sábado, 24 de dezembro de 2011

O que se aprende com o Natal

Era véspera de natal, Lico pé-pé sem tirar os olhos do relógio caminhava a passos largos pela estradinha de chão. Sorte sua possuir um coração de atleta, caso contrário teria “arriado as baterias” antes mesmo da primeira curva, visto a velocidade com que seguia para casa. Como sempre, estava atrasado para ceia da meia-noite e dessa vez não havia nada que pudesse livrar sua cara. No natal passado, Heloisa havia sido clemente com seu atraso, porém afirmou que se aquilo se repetisse, ela teria que lhe aplicar um castigo, ou seja, deixaria Lico pé-pé sem comer o delicioso peru de natal que tanto gostava.
Ao conferir os ponteiros, verificou que precisaria de mais quinze minutos para chegar a tempo, mas o tic-tac só lhe forneceria cinco. Lico pé-pé elevou seus olhos aos céus e pediu uma forcinha para o aniversariante.
- Querido Jesus, me ajude a chegar a tempo.
Sua fé foi tanta que milagrosamente apareceu no céu o contorno de um presépio, sem perder tempo Lico batizou de Constelação do Menino Jesus. E de lá, veio em sua direção um lindo trenó luminoso puxado por nove renas.
- Ho ho ho... – disse animado um velhinho de barba.
Lico pé-pé ficou encantado com a formosura do veículo, com certeza a crise global não atingiu a fábrica daquele senhor, pois o luxo empregado em cada peça era notável. As nove renas: Rodolfo, Corredora, Dançarina, Empinadora, Raposa, Cometa, Cupido, Trovão e Relâmpago; eram as responsáveis por colocar aquela raridade em movimento.
- Desculpa vovô, não me leve a mal, mas foi para Jesus que eu pedi ajuda. Acho que o senhor o conhece, ele possui barba também.
- Bom filho, eu sou o Papai Noel. Vim a mando de Jesus, sabe, ele é o patrão. Vou te ajudar a chegar a tempo em casa, mas antes temos que fazer umas pequenas entregas.
Lico pé-pé sentiu que se aceitasse a carona, o atraso seria inevitável. Porém, quando olhou para o relógio, o ponteiro estava parado em um minuto para meia-noite. A única coisa que pensou foi “eu não devia ter comprado no camelô”.
- Não, Liquinho.  Há muito tempo ninguém lhe chamava assim. – O tempo está parado mesmo, como se fosse mágica. Sua fé sincera, ou pelo menos esta sua vontade verdadeira de chegar a tempo na ceia, fez com que o Chefe, lá de cima, me enviasse aqui para te dar uma carona.
Lico pé-pé ficou boquiaberto, será que estava delirando? Depois de alguns instantes, percebeu que não.
- Olha vovô, eu não conheço o senhor. Porém se Jesus mandou você aqui, é porque o senhor deve ser bom motorista, e dos rápidos.
- Muito bem, Liquinho. Então, suba a bordo. – Lico não sabia como um senhor de idade tão avançada conseguia ter tanta disposição.
Lico pé-pé subiu no trenó e em fração de segundos saíram cortando os céus na velocidade da luz. Aquilo era demais, nada no mundo era mais potente que aquelas renas, nem mesmo um fórmula 1.
- Aquela é a nossa primeira parada. – apontou o velhinho para uma casinha de palha.
Na velocidade que estavam. Lico calculou que o trenó espatifaria o telhado em mil pedaços. Só que para sua surpresa, o Papai Noel puxou uma alavanca e instantaneamente o veículo parou. Nem ao menos cantou pneu, o mais interessante foi constatar que o nariz da rena-guia estava aceso na cor vermelha.
- É a luz de freio. – esclareceu o bom velhinho.
Nesta casa, o Papai Noel não deixou brinquedos, mas deixou um gostoso peru assado. As crianças ficaram felizes por terem o que comer, a cena tocou o coração de Lico, que lembrou nunca faltar o pão de cada dia em seu lar.
- Bom Liquinho, tem coisas mais valiosas em nossa vida. – lição número 1.
A rena-guia apagou o nariz e eles saíram em disparada para o próximo endereço. Agora, esta outra residência já possuía uma aparência mais chique e o telhado era mais reforçado. Lico pé-pé ficou com muito medo na hora da aterrissagem, quando o trenó entrou em contato com o telhado, dessa vez não parou, deu uma pequena patinada e todos acharam que seria o fim. Mas tudo terminou bem novamente, eles pararam antes de acabar a pista de pouso.
- Esta foi quase, ho ho ho... – o vovô continuava a se divertir.
Lico pé-pé percebeu que eles só conseguiram pousar, graças às renas possuírem tração nas quatro patas. Nesta segunda casa, o bom velhinho apenas concertou o som da árvore de natal, um ato simples que alegrou o ambiente e despertou o sentimento de paz entre os presentes.
- Bom Liquinho, tem coisas mais valiosas em nossa vida. – lição número 2.
Depois destas pequenas entregas, o Papai Noel deixou Lico em frente do seu lar doce lar.
- Bom Liquinho, como eu prometi, trouxe você a tempo e o melhor é que ainda estamos um minuto adiantado. – piscou o velhinho de forma marota.
- Papai Noel, obrigado por tudo. Ah, agradece o Chefe por mim.
Papai Noel já se preparava para partir com as renas quando se lembrou.
- Liquinho, eu estava esquecendo. Seu presente de natal.
- Mas eu pensei que a carona tivesse sido meu presente.
- Bom, tem outra coisa. Quando você entrar, você verá.
As renas saíram turbinadas em direção a Constelação do Menino Jesus.
- Liquinho, tem coisas mais valiosas em nossa vida. Ho ho ho... – reforçou o bom velhinho aquela lição maravilhosa.
Com pressa, Lico pé-pé entrou em sua casa para saborear o delicioso peru recheado de Heloisa. Quando adentrou o recinto, viu sua família sentadinha no sofá conversando, mas nem sombra do peru.
- Oi meu amor, você chegou a tempo. Meus parabéns. – disse Heloisa.
- O que aconteceu? – Lico estava um pouco decepcionado pela mesa estar vazia.
- Foi uma pena, Lico. Eu nunca deixei isso acontecer, mas o peru queimou e estamos sem ceia hoje. Por milagre, apareceu agora a pouco um bolo de fubá em cima da mesa e estamos esperando você para comê-lo.
Lico ficou triste ao lembrar do peru tão gostoso que sempre comia nas noites de natal. Logo em seguida pensou melhor, e ao se lembrar das casas que havia visitado com o Papai Noel, percebeu que tudo o que ele podia querer estava ali, uma linda família – mãe, irmãos – e ainda um delicioso bolo de fubá do bom velhinho.
- Você está triste? Não fiz por querer. – falou Heloisa preocupada.
- Não estou não, mamãe. Eu tenho você, o que mais posso querer?
Lá das estrelas, Jesus e Papai Noel sorriam felizes com mais um natal bem sucedido.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

