sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Folheando monsieur Hugô







A folhear meu velhos alfarrábios, dos tempos em que a mocidade se inspirava nos "grandes" para conquistar e amar. Encontrava-se Victor Hugo perdido em um papel de pão, querendo ardentemente sair e mais uma vez atormentar o juízo.
Eis que então faço destas palavras a mensagem de Ano Novo do Coisas da Vida. FELIZ 2013!




Desejo
Victor Hugo

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

2000 e foice


O ano já respira por aparelhos e cada vez mais nas súmulas que cada cidadão faz, nota-se que 2012 foi um ano funesto. Não só pelos inúmeros obituários ocorridos ao longo desta caminhada ao redor do sol, mas de tantos outros acontecimentos de natureza sinistra.

Mas alguns fatos são dignos de relato, afinal após angustiante espera por parte de muitas seitas apocalípticas, o mundo não se consumiu em cinzas ou nas tormentas do armagedom que não veio, e não vamos culpar os Maias pela canoa furada em que muitos embarcaram, culpem Lula, culpem a Bossa Nova, culpem até o homem da canoa, menos os Maias.

Esta semana final deve reservar poucos acontecimentos políticos, já que o recesso anual deixou o Brasília entregue às traças durante este período. Talvez Lula nos brinde com algum acontecimento novo de sua epopeia pseudomoralista pós Planalto. Mas isso também pode ser frustrado, já que a blindagem total tem feito de Lula quase como um semideus ou um veículo de assalto (no bom sentido!), daqueles que os americanos adoram ostentar em seus filmes. A prova de tudo!

Enquanto isso, o Zé da Foice (que não Dirceu!) continua sua saga sem trégua nem folga, arrebatando um ou outro, daqui e dali, não poupando segmento nem patamar. Afinal de uma paneirada só, arrastou de Gore Vidal a Oscar Niemeyer da banda dos pensadores e no mundo artístico levou até a primeira dama do teatro de revistas Hebe Camargo. Mas para o bem das pegadinhas, ainda bem que poupou Silvio Santos!

No mundo politico o balaio de sepultos não é tão grande, pelo menos no quesito das vicissitudes, já que os obituários de carreiras politicas têm sido cada vez mais frequentes após o julgamento do mensalão e de tantos escândalos palacianos, que pelo menos serviram para mostrar que todo mundo tem um lado e um senhor.

No rol alongado das atividades do Zé da Foice, também não podemos deixar de incluir as balburdias locais das terras de Andaluzia Macapaba, afinal grandes foram os infortúnios no universo politico e até na vida da população, já que com as exéquias da situação da prefeitura da capital após a não reeleição, grandes são os problemas que se proliferam como larvas no esterco, ou diria, no lixo mesmo.

No universo da gestão estadual, não se vê com bons olhos as carpideiras que lamentam que a greve dos servidores da educação tenha levado à penalização das férias escolares e o fracasso do ano letivo, com incentivo a evasão.  Mas nada tão grave quanto o estado terminal de um sistema de saúde imerso em cova rasa há tanto tempo, e ninguém para chamar este Lázaro de volta à vida. Faltam desfibriladores!

E com os lamentos e prantos, não podemos deixar de citar que o tempo de plantar e de colher, como se alardeia ultimamente, parece que deve ter sofrido alguma estiagem causticante, pois as sementes que se plantaram são oriundas de outros semeadores, as colheitas que se tenta fazer e são dos louros de outras coroas. Próprio mesmo, só a bravata e a velha briga comezinha de sempre.

Triste mesmo, a ponto de se prostrar a beira do esquife e lamentar, é essa mania que se tem de tentar ostentar o que não existe: Mas afinal o que seria do mundo do além se não fossem as maravilhas da construção civil que o governador alardeia como conclusas, se na verdade ainda são uma mera esperança de concretização. Ou das maravilhas destacadas ao bom som, que ao se chegar o olhar bem de perto se vê maravilha nenhuma.

