sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O elogio da loucura

Todos os dias a tribuna da câmara consegue abrigar toda sorte de imbróglios. Discursos vazios para semear o nada; elogios melosos a pessoas e entidades que em nada acrescentam na sociedade e mesmo assim ganham as horas de transmissão da TV Câmara. Mas na tarde de ontem, um discurso um tanto inusitado do Deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que já é conhecido por declarações racistas e homofóbicas, excedeu em muito a linha entre a coerência e a loucura.
Em seu pronunciamento de protesto contra as ações do Governo Federal para combater o preconceito contra homossexuais nas escolas e em especial a divulgação de um kit anti-homofobia elaborado pelo Ministério da Educação. O que Bolsonaro chama pejorativamente de “Kit-Gay”.
A ideia do material criado pelo Ministério, consiste em um cartilha, cartazes, folders e vídeos educativos para distribuição a cerca de seis mil escolas de Ensino médio em todo o país. O material veio da constatação do Ministério por meio de pesquisas em que se verifica que as escolas são ambientes hostis a adolescentes homossexuais. Mas pelo purismo de alguns deputados, nunca foi adiante e morreu na gaveta.
“-Dilma Roussef, pare de mentir! Se gosta de homossexual, assuma!”
“-Se seu negócio é amor com homossexual, assuma, mas não deixe que essa covardia entre nas escolas de primeiro grau”
“-Tudo o que foi tratado ontem foi com a temática LGBT para livros escolares. Criam aqui bolsa de estudo para jovem LGBT, estágio remunerado para lésbicas, gays, bissexuais, etc.!”
“-Então, pessoal, é o presente de Natal que a Dilma Roussef está propondo para as famílias pobres do Brasil. Ou seja, o dia em que a maioria da garotada nas escolas for homossexual, está resolvido o assunto...”
“-Será que o Fernando (Hadad, Ministro de Educação), como prefeito de São Paulo, vai implementar a cadeira de homossexualismo nas escolas do primeiro grau?”
“-Assumir, se seu negócio é amor homossexual!”
Mais tarde, Bolsonaro negou ter atacado diretamente a Presidente Dilma e de ter feito questionamentos a sexualidade dela. Explicou que seu alvo era o caso de amor que a presidente tinha com a causa homossexual.
Afirmando que não tem interesse na opção sexual da Presidente, disse que trazer a tona o tema do kit gay e rotulando-o como polêmico. Diz que se Dilma for lésbica, que pelo menos continue discreta.
Bolsonaro pelo jeito continua sua cruzada moralista, como muitos outros parlamentares que já se abraçaram as causas das minorias, como usar os negros e índios em sistemas de cotas para vergonha destes grupos sociais. Pois cota é atestado de inferioridade.
Já a comunidade homossexual não tem interesse em arautos para pregas seus direitos, afinal a própria natureza das coisas tem colocado direitos e deveres a todos os segmentos da sociedade. O próprio Bolsonaro já afirmou uma vez que tinha um cassetete chamado “psicólogo” quando era capitão do exército, uma mostra de que ele tem sérios traumas com Freud.
Casos lamentáveis como esse, expressam exatamente a qualidade dos políticos e o que é pior, a qualidade do eleitor, afinal o parlamentar, como o próprio nome já diz, é um representante que fala pelo povo. E se o povo diz, o parlamentar também diz. Triste do povo que ainda está na idade média, em pleno século XX.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O Poder paralelo vem aí!

Não sou muito partidário das politicas do PMDB, talvez muito pela presença de José Sarney neste partido que chega a um estágio decanato sem ter lideranças a frente do poder há muito tempo. O partido tem se contentado em se servir de base para a administração pública, como acontece atualmente na dobradinha Dilma-Michel Temer.

De um bom tempo até hoje, o PMDB deixou de ser governo para se assentar no papel de poder paralelo. Não só Sarney, como Michel e até Jader Barbalho tem adotado essa política de comer pelas beiradas o prato de sopa quente que o PMDB parece querer que outros assoprem primeiro.

No Amapá também temos o mesmo comportamento, como se fosse uma diretriz nacional. O PMDB por aqui também parece seguir a linha de paralelismo. Não senta-se no setentrião, pelo menos desde que as eleições passaram a diretas, pelo voto popular. Também não sentaram-se na prefeitura. Talvez pela conveniência de apenas estar presente.

