A guarda pessoal e a devoção ao agraciado protegido, é um fenômeno histórico que com graça tem Roma e os pretorianos de Cesar como seu expoente mais ferrenho, com a diferença é que o imperador romano era tido como deus na terra, herança da natureza de o ser humano ter uma divindade com poderes titânicos e superiores aos pobres mortais.
Isso não impediu que muitos líderes incluindo o próprio Cesar dos
Césares, Júlio Cesar de ser apunhalado literalmente dentro de seu senado por
seus próprios senadores que acharam que isso era para o bem de Roma e para o
próprio bem de seus agraciados pescoços.
Cristina Kirchner também tem tido seu momento Cesar, mas não sob a
louvação da SPQR mas sim pelos seus próprios correligionários comandados pelo
rebento da presidente, Máximo Kirchner, que detém o comando do grupo de jovens
devotos de La Cámpora.
Para manter esta pequena milícia Cristina é claro loteou diversos
cargos para os camporistas dentro do governo e nas empresas estatais, como a
Aerolíneas Argentinas e da agencia estatal de comunicação Telám. Assim como as
cadeiras camporistas dentro do próprio congresso argentino ajudam nas decisões
mais radicais da presidente.
Como prova disso, as ações de Cristina em “benefício” de seu povo,
tentando um discurso peronista fadado ao fracasso, resolveu reencarnar as ações
do cocaleiro Evo Morales que num ímpeto nacionalista factoide foi à boca da
fronteira e expropriou o que encontrou pela frente incluindo nossa Petrobrás,
sob o olhar de Lula que agiu como o pai que vê o filho defecar no tapete da
sala e diz com ternura: _ Que bonitinho!
A Espanha fez que fez e bateu o pé contra a decisão de Cristina,
apoiada pela sua milícia, de expropriar a YPF. Como não se tem politica, se faz
com militância legislativa, afinal foi assim que Hitler conseguiu aos poucos a
maioria no congresso, para que o partido Nazista forçasse o presidente Hindenburg
a lhe abrir os caminhos para chegar a onde chegou.
Mas la Càmpora não tem dedicado seu tempo a apoiar e aprovar a
politica econômica e as ideologias de Cristina, mas no cerco à liberdade de
imprensa. Prova disso foi a lei que, pasmem, tornou o papel jornal, item de
interesse público, sujeito a controle do estado assim como o papel moeda.
Essa história é velha conhecida dos argentinos, já que o grande
Perón também não era chegado a uma critica jornalística, que quando não rebatia
veladamente através de seu séquito militar, o fazia diminuindo a importação de
papel jornal para a Argentina. Fazendo assim com que os jornais opositores
saíssem mirradinhos, alguns com quatro paginas apenas e pouco espaço para
exposição de muitos problemas.
Em rebate, já que não se vive mais a era Perón. Jornais como
Clarín e La Nación, os maiores da Argentina, aumentaram suas reservas de papel,
ironicamente combustível em duplo sentido ao fogo que promete se alastrar nos
próximos meses.
Ao que parece, Cesar não tinha estes problemas, pois em Roma os
arautos desapareciam misteriosamente sem aviso prévio quando algo desagradava
os imperiais e divinos ouvidos do imperador. Na argentina os Hermanos podem
padecer por falta de noticia impressa e papel para uso em higiene sanitária, o
que deve ser uma pena, já que o papel que os colocou nessa lastimável situação,
foi o da cédula de votação.
E infelizmente no Amapá, parece que a imprensa tem papel (em duplo
sentido), tem noticia, o governo tem Cesar e tem pretorianos dispostos a
manchar as folhas de jornal com sangue se preciso for, para proteger a
divindade passageira pela qual se ajoelham para agradecer as benesses materiais
do pão de cada dia.