sábado, 20 de novembro de 2010

Boijmans Van Beuningen


De tentoonstelling ‘De grote ogen van Kees van Dongen’ laat circa tachtig internationale topwerken zien van de befaamde schilder Kees van Dongen. Maar liefst zestig schilderijen en een selectie tekeningen, keramiek, affiches en fotomateriaal worden speciaal voor de tentoonstelling overgevlogen uit internationale topcollecties, van New York tot Monaco en van Genève tot Moskou.

‘De grote ogen van Kees van Dongen’ toont de weidse blik van deze in Nederland geboren kunstenaar, die in Parijs wereldberoemd werd met zijn kleurrijke vrouwenportretten. Vrouwen met grote ogen, acrobates, naakte vrouwen, vrouwen gekleed in de couture van de ontwerper Paul Poiret en vrouwen die hij schilderde tijdens zijn verre reizen. Ook zijn eigen geliefden en goede vriendinnen – zoals de minnares van Pablo Picasso, met wie Van Dongen in Parijs een atelier deelde – werden door de schilder vereeuwigd. Soms schilderde Van Dongen ook mannen, waaronder zijn vader, de bokser Jack Johnson en enkele jazz artiesten.

Cornelis Theodorus Maria van Dongen werd op 26 januari 1877 geboren in Delfshaven, dat toen nog een zelfstandig havenstadje was naast Rotterdam. De jonge Kees begon op zijn vijftiende met tekenlessen aan de huidige Willem de Kooning Academie in Rotterdam. Drie jaar later kon hij als tekenaar de kost verdienen en werkte hij voor verschillende bladen waaronder Het Rotterdamsch Nieuwsblad. In 1897 vertrok Van Dongen voor de eerste keer naar Parijs om zich daar als tekenaar verder te ontwikkelen.

In zijn nieuwe woonplaats Parijs ontwikkelde Van Dongen zich van links geëngageerde illustrator tot gevierde kunstenaar. Hij brak hier door via de avant-garde stroming het fauvisme. Van Dongen was niet alleen spraakmakend vanwege zijn eigentijdse gebruik van kleur, verf en elektrisch licht, maar ook vanwege zijn levensstijl. Zijn uitbundige atelierfeesten in de jaren twintig en dertig werden bezocht door filmsterren, beroemde politici, en kunstenaars. Wat Andy Warhol in de jaren zestig was voor New York, was Kees van Dongen vanaf de jaren twintig voor Parijs; een societykunstenaar en bohemien die de stad extra kleur en allure gaf.

Op de tentoonstelling zijn schilderijen te zien die Van Dongen maakte tijdens een verblijf in Rotterdam in 1907, zoals het felgekleurde ‘Modjesko’. Ook de schilderijen geïnspireerd door de Folies-Bergères en de meest ge-durfde Parijse werken, waaronder het naakt van zijn vrouw Guus, zijn te zien. Belangrijk zijn ook de stukken die hij schilderde naar aanleiding van zijn reizen naar Spanje, Marokko en Egypte. Deze experimentele en verleidelijke vrouwenportretten, met oriëntaalse invloeden, intensieve kleuren en decoratieve accenten, behoren tot zijn beste werken. ‘De grote ogen van Kees van Dongen’ is een unieke kans om alle topstukken van de schilder bijeen te zien.

Tchüss

domingo, 24 de outubro de 2010

O tempo

Faz um bom tempo que não entro aqui. Da última vez havia dito que não cruzaria mais o Atlântico, mas as razões do tempo me fizeram voltar rapidamente para enterrar meu último laço de origem, meu pai. Deitado em uma cama de hospital, cercado pelos filhos e netos, reuni minha familia pela última vez para dar adeus a ele.
Já fazem duas semanas, estou de volta ao meu modesto apartamento em Strassburg, triste sim, mas pela quantidade depessoas que o tempo me fez deixar para trás. O tempo este que me esqueceu por alguns longos anos. Agora cobra o seu tributo de ter me esquecido. Apesar de ter dado vida a vaidade reformando, drenando, esticando algumas partes do meu corpo, começo a pensar que estou realmente envelhecendo depois de tanto tempo esquecido pelo tempo.
De que apesar deter lidado com a morte durante todos estes anos, ela me é uma perfeita estranha, um ocaso esquecido pela memória de alguem que nunca morre.
Alguns dias vou ao Hoggerhein, onde Rembrandt está enterrado, jogo algumas nesperas maduras para os pardais e respiro o mármore secular dos jazigos. Convesrso com Rembrandt e volto ao trabalho.
Sempre quis ter a vida que tenho agora, de profunda paz e meditação. Mas a um custo tão alto quanto o preço de uma alma.
Agora que estou sozinho e literalmente sozinho, abro uma stella artois, olho as margens de lago wuhrt e vejo o quanto ainda tenho a fazer e tão pouco tempo...
Mas sinto que após o tempo ter me redescoberto e levado a minha fonte de origem. É só uma questão de tempo até Rembrandt ter companhia.

Bjs.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Resiliência


Outro dia estava em um café na Hoogstraat cuidando da minha vida quando apareceu um brasileiro, coisa que não é muito dificil por aqui.
Na verdade o índice de brasileiros em Strassburg é bem alto, brasileiras na maioria cumprem a prática do turismo sexual, mas isso não diminui nem um pouco a nossa presença nas terras de Erasmo.
Bom, esse curioso amigo me pediu o açucareiro em um arrastado inglês que mais parecia saído do Lijnbaan, e ao reconhecer o sotaque estilo Carmem Miranda, (Souse América ao invés de South América), perguntei de cara: De que parte do Brasil você é?
Surpreso mas nem tanto, afinal apesar de pálido e com os cabelos tingidos de castanho médio, ainda sou bem basané, para me passar por meso germanico, nó maximo alguem vindo de Java.
Conversamos horas a fio, o cara me contou a vida dele inteira em uma mesa redonda de café. Fiquei feliz em ouvir novamente a língua pátria, mesmo por que tenho me saído bem no grosso germano popular, quase um filho do alemão do norte.
Enfim, o cara, Alessandro o nome do cidadão de Cascavél no Paraná, me perguntou o que me levou para tão longe. A que respondi... Resiliência.
Enfim, levei mais alguns minutos para contar minha história e quase duas horas para chegar a uma explicação bem leve e tradutível para o cidadão, do que vem a ser resiliência.
Enfim, acabei dando meu dicionário aurelinho sempre guardo na mochila de presente para o cidadão paranaense.

Beijos a todos, tenho muita coisa para contar e tão pouco tempo para postar, mas prometo mais outro dia...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Missão, Visão e Valores


A finalidade da existência de uma empresa é aquilo que define seu significado a essa existência. A grande missão é estabelecida diretamente através dos objetivos institucionais e aos motivos pelos quais esta empresa foi criada e por isso sua missão deve representar sua melhor razão de ser. Atualmente na área empresarial é inadmissível uma empresa não conhecer as características do seu negócio, fato este que pode levá-la até mesmo à ruína. Se você ainda não tem definido que caminho deseja seguir e aonde quer chegar e, quais valores irão nortear esta sua caminhada, qualquer caminho servirá para você, pois qualquer um o levará para algum lugar. Mas como diz o trovador: quando não se sabe para onde ir qualquer lugar serve!
As empresas hoje não podem se furtar a isso. Mas então, o que seria missão?
Pode-se dizer que missão é a finalidade da sua existência, o porquê você está aqui, o que pretende fazer e a quem se destina essa sua existência. No meio empresarial, o significado de missão não diverge muito desse conceito.
Muitos de nós temos visão míope à vida. Visão, para alguns, é o sonho que se deseja realizar, como ser humano ou como empresa. É, também, aquilo que você deseja ser, num determinado tempo e espaço.
Por valores, deve-se entender como os princípios éticos, morais, cimentados em atitudes de fazer o bem, que norteiam a conduta e as ações de uma pessoa e que, inevitavelmente, lhes renderão os melhores resultados.
Quando se trata de TQM (Total Quality Management), lembre-se que atitudes de mudança e aceitação da mudança às vezes são difíceis de aceitar por parte de todos do conjunto, resistências e protestos e até mesmo rejeição a um novo formato sempre são comuns, faz parte da natureza do ser humano temer o que não conhece ou ainda não entende, até mesmo por que temos mentes individualistas e não consciências coletivas. Tratar de mudanças, principalmente de valores no ser humano, é um processo que requer tempo e nunca deve ser feito por escalonamento ou por setorização, se são necessárias mudanças na política interna da empresa, deve partir da diretoria até o colaborador mais incipiente sem exceções.
Quanto a valores posso sugerir alguns, mas um brainstorming é necessário para nós listarmos dentre uma infinidade de opções, as que podem ser cumpridas de acordo com a visão e a missão previamente estabelecida pela e para a Empresa.
Seria muito fácil ou muito bonito tê-las em integralidade em um certificado de qualidade, mas sabemos que é um conceito utópico implementar todas de uma vez em um curto espaço de tempo. Por isso sugiro que o conceito dos valores da Empresa, seja revigorado constantemente, a fim de incorporar um novo valor assim que o passo para a implementação e o cumprimento incondicional deste novo valor seja possível.
Comprometimento ético; Igualdade de tratamento a todos; Justiça e paz social; Transparências nas ações; Envolvimento com a missão da instituição; Valorização dos integrantes da instituição.
Estas são valores coletivos que podem ser adotados por uma empresa, mas não é difícil colocar valores humanos e individuais para que a empresa também passe a se humanizar, mesmo que um dia ela chegue a ter uma quantidade tão grande de colaboradores, que não seja possível uma integração física entre eles mas pelo menos valores humanistas os integrem a missão e a visão da empresa para que adotem um conjunto de valores da mesma.
Fé; Lealdade; Amor; Família; Humildade; Segurança; Alegria; Honestidade; Liberdade; Integridade; Fraternidade; Solidariedade; Divertimento; Aprendizado; Ética; Reconhecimento; Sabedoria; Crescimento...
Sem esse juízo jamais deixaremos de praticar atos ilícitos, ilegais, imorais, desonestos. Nesse caso, esqueça o que os outros fazem. A única maneira de conseguir sucesso perene, duradouro, ser feliz, é conseguir, de forma honesta, honrosa, íntegra, o que você deseja conquistar. Só assim você conseguirá associar suas conquistas com a felicidade. Caso contrário, em dado momento, desejará se desfazer de todo o dinheiro, de todos os bens que “conquistou”, para ter um momento de paz, de alegria, enfim, um momento de amor. E, diga-se de passagem, já conheci vários empresários assim.
Aconselho a tentar seguir sempre esses valores, ao menos nas vezes em que depender apenas de uma decisão sua para praticá-los e jamais deixe que alguns deslizes tornem-se princípios. Creio que essa prática será um dos maiores valores que você poderá deixar para sua empresa e àqueles que ama de verdade.

