quinta-feira, 28 de abril de 2016

Será que o MST sabe cuidar da terra?

Vendo os bloqueios nas estradas Brasil adentro, com queima de pneus e protestos pró-Dilma e contra um suposto golpe que estaria acontecendo com a conivência do legislativo e judiciário, o MST levantou uma questão séria sobre os rumos da terra no Brasil.

Mais recentemente na história do Amapá, vimos que a presidente Dilma repassou as antigas terras da União para o domínio do estado do Amapá, isso prova que a União através da Presidência da República tem total autonomia para gerir o destino das terras no Brasil.

Mas aí vem a questão sobre o MST. Afinal Lula esteve no comando do país por dois mandatos, Dilma emenda a dinastia petista com mais um mandato e meio o que já dá quase quinze anos de poder de mando do partido das estrelas. Mas não se viu em nenhum momento nenhuma politica de reforma agrária digna de ser alardeada pela mídia como foi o “Bolsa Família” ou o “Minha Casa, Minha Vida”, por exemplo.

Mas ao ver tal comoção do MST nas ruas defendendo se possível com violência a permanência de Dilma e do PT a frente do destino do País, vale se perguntar: O que ganhou o MST para isso? Reforma Agrária? Lotes do Incra? Programa de desapropriação de terras devolutas ou de latifúndios não utilizados para a agricultura ou pecuária?

A resposta é o mais imenso vazio fundiário que se possa pensar, afinal nada aconteceu, mas mesmo assim quando se procura nos meios oficiais o que vem a ser o MST, vê-se a pomposa descrição que o cientista social Paulo Silvino Ribeiro fez para o “Brasil Escola” ensinar nossas crianças: “O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) é um dos mais importantes movimentos sociais do Brasil, tendo como foco as questões do trabalhador do campo, principalmente no tocante à luta pela reforma agrária brasileira.”

É assim que se define o MST nos livros de geografia espalhados pelas escolas públicas, como um bastião da luta pelo movimento agrário, não como um braço armado e imputável de um partido politico que em vez de lutar por reforma, como é auto definido didaticamente, luta por um partido, mas a troco de que afinal?

Questiono-me que se por um passe de mágica houvesse uma megapolitica de reforma agrária no Brasil e de repente, não mais que de repente, todos os membros do MST inclusive João Pedro Stédile e José Rainha ganhassem o seu tão sonhado pedaço de chão, já que há décadas estes dois senhores ainda não conseguiram a terrinha prometida.

Teria a massa que queima pneus, fecha estradas, invade fazendas produtivas, mata gado para promover churrascadas, derrubam árvores e saqueia plantações, a capacidade de arar e semear a terra? Ou de fazer pastar seu próprio gado?

Minha mãe já dizia que a prática sempre leva ao conhecimento e que se você arar a terra terá calos nas mãos, mas saberá a hora certa de plantar feijão. Mas os membros politizados do MST que estão há tanto tempo longe dos campos, militando por Lula, por Dilma, ou quem sabe até, se o mensalão fosse um conto da carochinha, não estivesses levantando bandeiras vermelhas com a inscrição “Zé Dirceu” saberiam realmente o valor da terra?

Parece ser uma incógnita insolúvel, digna dos anais da matemática do calculo diferencial, uma resposta abstrata que faz refletir que se um movimento que reivindica terras fica ao lado de um partido que está há tantos anos no poder e não deu se quer um palmo de chão, é por que com certeza dessa semente não sai nada além de mais uma bandeira que tremula sem propósito e que nem verde nem amarela é, e Deus nos livre que seja regada com, sangue se a dinastia “trabalhadora” for defenestrada do Plano Piloto.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Comunicação só para inglês ver

Após os vexatórios discursos ao estilo “Xou da Xuxa” que foram proferidos por mais de seis horas no Congresso Nacional durante a votação do Impeachment no domingo passado, uma pergunta fica no ar: Será que os políticos que gastam tanto em comunicação sabem mesmo se comunicar?

Os discursos bem provincianos que vimos mostram realmente o contrário, e um outro fato também importante é que além de terem uma péssima comunicação, nossos representantes no Congresso parecem viver em um mundo onde o tempo parou, ou eles mesmo não acompanham as evoluções que o tempo trouxe.