Mas no apagar das luzes, procuremos refletir sobre nossas atitudes, não como uma daquelas promessas de ano novo que nunca sem cumprem, mas como de realmente acreditar que o brasileiro consegue, nem que seja um bocadinho, erguer a cabeça, abrir os olhos e ver a verdade sem lulismos, eufemismos, dilmismos, camilismos ou qualquer um desses outros tantos ismos que pelo nosso casuísmo, continuam fazendo ano após ano um prenuncio de fim do mundo. Ainda bem que o neologismo “maismo” não pegou na boca do povo.

Pelo menos este, bem fez o Zé da Foice, que se encarregou de levar...


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Infláveis poderes


Nossa sábia Carta Magna em suas páginas pensadas e prensadas nos rege em um estado democrático, sereno e bem divisado na linha dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Onde cada um com seu cada qual tem a sua competência dentro da grande maçã chamada Brasil. Isso os brasileiros aprendem desde os tempos das já sepultas aulas de educação moral e cívica.
Até mesmo a presidente Dilma no alto da posição que ocupa, sempre deixa claro com sua personalidade pungente, de quem dá as cartas dentro de seu governo, quando um ou outro integrante resolve entrar em assuntos que não lhe são da alçada. Salvo conduto quando ela tropeça no salto e acaba declamando um: “presidente Lula” aqui e acolá.
Nada mais compreensível, já que a cria, cresceu e se tornou maior que Lula criador. Que nestes tempos de bebês de Rosemary, tem estado ocupado demais, tentando demover das cabeças já atormentadas dos brasileiros de que não foi pilhado em nenhuma nuvem de atos imorais que volta e meia são aflorados na mídia. E que a todo custo tenta fazer com o mensalão o mesmo que tentaram fazer com o Holocausto: Uma fantasia!
Além destes momentos de desvirtuação de quem é quem não é endêmico ao executivo. Pois os sintomas se alastram também pelos outros poderes, como bem se vê na rusga entre Marco Maia e o Supremo. Que de bravata em bravata o presidente da Câmara talvez não considere a gravidade dos fatos e que a situação está muito acima da estrela solitária que antes irradiava harmonia e probidade, mas que no momento só tem espalhado excrementos.
Mesmo concordando que os poderes tem seu papel distinto dentro da administração pública, fica difícil para o cidadão leigo entender por que o presidente da Câmara dos Deputados levanta a bandeira de não cumprir uma decisão judicial. Mesmo que na instância da corte máxima, os réus, mesmo que parlamentares tenham sido comprovadamente condenados e sentenciados por crimes graves contra o povo brasileiro.
Se a competência por perda de mandato é da Câmara, como o presidente daquele poder alega, tem que se ter o bom senso de que crime ainda é crime e que ter um parlamentar sentenciado dentro da casa de leis, fazendo leis, soa tão absurdo que não há eufemismo que suavize tal situação, por mais surreal que possa parecer.
Nesse rol de “Era uma vez” que os poderes têm protagonizado nos últimos momentos de um 2012 já em estouros de champanhe. A cada momento vemos estas ingerências se tornarem cada vez mais evidentes, em que um tende a se sobrepor ao outro, ao invés de seguir a mesma página da Constituição que diz que os poderes são harmônicos entre si.
Até quem não é poder constituído, mas sim um braço da lei para o cidadão, volta e meia parece advogar em causa própria ou em causa de outrem para piorar ainda mais o entendimento do atormentado brasileiro. De quem afinal é quem dentro desta caçarola que fumega ferozmente, tisnando vez enquanto quem passa por perto das labaredas.
E então casos cada vez menos fortuitos dessa mesclagem entre os poderes e suas atribuições, entornam o caldo que espessa mais ainda, cada vez que o ministério público, por exemplo, a título quase mandatório, notifica uma casa legislativa a anular uma sessão que votou uma lei que não agradou a gregos e troianos. Talvez deva existir uma emenda instituindo o quarto poder, retirando da imprensa este título informal.
Tais fatos mostram claramente dois aspectos: Um que o enfraquecimento dos poderes em função da corrupção está cada vez mais latente. Quando uma Eliana Calmon afirma que bandidos usam toga. Ou que um presidente de uma casa de leis verse sobre o descumprimento de uma decisão judicial advinda do mais alto colegiado. E que a Presidente da República continue tratando seu antecessor como se este ainda portasse a faixa verde e amarela no ombro esquerdo.
E o segundo, de que nós ainda continuamos achando que estamos no mesmo estado de democrático de direito alinhavado na constituição, de onde não me recordo em nenhum parágrafo, ou até mesmo em uma simples linha que esteja também lá impresso em rebuscadas expressões, a oficialidade desse grande compressor de ar que tem inflado egos e poderes, de tal maneira que o tempo de explodir pode chegar de onde e quando menos se espera.
Enquanto isso, os deputados condenados aguardam. Esperam pelo acórdão, pelo decurso do prazo que só começa a contar após o recesso, pela eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados, pelos recursos cabíveis e por todas as protelações, floreios e perfumarias existentes pelo nosso casuísmo. Mea culpa! Por tudo isso os mesmos deputados condenados, continuarão recebendo seus salários normalmente.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Corretora Mãe Joana


