sábado, 26 de junho de 2010

Sem um pingo de Juízo (final)



Têm certas horas que buscamos em nossas mentes qual a maior demonstração de falta de juízo que tivemos ao longo da vida. Nesse momento percebemos duas coisas básicas: Uma que nossa vida não foi tão curta e duas: fizemos tantas coisas idiotas ao longo dela que nem temos como fazer uma introspecção mais densa e achar todos os fatos de nossas homéricas faltas.


Sabiamente procuramos corrigir nossas falhas e remendar os buracos da colcha e colar os caquinhos, mas no fundo no fundo, sabemos que vamos voltar a estaca zero e fazer tudo de novo.


A vida é assim. Certo dia, perguntei a uma pessoa da qual tenho grande admiração se a preferência dela era por homens românticos ou cafajestes. Preferia-se que um cara lhe mandasse flores, fosse sincero, lhe dissesse que a ama e fazer declarações desse amor ou o contrário?


Sabe o que ouvi como resposta? Nem duvidem muito. A preferência é pelos cafajestes, para os caras realmente imorais, do tipo daqueles que limpam o p... na cortina depois do ato.


Fiquei meio perplexo. Achava que as pessoas hoje em dia eram mais chegadas ao romantismo. Eu mesmo nunca fui muito de caraminholices, nem dengo. Não que eu seja um insensível ou depravado! Longe de mim tal possibilidade. Mas acho que depois de certa idade, a safadeza ou se cura ou se deprava de vez.

Não vou começar com essa linha pseudo-moralista por que estou longe de ser isso. Ser errado; acho que é da índole do ser humano. Até Deus reconhece isso, quando Salomão disse em oração após a construção do primeiro templo: O homem é pecador, pois nunca deixará de sê-lo. Nossa, então acho que podemos nos despir do véu da moderação e calçar as sandálias da volúpia, por que depois dessa resposta. Fico cada vez mais convencido de que minha mãe tem razão, quando diz que eu não tenho um pingo de juízo. Afinal não sou só eu, mas a torcida da copa inteira.

Mas, em se tratando de juízo ou a falta dele, vamos convir que a humanidade está precisando mesmo é de mais amor, mas gente confiante no futuro, mais gente que saiba conduzir este futuro. Ficar esperando que o futuro venha e não tomar parte dele no vagão do sucesso é pura bobagem.


Temos que ser mais dinâmicos, garra, força. Vi o jogo entre Coréia do Sul e Uruguai agora à tarde e sei do que estou falando. Garra, lutar até o ultimo segundo em busca do objetivo. Então, no fim de tudo, não se morre na praia.

E tenho dito.

Grande sábado e beijo no coração.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Pátria das Chuteiras Temporárias


Após uma intensa chuva aqui na mangueirosa, finalmente passou e eu pude escrever. Esta semana tem sido uma grande correria, sempre temos que fazer as coisas às pressas, baseados no calendário dos jogos da copa. Ir ao banco antes do jogo, fazer compras antes do jogo, tomar banho antes do jogo, fazer qualquer coisa antes do jogo. Pois durante, não se pode fazer nada. Claro que temos algumas saídas criativas, como por exemplo, uma pessoa muito intima minha (que não quer que eu cite seu nome neste texto, mas que adoro de paixão) que usa o horário do jogo para acessar a internet; que se torna menos congestionada nesse intervalo.


Sapiência infinita. Mas quando temos esse corre-corre, é bom que seja apenas de quatro em quatro anos, mas a brasilidade se manifesta de maneira intensa nesse período e depois o jejum de Brasil. Parece até que só podemos ser brasileiros nos períodos de copa do mundo, isso se a seleção canarinho for para a final, pois quando isso não acontece, bandeiras e patriotismo são derrubados e estilhaçados.

Mais patriotismo só quatro anos depois. É muito triste ver esse comportamento, só se canta o hino em jogos, e ainda assim cortado, duvido que a Marselhesa tenha sido cortada na hora do Marchons, marchons!


Mas é isso, no Brasil temos periodicidade até para o patriotismo, assim como a árvore e as guirlandas de natal tem prazo para ficar expostos, na festa de Reis, o patriotismo brasileiro também tem, chama-se final de jogo.


Não sou forte admirador dos norte-americanos, mas nessas muitas andanças, lá em Atlanta na Geórgia tive a oportunidade de ver o patriotismo americano, expresso pela vivacidade das pessoas com quem conversei sobre a bandeira hasteada nos telhados e jardins das casas em dias comuns que não o quatro de julho. E olha que eles nem são fãs do nosso futebol, mas daquele arremedo de esporte grotesco que eles jogam com a mão.


Mesmo assim independente do período, lá estava o pavilhão tremulando e se exibindo.
"And the star-spangled banner in triumph shall wave O'er the land of the free and the home of the brave." E a bandeira coberta de estrelas em triunfo ondulará a terra do livre e a casa do valente.

Mas vamos dar razão a James Monroe e sua doutrina da América para os americanos. Eles são eles, nós somos nós. O futebol é nosso e a mania de tentar ensinar as coisas certas são sempre as deles é deles. Fico torcendo para que o jogo contra os Lusitanos seja favorável, afinal, diferente da maioria, sou patriota a vida inteira, o futebol para mim que é de quatro em quatro anos.



Pra frente Brazil!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Kung Fu Tsé


Salve a mangueirosa!


Uma semana alegre, tenho evitado falar em jogo do Brasil, por que já tem gente demais falando nisso, mas na sexta os canarinhos enfrentam os lusitanos e vamos ver no que dá.