10 motivos para se indignar Lá e Cá

O ano de 2011 já respira por aparelhos. Tanto a presidente quanto os governadores também são outros (fora os reeleitos). Mas ainda temos motivos para nos indignar com muitas coisas que parecem não ter mudado ao longo do ano que se vai. Faltou vontade política ou atitude nossa? Ou ambos? Vamos tentar pelo menos diminuir os itens daqui a um ano, quem sabe a gente consegue, já que emagrecer, não dever muito aos bancos e reformar a casa, são resoluções de ano novo bem mais difíceis de cumprir.

1) A falta de saneamento e habitação decente para os mais pobres. O número de brasileiros em favelas dobrou em uma década, segundo o IBGE. Em dois anos de Fernando Henrique e oito de Lula, passamos a ter 11,4 milhões de brasileiros em favelas. A população carente cresce mais que famílias de outras classes sociais. E não se discute planejamento familiar porque a Igreja não deixa. E no Amapá se fala em distribuir casas populares com uma facilidade como se fossem feitas de papelão, mas por ora só o mucajá e olhe lá.

2) O escândalo do Enem, um exame até agora em suspenso devido a vazamentos e confusões em cálculos de notas. E o analfabetismo no Brasil, maior que no Zimbábue. No ano passado, éramos a oitava economia mundial, mas em breve seremos a sexta. Quando a educação será nossa prioridade em número de alunos e qualidade de instrução? Greves de professores, salários defasados, crise no sistema educacional, falta de merenda, caixas escolares usados como se fossem posses próprias, este é o quadro atual da educação do Amapá.

3) Os absurdos privilégios dos deputados e senadores, que aprovam aumentos para si mesmos e, além de receber 15 salários por ano e ter dois meses de férias, dispõem de verba extra indecente: cerca de R$ 30 mil mensais, para gasolina, alimentação, correio, telefone, gráfica. Além de todas as mordomias, os deputados esperneiam para aumentar a verba mensal de gabinete de cada um, de R$ 60 mil para R$ 80 mil. O que fazem os secretários dos deputados? O Congresso entende o momento da economia ou precisa explicar? E o que é pior, onde deveria ser menor é maior, A assembleia Legislativa do Amapá, aprova para si um orçamento maior do que o da cidade de Santana; aprovam limite de verba indenizatória de 100 mil e ainda ajudam a envergonhar mais ainda a já convalescente imagem do amapaense Brasil afora.