Nos momentos finais do julgamento do mensalão deparamo-nos com uma situação bem exótica, fruto das costuras nos meandros do vasto patchwork do congresso nacional e a tão afamada imunidade parlamentar.

Estabelecida como prerrogativa necessária, concedida para o exercício da função de representante do povo e para o fortalecimento e independência do Poder Legislativo, foi instituída a fim de assegurar a liberdade de expressão e a liberdade pessoal do parlamentar. Algo que com o tempo sofreu uma leitura não oficial como um passaporte para atos obscuros a atividade dos portadores da voz popular.

No Brasil, as imunidades parlamentares existem desde a Constituição imperialista de 1824. Em sua evolução, houve alterações positivas e negativas até chegar à atual redação constante na Constituição Federal de 1988. O objetivo da elaboração dessas prerrogativas não foi para benefício pessoal do parlamentar e sim da Instituição a qual ele representa.

No entanto, ao longo da história, têm chegado ao conhecimento da sociedade, através dos meios de comunicação de massa, os mais variados casos de abusos dessas imunidades, que nem sempre receberam a devida punição, apenas deixaram manchas na imagem do Legislativo, que se desgasta cada vez que um de seus integrantes é pilhado em ato de decoro cada vez mais explícito.

Haja vista que a casa maior do parlatório brasileiro já acolheu em berço esplêndido e amamento com suas fartas mamas figuras impares como Luís Estevão que sob a benção do Juiz Nicolau, o “lalau” locupletaram-se nas verbas do TRT paulista, levando Luís a perda do mandato por obra e graça de seus pares, mas não sem antes protelar a data do cadafalso.
Sem contar que lá também foi refúgio de Hildebrando Pascoal, que além de ostentar no currículo a qualificação de Deputado Federal, pelo Acre, também acumulava milhagens em sua  motosserra, usando desafetos em lugar de madeira. Um proclamado chefe de esquadrão de extermínios.

E como não existe um sem dois nem dois sem três. Por aqui nas bandas macapabas não poderia ficar de fora a rocambolesca história do casal João e Janete Capiberibe, respectivamente Senador e Deputada Federal, cassados por compra de votos em suaves parcelas. Após protelarem o máximo possível a queda iminente sob o olhar do cidadão inerte.
E contabilizando o mais recente caso de Demóstenes Torres que como muitos ainda incólumes posava de "o pai da moralidade" que suspirava princípios e regurgitava bravatas distribuindo justiça nas falsa lições ao alto da soberba. Mas que também tinha muita fé no jogo do bicho e uma intimidade arrebatadora com quedas d’água.

Daí aferir-se: até que ponto as imunidades protegem a instituição ou servem apenas para privilegiar seus detentores? A Constituição traz imunidades e garantias aos detentores de funções do Estado, Poder Legislativo, Executivo, Judiciário e Ministério Público, dessa forma, legitimando o tratamento diferenciado prescrito aos seus membros em face do Estado Democrático de Direito e do próprio Princípio da Igualdade.

Mesmo com um histórico de cassação, o tempo despendido entre todos os ritos pomposos e salamaleques ainda é longo. O que nos leva a questionar quem realmente tem a razão, se o Judiciário ou Legislativo. Afinal qual estranho seria se um cidadão condenado pela mais alta casa do judiciário brasileiro, a regime fechado, saísse saltitante pela manhã da Papuda, rumo à Praça dos Três Poderes para bater ponto no Palácio do Congresso Nacional e no crepúsculo retornar ao cárcere e ainda assim se intitular a voz do povo.

