Todos os dias a tribuna da câmara consegue abrigar toda sorte de imbróglios. Discursos vazios para semear o nada; elogios melosos a pessoas e entidades que em nada acrescentam na sociedade e mesmo assim ganham as horas de transmissão da TV Câmara. Mas na tarde de ontem, um discurso um tanto inusitado do Deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que já é conhecido por declarações racistas e homofóbicas, excedeu em muito a linha entre a coerência e a loucura.
Em seu pronunciamento de protesto contra as ações do Governo Federal para combater o preconceito contra homossexuais nas escolas e em especial a divulgação de um kit anti-homofobia elaborado pelo Ministério da Educação. O que Bolsonaro chama pejorativamente de “Kit-Gay”.
A ideia do material criado pelo Ministério, consiste em um cartilha, cartazes, folders e vídeos educativos para distribuição a cerca de seis mil escolas de Ensino médio em todo o país. O material veio da constatação do Ministério por meio de pesquisas em que se verifica que as escolas são ambientes hostis a adolescentes homossexuais. Mas pelo purismo de alguns deputados, nunca foi adiante e morreu na gaveta.
“-Dilma Roussef, pare de mentir! Se gosta de homossexual, assuma!”
“-Se seu negócio é amor com homossexual, assuma, mas não deixe que essa covardia entre nas escolas de primeiro grau”
“-Tudo o que foi tratado ontem foi com a temática LGBT para livros escolares. Criam aqui bolsa de estudo para jovem LGBT, estágio remunerado para lésbicas, gays, bissexuais, etc.!”
“-Então, pessoal, é o presente de Natal que a Dilma Roussef está propondo para as famílias pobres do Brasil. Ou seja, o dia em que a maioria da garotada nas escolas for homossexual, está resolvido o assunto...”
“-Será que o Fernando (Hadad, Ministro de Educação), como prefeito de São Paulo, vai implementar a cadeira de homossexualismo nas escolas do primeiro grau?”
“-Assumir, se seu negócio é amor homossexual!”
Mais tarde, Bolsonaro negou ter atacado diretamente a Presidente Dilma e de ter feito questionamentos a sexualidade dela. Explicou que seu alvo era o caso de amor que a presidente tinha com a causa homossexual.
Afirmando que não tem interesse na opção sexual da Presidente, disse que trazer a tona o tema do kit gay e rotulando-o como polêmico. Diz que se Dilma for lésbica, que pelo menos continue discreta.
Bolsonaro pelo jeito continua sua cruzada moralista, como muitos outros parlamentares que já se abraçaram as causas das minorias, como usar os negros e índios em sistemas de cotas para vergonha destes grupos sociais. Pois cota é atestado de inferioridade.
Já a comunidade homossexual não tem interesse em arautos para pregas seus direitos, afinal a própria natureza das coisas tem colocado direitos e deveres a todos os segmentos da sociedade. O próprio Bolsonaro já afirmou uma vez que tinha um cassetete chamado “psicólogo” quando era capitão do exército, uma mostra de que ele tem sérios traumas com Freud.
Casos lamentáveis como esse, expressam exatamente a qualidade dos políticos e o que é pior, a qualidade do eleitor, afinal o parlamentar, como o próprio nome já diz, é um representante que fala pelo povo. E se o povo diz, o parlamentar também diz. Triste do povo que ainda está na idade média, em pleno século XX.