Estou de volta ao meu blog com a graça de Deus, com primeira postagem direto da terra dos vinhos azuis
Abraços e estou muito feliz.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Velho mundo


Uma noite bem acalorada no aeroporto internacional de Val de Cães. Malas azuis no pátio. Olhos marejados da mãe e olhar sério e sempre cauteloso do pai. Camisa de lã bege e calça jeans com bota de couro zebu.
Foi assim em uma noite de quinta feira 14 de agosto que guardei as últimas imagens desta terrinha por onde passei quase seis meses, falta menos de uma hora para embarcar no airbus TAM com destino a Recife. Algumas horinhas de vôo me separam da porta de entrada do Lufthansa.
Quase dez anos depois, abandono mais uma vez meu país, para um exílio que agora suponho sem volta. Antes como mero estudante bolsista de doutorado rumo a Hamburgo para a velha e doce der Bundeswehr, agora vou já maduro e conciente que esta é minha última cruzada sobre o Atlântico rumo ao velho mundo.
Sei que ao novo mundo não regressarei mais em vida. A passagem é só de ida e o mundo dos florins e moinhos de vento desta vez é o destino certo para uma extensão deste segundo momento de vida a que me destina Deus.
Strassburg. Terra da pilsen mais gostosa do mundo, viver em meio a âmbares líquidos e com o odor do lúpulo ou amargor da levedura me faz pensar que simplesmente eu nasci em um útero de um propagador de mosto.
Decidi isso deitado em uma rede a tarde de chuva de um sábado quando pensava em que iria fazer para minha nova vida. Decidi então reatar velhos contatos e enfim um dia surgiu um telegrama ( é eles ainda existem!) e enfim, estou aqui.
Já tomei alguns cafés, meus pais já se foram para casa, viver suas calmas vidas e eu estou indo. Sozinho para um futuro bem novo, uma língua nova dentre as tantas velhas que aprendi a dominar. Menos o portugues que nunca consegui me fazer entender até hoje.
Mas acho que é isso. Uma despedida simples para quem não deixa nada para tras a não ser o rastro do avião, que com certeza nunca mais me trará de volta para esta terra de lembranças que não quero mais.

Deus me acompanhe e me guie!

domingo, 19 de setembro de 2010

Um novo Homem


Após algum tempo de reforma o velho ford bigode cumpriu o que prometeu, voltou um porsche, 10 quilos mais magro, uma lipoescultura abdominal, rinoplastia, cabelos tingidos de negro como asa de graúna, como Dias Gomes descrevia Odorico Paraguaçú.
Uma grande renovação, não so no exterior mas no interior também. Profissionalmente realizado, e com o ultimo sonho realizado. O de dirigir uma grande indústria.
Durante minha estada na clinica do dr. Alvaro, li e reli Jorge Amado, que em 77 publicou Tieta do agreste, relatando a vida de uma mulher da adolescencia sofrida no cú do mundo que era Santana do Agreste até se tornar uma bem sucedida cafetina.
Não sou Tieta, mas lembro que em 1989, O mesmo Dias Gomes novelou Tieta para a Globo e na trilha sonora havia uma canção de Simone a quem tanto adimiro, chamada uma nova mulher;
Reescrevi o texto em uma vesão masculina, pois é deste mesmo jeito da canção que me sinto agora.
Me desejo boas vindas na segunda metade de minha vida que começa agora nos degraus da clínica para onde vou descer agora. E enquanto meu jardim da eternidade estiver no mesmo local onde o deixei há muito tempo atrás, longevidade e vida longa ao Rei!

Que venha esse novo homem de dentro de mim,
Com olhos felinos felizes e mãos de cetim
E venha sem medo das sombras, que rondam o meu coração,
E ponha nos sonhos das mulheres
A sede voraz, da paixão
Que venha de dentro de mim, ou de onde vier,
Com toda malícia e segredos que eu não souber
Que tenha o cio das onças e lute com todas as forças,
Conquiste o direito de ser um novo homem
Livre, livre, livre para o amor....quero ser assim, quero ser assim
Senhor das minhas vontades
E dono de mim livre, livre, livre para o amor, quero ser assim,
Quero ser assim, senhor das
Minhas vontades e dono de mim....
Livre, livre, livre para o amor quero ser assim, quero ser assim,
Senhor das minhas vontades
E dono de mim livre, livre, livre para o amor, quero ser assim,
Quero ser assim, senhor das
Minhas vontades e dono de mim....

Bom domingo a todos!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Entrando para a história do melhor jeito possível


Existem muitas formas de se entrar para a História, mas poucas são agradáveis. Elas geralmente envolvem suicídios, chacinas, manipulações e alinhamentos com políticas neoliberais.
Vejam o caso do pequeno Vlad Tepes. Tepeszinho poderia ter passado a sua infância jogando pebolim e bafo com seus amiguinhos. Sim, certamente. Mas não. Ele acabou empalando turcos.
Foi por ter escolhido este caminho que pôde entrar para a História. De fato, como esquecer o pobre Varguinhas? Varguinhas deu a vida para ter seu nome nos livretos infantis. Óbvio. Ninguém gosta de ler sobre pessoas que estão vivas ainda, ou que morreram tranqüilamente.
Por exemplo, eu nunca ouvi falar de João Cabral de Melo Neto na escola antes de 1999, quando ele morreu. Está certo que naquele ano eu me encontrava alheio ao Brasil mas nada justifica a omissão deste que é um dos maiores poetas da língua portuguesa.
Ljubisav Đokić é, portanto, um sujeito de sorte. Este santo homem entrou para a História da maneira mais sagaz possível: invadindo a central da televisão sérvia com uma escavadeira.
e não é preciso peito para invadir a RTA, em pleno governo Milosevic, com uma escavadeira, eu não sei para que é preciso. Metaforicamente falando, óbvio, porque é preciso ter insanidade.
Mais do que participar desta revolução que foi carinhosamente apelidada de Bulldozer Revolution (Revolução da Escavadeira), Ljubisav ainda teve as bolas de aço necessárias para criticar o governo democraticamente eleito após a queda de Slobodan. O sujeito derruba um regime e fica malhando o outro em sua situação de... Desempregado com deformidade física! Taí um homem que vai lá e faz, diferente desses do Cansei.
Esta é a maneira mais descolada de se entrar para a História, e tenho dito. A imprensa ocidental deu tanta importância ao revolucionário que, achando seu nome muito difícil para ser divulgado, deu-lhe um carinhoso e muito provável apelido: Joe.
O que teria acontecido se uma das balas do governo (e havia muitas) o tivesse atingido? Viraria um mártir? Ou sumiria nas águas do fosso do tempo? Vale a pena pensar...
Se quiserem, aliás, ler das palavras deste rapaz de sucesso, divirtam-se aqui. Deveras interessante.

Me despeço do blog por alguns dias, vou fazer algumas profundas correções plásticas na carcaça deste pobre porsche, quando voltar vou ser o velho turco novamente, com a cimitarra na cintura como meus antepassados otomanos, esperando Tepezinho voltar.