Mas constante na Constituição Brasileira o preceito de que a perda de mandato é prerrogativa privativa do poder legislativo, não se pode contrariar a Carta Magna, mas com certeza é de se pensar que os tão notáveis juristas brasileiros, que se incomodam e se quedam em dilemas morais sobre a presença de crucifixos em repartições públicas assim como a presença do nome de Deus nas notas de Real, passem a se interessam pelos temas que realmente atentam contra a lógica da moralidade que tanto falta neste ambiente politico que de tantas moradas existentes fazem a Mãe Joana parecer uma corretora de imóveis, pela fartura de tantas casas onde morar.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Pranto Governamental


A divulgação pífia do PIB Brasileiro neste ultimo quadrimestre nos mostra que realmente não estamos tão sólidos como a sereia cantou. Os 0,6% nos deixa apenas acima do crescimento da Zona do Euro de uma Europa em assumida crise. Mas afinal estamos em crise?
Talvez seja bom lembrar que os dois governos petistas de Lula e de Dilma serão aqueles que entrarão para as páginas dos livros de nono ano da educação básica como aqueles que verteram mais cachoeiras de lágrimas, um número assustador de sapos engolidos e salamaleques e rapapés feitos aos piores personagens da politica nacional em nome da manutenção da maioria parlamentar e seu corolário, a governabilidade.
Com a inauguração do sistema do mensalão, judicialmente julgado e sentenciado no reino da realidade, Onde quer queira ou não queira, Lula e seu governo de rosas foram os principais beneficiários das aprovações provenientes da maioria de apoiadores no Congresso Nacional.
O que nos dá o rescaldo de que os governos petistas serão também lembrados pelo excesso de pragmatismo nas folgadas conquistas da maioria de sustentação na Câmara e no Senado.
Mas serádifíciltambém para nós, pobres mortais, esquecermos do fato  de que, uma vez no controle, aquartelaram-se dentro do Planalto, a sovinamente conferir votos a favor em vez de usar o poder amargamente amealhado para fazer as reformas pelas quais o Brasil tanto clama para atingir todo o seu potencial de progresso.
Com picos de mais de 70% de parlamentares alinhados as fileiras da estrela solitária, o governo, tanto de Lula como o de Dilma poderia aprovar facilmenteas modificações na constituição, capazes de tornar o Brasil um país menos hostil a quem trabalha, empreende e investe.
Afinal quem poderia se opor a um Executivo com maioria tão sólida que desse um descanso no força 51 e arregaçasse as mangas indo à luta enfrentar interesses corporativos para reformar leis em alguns casos draconianas como as trabalhistas e assim baratear o custo da mão de obra.
Incluindo-se ainda na economia real de dezenasde milhões de pessoas que hoje ganham seu sustento na ilegalidade tolerada sob o eufemismo da informalidade? Mesmo com o avanço da lei do empreendedor individual, deu-se um caminho à formalização, só se esqueceram de propor a criação de linhas de credito que realmente atenda os anseios dos pequenos empreendedores.
Além disso, que poder milagroso seria se fosse usado para obter resultados extraordináriose rápidos, se decidisse usar esse apoio em massa para extinguir a injustiça tributária, cuja voracidadeOrthoptera e complexidade Boleana castigam o prato do pobre como o látego nos tempos da escravidão.
Quanta diferença faria ter ao lado da sociedade um governo disposto a reduziro gigantismo do estado ou a fazer a reforma politica, apoiando a implantação do voto distrital nas capitais e assim diminuindo as oportunidades que hoje se escancaram aos corruptos.
É de se refletir; se Lula e Dilma com a maioria do Congresso na palma da mão nada conseguiram fazer para tirar o país da estagnação, comprovada pelo PIB vergonhoso que agora se apresenta. Imaginem a produção do governo do PSB no Amapá que em beligerância eterna com o legislativo, quem bem trará?

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O conto do pato


16 de julho de 1950, duas da tarde. Maracanã lotado. A população brasileira aguardava tensa os minutos finais; 120 milhões de corações sincronizados em uma só batida e quase 200 mil pessoas em vias de surto esperavam para dar o brado de campeão mundial. Ghiggia frustrou o sonho dos brasileiros naquela tarde ao dar o segundo título para o Uruguai pelo gol de desempate; calando uma nação inteira, o que criou a mais decepcionante história da crônica esportiva brasileira.”

