sábado, 10 de março de 2012

Crítica Literária: Edição Comemorativa dos 45 anos de Cem anos de solidão

O livro conta a história de Macondo, uma cidade perdida em algum lugar do Caribe, e a dos descendentes de seu fundador, José Arcadio Buendía, durante um século. Usando recursos do realismo mágico, estilo que ajudaria a difundir a partir de seu lançamento, em 1967, o livro mescla revoluções e fantasmas, incesto, corrupção e loucura, tudo tratado com naturalidade. A história começa quando as coisas não tinham nome e vai até a chegada do telefone.

Um comboio carregado de cadáveres. Uma população inteira que perde a memória. Mulheres que se trancam por décadas numa casa escura. Homens que arrastam atrás de si um cortejo de borboletas amarelas. São esses alguns dos elementos que compõem o exuberante universo deste romance, no qual se narra a mítica história da cidade de Macondo e de seus inesquecíveis habitantes.

Aqui o leitor acompanhará as vicissitudes da numerosa descendência da família Buendía ao longo de várias gerações. Todos em luta contra uma realidade truculenta, excessiva, sempre à beira da destruição total.

Todos com as paixões à flor da pele. E o "realismo mágico" de García Márquez não dilui a matéria de que trata no caso, a história brutal e às vezes inacreditável dos países latino-americanos. Pelo contrário: só a torna mais viva.

Em 1966, García Márquez teve o momento de inspiração para escrever o romance que ruminava há mais de uma década. Largou o emprego, deixando o sustento da casa e dos dois filhos a cargo da mulher, Mercedes Barcha. Isolou-se pelos próximos 18 meses, trabalhando diariamente por mais de oito horas. No ano seguinte, publicou Cem Anos de Solidão; um marco de todas as literaturas. Lançado em 1967, Cem Anos de Solidão é considerado uma das obras fundamentais da literatura latino-americana moderna. O livro logo tornou o colombiano Gabriel García Márquez (1928) uma celebridade mundial; quinze anos depois, em 1982, ele receberia o Prêmio Nobel de Literatura.

Nesta edição comemorativa, os comentários de Gabriel Garcia Márquez no apêndice, valem a leitura ao pé da letra em uma noite apenas, pois não se consegue parar de ler até a ultima página, com a sensação de que um dia saia uma sequencia que nunca virá.

Vale a pena por todas as páginas...


Edição comemorativa dos 45 anos de "Cien Años de Soledad"
Autor: Gabriel García Márquez
Editora: Real Academia Española - Madrid,
Ano de Edição: 2012
Nº de Páginas: 394
€ 18,70

sexta-feira, 9 de março de 2012

De Ganga Zumba para a UNA

O quadro das comunidades remanescentes quilombolas atualmente apresenta uma triste realidade. O Brasil tem 2.228 comunidades remanescentes de quilombola, mas a maioria vive sem nenhuma assistência do governo, no que concerne aos direitos dessas comunidades, assegurados pela Constituição Federal, por leis e decretos complementares.

Apenas 70 comunidades possuem registro no INCRA e outras 100 estão em processo de regularização. Com mais da metade das comunidades quilombolas localizadas no nordeste do país, com mais de 1,4 mil territórios. Algumas delas também existem na região norte, como no Amapá. Onde em conjunto com uma área de preservação ambiental, coexiste uma comunidade remanescente quilombola. O Curiaú.

Pode parecer ao resto do Brasil que a influência negra no Amapá não é representativa. Mas o que leva muitos a um verdadeiro engano. Afinal a cultura negra no Amapá é muito forte, tanto que sua cultura e seus costumes se embasam tanto nas origens indígenas quanto na influência da nação negra. Prova vista o Marabaixo e seus ladrões, cantados aos quatro cantos das terras do Amapá, que constitui um patrimônio um cultural inalienável.

Hoje em visita de alguns antropólogos amigos que vieram conhecer o Amapá, tive a infelicidade de sugerir uma visita a UMA (União dos Negros do Amapá), que pelo roteiro deveria ser um centro de divulgação da cultura negra no Estado, servindo até mesmo como referencia aos pesquisadores das várias vertentes dos estudos da sociedade humana e servir como polo informativo da importância e da influencia da cultura negra no Estado.