Muitas saudades, mas não esquenta não, não vou morrer, só ressucitar o porsche e quando voltar posto uma foto do novo cara que o cirurgião plástico me prometeu.

domingo, 5 de setembro de 2010

Dalai 3


O cinza da manhã era esperado, mas não tanto assim. No espelho à minha frente eu ainda podia identificar uma noite com mais ansiedade que sono. A tensão voltava a tomar conta de mim quando percebi os dois olhos impacientes por trás de minha imagem refletida. A loja estava cheia e o vendedor não tinha muita tempo para aguardar minha terceira ou quarta prova de óculos para neve. Percebendo a irritação, decidi pelo último, mesmo sem ter muita certeza disso. Paguei, recebi um sorriso automático com o troco e deixei o local enquanto ouvia alguém perguntar se havia ou não um modelo de bolsa com alças ou algo assim. A porta bateu atrás de mim quando olhei o relógio da rua. Era 10h03 em uma travessa próxima a Leicester Square, Londres, minha primeira parada na Europa, rumo ao Tibet.
O roteiro era esse: São Paulo, Londres por dois dias e aí, a China: Pequim - cinco dias, Xian - um, Chengdu - mais um e, finalmente, Lhasa. A viagem até a Inglaterra havia sido tão tranqüila quanto uma noite poderia ser nos últimos meses. Uma vez mais quase não dormi. Mais de uma vez, tive pesadelos nos breves cochilos. Em um deles - praxe em viagens, embora inédito no meu caso, vivia um desastre aéreo. Na verdade, o que menos me assustou. A sensação de morte imediata não me apavorava, ao contrário, fazia com que ficasse tranqüilo. Duas poltronas à frente, no corredor ao lado, uma senhora parecia rezar o décimo terço da noite. Atrás dela e quase ao meu lado um jovem reclamava baixo com seu fone de ouvido. Dentro de mim, dúvidas saltavam. Mais do que a saudade ou o conforto com a idéia da morte em meu pesadelo, o que me angustiava era saber que, em breve, estaria a cerca de 44 horas de casa, percorrendo uma estrada proibida sem saber bem o porquê daquilo tudo. Não tinha respostas às perguntas que ela não havia me feito. Por que viajar sozinho? Por que o Tibet? Quais fossem as justificativas, não estava pronto para elas. A iluminação baixou na chegada a Gatwick.
O aeroporto impecavelmente cuidado me fazia lembrar que Londres seria meu último contato com o ocidente em toda a viagem. Por ocidente leiam-se compras, idioma, comida palatável, feições conhecidas, contato com produtos imprescindivelmente supérfluos. No ônibus em direção à cidade peguei pela primeira vez o caderno com as anotações que havia feito sobre o Tibet. População da capital: 160 mil chineses, 100 mil tibetanos. Idioma: o mandarim aparece em maior destaque nas placas comerciais ou de sinalização que o tibetano. Religião: o governo chinês desestimula.
Uma luz me cegou por um instante. O reflexo de um improvável sol no relógio de Leicester Square atingiu meus olhos e lembrei-me dos óculos para a claridade da neve embalados na sacola que carregava. São 10h28 e estou parado há quase meia hora na frente de um dos inúmeros cinemas da região. Sorrindo com o lugar-comum, quase desconcertado, vejo que o filme passara dentro de mim.
O melhor é ir para o hotel. Amanhã à noite, a China me espera. Talvez mais do que eu a ela.

sábado, 4 de setembro de 2010

O copo cheio de vida

Bom dia caro leitor,

Interrompo hoje a terceira parte da crônica sobre a terra de Dalai Lama, para postar um texto de mim mesmo para quem se sentir assim.

Quando comecei a escrever esse blog, era uma pessoa arrogante e cheia de mim mesmo, achava que podia tudo (ainda acho um pouco), achava que o mundo era meu e os outros apenas tomavam espaço. Mas confesso hoje, que quando comecei a escrever, eu era ateu de carteirinha, incrédulo de tudo que viesse da divindade de Deus, mas após passar este tempo no exílio, por ironia eu que tanto ensinei na minha vida, passei a ser o aluno da vida.
Comecei a aprender que nem tudo que eu queria eu teria ao meu tempo, talvez por que a resposta de Deus não fosse imediata quanto eu ansiava, mas que tudo tem seu momento tem tempo de ir e vir, de chegar e de partir.
Meu aprendizado, em controlar a ira que habitava em mim, de controlar a arrogância e a empáfia que afloravam e me fazia ser uma pessoa temida e odiada. Minha sina de não esperar o poder vir e sim tomá-lo a força, como Napoleão tirando a coroa das mãos do Papa e coroando a si mesmo imperador.
Hoje confesso que abri inicialmente uma fresta da porta para Deus olhar e ver o ser humano tão insignificante que eu era. Que a falácia e a surrealidade me faziam um fantoche de mim mesmo como titereiro.
Então abri a porta por completo, e me vi em um novo mundo, olhei para dentro de mim e vi minha alma triste e jogada no fundo de um poço de lodo tão escuro quanto minha vida e era denso e viscoso que não deixava minha alma planar e viver dentro de mim em paz.
Amigos, confesso que ser pai e ter tido este momento de descoberta, foram as experiências mais perfeitas e incríveis da minha vida inteira. Hoje sou um novo homem, há algum tempo disseram que eu morri. Na verdade eu morri mesmo. O ser humano que habitava este corpo seco e esquálido realmente não existe mais, está sob toneladas de atos ruins e falhos, de factóides e desgraças, de ira e de ganância. Mortus est.
Deus tem me ajudado a cada dia de minha vida a ver o mundo, me ajudou a despejar o conteúdo do copo cheio que eu era, e encheu-me de graça e paz. Renovado, louvo ao meu criador e eu como criatura tenho apenas mais uma missão para completar a obra que me incumbiu Deus. Levar esta mesma esperança de renovação a todos que o buscarem nos momentos de tribulação ou de paz, e dizer-lhes que não sou mais ateu, que creio e que todo aquele que crê terá uma vida eterna.
Agora depois de buscar minha paz, vou em busca da pessoa que amo e da luta para fazê-la ver que Deus presente em nossas vidas nada nos faltará.

Bom fim de semana e fiquem com Deus.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Dalai 2


Na verdade, essa deveria ser "Londrina" e não tibetana, mas vamos lá. Leicester Square fica entre dois pontos bem conhecidos pelo turista que visita a capital inglesa: Covent Garden e Piccadilly Circus ao norte de Trafalgar Square. Não é sem motivo que cito um cinema no texto do livro. Leicester (fala-se Lester) tem inúmeros deles. No mais famoso, Odeon, um ingresso chega a custar £8 (cerca de R$30). Mas vale pelo charme.
Eram três e cinco quando olhei para o relógio. Apesar do ar rarefeito e do travesseiro de oxigênio estar praticamente no fim, não acredito que tenha sido a altitude o motivo de todo o mal. A maldade que impregnava o ambiente não vinha de fatores externos, eu sabia. Estava em mim e não parecia querer ficar escondida por muito mais tempo.
Levantei, acendi o terceiro ou quarto cigarro da noite, algo proibido na altitude de 3.700 metros de uma terra proibida e fui à janela. À minha frente, a imensidão do Himalaia. Abaixo, dois prosaicos carros estacionados em um pátio imundo. O silêncio da madrugada era cada vez mais alto no quinto andar de um hotel sem nome. O único movimento era o da fumaça dançando na trajetória esperada tendo a cordilheira como pano de fundo. A calma que eu tanto buscara servia agora de combustível à minha insônia.
Perdido no topo do mundo. E o que me resta são as formas de uma fumaça pairando no céu tibetano. Formas que lembram templos, monges, papiros, montanhas, chás e velas de manteiga de yak, degustações de pulmões de carneiro, frio, muralhas, trilhas, trocas, mais frio, mantras, imagens protegidas por vidros, budas seculares, muito frio, palácios invadidos, chineses, cabanas, bandeiras, fé, um frio insuportável, crianças, rajadas, frio...O vento cortava meu rosto às seis da manhã quando despertei do pesadelo na minha primeira noite em Lhasa, a lendária capital do Reino do Tibet.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Dalai 1


Vermelho. Para onde quer que eu olhasse era só o que via no aeroporto internacional de Beijing (Pequim) desde que há intermináveis 15 minutos aguardava minhas malas aparecerem na esteira. Não havia meio-termo. Tinha realmente deixado toda e qualquer referência no continente europeu. Aqui, olhos puxados que em nada lembram os das colônias espalhadas por São Paulo, disciplina no andar, fala ininteligível, escrita ainda mais incompreensível. E o vermelho. Dominante, intimidador, complementar às fardas dos militares dispostos na seção de imigração e que pareciam enxergar o meu quase absoluto temor.
O dia anterior havia sido tranqüilo em Londres. Roteiro básico e obrigatório: Westminster, Buckingham, Big Ben, Tâmisa, ônibus de dois andares, Soho, táxis clássicos moderníssimos, Heathrow, vôo. E pesadelo. Acordado e absurdamente prosaico.
Uma viagem ao oriente pode requerer pré-requisitos mais nobres como necessidade de auto-descobrimento, evolução espiritual, vocação aventureira, mas há uma lista de itens mundanos obrigatórios para a viagem: a minha era extremamente detalhada e quase interminável. Uma rota que se anuncia proibida justifica a minúcia do relatório que recebi da agência que organizou a expedição e que lembrei de checar assim que o avião deixou Londres: Listaram praticamente todos os itens de minha bagagem.
Entre as centenas de passageiros do Boeing 747-400 da British Airways com destino a Beijing no início da noite de 31 de agosto havia apenas um brasileiro. Alguém que, do assento 28G, com os olhos arregalados observava o documento a ser preenchido sobre a febre amarela, sem ele não podemos descer em solo chinês.
Proibido. Febre-amarela. Declaração de saúde. Vacinação. A cerca de 1.200km/h, acima das nuvens, minha única lembrança era de um pequeno cartão amarelo esquecido sobre o criado mudo de meu apartamento. Se era aventura o que procurava ao deixar o Brasil, ela começava ali, com a total e irrestrita incapacidade de mudar a situação. E ainda faltavam mais de 15 horas até chegar ao continente asiático.
Na esteira do aeroporto de Beijing, é a terceira vez que uma de minhas malas passam por mim. Um funcionário da companhia aérea faz menção de ajudar, mas permanece apenas observando o rapaz que aperta com toda a força o papel com a declaração de saúde para o governo chinês, sem tirar os olhos das paredes vermelhas.