Atualmente 12 cidades-sede se preparam com seus monumentais estádios: a Arena do Corinthians em São Paulo, a Arena Fonte Nova na capital baiana, o ambicioso estádio das Dunas em Natal, o velho Beira Rio em Porto Alegre, seguido pela relíquia de 1950: o Maracanã no Rio de Janeiro, o Castelão em Fortaleza, a Arena Pernambuco em Recife, a Arena da Amazônia em Manaus, o Mané Garrincha em Brasília, O Pantanal de Cuiabá, a Arena da Baixada em Curitiba e o Mineirão em BH.

Cidades “criteriosamente” escolhidas para representar o melhor do Brasil, sem deixar de contemplar todas as regiões do continente brasileiro. O fomento que este evento deve trazer à economia soa muito como uma releitura da fábula de Ésopo, sendo que a galinha dos ovos de ouro acabou sendo na versão brasileira, substituída por uma pata.

Com a falácia desenvolvimentista, ao avaliarmos o mundial da África do Sul com o do Brasil. E as ultimas copas, que por foram realizadas em países de grande renda per capta e infraestrutura mais abundante. Veremos que os eventos da FIFA por lá não foram alardeados como um divisor de águas dos diversos setores da sociedade, como agora se vende no Brasil esta quixotesca propaganda para justificar os custos.

Na África do Sul as coisas não mudaram após o evento. O desenvolvimento deixado, senão pelas obras dos estádios, são de longe os da terra prometida de onde jorrariam leite e mel do meio de campo à grande área. Fazendo jus ao trocadilho: a FIFA dá, a FIFA leva. Sendo assim a Copa do mundo também não alterou a rotina dos países ricos que a sediaram.

Somos um país que ainda pode sonhar com uma Copa do Mundo, mas quando temos que abrir brechas na lei, como a gratuidade e meia entrada que são direitos adquiridos, só para satisfazer Blatter e a FIFA, ficamos a mercê do que o pão e circo ainda são capazes de fazer. Enquanto temos tantos problemas internos com a corrupção, a falta de saúde pública decente, educação eficiente. É meio prematuro se festejar a Copa do Mundo.

As obras em aeroportos, principal gargalo do sistema projetado para 2014, devem acontecer, mas com o velho jeitinho brasileiro de sempre. Desenvolvimento econômico nos setores-chave; como portos, indústria, exportação e agricultura não vão sofrer nenhum impacto com a passagem da Copa do Mundo, e nem devem, afinal ela só fomenta imagem, direitos de mídia, propaganda e o turismo, e uns caraminguás para o comercio local de Fulecos.

A Copa brasileira com 2 bilhões de orçamento estourado apenas no primeiro ano das obras, pode quem sabe até se equiparar a Tucuruí; represa construída pelo consórcio Camargo Correa, que durante sua construção teve aditivos de quase 10 bilhões a mais que o previsto. E muita gente lucrou com isso, incluindo a própria Camargo que dobrou seu capital acionário de 500 milhões para 1 bilhão, durante as obras.

A Copa do mundo é nossa! Isso é uma certeza, pelo menos geográfica. Se o título virá, não sei. Mas a pata dos ovos de ouro deve multiplicar o capital ativo das empreiteiras envolvidas nas obras dos estádios e de infraestrutura, com certeza vai precisar de um companheiro para reprodução. Os patos investidores: Como sempre: nós, os contribuintes...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Memento mori



Em um dos muitos momentos da gloriosa Roma, dos Césares e suas divindades especulares ao próprio orifício umbilical, se pregava a loa de que sempre que um grande general que esteve à frente das legiões em campo de batalha e dela saia vitorioso. Para comemorar mais uma das muitas expansões do império de Roma, se fazia uma fabulosa procissão pelas ruas da cidade com o triunfante general a frente do povo que o saudava.

