quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tudo muda


Cheguei ontem na terra onde tudo está cinza, e cinzas também contam no passado onde tudo mudou, mudaram as pessoas mudaram as realidades mudaram os destinos e mudaram as coisas.
Não tinha a utopia de que tudo estaria como dantes, mesmo que a ausência tenha sido efêmera, tudo parece diferente e as pessoas são diferentes, e nada quase do que me recordava, é mais como antes.
Fico triste que algumas coisas tenhas involuído e outras tenham desaparecido, varridas do mapa, defenestradas como se reduzidas a pó. Fico triste de ver o último empreendimento que salvei, ter sido enfim consumido pelo tempo e pelo descaso. Monumento certo de que o amapaense não esta pronto para empreender ou fazer o que tem que ser feito em detrimento a outros migrantes.
Enfim, me resta tentar levar as coisas do jeito que estão e tentar contribuir novamente nesta terra onde resolvi por força de vontade e do amor que sinto por ela apesar de não ser nativo, em ajudá-la a se reconstruir e evoluir, mesmo que para isso se pague o preço da perda do bucolismo que tanto me encanta nela.

Seja bem vinda, nova terra!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

La foule


Ah a multidão, sua turba dileta arrasando como uma onda suprema sobre os incautos que se banham a praia da vida. Hum, quantos temores temos que um dia a turba venha e nos leve tudo que temos e nos afunde em uma multidão que nunca mas vai nos deixar voltar a ver o que foi perdido.
Nossa. Nesses anos todos perdi tanta coisa, perdi sandálias, perdi jóias, perdi vidas, perdi quase tudo, menos a esperança, até mesmo quando ela parecia ter perdido a si mesma. Aprendi nesses anos mais do que ensinei, afinal ensinei muito, mas esqueci de ensinar a mim mesmo. Esqueci de que a vida não e amor e que nem todo mundo pode corroborar o sonho perfeito e do perdão e do amor eterno. Não da forma como eu o concebo.
Ah e como e quão utópico eu concebi. Acho que diferente de todos os mortais que ainda não conhecem esse segredo: amar incondicionalmente, sem fronteiras, sem barreiras sem falsos moralismos ou se quer uma gota de hipocrisia. Isso sim e saber aproveitar o amor.
tive amores antes, me regozijei com eles, fui traído por eles, tive meu amor usado contra mim mesmo, quase matei por amor e por amar demais. Mas isso se foi.
Agora que entendi que passei a vida inteira procurando alguém para amar, sei que perdi meu tempo, pois devia procurar alguém que me amasse, e isso encontrei, e diferente de qualquer outra experiência, apesar de não haver os arroubo e os mimos de um amor meloso, nada de platónico, real sim, físico sim, mas nada de romances comezinhos que duram uma sessão de cinema.
Sinto uma calma, uma paz que antes nunca havia sentido e olha que minha vida ficou meio de cabeça para baixo na última semana. Mas decidido, arrumo as malas agora e vou ao encontro do meu destino, futuro ou sei lá como posso chamar. Não do amor mas da Tão sonhada vida nova que sempre busquei a vida inteira. E acho que estou no caminho certo, mesmo que a bússola indique que estou dando meia volta para um caminho sem saída.
Dane-se, adeus as flores, detesto tulipas, a terra de Erasmo me deprime mais ainda com seu frio, seus canais meio sujos e suas pessoas a queimar um beque na banca de revistas, ou suas bonecas a vender brincadeiras aos incautos.
Erasmo, suas terras são para os moinhos de vento e para Dom Quixote e Sancho Pança, Van Gogh e outros mais que quiseram ater-se a uma terra muito linda, mas que igual a ouro, brilha mas não da calor. Volto para minhas origens, para o meio do mundo, lá sei de uma multidão que sempre arrasta o povo e leva tristezas embora, então la, posso cantar o meu
L'Hymne à l'amour e viver em paz o quanto puder o grande amor e a nova vida que me esperam onde o sol solsticia e equinocia. Deixo de ouvir Jacques Brel e sua melancolia em Dans le por d'Amsterdam. Para ouvir a ode ao sol e as benesses que me chegam a cada momento em que penso o quanto vou ser feliz.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O que fazer?


Começo de ano e mês com profundas mudanças em minha vida, a contar das sementes plantadas no ano passado. Plantei boas sementes que me valeram um novo status. Não abandonei minha deidade química, afinal Paracelso e Bequerel nunca mais vão mais me dar aulas novamente. Mas invadi outros feudos e outros povos rezaram para mim como novo padroeiro.