4) A impunidade de corruptos nos Poderes. Exonerar meia dúzia de ministros não basta. A Controladoria-Geral da União acaba de revelar que R$ 67 milhões devem ter sido desviados pelo Turismo do ex-ministro Pedro Novais. Duvido que seja tão pouco. Melhor mesmo é esquecer palavras como “desvio” e “malfeito” e chamar à pelo nome real: roubo.
2 bi é a provável quantia que deve ter sido roubada durante o mandato do PDT, prisões, acusações, e muita falta de explicações a população sobre o que realmente é verdade, fato ou fantasia.

5) A agressividade no trânsito, que torna o Brasil recordista em mortes em acidentes. A novidade em 2011 é que chegamos ao maior número de vítimas em 15 anos. Já são 40.610 mortos no trânsito, média de 111 por dia, 4,6 por hora, mais de um morto a cada 15 minutos. Uma das causas é o aumento das motos. Morreram mais motociclistas que pedestres. Uma grande parcela destas estatísticas colocam o Amapá em destaque em acidentes com vítimas devido a imprudência no transito, que mesmo que se diga, não tem a caoticidade que tanto se apregoa.


6) A falta de educação da elite brasileira. Boa parcela de ricos desenvolve falta de educação associada à arrogância e à crença na impunidade. Joga lixo nas praias e da janela de carros importados, dá festanças ignorando a lei do silêncio, viola a legislação ambiental e sempre quer levar vantagem. Esse item continua igualzinho ao ano passado.
Aproveita-se da posição para dar as famosas “carteiradas”, políticos que se escondem do povo depois de eleitos e sob a falsa moral de que servem ao povo, passam por ele em seus carros peliculados de 100 mil reais como se o povo fosse um monte de “sapos” ou “vagabundos”.

7) Os impostos escorchantes, que não resultam em benefício para quem precisa. Cartéis punem o consumidor e tornam produtos e passagens aéreas no Brasil muito mais caros. Outro item igual ao ano passado, com um agravante: o custo de vida está bem mais alto. Habitação e alimentação estão caríssimos e até os estrangeiros reclamam. Com 50 reais você não compra mais nada, a cesta básica em Macapá foge a realidade do restante do Brasil, a economia do comércio agoniza sob o olhar impotente do poder público que somente cria paliativos para tentar minimizar a queda da economia e o aumento da dependência em repasses federais.

8) A falta de um sistema de saúde pública eficiente. Grávidas ou velhos morrendo em fila de hospital ou por falta de leitos e médicos é inaceitável. Dentro desse quadro, impressiona ainda mais o abandono, os hospitais foram construídos pelo primeiro administrador há décadas, quando se imaginava uma população 5 vezes menor. Os tratamentos são escassos e os médicos mal pagos se afundam em um sistema caótico de consultas improdutivas pelo tempo em que os exames e retornos acontecem. O câncer se tornou uma praga, e os tratamentos por falta de pagamento, paralisam-se, e muitos dos pacientes de TFD ficam abandonados pelo poder público em estados que não os de seu domicílio.

9) A deficiência de transporte de massas, num país que fez opção equivocada pelo carro e hoje paga o preço de engarrafamentos monstruosos. Metrôs e trens, ligados a uma rede de ônibus sem ranço de máfias, deveriam transportar todas as classes sociais. O preço da passagem não é condizente com os serviços. O transporte é deficiente e não atende as demandas públicas, a população padece em paradas inexistentes sob a espera de um ônibus que muitas vezes quando para, não se consegue embarcar por falta de vagas até para ir em pé.

10) O descolamento do Supremo Tribunal Federal da realidade do país. Os meritíssimos juízes estão cada vez menos ágeis nas votações que interessam à população, como é o caso da Lei da Ficha Limpa e o escândalo do mensalão. Mas, quando o interesse é próprio, são rápidos até demais. Bom lembrar que não são todos os ministros que aprovam a conduta do STF este ano. Agregada a decisão unilateral de “conter” as ações do CNJ e da inépcia em harmonicamente gerir o destino da nação onde também é poder soberano.

Indigne-se, mas não seja chato. Contribua para a mudança. Melhor ser um indignado otimista que um resignado deprimido. Espero, em 2012, escrever “10 razões para comemorar”. Boas festas!
  

