Hoje é um dia histórico em minha vida, na manhã de ontem (27/01/2011), casei a beira do lago, jurei meus votos mais profundos, entreguei minha vida nas mãos de meu amor. Abri meu coração diante de patos marajoaras e tucunarés submersos.
As testemunhas de meu enlace foram as bétulas e as acácias e as begônias e as bromélias do lago. Jurei amor eterno, e amor eterno me foi jurado. Abri meu coração de tal maneira que se fosse mais físico teria meu peito aberto e exposto. Se preciso fosse, me arrancaria a tampa do externo.
Nunca em minha vida havia experimentado tal júbilo, mesmo tendo tido grandes amores (ou será que foram pequenos amores? Será que foram amores?) antes. Mas o que importa mesmo é que apesar da natureza diferente desse amor, afinal temos muito pouco em comum em personalidade, mas nossa comunhão é perfeita quando os opostos realmente se atraem, e nesse caso se atraem mesmo. Em todos os sentidos.
Ah como estou feliz, sinto que estes altos e baixos pelos quais tenho passado são apenas provações desse amor, afinal ele ficou adormecido por mais de um ano e quando aflorou novamente, foi avassalador em seus efeitos e conseqüências que mudaram minha vida radicalmente e não tenho nenhum arrependimento disso. Afinal não tenho mais medo.
Agora estou indo em direção contrária do meu amor; recém casado, tive que me ausentar em plena lua de mel, mas dessa vez mantive o controle, só lágrimas de saudade rápida rolaram na saída do navio. Meu amor não pôde me deixar no porto, mas esta comigo sempre, nas pequenas coisas, nas grandes coisas, em sua camisa suada que levo à mala para me consolar pelos dias em que estarei ausente.
São coisas do amor, como meu grande amor mesmo diz, penso, penso e vejo que este amor é diferente dos outros. Apesar de ser passional, e de se assemelhar aos anteriores, pela diferença de idade (12 anos eu tenho a mais), sempre achei que os outros amores careciam de uma maturidade não só intelectual, mas vivencial também. Por isso nem foram amores.
Ontem enquanto declarava meu amor e fazia meus votos, também fiz uma retrospectiva de mim mesmo para justificar ao meu amor, o porquê de tanto amor. Chorei como sempre, afinal guardei as lágrimas a vida inteira a espera desse momento, que talvez tenha sido um misto de emoção, alegria, tristeza e arrependimento pelo passado. Enfim, senti o quanto meu grande amor sofreu minha ausência, assim como eu, tentando buscar consolo em outras pessoas que nem de longe se assemelhavam a nós.
Fomos usados, coadjuvantes nas histórias de outras pessoas que buscavam algo diferente de nós. Na verdade estávamos o tempo todo buscando um ao outro em outros. E isso nos fez ver o quanto precisávamos um do outro para sermos realmente felizes.
Nossas formas de lidar com esse amor são tão diferentes até na maneira de expressá-lo. Eu por exemplo, adoro declamar, proclamar, que amo, encho meu amor de elogios ressaltando o quanto sua perfeição se adéqua ao plano da pessoa que sempre quis para amar. Digo-lhe o quanto me libertou de todas as maneiras que um ser humano pode libertar o outro, de todas as amarras e correntes e grades e travas que me atavam a uma vida triste e vazia.
Com muito jeito, meu amor; enquanto eu encheria páginas e mais páginas com declarações abertas ao amor e a felicidade que estou sentindo. Consegue me satisfazer com uma pequena mensagem de quatro palavras em plena madrugada, dizendo: “Te amo. Te amo”. E isso me basta para transbordar de felicidade e saber que ser amado e amar, são sensações recíprocas e das mais prazerosas que um ser humano pode experimentar. Ainda mais quando sabe que a pessoa amada é sua alma gêmea.
Em outras épocas, quando ainda em querela com Deus, eu teria fraquejado diante da situação atual em que estou. Afinal estou em uma fase metamórfica em que assumi compromissos estáveis em um mundo, mas meu coração e minha alma estão em outro mundo. Fraquejaria até o ponto de talvez me sacrificar em nome da vergonha ou do fracasso. Mas hoje não. Não mais...
Já sofri muito antes por amor. Já penei quando amei e não fui amado, quando quis e não fui quisto. Quando paixões avassaladoras rondaram minha vida. Quando fui enganado, humilhado, depredado, achincalhado e até mesmo morto. Mas nada disso doeu mais do que ter meu amor usado contra mim. E até por isso já passei.
O amor de amigos eu já esqueci. Não preciso mais desse amor igual a pedra preciosa, que brilha mas não dá calor; já vi o suficiente nessa última jornada que o conceito de amizade, mesmo que eu tenha mudado, nos outros, ainda é o mesmo: uma merda! As pessoas esquecem muito rápido o amor de amigo e o repassam para uma névoa ou ao limbo. Ou seja, esse amor mesmo, nunca existiu.
Por isso decidi me casar ontem. Levei meu amor em um lugar especial, onde deposito todos os meus pensamentos, dúvidas e aflições, onde converso com Deus para me orientar e onde resolvi desposar a pessoa com a qual quero passar a eternidade dos meus dias. Foram tão lindos, os votos, a sinceridade sobre o que fizemos quando estávamos afastados. A entrega total de uma alma a outra. Foi isso que fiz, dei minha vida para meu amor, não sou mais dono dela, disse ao meu amor que quando não quisesse mais se adonar da minha vida que a devolvesse a Deus e não mais a mim, pois minha vida já não mais me pertence mais.
Fomos comemorar; ouvir nosso gosto musical preferido de musicas do passado. Eu sempre satisfazendo a curiosidade do meu amor em saber das coisas e o que sei dou para meu amor em presente de sabedoria. Falamos sempre sobre coisas que gostamos e vejo que meu amor sorve tudo o que digo e sei que tenho tanto a ensinar a meu amor, afinal sua ingenuidade me apaixona e me força a proteger-lhe sempre do mal, mas sem nunca sufocar-lhe ou enjaular-lhe. Afinal redomas são cruéis e perigosas.
Hoje me sinto mais maduro, mais sincero, mais franco comigo, com mundo e com meu amor. Reflexo eu acho das minhas pazes com o bom Deus que me guia. Oro todos os dias, converso com Ele, me confesso um mero pecador, um mortal que tenta de todos os modos fazer o certo em um mundo torto. Sei que Ele me compreende, pois sempre me socorre nas minhas necessidades. E por isso O amo. E sei eu Ele me ama em sua sabedoria e amor infinitos.
Também amo a pessoa a quem escolhi para ser minha companhia pelo resto dos meus dias. Não sei quantos dias, meses, anos ou séculos serão, mas me prometi fazer cada dia valer a pena como se sempre fosse o último. E tenho vivido essa filosofia. Vou agora, encontrar meu juízo, ao lado do meu Deus, e com meu amor no coração até que chegue o momento de estarmos juntos novamente e em definitivo, sem mais hotéis, sem apartamentos mobiliados, sem sombras, sem dúvidas.
Só a fé, a que temos um no outro, a fé que temos em nossos futuros, a fé que temos em nossos planos e a fé que temos em nosso Deus. Afinal, sempre que temos dificuldades em nossas vidas, devemos seguir a filosofia de Henry Ford: Toda dificuldade é uma oportunidade disfarçada. Eu acredito nisso, vivo isso, afinal, posso ser melhor que isso.
Te amo amor.