O certo mesmo é que o PMDB assumiu esta imagem de apoio ao governo ou de oposição ao governo, conforme a realidade de cada região. Bem diferente da era do Governo Sarney, quando em troca de concessões de rádio e TV, o ex-presidente conseguiu empossar 98% dos governadores de estado em todo Brasil pelo selo de seu partido o PMDB.

Ontem o ainda Senador Gilvam Borges, resolveu sair do silencio. Estando a quatro sessões de ceder a vaga a João Capiberibe, de quem é adversário político e desafeto pessoal. Sereno em suas considerações, foi feliz em todas elas, inclusive na mais contundente: “Vamos formar um governo paralelo!” .

Prometendo mostrar ao governo PSB como se realmente governa sem demagogia e sem firulas. Que basicamente é o que tem acontecido nos últimos 11 meses. Uma série de desventuras e desmandos fazem com que o atual governo, aos poucos venha se despindo das muletas, como falta de dinheiro, falta de gestão e culpa dos governos anteriores.

O tempo tem mostrado que tais fatores não são o cruel vilão que responsabilizados pelas faltas do governo PSB são o amparo público para a inépcia do governador em realmente gerir as ações diretas e de crescimento do Estado. Em breve, o lema deixará de ser “Dinheiro tem, só falta gestão!” ou “As dividas do governo anterior engessam as ações de crescimento do Amapá!”.

O festival de lambanças, na tentativa de tentar fazer a coisa certa do modo errado, levam Gilvam ao pensamento de que o governo estadual praticamente tem sido gerido por uma junta governativa do que por um único indivíduo eleito para tal. Que o Senador chama de “Hierarquia do poder”, onde ele relata que o governador é o último na linha de comando.

Gilvam não esclareceu de que forma fará, mas foi enfático em dizer que 25 mil casas populares de bom padrão serão construídas no Amapá. Segundo ele, sua influencia como político no senado será relevante para dar uma lição de gestão ao governo PSB. Além das casas, Gilvam também anuncia obras necessárias ao estado.

Instalando o governo paralelo e começando uma cruzada para destituir o atual governo nas urnas em 2014, Gilvam também aposta na prefeitura de Macapá com uma provável aliança já tradicional com o PDT. Faço votos para que Gilvam realmente consiga mostrar que não se precisa estar no poder para fazer o que se deve fazer. Talvez assim, não só Sarney como Camilo aprendam que o poder não está no cargo, mas sim nas ações e na vontade de desempenhá-las. Vamos aguardar Gilvam.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A vaca malhada vai para o abate

Esta era a premissa do império romano vigente no áureo período em que Roma era o mundo. Hoje com a globalização, tanto os Césares quanto Bonaparte ou ate mesmo Adolf, teriam sérias dificuldades em empreender a cruzada Alexandrina de conquistar o mundo.
No Pará não tem sido diferente. Dois políticos eleitos por estados que o próprio Pará às vezes desconhece, entraram com um pedido um tanto inusitado na Câmara Federal: Dividir o Para!
Retalhar a vaga gorda afim de se esbaldar com as costelas! Um desejo bem escuso de outros políticos paraenses que com certeza não quiseram se indispor com o eleitorado para não serem taxados como separatistas oportunistas, mas depois do voto aprovando o tal plebiscito, agora podem posar de separatistas, pois o formigueiro já foi atiçado.
Os resultados disso com certeza serão pouco produtivos no que tange a resultados, afinal isso abre precedentes separatistas para um País em que os termos iniciais da constituição pregam a indivisibilidade da nação.  A Cisplatina e o Rio Grande de Bento Gonçalves que o digam.
Lembro-me que o Território Federal do Amapá, onde morei por alguns anos e voltei a morar atualmente, foi transformado em Estado com a Constituição de 88, mas isso não o fez resplandecer em desenvolvimento e distribuição de riquezas como se prega em movimentos de criação de novos Estados e Municípios, e ainda o faz ser extremamente dependente do Governo Federal e muito pouco desenvolvido devido a essa comodidade de receber mesada.
Os separatistas tocantinos, terras por onde andei quando Siqueira Campos estava no primeiro mandato. Quando desmembrado de Goiás, apresenta graves problemas socioeconômicos segundo o Senso do IBGE/2010.
Seria um grande fardo econômico e muito pesado para o País sustentar mais duas novas máquinas administrativas apenas para suprir desejos egoístas de uns poucos políticos que não tem vez na região como um todo em seus sonhos de gloria. Mais caciques do que tabas para tocar.
Ao invés disso, o povo precisa de mais investimentos na educação, saúde, transportes, habitação, segurança e saneamento básico, coisa que dificilmente acontecerá quando Pará for fracionado em partes nanicas que sonham com os royalties do minério milagroso, mas que assim como no Amapá, o sonho acabou e deixou um rastro de destruição e pobreza e uma cratera em Serra do Navio providencialmente deixada como suvenir da exploração descompromissada de minério.
Devemos sim melhorar a qualidade dos nossos políticos e não aumentar sua quantidade. Talvez o recado sirva para a AL do Amapá, quanto ao famigerado projeto que por ora está parado, mas que ambiciona criar mais 15 municípios no Amapá. Talvez mais algumas tetas na vaca já tão castigada pela pirataria que a espoliou.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Verde que te quero verde