Estou na China. Proibido de pisar no solo que é a porta de entrada para o reino tibetano.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

É tudo o que se quer...


Quando o cansaço bate a sua porta, o corpo padece. Mesmo que um longo período de jejum de esforços tenha existido, mesmo assim o corpo padece, pois o jejum mesmo assim foi uma incessante busca por um objetivo. Muitas vezes nos achamos apto a realizar os doze trabalhos de Hércules ao mesmo tempo, mas vemos que em um mundo onde não estamos sozinhos, muitos atrapalham mais do que ajudam a realização das atividades às vezes até simples e que requerem um imediatismo externo.
Hoje vejo que sou muito egocêntrico e que se o mundo tivesse uma dúzia de mim mesmo seria possível realizar até mais do que doze trabalhos simultaneamente.
Mas a utopia é sempre uma saudável memória, mesmo que resida nos neurônios uma vontade intensa de ser um exército de um homem só, onde apesar de se achar coberto das razões humanas, o mundo não é perfeito.
Como dizia Milton, "o mundo é um lugar bom e ainda vale a pena se lutar por ele".
É tudo que se quer...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Vai agosto, com gosto...


Mais um mês se despede, fico imaginando o que vem por ai. Semana da pátria? Isso já está muito descaracterizado, o brasileiro nem sabe mais se a mama é brazuca ou África, mas afinal qual foi sua África? Que marca fica para o fim do mês além das contas a pagar e as falácias das promoções em mês pobre de festividade e gastanças.
Agosto se vai, com gosto ou não, se deixou gosto amargo, azedo, salgado ou doce, pode ser até umami.
Nos despedimos de agosto com o gosto das eleições por vir, dos momentos que adentram a longa espera que do inferno leva a perdição, quase igual a Milton em Praíso Perdido.
Não nos esqueçamos de olhar de vez em quando a caixa com os apetrechos natalinos, para ver se a árvore não foi carcomida pelas traças de doze meses ou se as lampadinhas ainda piscam intermitentemente, quase igual a passagem dos meses que tem sido tão rápidas quanto a freqüência dos pisca piscas.
Enfim, mais um rotineiro mês se vai dando a outro seu lugar nessa longa dança da vida, que vai fazendo 2010 se despedir aos poucos, deixando a velocidade de orquídea para velocidade de chita.
Bom começo de mês para todos, que Deus esteja cada vez mais presente em nossas vidas.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

É preciso encarar a vida


Ela tinha 90 anos e uma agenda extensa de compromissos pelo país. Presidente de uma das principais entidades em prol da inclusão de pessoas com deficiência visual do mundo, Dorina Nowill diz que é preciso entusiasmo para superar as dificuldades da vida.
"É preciso encarar a vida como ela aparece. Não se pode disputar com a vida", aconselhava Dorina Nowill, há mais de 60 anos trabalhando para que os cegos tenham as mesmas oportunidades na vida que os demais.
Paulistana, cega em uma década em que o mundo estava começando a ver, Dorina de Gouvêa Nowill nasceu em São Paulo em 1919. Com 17 anos ficou cega por causa de uma patologia ocular. Mas isso não acabou com sua vida. Ao contrário: a cegueira a transformou em uma mulher que não desiste e batalha sempre em busca de seus objetivos. Dorina adorava estudar e a cegueira não a barrou. Na época, havia poucos livros em Braille para estudantes cegos. Assim começou sua missão de vida: reuniu um grupo de voluntários e criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, que mais tarde viria a ser a Fundação Dorina Nowill.
Dorina Nowill não desistiu dos estudos e foi a primeira aluna a matricular-se em São Paulo, numa escola comum, onde estudou com alunos com visão normal e formou-se professora. Na seqüência, estudou nos Estados Unidos. Quando retornou ao Brasil, implantou a primeira imprensa Braille para produzir livros em Braille e não parou mais.
Internacionalmente, trabalhou com organizações mundiais de cegos em órgãos da ONU (Organização das Nações Unidas), na qual representa o Brasil. Recebeu vários prêmios (nacionais e internacionais) que rendem uma lista extensa.
Além de toda a atividade, ainda resta tempo para a mulher Dorina: ela era casada com Edward Hubert Alexander Nowill, mãe de cinco filhos e avó de 12 netos. Escreveu o livro “... e eu venci assim mesmo”, uma autobiografia que conta seus 50 anos de trabalho.
Conheci Dorina em uma convenção para acessibilidade e inclusão na década de 90, fico muito honrado de ter conhecido tão batalhadora mulher e hoje prantear sua partida.

Vai com Deus Dorina! Tua luta não morre hoje, nem tua história.

Dia triste mas, com visão de futuro.

domingo, 29 de agosto de 2010

Exemplos eficientes


O trabalho infantil é condenável e proibido por lei. O Estatuto da Criança e do Adolescente, que está completando vinte anos, veda até o aprendizado em condições insalubres e perigosas. Mas será que isso significa que as crianças não devem fazer nada? Até que ponto um menino pode ajudar a família nos serviços domésticos? Em Minas, um pai que educa os filhos transmitindo um ofício, orientando as tarefas.
Existem coisas que são mostradas para nós e que às vezes passam despercebidas e as vezes marcam. Hoje pela manhã, assisti ao Globo Rural pela Globo News como de costume, embora eu não seja do meio a que se destina esse programa, sempre assisto com atenção as curiosidades apresentadas e as noticias do mercado de agronegócios no Brasil.
Mas uma reportagem em particular me toucou fundo. Atualmente temos visto uma degradação dos valores da família e da criação dos filhos, a cultura dos pais ausentes gera filhos problemáticos, ou em alguns casos a exploração do trabalho infantil está na outra ponta desta tênue linha da criação dos filhos.
Em particular a reportagem sobre os meninos carreirinhos de Urucúia - MG me deixou muito feliz em ver que uma família atípica formada de Pai que ficou viúvo com filho de colo, madrasta que assumiu os filhos do companheiro e a vida simples, mas produtiva que vivem na roça.
Cedo os meninos recolhem lenha para casa dos pais e para a casa da avó a quem chamam carinhosamente de "mainha", e conciliar as atividades do lar. Mãozinhas firmes debulhando milho para servir o galinheiro. Mãozinhas nos tetos aprendendo a ordenhar a vaquinha. Vi a farra no curral, menino fazendo de conta que é peão. Compenetrado, sentadinho no banco, no be-a-bá da religião com a escola que fica à uma hora de ônibus da casa deles, assim como as brincadeiras comuns do interior, de se banhar na vereda, andar de cavalo e ajudar o pai a tocar o gado.
Imagens como essas, marcar a vida da gente e nossos pensamentos urbanos decadentes nos quais tentamos sob decreto, tentar ensinar os filhos, de onde a omissão de um estado moderno nos faz cada vez mais nos distanciarmos da família como ela foi concebida, parta ser uma instituição sólida da qual derivamos para uma vida social plena e farta.
O que mais me emocionou foi quando o repórter ao se despedir dos meninos, foi saudado com um "bença", e ele quase sem ação replicou: "Deus te abençoe" fechando com chave de ouro a mostra de um exemplo da maneira simples mas eficiente na arte de ter uma família.