Onde está a luz desse Natal?

Esta semana precipitou-se um problema, dos muitos que a administração pública tem enfrentado, mas este que afeta diretamente a população em um período onde se fala tanto de luz. A falta dela tem gerado grandes polêmicas de quem na verdade é culpado pela atual conjuntura.
Uma sucessão de fatos, omissões e protelações fazem com que não haja apenas um culpado. O mesmo caso que aconteceu com o governo federal nos tempos de apagão e caos aéreo. Não da para crucificar A ou B. A responsabilidade que aqui não seria uma, e sim uma coletiva. Irresponsabilidade seria ser oposicionista sem caráter para jogar politicamente a culpa dos racionamentos que afetaram o Amapá recentemente.
Mas uma das coisas que devem ser esclarecidas é que um não pode ficar se amparando nos erros do passado e o outro não deve se eximir da culpa de sua omissão. E também; sabe-se que não se pode chegar em Brasília e sentar-se no colo de Edison Lobão, sem um projeto de contenção e ordenamento da CEA, apenas pedindo que a viúva adote a empresa.
Mas o caso CEA é antigo e depende da Eletronorte no quesito geração. A Eletronorte dispõe de uma potência instalada de 256,1 MW, que corresponde a 92,7% daquela efetivamente disponível no Estado. O parque combina geração hídrica e térmica. Os 78 MW de potência instalada de Coaracy Nunes são complementados por 156,8 MW da Usina Termelétrica Santana. E que poderia ser somado a Santana II que segundo a Aggreko, empresa contratada pelo GEA para gerar 47 MW desde ontem quando foi inaugurada as pressas e acabou sem ser testada, tendo problemas técnicos e atualmente esta só com os 24 MW previstos inicialmente.
Não só o governo atual, mas os anteriores sabem muito bem que o período de seca no reservatório de Coaracy Nunes está compreendido entre setembro e dezembro, a Térmica Santana supre a necessidade de energia elétrica no Estado mesmo que com algumas deficiencias. No período chuvoso, quando a hidrelétrica opera a plena carga, a usina térmica atua como complemento de carga. Mas isso com uma população projetada na década de 90. Estamos a 9 dias de 2012.
Existem outros projetos de geração de energia em andamento, mas a longo prazo e a passos de cágado, justamente devido a omissão dos poderes em fazer o óbvio, infra estrutura de crescimento. Afinal não adianta projetar um crescimento numérico quase chinês de 6% se sabemos que a infra estrutura é essencial para esse crescimento. 
O jogo do empurra fica explícito quando os poderes parecem crianças brigando pela posse da bola. Marcos Drago (ELTRN) vai a público e diz que Coaracy Nunes está abaixo do nível em 1,5 m e que por isso é preciso parar a geração para armazenar no reservatório e pelo menos gerar no natal, mas só se teve 0,5 m até agora. Mas não explica porque em tempos de grandes mecanismos de informação a Eletronorte não pode programar as paradas dos alimentadores e avisar a população como se deve, da escala de desligamento dos mesmos.
Já José Ramalho (CEA) Não pode se eximir da culpabilidade, junto com o séquito de assessores do governo que se preocupam em ir aos meios de comunicação não apenas para orar a "São Sarney" para salvar isso ou aquilo ou tirar o mea culpa do GEA e da CEA ao invés de dar satisfações ao contribuinte, no caso do GEA e do Cliente no caso da CEA.
Existem inúmeras opções que embora pequenas, podem ajudar a minimizar a crise de energia no Estado, mas ficamos pasmos em ver que quando não há politica ou políticos locais envolvidos, as coisas não tem interesse de ser amparadas. Empresas como a Flórida Clean Power do Amapá que é capaz de gerar 1.7 MW de potência. Embora essa não seja essa sua ocupação principal, o excedente seria vendido a CEA. Mas a usina tem quase um ano de existência e não gerou um só Watt por falta de licença e de excesso de propineiros que visitam a empresa tentando tirar uma casquinha pra liberar papéis. O que inibe novos empreendimentos privados de porte.
Saber governar com sabedoria é cercar-se de bons conselheiros, acostar-se ao sopé da árvore que dá frutos. Mas atualmente vê-se ações como as de Calígula que preferiu seu cavalo Incitatus como conselheiro, Camilo tem se cercado de pessoas que o primeiro emprego formal é como secretário de estado. Ou que entendem tanto da pasta quanto de instalação de bolsa ostomica.
Ao executivo, vem este recado de natal. Mas ao legislativo cabe a mensagem de que sabemos que há oposição majoritária, que é o caso da ALAP, devido ao número de votações aos vetos do governador 21 a 2. A votação nem precisava ser secreta sabemos de onde vem os 2 votos. Mas oposição séria não é igual a merda de gato, que só mostra seu verdadeiro fedor quando pisada. 
Tem que ser firme quando a ideologia conflita, mas tem que ser coerente quando as decisões afetam a qualidade de vida do principal interessado: o cidadão, que por enquanto acende velas não pela fé ou pelo período de natal, mas por que também paga pela sua omissão em fiscalizar as ações de quem elegeu. Mea culpa para todos.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Pavões que se pavoneiam sob um mar de lama