Reconstruí minha vida com base nos preceitos vazios e mundanos. Afinal minha intenção era ser vazio e mundano pelos próximos séculos. Mas, eis que o passado nunca me abandona de maneira homogênea, sempre sobra um fio, uma ponta do antigo a ser puxada e como não resisto em arrancar desta trama o fio do tempo, na esperança de achar algo, algum segredo inconfessável meu que me salve ou condene minha alma de vez.

Em virtude disso, confesso o quão perigoso é despertar o passado e suas conseqüências estrondosas com o presente e o impacto futuro de proporções avassaladoras. Mesmo com todas estas placas enormes de não ultrapasse, não entre, não mexa, não veja. O ser humano não resiste e quanto mais “nãos” nos venham em vida, mais “sins” faremos em que eles se transmutem.

E eu fui. E eu ultrapassei. E eu abri a caixa de Pandora. E seus anjos, demônios, pragas e cegas promessas de paraíso saíram de dentro dela. Não sei se isso foi uma maldição ou uma benção disfarçada, afinal, minha vida do jeito que estava, praticamente era uma existência amarela, sem expressão, onde meus seculares títulos e honrarias, medalhas embotadas pelo tempo me davam tanto prazer quanto um clitóris inexistente ou me faziam defecar mármore.

Não sei se maldição, pois chutei os baldes, chutei todos, me desliguei de tudo que me fazia um prisioneiro inexistente do Chateau Diff, um alguém de quem ninguém ouvira falar. Cansei disso, cansei desse exílio de merda! Chega de ostracismos, agorafóbicos, chega de esqueletos no armário, chega de ter medo de olhar para o passado e ver que ele passou mesmo. Chega de ter medo de não ter tentado, sem tentar. Sem pelo menos começar, não quero chegar ao fim de tudo e descobrir que se tivesse tentado antes, não estaria naquela situação.

Acho que está mais para benção, afinal Deus tem estado tão perto de mim que quase consigo lhe sentir as barbas sobre minha cabeça. Pedi tanto a ele que me desse uma nova vida, e acho que tudo que eu poderia pensar ser ruim, que me tem acontecido, na verdade é muito relativo, não é ruim. É apenas uma forma de me tirar desta inércia em que me acomodei por puro capricho e preguiça de enfrentar meus problemas e correr atrás dos meus sonhos.

Acabei entrando no sonho conformista dos meus pais, em que tudo que está bom, não se deve mudar, ou se deve acomodar com a situação cômoda enquanto ela te fizer sobreviver, só que eles já se foram. E não quero sobreviver, isso já tenho feito por oceanos de tempo. Quero mesmo é viver. Quebrar barreiras, esquecer as coisas ruins que me atrasaram tanto e me atrelaram a um peso morto do qual só agora consigo me desacorrentar. E ufa! Sinto-me como se pesasse menos de 1 quilo. (estou quase lá) voando, levitando, em busca do oculto desconhecido mundo de um novo “o que fazer?” a correr atrás de um amor que parecia perdido há 15 dias atrás, mas que foi achado e que pelo jeito vale a pena todo o sacrifício para fazê-lo emergir do nascedouro e durar a eternidade que o tempo me fizer durar.

Dane-se quem achar que sou o mesmo depois de tudo isso, afinal, ninguém é o mesmo depois de tantas experiências surreais e eu praticamente sou um ícone desta fase. Vivi as experiências mais surreais de todas, nem tenho como relatar metade delas sem cansar a paciência do meu leitor, com histórias longas e cheias de intrincadas tramas, capazes de fazer Mr. Poe, um contador de causos de beiral de porta, dada a variedade de escândalos, crises e intifadas ocorridas nesta longa fase passada.

Hoje não quero mais isso, só vou para onde vou mesmo, por que vou retomar o tempo pedido, buscar um amor do passado, que vivi paralelo outro amor do passado, mas este (que inclusive me deu uma filha), está sepulto e mortus est. Mas o que vivi até 15 dias atrás. Esse está mais vivo do que nunca, e embora fuja um pouco das convenções, de quem me conhece e esta acostumado a minhas paixões. Este é amor mesmo, que sobrevive ao tempo, ao espaço e as intempéries mais duras que possam vir. E barreiras mais profundas do que a idade em si.

Só espero que do outro lado, a visão seja bem parecida com a minha, até mesmo por que estou chegando a uma fase em que não tenho mais tanto tempo assim. Falando assim, um cara, condenado a pena perpétua, parece até piada pronta, mas o tempo passa e depois de certo tempo, começamos (mesmo eternos) a achar que deve se dormir um pouco, quem sabe alguns segundos na escala do tempo (séculos) para depois acordar novamente e tentar tudo de novo, quando esta geração estiver consumida.

Particularmente, acho que nunca havia tido um período tão cheio de adversidades quanto aquele mal afamado século 20. Particularmente, achei a renascença mais divertida.

Abraços.

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