Deus abençoe a todos neste domingo e em todos os outros.

sábado, 28 de agosto de 2010

Altruísmo e egoismo


Sinto cada vez mais que o mundo tem deixado de ser mais social e cada um tem enveredado mais pelo caminho do próprio umbigo. Não sei se é pelo fato de nos importarmos cada vez menos com os outros ou se isso é uma fase evolucionária do ser humano dentre as tantas que já passou, acho que deixamos de ter a fase de adaptações físicas e passamos a uma fase de evolução psicológica.
O antropólogo Sam Mac Neil disse uma vez que até 2100, o ser humano já não teria mais nenhum tipo de pelo no corpo. Até uns dois anos atrás eu ainda propagava a afirmação de Sam em minhas aulas. Hoje não mais.
Prefiro acreditar em minha própria tese de que as fases de nossas carcaças se adaptarem ao meio Darwiniano chegou ao fim. Passamos por grandes tormentos e até perdemos a cauda e a função do apêndice e do baço. Realmente acredito que não vamos nos adaptar mais ao meio, a não ser que nas próximas gerações comecemos a nos adaptar a respirar dióxido de carbono e outros gases que temos despejado a rodo na atmosfera. Mas acho muito pouco provável que deixemos de ser formas a base de carbono e nos tornemos algo bem surreal como os ET´s de Stan Lee.
Minha tese carece de base, até mesmo por que não cursei filosofia (embora o título pomposo PhD seja Philosophiæ Doctor), muito menos psicologia e nem um pouco de antropologia ou ciências sociais, que confesso achar uma verdadeira arte do não fazer nada a não ser pensar e não agir.
Sou um bom cientista de exatas, mas tenho que dar o braço a torcer e pedir ampara a estas linhas do estudo da existência do pensamento e comportamento humano, afim de delinear minha tese que estamos evoluindo ao ponto de deixarmos de ser caracterizados como seres sociais (sepultando logo aí as ciências sociais em seu todo) e perdendo nosso coletivismo altruístico em função do ser isolado ao qual estamos caminhando a ser. Egoísta e portador da verdade soberana da importância de si mesmo sem a necessidade dos outros para fazer o tão sonhado "Bem comum".
Particularmente nos vejo daqui a algum tempo, semelhantes aquela civilização caracterizada no filme W A L L - E. Onde os seres humanos ficaram reduzidos a massas inertes, preguiçosas e obesas, completamente alheados da verdade suprema da vida que os cerca e fadados para sempre a ter suas necessidades cobertas por máquinas sem precisarem mover um mínimo músculo para provar que sua insignificância é tão grande que um grão de areia ainda tem mais complexibilidade do que o egoísmo do ser humano que volta e meia se mascara de altruísmo e sai para passear com suas velhas e decréptas amigas.

Bom sábado meus amigos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Cara de palhaço, pinta de palhaço...


O ministro Ayres Brito deu uma dentro. Com a suspensão do artigo da lei eleitoral que suspende a decisão de que os humoristas não poderiam fazer piadas dos candidatos à eleição. O texto em si já é uma piada, afinal uma das grandes escadas do humorismo é o político caricato, que serve muito bem para este propósito como a grande piada, os eleitores acabam de vez em quando colocando figuras que maios tarde se tornarão piada.
Quem não se lembra de Severino Cavalcante, o rei da propina das quentinhas no congresso? Foi eleito sem a ajuda dos humoristas, mas depois que como uma grande piada assumiu a presidência da câmara e se tornou com seu jeito rude o motivo de chacota no Brasil, ganhando até uma capa da revista Veja com coroa de rei.
Prova viva de que os humoristas não ajudam a fazer propaganda política, mas contribuem com as idéias dos filósofos gregos: "aponte seus defeitos, ria suas deformidades de forma a que o riso se desencadeie a apontar o ridículo de cada ser humano".
Bem sacado para quem viveu há mais de mil anos, quando a propaganda eleitoral se resumia a um pai indicar um filho a um cargo público e nada mais, sem leis capengas que tem a falsa pretensão de moralizar um processo, quando sabemos que ela foi elaborada mesmo é com a intenção de blindar os políticos do ridículo, como forma de desumanizar os mesmos.
Ainda bem que se caiu no bom senso de que em tempos de eleição, o bom mesmo é rir das piadas dos humoristas quando ridicularizam os políticos, e rir deles mesmos tentando posar de sérios no horário eleitoral gratuito, fazendo promessas que são as verdadeiras grandes sacadas do humorismo.

Bom fim de semana a todos e fiquem com Deus!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Um Brasil dos Brasileiros?


Na visão distorcida de Michel Temer, segundo seu discurso no debate entre os candidatos a vice de Dilma, Serra e Marina. O Deputado Federal foi bem infeliz no ato de defender sua parceira.
Índio da Costa voltou novamente com seu tacape e atirou na questão do envolvimento do PT com as farc e o narco tráfico e para encerrar, deu uma forte flechada no vice de Marina o empresário Gulherme Leal: Você contrataria a Dilma para gerenciar sua empresa?
A resposta foi contundente: Não!
Na verdade como Índio disse. Dilma nunca participou de um processo eleitoral, diferente dos outros ela é um produto do PT e de Lula. Mas o que me deixou mais decepcionado, não foi o fraco bate boca dos três e sim uma declaração de Temer dizendo que o PMDB vai apoiar o novo governo incondicionalmente ao loteamento de cargos que todos sabemos que é disputado a tapas, prova viva é o cargo de vice que só tem serventia se o presidente bater as botas ou em uma impossibilidade de um novo caso Collor acontecer.
A outra foi a insípida declaração de que Dilma tem a alma paulistana e a garra do nordestino. Só esqueceram-se de falar para ele que o Brasil é maior do que Sampa e do que Garanhuns, que em sua infeliz declaração esqueceu de incluir mais de 60 milhões de eleitores dentro das fronteiras nacionais.
Prova viva de que Dilma é um factóide e que se ela morrer ficaremos a mercê de um pmdebista completamente cego (para não cair em palavra mais ofensiva) em geografia do Brasil, o que deve ser péssimo para um Presidente da República.

Muitos abraços para meus amigos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Biruta de aeroporto...


Daqui a pouco, a pré-candidata Dilma Rousseff não vai reconhecer a própria imagem no espelho. Campanha obriga a cada coisa. Dilma tem se assemelhado mais a uma biruta de aeroporto, que muda ao sabor dos ventos e de acordo com as pesquisas eleitorais.
Em outubro do ano passado a quase farc do MST invadiu e depredou uma fazenda da Cutrale, com a derrubada acintosa de pés de laranja, o que afirmou a então ministra? Isto:
“Não vamos ser complacentes com qualquer ato ilegal. Mas também não vamos ser conservadores a ponto de tratar os movimentos sociais como caso de polícia.”
Só faltava defender explicitamente atos ilegais. Como se vê, era uma fala que protegia o MST. Mas logo em seguida vem a falácia da presidenciável: “Sou inteiramente contrária a criar prejuízos aos que não são responsáveis pela política e sou contrária às invasões de terra”. Que bom, mas para ser quase uma Suíça de saias Dilma nem citou a sigla da quase farc MST.
Já em 1008, sob o auge da polêmica da lei de anistia, a guerrilheira Dilma disse: “Eu, pessoalmente, como cidadã e indivíduo, acho que crime de tortura é imprescritível”. Com essa fala, a então ministra estava pedindo a revisão da Lei da Anistia. Quando o então Advogado Geral da União, José Antonio Dias Toffoli, encaminhou parecer contrário à revisão, Dilma reagiu. O parecer da Casa Civil era bem outro: a favor da revisão. O Programa Nacional-Socialista dos Direitos, que também passou pela Casa Civil, é abertamente revanchista.
Em seguida: “Eu não sou a favor de revanchismo de nenhuma forma. Do ponto de vista da decisão do Supremo, decidiu, decidido está”.
Além disso tem a série de controvérsias acadêmicas de Dilma, ela já foi quase mestra e quase doutora, senão as duas coisas. Dilma disse que era mestre pela Unicamp no site da Casa Civil e na Plataforma Lattes; Dilma Rouseff não obteve o título de mestre, confirmou a Unicamp.
Dilma disse que era doutoranda pela Unicamp no site da Casa Civil e no Sistema Lattes. Dilma não é doutoranda, pois teve sua matrícula cancelada em 2000, por falta de inscrição, e acabou jubilada pela Unicamp.
Dilma disse na Plataforma Lattes que obteve o mestrado da Unicamp com uma dissertação sobre “Modelo Energético do Estado do Rio Grande do Sul”. Muito pomposo mas Dilma não apresentou dissertação nem obteve mestrado na Unicamp.
Dilma disse que não concluiu o mestrado porque assumiu a Secretaria da Fazenda da Prefeitura de Porto Alegre. Dilma só assumiu o cargo de secretária da Fazenda em 1986, três anos depois de ter deixado o curso de mestrado, segundo informou oficialmente a Casa Civil.
Dilma disse que não sabia das informações mentirosas em seu currículo. Pelo menos em duas ocasiões, quando foi entrevistada pelo programa Roda-Viva, da TV Cultura, Dilma ouviu impassiva as mesmas mentiras sobre seu currículo acadêmico publicadas pelo site da Casa Civil e pela Plataforma Lattes.
Dilma disse que foi presa por crime de opinião. Como lembra o jornalista Elio Gaspari, “presos e condenados por crime de opinião foram o historiador Caio Prado Júnior e o deputado Chico Pinto, Dilma Rousseff militou em duas organizações que, programaticamente, defendiam a luta armada para instalar um Governo Popular Revolucionário (Colina, abril de 1968) ou um Governo Revolucionário dos Trabalhadores, expressão da Ditadura do Proletariado (VAR-Palmares, setembro de 1969).”
Dilma disse que não participou da luta armada, que não foi terrorista. O também ex-guerrilheiro Darcy Rodrigues testemunha que uma das funções de Dilma era indicar o tipo de armamento que deveria ser usado nas ações e informar onde poderia ser roubado. “Só em 1969 ela organizou três ações de roubo de armas em unidades do Exército, no Rio”. A própria Dilma que contou, em entrevista: “Eu e a Celeste (Maria Celeste Martins, hoje sua assessora) entramos com um balde; eu me lembro bem do balde porque tinha munição. As armas, nós enrolamos em um cobertor. Levamos tudo para a pensão e colocamos embaixo da cama. Era tanta coisa que a cama ficava alta. Era uma dificuldade para nós duas dormirmos ali. Muito desconfortável. Os fuzis automáticos leves, que tinham sobrado para nós, estavam todos lá. Tinha metralhadora, tinha bomba plástica. Contando isso hoje, parece que nem foi comigo”.
Dilma disse que não tinha feito um dossiê sobre gastos pessoais da Dra. Ruth Cardoso (realmente doutora) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Dilma informou, em um jantar com trinta empresários, que o governo estava colecionando contas de FHC consideradas incriminatórias. O jantar ocorreu um mês antes da ministra tentar justificar como “banco de dados” o dossiê produzido pela Casa Civil.
É por essas e outras que não acredito muito em pesquisas, mas acredito em fadas.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Dia abençoado!