Ledo engano pensar que poder-se-ia tirar do local, em estado avançado de abandono e depredação alguma informação útil sobre a história e a formação do Estado sob a influencia da população quilombola, em um centro que foi criado para a divulgação da cultura negra.

Ao conversar com as pessoas presentes, muitas me relataram que o local sofre com o abandono por parte do poder público e essa inércia inibe que as comunidades negras, tanto urbanas, quanto as residentes na APA do Curiaú, possam divulgar suas raízes.

Mas a nossa Carta Magna confere aos Estados e ao Governo Federal a competência para promover a proteção do patrimônio Histórico e Cultural. De onde parte o princípio que a UNA foi uma criação do governo de João Capiberibe. Mas que segundo as pessoas que frequentam o espaço. Só sofre intervenções na semana da consciência negra e nada mais. O resto é o total abandono.

O espaço também se presta a reuniões políticas e também a quem se prevalece da raça para a autopromoção. Parte-se do princípio de que a comunidade negra tem sua representante expressiva e atuante na Assembleia Legislativa. Mas que constantemente se diz vitima de discriminação racial.

Oras, senão o povo e principalmente o eleitorado concedeu a sua representatividade à deputada e a mesma se diz discriminada, o que pensar então desta atuação? Afinal espera-se a mesma atuação das bancadas ruralista, evangélica e empresarial quando elege seu representante nas casas de leis e lhe confere os doutos poderes para reprimir estas atitudes. Esperam ações direcionadas ao povo em sua totalidade, mas também muitas ações que beneficiem as suas seções sociais também.

De que adianta ter um representante que o tempo todo se queixa das mesmas mazelas que a coletividade por si só já padece? As ações da nobre deputada devem descer a falácia e a retórica partidária e sim, lutar pelos direitos das comunidades negras, que historicamente já pagou o alto preço do abandono e da omissão da sociedade que se diz branca e superior. O resto é pura politicagem de camarim...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Nem precisa ter peitos de silicone


"Mulher é bicho esquisito, todo mês sangra..."

Lembro de Rita Lee cantando essa música diariamente, quando Marília Gabriela apresentava o TV Mulher na Rede Globo ao lado de Clodovil Hernandez, pelos idos da década de 80. A mensagem sempre me bate o juízo quando tento escrever sobre a natureza e a essência feminina.

Fico pensando até hoje, por que o mundo foi machista durante tantos anos e ainda o é, embora hoje mais contido em suas posições quanto a presença feminina na sociedade. Hoje temos a graça de ver o quanto a mulher pode ter sua importância e seu merecimento e exercer papéis que com graça e batom, deixam muitos homens na lanterna da nossa sociedade.

A mulher sempre foi relegada ao papel secundário de mãe e Amélia, cantada por Mario Lago em um viés de verdade condizente à época, hoje não mais. Afinal vemos mulheres exercendo papéis que aposentaram a agulha de tricô do enxoval de filhos e netos e fazendo verdadeiras revoluções. É quase impossível hoje não conceber com naturalidade a gestão de Dilma Roussef, da qual não comungo, não por ser mulher mas por não acreditar na falácia petista. 

Mas admiro sua força e graça na posição que ocupa. Não deixando de citar a comadre meso conterrânea Angela Merkel no comando da nação que Hitler um dia rechaçou com seus sonhos de grandeza, pureza e opulência, onde não havia lugar para as mulheres, tanto quanto para judeus e ciganos na rotina do III Reich. Ou para Golda Meir e Indira Gandhi.

Hoje vejo mulheres na Petrobras, da presidência às plataformas. Vejo as mãos firmes que carregam no colo os filhos e que ajudam a erguer torres para a construção civil. As vejo em posição de comando com uma beleza que excede o batom e as meias. As vejo portando armas e comandando soldados com a mesma desenvoltura que a natureza as dotou para reger o matriarcado familiar.

Eis as mulheres, tão relegadas por milênios por supostamente serem criação da costela de um homem, mas que de nada deixam a desejar em suas ações e responsabilidades no guiamento dos rumos da nossa tão obsoleta sociedade machista, que agora não mais.