Essa senão outra era a honraria máxima que um cidadão romano poderia obter do povo, fora o trabalho hercúleo que deveria se predispor para dela desfrutar. Para isso deveria derramar pelo menos o sangue de cinco mil soldados inimigos, humilhar os generais derrotados e leva-los a ferros. Tendo enfrentado um exército inimigo de igual ou superior força a legião comandada e acima de tudo: Tinha que conduzir ao seio de Roma, a sua tropa remanescente.

Apesar de toda esta pompa e circunstancia com a qual os generais triunfantes, alguns como o próprio Júlio Cesar assentaram-se sobre o trono do mundo antigo. O povo romano também levava em alta conta a modéstia pessoal, e em consequência disso desdenhava de qualquer demonstração de soberba.

Mas então o que seria dos generais vitoriosos na hora de desfrutar do gozo das aclamações? Dos ípis e urras?  Das salvas e ovações? E quem sabe até de fogos coloridos se os chineses já os tivessem compartilhado com os romanos.

Para evitar este momento de absoluta oportunidade de desenvolvimento da soberba, o triunfante general carregava a tira colo, na mesma biga, um escravo fiel que tinha uma única função naqueles momentos; sussurrar de quando em quando no ouvido do herói: memento mori! Que sabiamente lembrava ao general a sua posição de homem, humano e mortal. “Lembre-se que um dia você vai morrer!”
Esta era apenas uma das muitas maneiras de o escravo lembrar ao amo não só a parte bonita da filosofia e da temporaneidade, mas também de um sacolejo no bom estilo do “cala a boca e fica na tua que logo, logo todo mundo vai engolir esta farsa de humildade forçada”. Talvez esta seja uma das vantagens do latim; tecer abstrações tão sólidas quando a ponta de uma adaga.

Esta talvez não seja uma verdade comprovada pela história, mas é indiscutível que se trata de uma criativa ideia que poderia ser muito bem copiada pelos chamados políticos-popstar. Aqueles que só veem um objetivo em seu mandato: Conseguir um próximo! Mesmo que para isso tenham que vender até a genitora no mercado em Rabat.

Estes tipinhos que tentam a todo custo encarnar uma quimera de Rodolfo Valentino com Michael Jackson. Não perdem uma oportunidade se quer de estar na ribalta, seja por que motivo for. Não importa se em batizado de cachorro de alguma socialite afetada, ou saracoteando de microfone em microfone pelos corredores do Congresso Nacional. Não importando se a matéria vai sair no JN ou na reprise das quatro da manhã de algum jornal tapa brecha.

Para eles tudo é motivo de publicidade. Desde os momentos mais singulares das suas atividades até os mais íntimos se possível for. Em alguns casos a mesma população que imita a romana do passado com a ojeriza à soberba dá-lhes corda para o próprio cadafalso e eles vão em frente, atirando-se para a morte desde que isso lhes traga um momento de flashes e de microfones para a fanfarrice de sempre.

Até mesmo as suas obrigações constitucionais outorgadas pelo sufrágio embora sejam atos comuns da rotina, lhe são motivo para alarde da mídia que às vezes não tem muito que noticiar e novamente para preencher as lacunas, lá estão eles: as estrelas cada vez mais cadentes e por que não decadentes?

Pois é parte dos anais da física moderna mostrar-lhes que assim como os generais romanos de outrora tinham seus fieis escudeiros a proclamar-lhes a efemeridade da vida. Talvez nossos políticos de reality show tenham o bom e velho Isaac Newton a esperar-lhes às portas do destino e lhes mostrar não intimamente, mas sim abertamente que tudo o que um dia sobre a gravidade leva para baixo. E ao que me consta, aqui pelo mundo real a “gravidade” tem título de eleitor e ficou mais exigente dos tempos de Roma pra cá.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O construtivismo não é um sonho.


O conceito errôneo que alguns analistas educacionais fazem das teorias construtivistas, faz até parecer que o construtivismo veio de um planeta distante, onde a civilização que o criou não tem nada mais do que dois neurônios para educar e muitas cartilhas, uma para cada ação da vida para dominar seu comportamento social.

Os que condenam o construtivismo, o fazem talvez por acreditar que o papel da educação nesta pratica é uma via de mão única onde o papel do mestre é apenas de expectador do real passante; o aluno. Jogar a responsabilidade de como aprender sobre os ombros do aprendiz não é estúpido. É cruel. E é só mais uma das muitas interpretações equivocadas que se disseminou, pela falta de conhecimento, estudo e informação.