Muitos presságios ruins e fatos desagradáveis marcaram o dia 24 do mês que já tem má fama pela pobre rima com desgosto.
Nesse dia e com razão o mundo se lembra de pompéia devastada pelo vesúvio em 79DC, Alarico saqueou a rica Roma em 410 DC, Getúlio cedeu a pressão e atirou no peito em 54, Jânio teve a visão das forças ocultas em 61 e jogou o Brasil nas mãos dos generais, mas também aconteceram coisas boas neste dia.
Édson patenteou em 1891 a câmera de cinema e fez história, maradona foi supenso em 1994 por um ano por uso de drogas, a sonda Voyager 2 passou por netuno em 92 e nos deu uma visão ímpar deste corpo celeste.
Também nasceram Léo Ferré, Paulo Leminski, Jean-Michel Jarre, Sofia Duarte Silva e gente que se você se não ouviu falar é por que não conhece muito o mundo da música de qualidade, pintura, artistas e figuras da cultura contemporãnea.
Minha filinha Maria Luisa não está enquadrada em nenhum desses tipos, nem como celebridade e nem o seu dia de nascimento deve ser considerado triste mesmo com tanto preconceito com 24 de agosto.

Minha pequena folha, assim como Neruda eu te saúdo e louvo o dia da tua vinda ao mundo conturbado, mas que te deixa feliz por estar nele. Amo-te!

"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo. "

Pablo Neruda


Feliz 4 anos de idade, babo te ama.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Danke mein Freund!


Conheci o Weimar na década de setenta quando estudavamos no educandário Alves Maia. Junto com ele aprendi muita coisa na arte de gazetar aulas. Sempre fomos unha e carne durante a vida inteira, mesmo nos separando em momentos distintos da vida, mas de repente olha ele lá. Nos reencontramos no Liceu Lauro Sodré e mais tarde no Pio X, onde quase beijamos a pedra. Mas o mundo precisava de nós longe da batina, por isso fui para a universidade aqui e ele como era de familia mais abastada, foi para Princeton cursar direito.
O Aramis sempre foi uma figura ímpar, filho de Pai nascido na Lorena, fronteira com a Alemanha e França. Nunca soube precisar bem qual a nacionalidade de seu pai, até mesmo por que antes da guerra o Velho Richard era francês, durante a guerra virou alemão e depois da guerra voltou a ser francês, logo o pobre do Aramis teve que lidar com isso. O pai apaixonado por Alexandre Dumas (daí o nome do mosqueteiro) e ouvinte uníssono de Wagner, criou o Aramis numa eterna cavalgada das Valquírias, afinal a dona Ismênia, uma brasileira recatada foi para o andar de cima quando nós éramos pré-adolescentes, acho que ela foi a primeira pessoa morta que eu ví na vida e acho que o Aramis Também.
O Aramis se formou e eu também, eu casei e o Aramis também, tive filhos e o Aramis também, separei e o Aramis ficou viúvo.
Quando voltei a terrinha, a primeira pessoa que procurei foi o Aramis, cabelos grisalhos, uma vida reclusa em seu apartamento na Braz. Tipicamente o CDF, vive sozinho, enólogo profissional, procurador federal reticente, que assim como eu não sabe dançar.
Falo sério, gente como eu e o Aramis são bem raras, não por que somos bons, mas por que não nos damos conta que o mundo existe de uma maneira tão comezinha que nos alheamos a isso.
Faço essa dedicatória hoje, ao meu grande amigo Aramis Weimar, que tanto nas horas boas como nas inglórias, fez parte e faz parte da minha história de vida.
Amigo, obrigado por tudo, um abraço do tamanho de órion para você. Vamos tomar uma?

Boa semana a todos os amigos.

Nota: Foto do baile de carnaval de 1983 da AP.

domingo, 22 de agosto de 2010

Há de se ter muita fé e paciência


Quando Benjamin Moser, o festejado autor americano de “Clarice,” falou no palco da última Flip que “os brasileiros não deveriam se envergonhar de Paulo Coelho, pois ele é o segundo escritor mais lido no mundo”, vaias veementes surgiram de alguns pontos da platéia. Moser não pareceu entender muito bem. Mais provável é que nunca tenha lido Coelho, um alquimista a anos-luz da magia verbal de sua adorada Lispector.
Alquimista sim. Afinal consegue melhor que ninguém, transformar histórias bobas em ouro. “O Aleph” é mais uma prova desse talento inegável. Para quem, como Moser, gosta de literatura densa, inventiva, rica em subtextos, inspiradora e que não se esgota em uma leitura, o livro é intragável. No entanto, tem alguma chance de agradar os milhões de fãs espalhados pelo planeta ou seria mais adequado dizer “pelo universo”? Fãs que não se importam de ter a inteligência subestimada, pois querem apenas ser conduzidos e confirmar suas próprias crenças. Por que ser crítico com alguém que só diz o que se espera ouvir (ler)?
Mas a ironia, nesse caso, além de óbvia, é inútil. Pois o ocupante da cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras está claramente acima de ironias, às quais responde com números impressionantes, o carinho leal dos leitores e uma sabedoria supostamente superior. E não se pode negar-lhe o mérito de abrir as portas da percepção literária a muita gente que talvez nunca tivesse aberto um livro e que, a partir daí, tomou gosto. Então qual o segredo? Tudo bem, ele faz chover. Mas é sempre no molhado. E esse “Aleph”, emprestado de tradições milenares, mas também do bruxo “rival” (e sumamente irônico) Borges, é, com o perdão de mais uma ingênua ironia, uma tempestade na enchente. É mais uma variante do mito do herói, ou do “Pássaro Azul” de Maeterlink, em que é preciso cobrir grandes distâncias para descobrir o tesouro que sempre esteve ao seu lado.
Particularmente acho um exercício desnecessário de paciência aturar as 256 páginas de tormento pseudo-literário, afinal apesar do sucesso, J.K. Rowling e Dan Brown também venderam mais que Saramago, mas com certeza não vão se igualar nunca a beleza de uma construção memorável.
A espinha dorsal do livro se curva sob o peso da banalidade do texto. Não há nenhum cuidado com o chamado “fazer literário” um garoto ou garota de 14 anos seria capaz de escrever 70% do livro. Nem parece ser esse o objetivo de Coelho. Literatura não é com ele. Como coloca em “O Aleph”, para escrever basta amar. Sua crise de fé, crise no casamento e bloqueio para escrever elementos que se confundem nas exaustivas 256 páginas do livro seriam, então, falta de amor. Ou falta de perdão. O infinito Aleph já foi infinitamente melhor representado.

Para quem se dispuser a tal fardo... Bom domingo

sábado, 21 de agosto de 2010

Mais uma...