Afinal depois de rainhas, como Vitória e Catarina, presidentes como Dilma e Cristina Kirchner e até primeiras ministras como Merkel e Thatcher. Percebemos enfim que elas nem precisaram dos recursos de toucador, nem dos produtos da cosmética mundial e muito menos dos recursos da medicina estética para fazer o que fizeram de melhor: Mostrar que são tão grandes e por que não dizer? Superiores a nós pobres homens mortais que nascemos delas e muitas das vezes elas nos devolvem ao seio da terra para nosso descanso e juízo.

Bem aventuradas todas, que não só hoje mas sempre provem para nós que Maria Rita não errou quando cantava. "O meu peito não é de silicone... Sou mais macho que muito homem"

terça-feira, 6 de março de 2012

O banco da amizade

Quando o assunto é banco estadual o campeão do folclore ainda é o Banespa de Orestes Quércia, de onde dizem as más línguas de bastidores, teria saído a pérola:  “Quebrei o Banespa, mas elegi meu sucessor”. E realmente elegeu; Luís Fernando Fleury filho.

O Amapá também tem suas anedotas de bastidores, como a frase do ex-governador e atualmente senador João Capiberibe, que disse que se quisesse elegia até um poste! Eis que surgiu o ex-prefeito João 40, depois João 13 e atualmente João dois patinhos 22. Como prefeito de Macapá por dois mandatos.

Mas quando se fala em dança de cadeiras ou de bancos como se preferir, não se tem como não focar nas anedotas antigas, quanto às novas, e a pretensão do PC do B entregar os cargos na PMM ao anunciar candidatura própria à prefeitura da capital e não renunciar as mesmas concessões de GEA. Vale lembrar que até alguns anos o deputado Federal Evandro Milhomem andou de borduna nas mãos apontando para a deputada Federal Janete Capiberibe, quando lhe enfiou esôfago adentro a máxima de que quando se fala de corrupção, não se poderia deixar de fora o lendário Antenor Ferrari que ajudou a desviar milhões da secretaria de saúde, e até hoje ninguém sabe, ninguém viu. E que João Capiberibe governava o Estado nessa passagem relâmpago de 42 dias e muitos zeros a mais na conta do estancieiro da fronteira e suas piscinas térmicas.

Claro que bravatas anedotárias são muitas até mesmo por que Evandro Milhomem herdou de pronto uma secretária recém-criada, de onde tratou logo de aboletar seu irmão João Milhomem que quase tornou o cargo vitalício por mandatos seguintes. E que também o mesmo Evandro se beneficiou da saída de Janete na época da perda do mandato pelos ditos R$ 26,00 à prestação. Pois herdou a vaga. É óbvio que o caso de amor antigo entre comunistas e socialistas não se acabou com a dissolução dos sonhadores sovietes e nem com a queda do muro de Berlim.

Mas é claro que na dança dos bancos, o anedotário se enriquece mais ainda quando nos lembramos do finado, morto e falecido BANAP em 1997 que a mando de Gustavo Loyola que presidia o Banco Central na época em que João Capiberibe governava o Estado foi liquidado por meros R$ 11 milhões de débito, que poderia ter sido quitado com os R$ 15 milhões que Antenor Ferrari ajudou a desviar medonhamente em menos de dois meses.

A fraude no BANAP é até infantil perto da audácia de seus gestores: Lenir Messias, Ricardo Saad e companhia, que foram indiciados na denuncia do procurador da República no Amapá; José Cardoso Lopes. Pela fraude inconclusa de tentar derramar certificados de custódia de títulos de propriedade de terras rurais privadas na Amazônia no valor de R$ 6 bilhões sem qualquer lastro financeiro para tal operação. Quase um cinematográfico golpe. Que deixaria o banco com uma dívida superior ao seu patrimônio, obrigando futuramente o Estado a assumir o rombo.

João Capiberibe afirma até hoje que descobriu a fraude e avisou o Banco Central, mas Gustavo Loyola afirma que o Banco Central descobriu a fraude que iria ser finalizada nos Estados Unidos no Federal Reserve Bank onde o banco derramaria os títulos sem cobertura. O que deixa no ar é que embora 15 anos tenham se passado, ainda se faça vista grossa e ouvidos de mercador para esta peças que compõem o vasto anedotário amapaense, que cada vez mais se arraiga em uma tradição duvidosa de gestores que sabe-se lá de onde, conseguem não ter visão nenhuma, mesmo diante de casos tão anômalos. Que continuam sentados no banco da amizade...