Na internet, por exemplo, onde as noticias correm em tempo real e cada ser humano com um tablete, notebook ou smartphone tornou-se um repórter-cidadão, é difícil crer que num universo de 513 indivíduos, somente uns dois ou três se destaquem mostrando-se conectados ao mundo da informação.

Em uma breve pesquisa nos sites e redes sociais de todos e a conclusão não poderia ser mais espantosa: estão completamente deslocados no uso da tecnologia e na condução da comunicação, apesar das despesas com a comunicação das suas atividades parlamentares não serem nada franciscanas.

Sendo mais claro, para que serve a internet, no caso de um político ou uma figura pública? Serve para comunicar, levar a mensagem a toda e qualquer pessoa interessada pelo político, projetos, atuação e temas coincidentes.

As pessoas querem saber basicamente três coisas: quem é o político, como pensa e o que está fazendo em defesa do seu eleitorado. Na parte do “quem é” os quatro se mostram distantes do que vem a ser uma comunicação digital. Romário, Bolsonaro e Wyllys têm, em seus sites, páginas biográficas, todas escritas em terceira pessoa. ACM nem chega a tanto: seu site, indicado na sua página no Facebook, está fora do ar.

No quesito “como pensa”, também não há surpresa. A maioria se resume a não opinar sobre temas importantes, como violência doméstica, modelo educacional, legalização do aborto ou qualquer outro assunto que possa desagradar determinado público. Em compensação, há muitas frases de efeito e fotos de agenda.

Nenhum dos sites visitados mostrou com clareza a atividade do político de forma organizada e segmentada, por tipo de ação ou grupo beneficiado. Logo, se o visitante tem interesse em uma área qualquer, como educação ou segurança pública, não encontra uma forma rápida de chegar ao conteúdo.

Do ponto de vista tecnológico, qualquer um dos quatro exemplos é uma abominação. O eleitor só chegará a um deles caso digite seu nome, o que é prova do uso inadequado da tecnologia.

Como exemplo, faça buscas no Google com “direitos de pessoas com deficiência”, “deficiência intelectual” ou qualquer outra variável e tente encontrar o site do Romário, um dos maiores defensores da causa. Fui até a décima página de resultados sem nenhuma menção ao trabalho do parlamentar. Na prática, isso significa que quem foi beneficiado pelo trabalho acaba não tendo a conexão com os políticos envolvidos.

Esse problema acontece por dois motivos: falta de compreensão da equipe que atualiza os canais do candidato e plataformas desenvolvidas sem políticas para mecanismos de busca. Fora a questão da “encontrabilidade”, há também a da usabilidade. Nenhum dos sites mostrou serem adequados para quem está visitando a partir de um celular, que hoje representa a maior porta de entrada para o uso da internet.

Para muitos políticos, a vida digital resume-se a redes sociais, mais precisamente Facebook, Twitter e Instagram. O que é um equívoco gigantesco quando o assunto são canais de comunicação. Redes sociais funcionam basicamente como divulgação em rádio, jornal e televisão, tendo reverberação momentânea e, geralmente, patrocinada. Cerca de dois ou três dias depois que um conteúdo é disseminado no Facebook, o mesmo perde sua serventia.

O caminho para a presença constante dá-se por meio dos sites, que na grande maioria dos casos, por falta de visão de longo prazo, são considerados dispensáveis.

Sites bem construídos e atualizados com profissionalismo servem de âncoras para toda a presença digital de um político. O site é o lugar para aprofundar discursos, publicar conteúdos que possam ser encontrados, coletar dados dos simpatizantes para contato posterior e combater ameaças.

Como se tudo o que coloquei acima fosse pouco, há ainda a proibição legal para investimento publicitário em período eleitoral, ou seja, quando o político mais precisa expandir seu discurso, suas redes sociais serão praticamente inúteis, dadas as políticas que reduzem a exposição dos conteúdos sem que sejam patrocinados.
A falta de interesse em conhecer como as coisas funcionam na web poderá custar muito caro aos políticos brasileiros. Pelo menos nos bolsos do contribuinte isso já custa caro faz um bom tempo!
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