Donos dos maiores salários do serviço público, magistrados espalhados por tribunais Brasil afora engordam os rendimentos com penduricalhos que, muitas vezes, elevam os rendimentos brutos a mais de R$ 50 mil mensais. Uma força-tarefa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) buscava identificar nas folhas de pagamentos de alguns estados do País.

A radiografia da folha dos tribunais revela centenas de casos de desembargadores que receberam nos últimos meses mais que os R$ 26,7 mil estabelecidos como teto o salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Em setembro deste ano, por exemplo, 120 desembargadores receberam mais do que R$ 40 mil e 23 mais de R$ 50 mil. Um deles ganhou R$ 642.962,66; outro recebeu R$ 81.796,65.

Há ainda dezenas de contracheques superiores a R$ 80 mil e casos em que os valores superam R$ 100 mil. Em maio de 2010, a remuneração bruta de 112 desembargadores superou os R$ 100 mil. Nove receberam mais de R$ 150 mil. Com auxílios, abonos, venda de parte dos 60 dias de férias e outros penduricalhos, muitos isentos da cobrança de Imposto de Renda, fazem com que alguns tribunais paguem constantemente mais do que o teto de R$ 26,7 mil.

No Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, os pagamentos mensais superiores a R$ 50 mil são comuns. Em determinados meses, os rendimentos de dezenas de desembargadores superam R$ 100 mil. Os casos de pagamentos elevados são mais comuns no Rio. No Tribunal de Justiça de Mato Grosso, o pagamento de vantagens, inclusive auxílio-moradia, eleva o pagamento de desembargadores mês a mês a R$ 41.401,95. No Espírito Santo, lei aprovada pela Assembleia Legislativa garantiu aos desembargadores um pagamento de atrasados que aumentam os rendimentos para mais de R$ 30 mil.

Por serem auxílios que não são incorporados ao valor do subsídio dos magistrados, limitado a R$ 26,7 mil, as quantias não são abatidas pelo teto. De acordo com os dados, há 19 benefícios previstos legalmente, como função gratificada, parcela autônoma de equivalência e pagamento por hora-aula que elevam os salários. O TJ do Rio não se manifestou sobre os dados. Em Mato Grosso, o pagamento de auxílio-moradia contribui para aumentar os rendimentos. Dos 26 desembargadores, 24 receberam R$ 41.401,95. Além do salário de R$ 24.117,64, os desembargadores recebem auxílio de R$ 11.254,90 e vantagens eventuais de R$ 6.029,41.

O tribunal do Mato Grosso do Sul gastou R$ 723 mil em salário e R$ 914 mil em auxílios, vantagens e abonos. No Tribunal de Santa Catarina, os desembargadores recebem R$ 2.211,13 de auxílio-moradia, além do subsídio de R$ 22.111,25. Apesar da exigência do CNJ, o TJ não divulga quanto cada desembargador recebeu em vantagens e outros auxílios.

Pela Constituição, os desembargadores podem receber até 90,25% do que é pago a um ministro do Supremo. Mesmo não sendo obrigatório que recebessem o máximo possível. Na semana passada, a Corregedoria Nacional de Justiça iniciou uma devassa na folha de pagamentos do TJ de São Paulo. A partir de informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a Corregedoria passou a investigar movimentações suspeitas de 17 magistrados.

A devassa vai se estender por 22 tribunais. Há suspeitas de que valores podem ter sido usados para comprar decisões judiciais. Em outra frente, a Secretaria de Controle Interno do CNJ faz uma auditoria nas folhas de pagamento em busca de violações ao teto de R$ 26,7 mil.

Apesar de exigido pelo CNJ, alguns tribunais mantêm em sigilo o que é pago aos magistrados. As cortes estaduais de Santa Catarina, Pará, Tocantins e Minas Gerais não divulgam quanto os desembargadores recebem. A publicação dos dados está prevista em resolução aprovada pelo CNJ em 2009 para dar transparência à gestão das contas do Judiciário. O texto obriga a divulgação detalhada e padronizada dos dados. De acordo com a resolução, os tribunais deveriam publicar os valores individualizados das remunerações e diárias pagas a membros da magistratura, das vantagens pessoais, das funções ou cargos comissionados, auxílios e vantagens eventuais.