Quando eu era criança, esperava ansiosamente as festas de final de ano, me lembro bem que meu pai comprava roupas novas para todos nós em um crediário e ceávamos no natal e esperávamos o ano novo na porta de casa enquanto os vizinhos vinham de porta em porta desejando votos de dias melhores.
Com o tempo isso passou, e a empolgação também, hoje mais vejo com olhos de datas quase festivas mas como dias normais.
Com esta mesma visão de pouca empolgação vejo estas eleições; promessas vazias, gente corrupta querendo continuar ou entrar para avidamente consumir o dinheiro público e causar inveja futura com enriquecimento ilícito.
Não gosto de Dilma, mas fico estarrecido com Serra quando ele promete coisas que beiram o paliativo como se fosse a nova descoberta da pólvora. O ato de criar um ministério da segurança é um exemplo.
Afinal temos uma segurança quase inexistente, uma tolerância ao crime por parte de autoridades mal aparelhadas e mal pagas, que buscam no "bico" ou no crime o complemento de sua renda.
Fico pensando no que um ministério da segurança surtiria de efeito para nossa falta de segurança? Afinal um ministério é um cabide de empregos para várias cabeças pensantes que só tem um objetivo: mamar nas tetas dos cofres públicos com salários pomposos e para enfim blindar seus carros e aumentar a segurança dos condomínios de luxo em que moram. Nada mais.
Lembro de quando era mais jovem, ter uma tranqüilidade quase paradisíaca para andar pelas ruas em horas tardias após vir do lazer da madrugada. Hoje isso é algo impossível de se fazer a não ser que você seja do universo do crime. Na verdade o que nossos políticos deveriam fazer mesmo, não era prometer coisas que não surtem efeito prático e sim consertar o que existe de maneira deficiente. Mas isso não enche os olhos, não dá voto aumentar o salário de delegados e policiais, não dá voto comprar armas modernas e consultar especialistas em problemas de segurança de países que já passaram por crises bem maiores que a nossa e superaram isso.
Lembro quando Rudolph Giuliani assumiu a prefeitura de Nova Iorque e implantou a política de tolerância zero, muitos políticos reprovaram o ato, por questionarem que feriam os direitos constitucionais dos cidadãos americanos, mas na releeleição de Giuliani provou-se que o crime foi combatido e reduzida a taxa de criminalidade naquela cidade. Ponto para ele, que ainda lutou contra um câncer durante a luta contra o crime.
Criar ministérios, decretos e outras bobagens politiqueiras, soam bonito na tela na hora da propaganda, mas na prática mesmo, só conheço um decreto que acabou com a criminalidade e com quase tudo que se chama de direitos humanos, chamava-se AI 5.

Sábado de luta amigos.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Lula, o Donatário


O presidente Lula se despedindo da Presidência no programa eleitoral de Dilma Rousseff, com a música "entrego em suas mãos o meu povo" me lembrou o pior do Brasil. O Brasil dos donatários e das famigeradas Capitanias Hereditárias. Como se não fosse suficiente, ainda há o discurso que infantiliza o povo brasileiro com essa história de pai e mãe do povo. Pura bobagem, como se fossemos crianças órfãs até a posse de Lula.
Desde o "Coronelismo, enxada e voto", de Victor Nunes Leal, o Brasil conhece bem esse pior lado. O do patrimonialismo brasileiro, do qual nasceram outros defeitos: o populismo, o paternalismo, o clientelismo. Com a manipulação das massas, os donatários do Brasil mantêm o poder e o entregam aos seus herdeiros. Além do "deixo em suas mãos", há ainda a ameaça continuista implícita: "Mas só deixo por que vais continuar o que eu fiz". Como se Lula pudesse decidir não passar a Presidência à pessoa que for eleita este ano.
Ninguém duvida que apelos emocionais funcionam em campanha eleitoral. Mas não garantem eleição. Difícil esquecer até hoje o contagiante "Lula lá, nasce uma estrela, Lula lá". Ele perdeu aquela eleição. São muitas as razões do voto e a história eleitoral brasileira é curta demais para que sejam traçadas leis gerais. Mas espera-se que ela não se explique pelo retrocesso por essa visita ao passado.
Por exemplo, a economia americana estava em um dos seus melhores momentos no filnal do governo Bill Clinton e mesmo assim Al Gore perdeu. É bem verdade que Al Gore quis distância de Clinton por causa do escândalo Mônica Levinsky. Se por acaso naquele momento o presidente democrata fizesse uma campanha paternalista cantando e entregando o povo americano nas mãos de Gore como se este fosse um feudo, certamente causaria uma rejeição ainda maior. Mesmo por que lá eles não acham que eleitores passam de mão em mão como uma massa sem vontade própria. Nem mesmo ocorreria a um presidente escolher pelo partido quem deve concorrer a sua sucessão, por que existe o saudável ritual das primárias em que os candidatos enfrentam o desafio de convencer seus próprios militantes. Aqui, nem o governo nem oposição escolhem postulantes de forma transparente.
Vale lembrar que assim como a prática de Portugal em instituir as capitanias para o bem do Brasil se tornou um grande fracasso que só consta nos livros de história para decoreba assim como os afluentes da margem esquerda e direita do Amazonas. Talvez o grande feudo Lulista da estrela torta esteja fadado ao mesmo destino se os órfãos brasileiros aprenderem a votar.

Bom final de semana abençoado para todos!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Macacos Rambo X


Muitos pensavam que faríamos igual aos norte americanos que fazem crise por tudo até por serem chamados de feios. Mas a estreia do filme Z de Stalone e seus milicos bombados da geração woodstock, como Arnold, Willis e só faltando Seagal para completar a panela do caldo de um filme fadado a um fracasso tão sólido quanto aço em rebordo de ustulação.


Não precisamos fazer piquete em porta de cinema para boicotar o filmeco de Mr. Rambo. Basta dar uma olhada na sinopse do "filme" para ver que o rendimento vai estar atrelado a pessoas como meu pai que vê qualquer coisa que tenha movimento nos filmes em DVD que lhe mando. E diga-se de passagem que papai ainda tem um gosto um pouco refinado perante o roteiro antológico de Mr. Rambo.


Ora vamos ser honestos, uma fórmula tão batida como esta, embrulhada, azeitada e passado um verniz bem ordinário, tenha a pretensão de posar de Avant premier do cinema de ação, que diga-se de passagem já teve seu expoente em tempos bem remotos.


Para nós, basta ver que os 60 mil doados a prefeitura de Mangaratiba para a construção de uma estátua memórial de Mr. Rambo, soa no mínimo como a piada pronta do ano. O que Muito me espanta foi uma reportagem da Globo comparando essa proeza de Mr. Rambo a da Diva, eterna musa Brigite Bardot, que ganhou uma merecida estátua em búzios de onde faço questão de me sentar em seu colo e relembrar um cinema, aonde não fui chamado de Jeca que doa macacos de brinde a babuínos anabolizados e bem velhos para o que fazem assim como Jagger caiu em si e resolveu aposentar de vez os Stones. Mr. Rambo já deveria saber a hora de parar com honras e não como a piada do mês.


Saúde às contas penduradas Mr. Rambo!


Abraços da quinta para todos.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Vinho doce, crítica ácida...


Os primeiros goles de vinho entraram na boca de Jonathan Nossiter como remédio. Ele tinha apenas 2 anos de idade quando seus pais instilaram pequenas doses na dieta dos quatro filhos para mantê-los mais comportados. Era uma família americana em Paris – e adepta do costume francês de beber às refeições. Seduzido pelo encanto dos tintos e brancos, Nossiter começou a montar uma adega na adolescência. Uma década mais tarde, o vinho passaria a ser seu ganha-pão.
Hoje, aos 48 anos, Nossiter mora no Rio de Janeiro (ele se naturalizou brasileiro no início deste ano), onde tenta conciliar duas carreiras: sommelier e cineasta. Suas cartas de vinhos estão em restaurantes no mundo todo. Seu documentário Mondovino, de 2004, concorreu à Palma de Ouro em Cannes e rendeu uma série para a TV já exibida em 20 países.
Nesta semana, Nossiter abraça uma terceira carreira: escritor. Ele lança no Brasil o livro Gosto E Poder – Vinho, Cinema E A Busca Dos Prazeres (Companhia das Letras, 298 páginas, R$ 49, tradução de Hildegard Feist). A obra retoma – e leva adiante – pontos centrais apresentados em Mondovino. Suas teses: 1) as forças do mercado – críticos, donos de restaurante e importadores – definem as características que levam ao sucesso de um certo tipo de vinho; 2) isso favorece os grandes produtores que aderem a esse gosto médio e destrói os sabores regionais característicos; e 3) o gosto acaba sendo ditado por quem tem poder.
Como seu controvertido filme, o livro provocou reações desde que foi lançado na França. O influente crítico americano Robert Parker – um dos nomes que Nossiter considera responsáveis pela tendência mundial de produzir vinhos cada vez mais encorpados, alcoólicos, com sabor de carvalho e doces como xarope – acusou o autor de “estúpido” e “intolerante”. Parker é um dos alvos preferidos de Nossiter, ao lado do enólogo francês Michel Rolland (um projetista de vinhos que, no Brasil, prestou consultoria à vinícola Miolo) e da jornalista britânica Jancis Robinson (autora do Atlas mundial do vinho). Ao trio de antigos desafetos, soma-se no livro o espanhol Victor de la Serna, editor do jornal El Mundo e também vinicultor. “Ele é um tubarão, totalmente antiético, usa o jornal para promover seus vinhos e sua região”, diz Nossiter.
Dependendo de como se lê Gosto e poder, parece haver uma guerra no reino das uvas. Nossiter está no front ao lado de pequenos vinicultores da Borgonha e de algumas regiões italianas, os poucos que, segundo ele, ainda não venderam a alma e mantêm em suas garrafas o gosto tradicional do vinho ligado à terra – conhecido pela expressão francesa terroir –, em vez de se sujeitar ao sabor médio globalizado. O terroir, terreno cujas características de solo, clima e plantas definem a identidade do vinho, é para ele um patrimônio da humanidade. A indústria e o marketing, os inimigos a combater.
Seu livro tem o mérito de nos fazer refletir sobre a corrupção no mercado de vinho, sobre os critérios artificiais que interferem na formação do preço de cada garrafa, sobre a formação de um gosto padronizado em todo o mundo e sobre o esnobismo ridículo do “enologuês” usado por quem se diz conhecedor de vinho. Depois de ver no cardápio do L’Atelier Rebouchon, em Paris, uma garrafa de um jovem vinho espanhol a 803 euros, Nossiter escreve: “O consumo do vinho, alçado ao pedestal do luxo, despojado de qualquer relação com prazer e descoberta, torna-se uma descarada expressão da intimidação psicomercantil que chega perto do roubo”. Nem é preciso ter bebido para concordar.
Vale a pena conferir.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pesquisas no reino de Oz e debates no buraco do coelho


