sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Um mundo melhor

Depois de muito tempo pensava que o conceito de família tinha se dissolvido entre as idéias modernas em que pai, mãe e filhos nunca mais se encontrariam para momentos felizes de almoçarem juntos, viverem juntos e socializarem suas vidas e experiências na comodidade do lar.

Já tive em meus tempos, os conceitos de família bem tradicionais, vivencias com pais e filhos e sobrinhos e um dia quem sabe netos.
Hoje considero minha vida mais madura, mais feliz e até mesmo mais promissora que os conceitos tradicionais dos valores familiares.

Almocei muitas vezes no carro enquanto levava minha filha para escola, perdi muitos momentos ímpares da vida familiar, muitos natais, muitas festas em família, muitos, tudo.

Depois que enterrei meu pai, meus amigos e muita gente que hoje não esta mais conosco, resolvi desterrar estes valores e encontrar uma maneira criativa de ter minha família, seguindo meus conceitos e meus valores e não a tábua de eventos seculares existentes no universo desde que Adão deixou o Éden.

Vejo que hoje a família que conquistei, para alguns pode não ser a ótica do tradicional ou até mesmo exótico demais para outros, mas se assim encontrei a felicidade que o convencional modo de vida dos pobres mortais não me entusiasmava me pergunto: E por que não?

Quantos tradicionalistas podem levantar a mão e bater no peito e dizer: Sou feliz?
Acredito que seria purismo se eu dissesse que descobri a pólvora, mas a meu modo acho que inventei mesmo foi a roda, prova viva que a roda viva tem me trazido mais sabores do que a roda parada onde estagnei anos e anos chovendo no molhado.

Acredito em um mundo melhor, não acredito nas pessoas, nem na que dorme comigo tenho o depósito integral do benefício da ausência total de dúvida. Quando se leva muitas quedas na vida, o conceito de tolerância cresce, mas o de desconfiança acompanha.

Mesmo dormindo com os olhos abertos, acho que a melhor maneira de se viver intensamente e ter uma família feliz é encontrando todas as formas de amar e se sentir amado, só assim estamos vivos e iguais a elefantes, sempre prontos para viajar.

Beijos do fim de semana em especial ao meu filho Petico, labrador que aprendi a amar.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

As areias do deserto


-Eu conquistei Áqaba!

Assim o tenente inglês T.E. Lawrence anunciou para seus superiores que tinha iniciado uma revolta de proporções cataclísmicas no mundo árabe no século passado. Entrando para história e depois imortalizado por Peter O’Toole no fantástico: Lawrence da Arábia, de David de Lean.

De Bagdá até Gaza, um misto de apreensão se inflamou esta semana. Após uma grande revolta que culminou com a queda do presidente-ditador Hosni Mubárak no Cairo, emocionou e deu esperança e inspiração a milhares que vivem oprimidos sob regimes autoritários e ditatoriais no mundo árabe. E também forçou opressores a emitirem um posicionamento público reconhecendo, quase a contragosto, a vontade dos egípcios.

No entanto, apesar dos tremores revolucionários, é muito difícil que outros alicerces do mundo árabe tremam diante da queda de Mubarak, desestabilizando assim uma região já conturbada desde sempre. Em países como a Síria, Arábia Saudita e Jordânia esta possibilidade é quase nula.

Apesar do entusiasmo quase purista e jovial, a sombra da revolução egípcia deve recair sobre regimes menos expressivos no tabuleiro geopolítico global. A pobreza extrema dos iemenitas preocupa; afinal Bin Laden não despejou reservas quando passou por lá. Assim como a insatisfação jovem da Argélia, cujo presidente Abdelaziz Bouteflika já proibiu manifestações públicas. No Bahrein, único país no Golfo Pérsico ameaçado, onde a maioria xiita condena a monarquia sunita, o governo esta oferecendo mesada a cada família do país numa tentativa de aplacar a insatisfação.

A monarquia absolutista saudita, maior aliada dos americanos e uma das que mais restringem os direitos civis de seu povo, não se pronunciou, deve estar seguindo a política de Washington de “abil nos lábios”. Há poucos dias, inclusive, preocupado como desfecho da crise no Cairo, o Rei Abdullah chegou a se oferecer para bancar os 1,5 bilhões de dólares em ajuda econômica ao governo Mubarak, casa a Casa Branca desse para trás.

Apesar do medo causado pelas incertezas de mudanças e de uma nova ordem nas peças do tabuleiro, em Riad pesa a favor de Abdullah o fato de que ele não é odiado pela ultraconservadora sociedade saudita que, em geral, se mantém fiel aos velhos costumes tribais.

Se os analistas políticos acreditam que a Jordânia estaria a salvo de uma revolução popular por que apesar da crise econômica, a figura de Abdukllah é unanimidade mesmo entre a parcela religiosa da população, haveria ainda outro governo protegido pelas circunstâncias regionais: a Síria de Bashar AL-Assad.

Pena que David Lean já esteja no andar de cima e que Peter O’Toole já esteja velho demais para reviver a sagacidade de um jovem tenente. Mas a população em si tem tido tantas vitórias quanto o jovem “Orence”, ao subir nos minares de Aqaba!

Domingo de glórias ao povo egípcio, pós-faraó.

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