Afinal a busca da glória eterna é sempre uma ambição das maiores da humanidade, Confúcio (Kung Fu Tsé 551 a.C. - 479 a.C) tinha grandes iluminações sobre muitos temas, mas sobre a vaidade e a ambição, são as que mais me chamam a atenção, mesmo que o famoso discurso do eu sei que você sabe que eu sei... Já esteja meio batido, a conversa clássica sobre respeito ainda é muito atual. Ontem o presidente Lula esteve aqui, seu otimismo em visitar a região norte nos faz pensar que ele tenha medo de pegar alguma doença infecto-contagiosa, pois sua visita de médico, que nem faz firula, foi tão rápida (como as demais aqui no norte) que nem deu tempo da população de Altamira vaiá-lo o suficiente pelos anos de abandono. Tudo bem que ele veio por um motivo que eu acho importante, o lobby pela hidrelétrica de Belo Monte. Mas ao lado da governadora do Pará (que não conta com uma boa imagem, dadas as deficiências do Estado nos últimos anos), a ovação que ele esperava surgiu na chuva de vaias. Com um jeito meio que malandro (que é típico dele), pediu para o povão baixar as faixas de protestos para ele poder ver a cara deles (no bom estilo te pego lá fora) e depois quem quisesse poderia vaiar a vontade.


Tática de negociação em crises, Lula tem feito seu dever de casa como estadista. Mas o retoque final foi a circulação do helicóptero pelas redondezas da cidade. Coisas do tipo: vamos dar um tchauzinho da de cima pra sermos bem expeditos.


Lula até que tenta, tem buscado a glória no ápice de sua vaidade e a ambição de deixar sucessão, atitude tipicamente animal, de deixar seu DNA prevalecer, como na natureza fazem insetos e outros seres vivos.


Cada vez mais me conformo que não é a população que não sabe votar, mas sim as pessoas que se mostram depois do poder. Que nem me dizia um amigo: Quer saber quem é verdadeiro? Dá um poder pra ele.


Confúcio tinha muita razão quando escreveu que os homens perdem o tempo precioso buscando a glória e quando a conseguem não tem mais tempo para desfrutá-la, pois o tempo é curto. A vida é curta. Curtamos a vida.
Pensamos ansiosamente no futuro e esquecemo-nos de viver o presente, vivemos como se nunca fossemos morrer e morremos como se nunca tivéssemos vivido.

Boa quarta feira para todos!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Anima Mundi


O latim com certeza é uma língua desprezada, morta não, pois para estar morto tem que se estar esquecido. E esse ainda não é o caso do latim. Posso afirmar que no rol dos sepultos, o sânscrito, o aramaico, o chadiano, o amárico, o osco, o umbro, o etrusco; podem fazer parte deste vasto jazigo de vernáculos falecidos.

Pois o latim ajudou a colocar a pá de cal sobre eles. O latim está presente em tudo; ainda circula livremente na biologia (Tapirus terrestris), no direito (qual advogado que você conhece não adora os termos ad Hoc e Hábeas Corpus?), nos contratos (ad referendum), nas terminações lingüísticas do qual é pai de línguas inimagináveis como o romeno, por exemplo. A igreja já o defenestrou a um bom tempo, pois quando eu fui seminarista (nem parece não é?), aprendi latim clássico (estamos nos referindo ao latim da época de Cícero, César e Sêneca) e as conjugações do verbo amar que não me saem da cabeça ate hoje nas palavras do padre Hemetério Alixandre (é isso mesmo!). Hoje não mais. Aprende-se o grego: ped agogós (isso é grego!), mas ao grosso modo quer dizer linguagem infantil. Que tem sido comum para os eclesiásticos nesses tempos cabeludos de ped phillos (isso é grego!), e nem vamos entrar no mérito de sua tradução.


Portanto, podemos distinguir o latim erudito em latim clássico e latim eclesiástico. Quanto aos dialetos, podemos dizer que não há dialetos latinos, uma vez que as variações populares da língua se transformaram em outros idiomas autônomos, como o português, francês, espanhol, o italiano e o infame romeno.


Temos também o não esquecimento de diversas palavras vivas que fazem jus ao latim clássico, como o texto do nosso artigo de hoje, que na interpretação comum do nosso leitor, parece que a maior feira de animação do mundo tem esse nome simplesmente por ser relacionada a animar o mundo. Mas na verdade o que é animar? Em nosso bojo cerebral vem logo a projeção de alegria, movimento, desenhos, estado de graça.


Anima na verdade se relaciona com tudo isso, mas seu âmago mesmo é de ALMA, a alma do mundo; podemos dizer que a alegria é a alma do mundo. Proposital ou não, o título do “anima mundi” é bem sacado para representar o que a alegria faz parte da vida, da alma, da essência de cada um de nós. O latim está mais vivo do que nunca, diferente do romeno que só e lembrado quando há necessidade de falar sobre o príncipe Wlad (o famoso Drácula de Bram Stocker). Ou há alguns anos quando o último ditador romeno Nicolae Ceauşescu foi executado pelo regime que o substituiu em 1989. Fora isso, acho que o latim continua vivo meio que acanhado, mas vivo; a beleza de sua sonoridade foi bem divulgada quando Mel Gibson resolveu fazer o seu “Paixão de Cristo” em original aramaico e latim (para os romanos apresentados na película). E mundo (ou mundi) afora podemos sempre contar com ele para amparar nossas deficiências lingüísticas e até encontrar fatos curiosos a cerca da formação das palavras. Com certeza o latim não passará, eu passarinho.



Nunquam Latinus mortus est Şi eu te iubesc şi îmi este dor de tine.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...