsal do livro se curva sob o peso da banalidade do texto. Não há nenhum cuidado com o chamado “fazer literário” um garoto ou garota de 14 anos seria capaz de escrever 70% do livro. Nem parece ser esse o objetivo de Coelho. Literatura não é com ele. Como coloca em “O Aleph”, para escrever basta amar. Sua crise de fé, crise no casamento e bloqueio para escrever elementos que se confundem nas exaustivas 256 páginas do livro seriam, então, falta de amor. Ou falta de perdão. O infinito Aleph já foi infinitamente melhor representado.

Para quem se dispuser a tal fardo... Bom domingo
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