O novo código florestal está em a todo vapor. Mas a noticia não agrada a todos, afinal o benefício para os ambientalistas, será muito baixo caso o código seja aprovado da maneira em que está descrito no projeto apresentado pela Câmara após as mudanças propostas.
Nosso atual código data de um Brasil ruralista, onde grande parte da economia era fomentada unicamente pelos setores do desenvolvimento econômico baseado na agricultura de subsistência e no corte comercial.
Uma vez que a preservação das áreas mais frágeis como a mata ciliar, não é tão contemplada no texto atual, provavelmente o novo código deve causar firula como aconteceu com o código de transito quando foi aprovado e provocou uma espécie de revolução moralista no trânsito, mas logo decaiu em uma série de contradições e atualmente fomenta casos esdrúxulos à lei do transito.
No Amapá é muito provável que o novo código florestal seja um grande aliado no processo de degradação da mata nativa da floresta amazônica, que no Estado é a mais preservada do Brasil.
Não espero um movimento desenfreado de exploração madeireira, afinal ainda temos um foco exploratório muito baixo, em relação à degradação de outros Estados. Mas como projeto do Governo Estadual, que costura  em seus anseios de desenvolvimento uma escalada para a lista dos Estados exportadores (a princípio) e mais tarde de produtor de soja.
A soja tem sido vista como a salvação da lavoura em terras pobres que não tem conseguido alçar a industrialização, como por exemplo, o Estado do Amazonas, que na carência de vocação produtiva na área agrícola, aproveita sua posição geográfica para manter a Zona Franca a pleno vapor com aval do Governo Federal.
Mas o Amapá não terá esta vocação de industrialização, não nos próximos 20 nos; sua vocação ainda é extrativista e também de investimento no setor primário de produção, estando nesta lista, a agricultura. Mas este segmento tem que ser incentivado com cautela, afinal, a experiência ocorrida no Pará. Onde o processo de implantação de produção de soja ocorreu sem a liderança do Estado.
A Cargill tomou para si a rédea de poder transformador, levando para Santarém a princípio o porto graneleiro e mais a frente o crescimento desenfreado das áreas de produção; que fizeram com que houvesse um salto de 2,5 mil hectares de área produzida com grãos, para espantosos 79 mil hectares, sendo 80% deles, tomando de maneira irregular o lugar da mata nativa.
Com um IBAMA sucateado e um Ministério Público deficiente, somente dez anos depois, a Cargill apresentou seu estudo de impacto ambiental (EIA), com o estrago consumado e de maneira quase irreversível. Ainda hoje não se vê em Santarém o fim do arco-íris da riqueza e desenvolvimento.
Para o Amapá que de vez em quando dá uma de gigante adormecido e se recosta para o lado como alguém que dorme e finge despertar, mas após uma espreguiçada volta a dormir. Quem sabe se daqui algum tempo o gigante acorde e descubra que está pelado e o conto seja outro, totalmente diferente...
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