Com as medidas descaradas de tolher o CNJ, o judiciário brasileiro mostra que tem muito a esconder nas pregas de suas togas, que além de pretas tentam mimetizar toda a sujeira oculta sob a égide de uma falsa santidade.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Patrão! Um avião! Um Avião...

Desde 1978, Ricardo Montalban interpretou o simpático Sr. Roarke que administrava uma ilha paradisíaca que realizava todas as fantasias de quem aportava nela. Sempre que os visitantes chegavam, o simpático Tatoo, interpretado por Hervé Villachaize, corria para o hotel e gritava: - Patrão! Um avião! Um Avião...
Aqui no mundo real do Brasil, também temos umas ilhas e suas fantasias;

A Ilha do Paraíso: Um sobrinho decidiu colocar à venda, por R$ 20,2 milhões, parte da ilha de Curupú, uma paradisíaca propriedade do clã maranhense que fica no município de Raposa (Grande Ilha de São Luís). O local pode ser acessado pelos municípios de São José de Ribamar e Raposa, este a 20 quilômetros do centro da capital maranhense.

O radialista Gustavo da Rocha Macieira, sobrinho do casal José Sarney presidente do Senado, (PMDB-AP) e Marly Macieira Sarney, quer vender 12,5% da ilha, que, segundo ele, possui um total de 16 milhões de metros quadrados.
O local é um dos símbolos do poderio econômico da família Sarney. Trata-se, na verdade, de um complexo formado por três ilhas, sendo Curupú a maior, que abriga mansões dos filhos do presidente do Senado e conta em sua área com manguezais e até um conjunto de dunas.

A Ilha do Dinheiro: A operação batizada de Dedo de Deus resultou na prisão de 44 pessoas, todos suspeitos de envolvimento com o jogo do bicho no Rio e em outros três Estados. A polícia civil do Rio de Janeiro apreendeu na terça-feira, na casa de Helinho de Oliveira, presidente da escola de samba Grande Rio uma quantidade de dinheiro que foi capaz de encher um carrinho de supermercado, o dinheiro foi localizado no imóvel de um suspeito de envolvimento com o jogo do bicho, na Barra da Tijuca (zona oeste).

A quantia total ainda está sendo contabilizada pelos policiais, dentro da mansão, em um condomínio de luxo, os agentes encontraram dinheiro dentro de ralos, junto com papéis rasgados que seriam anotações da do jogo do bicho, além de escrituras de imóveis. Uma réplica de uma AK-47 também foi apreendida. Policiais civis descobriram o dinheiro escondido atrás de uma geladeira, no forro do telhado, em compartimentos falsos na casa, no vaso sanitário e até no esgoto.

A Ilha dos intocáveis: O ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar que limita a investigação de juízes pelo CNJ. Com a decisão, na prática, os conselheiros não podem iniciar investigações, sendo autorizados a atuar apenas em processos já abertos pelas corregedorias dos tribunais que estejam paralisados. Não há qualquer dúvida de que a decisão do ministro Marco Aurélio foi infeliz, muito infeliz, porque o que estava acontecendo era que as coisas estavam aparecendo. Isso era bom para todos nós, porque estávamos a caminho de um Supremo, de um Tribunal, de uma Justiça mais séria, mais digna e mais correta. A PEC 97/2011, que inclui expressamente na Constituição os poderes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para investigar e punir juízes, pode ser votada em reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), mas deve ficar para o ano que vem.
Durante pronunciamento da senadora Ana Amélia (PP-RS) sobre o assunto, nesta terça (20), diversos senadores que integram a CCJ defenderam a votação imediata da proposta. Embora não conste da pauta da comissão, a PEC 97/2011, de autoria do senador Demostenes Torres (DEM-GO), pode ser incluída como "extrapauta", dependendo apenas de aprovação de requerimento nesse sentido.