O que nos leva em período de eleições a fazer uma série de considerações bem distintas? Uma delas são as famosas pesquisas eleitorais, afinal, será que no reino probabilístico das estatísticas as pesquisas mostram realmente a vontade do conjunto universo populacional ou são apenas mecanismos de estímulos para que se faça o eleitor pensar: - Ah, não vou votar em fulano pois ele está abaixo nas pesquisas.
Sinceramente acho as pesquisas um grande desserviço para um processo eleitoral, pois a função dela não é de informar e sim de estimular um processo onde o conjunto universo de indecisos acaba se decidindo pelo candidato dianteiro, igual a uma corrida no jockey clube, quase um grande prêmio Brasil em São Paulo.
Deviam ser analisadas pelo crivo da justiça eleitoral como ferramenta de campanha, mas como na maioria dos casos ela serve aos propósitos de quem está no poder, como atualmente, colocando Dilma na dianteira. Acho uma grande imprudência se aparecesse uma boa alma que propusesse dizimar as pesquisas do processo eleitoral brasileiro.
Mas assim como elas podem traduzir um resultado certeiro, também podem traduzir um erro infame. Presenciei isso uns seis anos atrás quando estava em São paulo e assisti no jornal nacional uma pesquisa que colocava uma candidata a prefeitura da capital onde eu morava como vencedora em primeiro turno. Ledo engano, ao desembarcar na capital, dei de cara com os jornais noticiando a vitória do atual prefeito na época que acabara de se reeleger em primeiro turno. O que faz das pesquisas uma verdadeira estrada de tijolos amarelos indo de encontro a um mágico fajuto.
Já o outro extremo da vaidade política, os afamados debates, deveriam realmente ser levados a sério, afinal é um momento ímpar, onde a pessoa do marqueteiro e do diretor e da mesa de edição dos partidos políticos, não podem aparecer para dar uma luz numérica ou uma dica de ataque ao candidato. É algo cara a cara e coragem, acima de tudo preparo técnico e domínio do que se vai propor ao vivo. Mas já tivemos reviravoltas em debates como a que Mário Covas deu em Afif Domingos e debates editados como Collor e Lula. Mas já aprendemos o suficiente para não empreender em erros homéricos no ato de votar. Sinto hoje o universo político decair mais ainda, ficar corriqueiro. Propaganda eleitoral no rádio e TV é gratuita e como tudo que se dá de graça é desperdiçado, com ela não é diferente.
Um hiato se forma em nossos pensamentos, afinal os debates deveriam ser a única ferramenta de propaganda, semanal e em cada emissora, já que é pra dar incentivo fiscal às emissoras geradoras pelo menos que se dê um espetáculo que preste. Afinal o horário eleitoral que se diz gratuito, é bancado pelo erário e deve custar uns 800 milhões esse ano só em renúncia fiscal em prol das emissoras de rádio e TV.
Mas façamos um pacto atual, se debate nesse momento desse o efeito desejado, Plínio de Arruda Sampaio estaria na dianteira fazendo Dilma, Serra e Marina comerem poeira, e os nanicos restantes estariam na toca do coelho de Alice.
Lewis Carrol que me perdoe, mas chapeleiros malucos o Brasil tem 180 milhões para tomar chá, ele só tinha um.

Um forte abraço da segunda feira.

domingo, 15 de agosto de 2010

A sombra da ética na lei



O filósofo Kant ajudou a trocar o combustível da ética de Aristóteles da lenha para os hidrocarbonetos. Nas críticas da razão pura e da razão prática, Kant não trata de nenhuma virtude e prefere falar na profusão do dever, na obrigação do dever, na liberdade ilimitada e compartilhada, no direito como limitador das liberdades.
Kant dizia que só era moralmente legítimo (justo) o direito (lei) que garantisse a cada cidadão uma liberdade de ação compatível com a dos outros. A ética das normas passa a ter uma nova leitura com J. Raws, um dos maiores filósofos americanos, redefiniu justiça, não como uma virtude. nem um direito, mas sim como princípio fundador de uma sociedade bem ordenada. Em sua obra maior, a Teoria da Justiça, Raws procurou uma via de como conciliar direitos iguais em uma sociedade desigual, lançando a base dos fundamentos éticos-jurídicos do moderno Estado de bem estar social.
Floresce o princípio ético do autruísmo. A palavra igualdade dá a vez à equidade e o tribunal da consciência sobe um degrau. Para Raws, não mais é suficiente as leis serem aprovadas com sólidas maiorias e atender as regras da democracia para serem justas. Raws demonstra que nem todos os atos legítimos do governo são atos justos e o dia que apartir de certo grau de decisões injustas corroem a legitimidade dos atos do governo.
Baseado nas premissas de Raws, eu contesto algumas afirmações do ex-ministro Eros Grau, afinal para quem já esteve no topo do supremo tribunal, algumas afirmações do magistrado quanto a inconstitucionalidade da lei da ficha limpa são até mesmo bem incipientes para um juiz de suma presença no supremo.
Ao dizer que a lei da ficha limpa, mesmo se baseando na vontade popular, um juiz não deve levar em consideração a euforia do povo é admissivel, mas comparar a criação de uma lei, de um advento sério, que tem por objetivo satisfazer a necessidade de barrar os candidatos corruptos com um linchamento, que se faz por motivação emocional por caso efêmero de histeria popular é simplesmente atestar que grande parte da população não lê Raws (incluido ele pelo jeito), mas a pequena parte que o leu, infelizmente para o ex-ministro são verdadeiros brasileiros inexistentes.

Bom domingo

sábado, 14 de agosto de 2010

Tiriricas desconhecidas


É, depois de dois dias de ausência do coisas da vida net, estou de volta, aproveito para justificar que viajei e deixei os artigos prontos mas a mente efêmera de minha assistente falhou na senha do blog.
Coisas da vida mesmo...
Bom Estive pensando com os meus botões e de volta da terra do Big Ben, percebi que algumas coisas em matéria de informação tenho que olhar mais o tal de twiter, pois já tem virado jargão. "...Se não aconteceu no twiter simplesmente não aconteceu."
Em 1938, Clark Gable, o astro do cinema mais famosos do mundo, às vésperas de ...E o vento levou e William Faulkner, já célebre desde 1929 por seu romance O Som e a Fúria foram apresentados em Hollywood. Gable, magnânimo, perguntou: Em que o senhor trabalha, mesmo senhor Faulkner? E Faulkner com certo tédio respondeu: Sou escritor. E o senhor? Nem um dos dois tinham ouvido falar um do outro.
Desinformação semelhante se deu comigo em 96 quando caiu o avião com o conjunto Mamonas Assasinas. No dia seguinte comentei com um amigo: Só ontem, e apenas por que o avião caiu e inundou os noticiários, é que ouvi falar dos Mamonas Assasinas.
E ele ainda mais obturado que eu me disse: Estou ouvindo falar agora por você.
Nos ultimos 20 anos em que andei publicando coisas, sempre me deparei com gente, que nunca tinha visto, comentando sobre meu trabalho e com algumas cotoveladas nas costas, minha assistente me alertava que se tratava de algum 15 minutos de fama.
Há poucos dias fiquei sabendo que existe uma cantora chamada Lady Gaga. Sabendo pelos jornais, é claro, por que nunca ouvi sua voz e nem a vi em ação. pelas fotos me parece um derivado de Madona, de quem também demorei um certo tempo para saber da existência.
Não é esnobismo nem blasé, escuto pouco rádio e assisto ainda menos TV, e em matéria de música esses veículos não tocam nada que me interesse.
O fato de que até um alienado como eu ter se dado conta da existência de Lady Gaga, é um atestado da fenomenal popularidade desta artista, o que me leva a pensar em um caso contado por Eliane Cantanhêde da Fohapress de que em uma visita a um hospital da Rede Sarah, feita por Lula, Dona Marisa e Dilma, tenha levantado uma questão bem curiosa. Quando a presidenciável perguntou a uma garota que se recuperava de um tratamento se ela a conhecia, a convalescente simplesmente disse sem titubear: Voce é a Dilma, mulher do presidente!
Acho que dona Mariza não teve muito o que conversar com a garotinha.

No mais, deixo a frase de campanha do Tiririca: "Votem em Tiririca, pior do que está não fica!"
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