segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Exótica importação

Roger Pinto Molina ama o Brasil e seria um cidadão boliviano comum se passasse pelo desembarque do aeroporto de Brasília incólume a qualquer desconforto se não fosse um pequeno detalhe: Ele foi contrabandeado pela embaixada brasileira em La Paz onde estava aboletado desde maio do ano passado.

Isso só foi possível após um momento de iluminação bodhisattva do diplomata de Eduardo Sabóia que resolveu assim, de próprio eixo e veneta sem nem ao menos consultar o chefe que de patriotismo só parece ter mesmo o nome. Transplantar com o uso de fuzileiros navais e um carro oficial da embaixada, um senador do país vizinho.dor, Sabóia trouxe para dentro das fronteiras brasilianas um condenado em seu país por crimes comuns, nada políticos ou de sobremaneira que justificasse tal ato heroico da diplomacia brasileira, afinal “abandono do dever”, “dano econômico de 1,6 milhões de dólares ao erário”, “venda de bens do estado” e “corrupção”, são coisas de pouca monta.

Longe de mim contestar as decisões de tribunais domésticos bolivianos, afinal cada um com seu cada qual. Se temos Lewandowski por aqui para advogar privadamente, o que são decisões de juízes de primeira instancia pelas bandas de Ekeko o farto deus de abundancia dos bolivianos.

A pergunta que fica no ar é que o governo brasileiro tem importado toda a escória condenada por crimes comuns em seus países de origem e que batem as portas das representações diplomáticas alegando que são perseguidos pela opressão política. Como o não muito longínquo caso de Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana como delinqüente comum por ter assassinado quatro pessoas que ele jura de pés juntos que as mortes tiveram motivação ideológica. Credulíssimo disso, Lula e companhia endossaram o caso e Battisti que atualmente já toma caipirinha, fala com sotaque carioca e vai muito bem, obrigado!

Mas a sessão siticom não termina por ai, já que o senador Ricardo Ferraço, o presidente da comissão de relações exteriores do senado brasileiro, assina embaixo na operação que importou seu semelhante boliviano. Dando-lhe o jatinho da família e abrigando-lhe na mansão dos Ferraço. Se não fosse na Bolivia isso daria um belo enredo de dramalhão mexicano.

Mas não me recordo nem de Ferraço, nem de qualquer outro senador ter feito um roteiro protecionista parecido quando Evo “das cocas” Morales resolveu enviar uma operação militar para nacionalizar as refinarias da Petrobras e pagar a ninharia de US$ 112 milhões por um patrimônio avaliado em 1,6 bilhão de dólares. Isso sim é dano ao erário, o nosso erário.

O que assusta, não é a atuação isolada de um diplomata, visto que a política internacional do Brasil é orientada por Marco Aurélio Garcia, aquele do gesto obsceno do “top top” na vidraça do Planalto logo após a comprovação da causa do acidente do avião da TAM no aeroporto de Guarulhos. Isso o brasileiro já até assimilou, já que “top top” continua no mesmo lugar.

Nem muito menos a atitude da presidente Dilma que num momento de mea culpa, deu as contas do ministro Antonio Patriota após a repercussão do caso. Que naquele momento foi surtado pela mesma patologia que Lula tinha quando em seus lapsos de memória afirmava que não sabia de nada, nem do mensalão nem de Rosemary.


O que assusta mesmo é que depois de tanto esforço para o Brasil não aceitar ser depósito de lixo atômico, lixo hospitalar, resíduos tóxicos e outras tantas escórias que tentaram empurrar na goela tupiniquim abaixo,  à parte ao longo das décadas de pais de terceiro mundo. E que já tenhamos casos bem esdrúxulos envolvendo senadores corruptos, tenhamos que também importá-los como produto-prioridade no MERCOSUL.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...