A Ilha dos sem noção: A Cidade do Samba foi inaugurada com a entrega dos galpões, apresentação das baterias das escolas de samba e show com o sambista Arlindo Cruz. O governador Camilo Capiberibe repassa para a Liga das Escolas de Samba do Amapá (Liesa) os cinco galpões que serão utilizados pelas agremiações para a confecção de alegorias e fantasias no período pré-carnavalesco. 
O investimento do governo estadual para que a Cidade do Samba fosse erguida foi de R$ 9.418.473,36, incluindo o aditivo de R$ 419.633,94. Desse total, o governador Camilo Capiberibe repassou R$ 5.265.585,40. As escolas voltam a ter repasse antecipado de R$ 1 milhão, dos R$ 2,5 milhões que estão assegurados. As escolas do grupo especial receberam cada uma R$ 88.920,00, e as do grupo de acesso R$ 80.370,00.

Enquanto isso Os pacientes de TFD estão a míngua nos estados para onde foram enviados, o tratamento dos pacientes de câncer esta parado por falta de pagamento. Cirurgias estão paradas por falta de material, falta soro e analgésico, falta médico e falta gestão. Vamos cair no samba, cidade já tem...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A sustentável leveza do ser

O clima de festas assola os corações quentes nos períodos em que o bom velhinho finge pular chaminés em um país tropical. Em que as pessoas estocam comida e se fartam em compras fazendo a festa do consumismo que deixaria Marx com todos os cabelos em pé.
Enfim, as festas nos deixam bobos, de coração mole de alma gelatina. Não vou falar mal de ninguém, nem vou criticar nada desta vez, nem mesmo o bom velhinho Mas deixo o texto de hoje como um desabafo, quase uma retrospectiva em reles parágrafos, uma forma de exorcizar velhos demônios em novos tempos.
Neste instante em que escrevo, vejo a imagem da tranquilidade, da serenidade, da consciência limpa e tranquila, quase como um anjo que repousa suas asas e deita seu queixo entre os joelhos, vejo a luz que se reflete sobre as pessoas. 
Apesar de meu criador ter sido um pouco esquecido quanto mim, não o culpo, afinal quem tem que cuidar de todo o universo, não pode se ater por muito tempo com pequenos detalhes e isso eu sou; um pequeno detalhe, a cereja no creme, a azeitona da empada a ultima coca cola do freezer. Não sou mais...
Mas não julgo, não praguejo, apenas espero. Espero que as coisas melhorem para quem fica, espero que as esperanças sejam muito maiores para os que caminham, eu quero, eu preciso acreditar nisso, que as esperanças não são as ultimas a morrer, mas sim as que são eternas, nunca morrem.
Nesse grande pistão de vida, conseguimos caminhar de sol a sol ou de sol a chuva, basta tentar. Não importa se você vai a pé, de Ferrari, de cadeira de rodas ou rastejando. Mas vá! Não pare, não estacione, não deixe que os outros caminhantes o deixem para trás não por ser uma corrida, mas por ser uma meta e metas não param, se cumprem, se fazem cumprir.
Ir em frente, seguir caminho, não importa como chamem, como as religiões ou seitas ou facções chamem, o que importa é que a caminhada não para, o tempo não para já dizia o mundano Cazuza. Não dá para reter uma nuvem nas mãos, não dá para segurar água entre os pés. Ah um atmo de tranquilidade, ah um momento em que a paz reine e impere.
Será então que o Criador lembrou-se disso no momento da criação? De que um dia a paz tem que chegar? Que a estrada termina? Que não temos que ter a esperança de caminhar na eternidade, mas sim caminhar com responsabilidade, do respeito, das ações que dignifiquem e façam crescer, não só você, mas o próximo.
Depois de tanto tempo, de tantos aprendizados de tantas lutas já pelejadas, de tantas nacionalidades, de tantos idiomas e gentílicos, me considero um ser humano cansado, mas realizado, feliz, mesmo que triste por não achar que já terminou, que antes mesmo de tudo ser encerrado.
Pensei em terminar tudo antes, deixar a mesa de posse pronta para o próximo titular, terminei o livro, plantei a árvore, sequei a geladeira, encerrei as contas em bancos, deixei a meia na janela a espera do bom velhinho. Sei que ele não vem, já faz muitos anos que ele não me visita, nem ele nem a fada dos dentes, nem o bicho papão, todos pararam de me visitar, de deixar moedas em troca dos meus molares, de me assombrar o armário ou me dar esperanças de encontrar um coroa tomando leite com biscoitos.
É... Já sinto o cansaço tomar conta, minhas nádegas perecendo tábua de pirulitos, reclamam um assento mais confortável, quem sabe o tamanho? Mas o meio do mundo tem dessas coisas, faz você pensar no futuro ou na ausência dele. A gente tem dessas coisas, reflexão, reflexão e mais reflexão.
Não faço promessas, não acredito em barganha flagelante. Mas acredito que tudo o que fazemos reflete em nossas vidas como um grande elástico que estica e leva e retrai e traz de volta. Meio século, foi quase o tempo em que a lucidez veio se instalar no interior da pia mater.
Dia vem, dia vai. Já sinto frio, já ouço sinos, já espero ansiosamente pela passagem do tempo e não do ano. Afinal ano passa todo ano, mas o tempo, esse não perdoa. Nos faz chegar a beira do abismo e enfrentar a dualidade: Pulo? Salto? Me atiro? Ou faço disso uma boa esperança, e ao invés de olhar para um abismo quase sem fim, e pensar em me esborrachar nas pedras que a vista alcança. A visão da boa esperança me diz: Você não adora voar?

