Roger
Pinto Molina ama o Brasil e seria um cidadão boliviano comum se passasse pelo
desembarque do aeroporto de Brasília incólume a qualquer desconforto se não
fosse um pequeno detalhe: Ele foi contrabandeado pela embaixada brasileira em
La Paz onde estava aboletado desde maio do ano passado.
Isso
só foi possível após um momento de iluminação bodhisattva do diplomata de
Eduardo Sabóia que resolveu assim, de próprio eixo e veneta sem nem ao menos
consultar o chefe que de patriotismo só parece ter mesmo o nome. Transplantar
com o uso de fuzileiros navais e um carro oficial da embaixada, um senador do
país vizinho.dor, Sabóia trouxe para dentro das fronteiras brasilianas um
condenado em seu país por crimes comuns, nada políticos ou de sobremaneira que
justificasse tal ato heroico da diplomacia brasileira, afinal “abandono do
dever”, “dano econômico de 1,6 milhões de dólares ao erário”, “venda de bens do
estado” e “corrupção”, são coisas de pouca monta.
Longe
de mim contestar as decisões de tribunais domésticos bolivianos, afinal cada um
com seu cada qual. Se temos Lewandowski por aqui para advogar privadamente, o
que são decisões de juízes de primeira instancia pelas bandas de Ekeko o farto
deus de abundancia dos bolivianos.
A
pergunta que fica no ar é que o governo brasileiro tem importado toda a escória
condenada por crimes comuns em seus países de origem e que batem as portas das
representações diplomáticas alegando que são perseguidos pela opressão
política. Como o não muito longínquo caso de Cesare Battisti, condenado à
prisão perpétua pela Justiça italiana como delinqüente comum por ter
assassinado quatro pessoas que ele jura de pés juntos que as mortes tiveram
motivação ideológica. Credulíssimo disso, Lula e companhia endossaram o caso e
Battisti que atualmente já toma caipirinha, fala com sotaque carioca e vai
muito bem, obrigado!
Mas
a sessão siticom não termina por ai, já que o senador Ricardo Ferraço, o
presidente da comissão de relações exteriores do senado brasileiro, assina
embaixo na operação que importou seu semelhante boliviano. Dando-lhe o jatinho
da família e abrigando-lhe na mansão dos Ferraço. Se não fosse na Bolivia isso
daria um belo enredo de dramalhão mexicano.
Mas
não me recordo nem de Ferraço, nem de qualquer outro senador ter feito um
roteiro protecionista parecido quando Evo “das cocas” Morales resolveu enviar
uma operação militar para nacionalizar as refinarias da Petrobras e pagar a
ninharia de US$ 112 milhões por um patrimônio avaliado em 1,6 bilhão de
dólares. Isso sim é dano ao erário, o nosso erário.
O
que assusta, não é a atuação isolada de um diplomata, visto que a política
internacional do Brasil é orientada por Marco Aurélio Garcia, aquele do gesto
obsceno do “top top” na vidraça do Planalto logo após a comprovação da causa do
acidente do avião da TAM no aeroporto de Guarulhos. Isso o brasileiro já até
assimilou, já que “top top” continua no mesmo lugar.
Nem
muito menos a atitude da presidente Dilma que num momento de mea culpa, deu as
contas do ministro Antonio Patriota após a repercussão do caso. Que naquele
momento foi surtado pela mesma patologia que Lula tinha quando em seus lapsos
de memória afirmava que não sabia de nada, nem do mensalão nem de Rosemary.
O
que assusta mesmo é que depois de tanto esforço para o Brasil não aceitar ser
depósito de lixo atômico, lixo hospitalar, resíduos tóxicos e outras tantas
escórias que tentaram empurrar na goela tupiniquim abaixo, à parte ao longo das décadas de pais de
terceiro mundo. E que já tenhamos casos bem esdrúxulos envolvendo senadores
corruptos, tenhamos que também importá-los como produto-prioridade no MERCOSUL.