Nota Oficial do Governo Paralelo do Amapá Sobre a PF

domingo, 4 de março de 2012

Juiz bom é juiz sem toga

Minha avó teve paralisia nas pernas após um dos muitos avc’s que teve antes de ir para o andar de cima. Mas de uma das coisas que mais me recordo é de quando íamos à casa dela para os almoços dos fins de semana, sempre que estávamos de traquinagens a velha senhora dizia de sua cadeira de rodas: “Eu vou aí pra dar uma coça de vara verde em vocês!”

Por saber que nunca, em milagre, minha avó iria levantar-se dali com uma vara de cuieira nas mãos com a ânsia de corrigir uma meia dúzia de moleques travessos, fazíamos certo escárnio e dizíamos: “A vovó não me pega!”. Isso pode até parecer crueldade, mas criança tem dessas coisas. Não temer o que não pode alcança-la é uma delas, afinal o medo só existe do que é fato e realidade.

Sendo assim penso que o magistrado paraense Amílcar Guimarães, não faz escárnio do jornalista Lúcio Flávio Pinto, condenado por ele a indenizar um grileiro póstumo. Mas sim o escárnio com a sociedade em geral, que lhe paga o salário e acredita em justiça imparcial e seriamente justa. O que daqui pra frente, após os inúmeros avisos e declarações da ministra Eliana Calmon parece cada vez mais claro: O judiciário precisa de creolina para desinfetar os inúmeros carrapatos e sarnas que lhe infestam.

Mas muito mais me espanta é que o juiz que se despe da toga e acredita se despir da moralidade também ao adentrar em um site de relacionamento como o meritíssimo, que na sua ânsia de provar que tem dois testículos empapuçados de testosterona em uma disputa mesquinha contra Lucio Flávio, tenha que nos atirar às faces a nossa impotência em punir qualquer ato indisciplinado dentro do poder judiciário que assim como as negras togas, se lacra em segredos muitas vezes imitando a cor das mesmas.

Declarar todas as ofensas ao jornalista, não me repulsa nenhum pouco, afinal jornalista de uns tempos de outrora até os de hoje, ouve os mesmos “elogios” de prostibulo desde que o mundo é mundo. Mas ao afirmar que se Lúcio Flavio fizesse uma queixa no CNJ, ele realizaria sua vontade de se aposentar, nos mostra o quanto os níveis de correição das corregedorias é nulo, no quesito punição exemplar. Errou, aposenta! Parece até uma tirada de politico caricata, mas enfim é uma realidade sustentar um pústula desses até a morte com salário integral. Isso é punir?

Ministros, desembargadores e juízes se contorcem com as declarações de Eliana, vomitam pragas e maldições, mas no fim de tudo, mesmo que fiquem comprovadas as estatísticas da ministra quanto a quantidade de bandidos togados, nada mais me assusta é que as estatísticas do INSS tenha que se apertar mais ainda o cinto do déficit previdenciário para dar mais aposentadorias aos tais senhores da moralidade que para igualar, falta apenas passar uma listra branca nas togas e assim estão prontos para o ambiente do qual merecem, áreas gradeadas em 3x3.

Ainda tenho fé que os três poderes podem e devem constitucionalmente administrar os rumos da administração pública. Temos que acreditar nisso, afinal lutamos e derramamos muito sangue e suor para que estes direitos pudessem existir. Mas não para que uma dúzia ou uma milha de parasitas façam com que tudo isso escorra pelo ralo, levando as ultimas esperanças de um povo já tão desiludido com a administração pública e com a corrupção dos três poderes.

Uma coisa é certa: Minha avó não podia correr atrás da gente por esta desprovida de pernas úteis para isso, mas minha mãe... Ah essa tinha pernas para uma maratona, e quando pegava um, sai da frente por que ninguém evitava o corretivo e este pedia unguento depois para colocar em cima das marcas que não pareciam nem um pouco com a benevolente aposentadoria com vencimentos integrais...
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