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Domingo no parque


Entre 1977 e 1986, nas manhãs de domingo no Programa Silvio Santos tinha um segmento  que os quarentões devem se lembrar bem, pois o Domingo no Parque era uma rotina na arte de entretenimento infantil, antes mesmo de Xuxa inaugurar o desserviço matinal às crianças.
O quadro mais interessante do programa acontecia dentro de uma nave espacial bem tosca para os dias de hoje, com luzes vermelhas, onde a criança ficava lá dentro com um fone de ouvido sob a distração de vários sucessos da época em alto volume e Silvio Santos lá fora falava entre um corredor de objetos espalhados pelo palco onde alguns eram prêmios bem valiosos para as crianças como a tão sonhada bicicleta e outros “prêmios” como dentaduras e penicos.
O apresentador pegava um bom premio e dizia: -Você quer uma bicicleta? E a criança gritava um sonoro: -Siiiiiiiiiiiim. Para logo em seguida o apresentador  dizer: - Você Troca por um penico? –Siiiiiiiiiiim. E após uma serie de ofertas e troca-troca depois e muitos sins e nãos, a criança saia do foguete com uma dentadura ou um apito.
Depois de 11 meses e meio de governo PSB, de muitas coisas que parecem discrepantes demais para ser verdade, de ações que beiram o absurdo de tal maneira, que as vezes chegamos a achar que os opositores políticos tem razão em suas críticas, mesmo que elas as vezes pareçam absurdas, muitas vezes o absurdo é real.
Dentre o caos que o Estado foi entregue e o caos que ainda permanece, não sabemos se Pedro Paulo e Waldez ou o próprio Camilo são os principais personagens desse drama social sério ou parte do drama em si. Mas o certo é que o que já passou não tem mais retorno, somente terá que vir a solução. Mas o que está passando agora tem grandes chances de ser resolvido. Camilo tem uma grande responsabilidade como governador, mas parece não ver o óbvio: As coisas vão mal, talvez o excesso de flores estejam obstruindo a visão do governador.
Os escândalos não são tão graves ainda, pois ninguém foi preso (ainda), mas deve faltar pouco. O caos da saúde, o semi-caos educacional, os fornecedores com suas notas de empenho em aberto, as aditivações de isenção em casos que mostram o despreparo técnico, o super fácil como cabide a céu aberto de empregos para acalmar a base de apoio, os gastos exorbitantes da cultura onde não houve cultura, uma expo-feira capenga, um carnaval inexistente, obras que não foram começadas, mas laureadas como próprias; da incompetência do quadro de secretários em assumidamente resolver problemas mas bons em dar carteiradas.
De um desgoverno onde não mais sutilmente suspeita-se que o governador não é realmente o governador, mas que muitas mãos movem as cordas e movem o títere para que pareça apresentável e isso parece cada vez mais se consolidar no anedotário popular.
O governo Camilo tem sido quase como uma proposição de concurso público, onde uma ação errada invalida uma correta, e por ora mais tem sido as proposições incorretas do que as corretas, por lógica então há déficit de ações positivas do governo.
Nunca antes na história deste estado (sem parodiar Lula) sem falou tão mal de um governo e com tanta razão, afinal a indignação está todos os dias quando se visita hospitais, quando se vê os que se aproveitam da posição pública para se locupletar,  para os que se empanturram como se a ultima refeição fosse incerta e a mais farta. Babam-se como crianças em idade tenra, sem nenhum pingo de juízo, sem noção da cadeia de afetabilidade que gerenciam. Que suas ações não são isoladas; refletem diretamente ao bem comum.
O Amapá tem tido seus momentos “Domingo no Parque”. Afinal dentre um pátio de muitas escolhas, acabamos escolhendo sob a mente anuviada pela musica alta; uma dentadura ou um penico, ainda não sei. Mas com certeza a tão sonhada bicicleta não foi.


Mas dissemos siiiiiiiiiiiiiiiiiim a isso...
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