Com isso acabam criando vertentes inexistentes no processo construtivista, como se fosse uma ideologia que se molda de acordo com a vontade do ideólogo. Gerando bobagens como construtivismo brando, radical, ou outras excrescências do gênero. Aconselho a estes “doutores da lei” que vale à pena estudar mais, apropriar-se dos conceitos que envolvem o construtivismo, perceber suas ações, suas bases teóricas, obter referências de sucesso, especialmente em nosso país. E não comparar Brasil com Suécia ou Macapá com Estocolmo.

Acreditar que o construtivismo é um sonho é quase como se afirmássemos que a mente humana não é capaz de criar e sim apenas acumular o conhecimento pronto, embalado e carimbado com o selo de aval do MEC. Que pelo jeito é o que vale como símbolo da verdade suprema.

Enquanto não nos acostumarmos que a educação é um processo criativo constante, de onde o que hoje parece ser o ápice do conhecimento, não passa de um efêmero pensamento amanhã. Já que assim como a humanidade, o conhecimento está em constante fase de evolução e crescimento.

Se não crermos nisso não outra há saída, só nos restaria a tradicional cartilha, igual para todos, com seus conteúdos pré-estabelecidos, sem oportunidade de considerar as diferenças, nem tampouco as mudanças no mundo e na infância. Depois disso o próximo passo é nos vestirem com as mesmas roupas e nos chamarem por números ao invés de nomes, pois nossa individualidade estaria extinta.

Seguir o modelo, preencher o pontilhado, responder estudo dirigido com a cópia da resposta dada pelo professor, treinar, treinar, treinar. Resta saber que individuo está sendo considerado, para ser formado para que mundo? Para qual sociedade? Com quais parâmetros? E será que depois disso ainda seremos indivíduos?

A sociedade, hoje, requer um ser participativo, cooperativo, criativo e autônomo. Como tornar cidadãos conscientes, atentos à heterogeneidade e multiplicidade de situações e autônomos. O conteudismo cerceador já teve sua era. O convite do construtivismo é perceber o entorno, respeitar as diferenças, aprender nas interações sociais com o outro, considerar a historicidade, ver o mundo com outras lentes que não apenas as instituídas e formalizadas pela escola e sociedade.

Ter oportunidade de opinar, errar, pensar, dialogar. Este lado que os ideólogos do conteudismo de latas de ervilha trazem é apenas uma faceta do que significou, de início, uma filosofia mal interpretada. Dizer que “ao ser exposto repetidamente àquela grafia que se refere a um objeto conhecido, ele acabe por assimilá-la, como por osmose” é o fim do bom senso e da falta de leitura e compreensão sobre a psicogênese da língua escrita e o verdadeiro sentido do conhecimento.

Alguns educadores tradicionalistas ao afirmar que em um país como o Brasil, onde as carências educacionais são agudas, em especial a má formação de professores, a existência de um método rigoroso, de uma liturgia de ensino na sala de aula, é quase obrigatória.

Será? Esquecem-se de que é justamente por conta destas carências e diferenças, é que há que de se pensar em novas formas de abordagem que atendam às especificidades dos regionalismos e particularidades.

Por isso está na hora de parar de apedrejar o construtivismo sem conhecimento de causa, deixar de repetir o jargão que tantos dizem a respeito. E que de nada contribui para o proveito da educação e da construção do indivíduo pensador e tomador das suas próprias decisões que são construídas em parte pelo velho “binário do sim ou não”, mas que pode evoluir para o vasto contexto do “Porque Sim ou do Porque Não”.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Uma lição perdida no tempo


O setor industrial amapaense, na verdade não existe de fato, é apenas uma fábula engendrada por quem nem de indústria conhece o chão. Podemos classifica-lo como um pequeno aglomerado de manufatureiras e extrativistas que na verdade não causam no PIB nem mesmo um leve suspiro.

Mesmo com o setor industrial brasileiro estando bastante aberto ao comércio internacional. Como câmbio real valorizado, e com os preços em dólares de produtos manufaturados exportados e importados pelo Brasil mantendo-se estáveis devido à recessão e ao baixo crescimento na Europa e EUA, a incipiente indústria amapaense parou no tempo.

E já não é um aprendizado novo, pois desde a implantação do polo de extração mangânica pela ICOMI para servir aos interesses da segurança nacional, vemos que a indústria amapaense já nasceu com a sina de não crescer. Com esse hábito arraigado na história da indústria do Amapá gerou-se a incapacidade de responder à competição externa, sendo esta uma das maiores causas da estagnação da indústria.

Mas isso não conta toda a história. O setor industrial é, também, muito menor do que o setor produtor de serviços. O PIB do setor de serviços embora represente mais de 65% do PIB brasileiro, empregando em torno de 60 milhões de trabalhadores, enquanto que o PIB da indústria de transformação representa apenas 25%, empregando um volume de trabalhadores muito menor, em torno de 20 milhões. Mesmo assim não conseguiu-se extinguir o estigma de que ser funcionário público é o melhor a se fazer.

Já que se incutiu desde o berço na cabeça do amapaense que o setor industrial e o setor de serviços “pagam mal” e o melhor é se engajar no exército da viúva do que com o morto em si. Então vem de fora o contingente de migrantes vindos de todos os cantos em busca daquilo que o amapaense parece não querer.

Atualmente setor industrial amapaense está deprimido, sofrendo com a competição externa, afinal, a sereia cantou muito a canção da sustentabilidade e do extrativismo. Quando na verdade tudo se resumiu ao universo da sustentabilidade pela simples ideia de catar coquinhos para ser sustentado.

Dia sim e no outro também, se assentam os atestados de óbito de cada uma das joias da coroa da indústria amapaense que tanto adornaram bravatas nacionalistas de um estado que parece ter parado no tempo e ainda parece não se dar conta disso, quando continuamos a ouvir as mesmas bravatas de meio século atrás.

Muitas das culpas são divididas, afinal, este excesso de nacionalismo de botequim, gerou bazófias e retóricas eternas nas bocas da politicagem e dos muitos Policarpos, mas também abriu as portas para aventureiros e especuladores que não são novidades, desde o velho Ludwig até o contemporâneo Eike, passaram por aqui e amealharam seu quinhão, deixando sempre para trás a terra arrasada de onde não quiseram levar nem o pó na sola dos sapatos.

Exemplos a mil, remontam das mineradoras que se foram, das experiências mal fadadas de indústria extrativista que só existe no reino das sinapses de quem ainda acha que enaltece-las, rende-lhes alguns louros no alto do palanque. Enquanto isso a CEA se vai e se esvai, valendo menos que um vintém furado e na cauda dela vem o atraso maior do que o da omissão.

E nessa omissão, mais um dos marcos da epopeia amapaense também começa a enrolar a bandeira e se evadir do estado. A Jari Celulose que após tantos anos esqueceu-se que o mundo cresceu e que novos e mais baratos produtos assolam o mercado.

Assim como nossos antepassados da Amazônia ocidental se iludiram com o Eldorado da borracha, que fez era na nossa história, gerando tanta opulência no afã de querer ser Europa. Nossos contemporâneos esqueceram que o mundo continua a girar para a evolução. Apostaram em um retrocesso que levou a era de ouro da borracha natural para as páginas dos livros de sexto ano, em detrimento a borracha sintética que substituiu tudo.

Assim caminha a indústria amapaense, sem incentivos, sem energia abundante e de baixo custo, sem norte para que possa andar mesmo estando no próprio norte. O custo de toda essa omissão não por falta de aprendizado; vai chegando todos os dias em faturas e mais faturas que são anonimamente colocadas por debaixo das portas de cada amapaense, que não se exima da culpa, pois assim como diz o dito: “se não por amor, será pela dor”. Agora a indústria agoniza e a nós cabe, senão, enxugar as lágrimas e pagar a conta de nossa própria omissão.

O que resta agora é reiniciar o planejamento de novos objetivos por cima dos escombros do que já se foi. Mas pelo jeito, na linha politica parece não valer muito a busca desses objetivos, mesmo porque produz resultados apenas em longo prazo, e o horizonte politico é o do seu mandato, e não o que garanta o crescimento de longo prazo.
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