quinta-feira, 26 de julho de 2012

O problema é relativo


Pensar que nossos problemas estão acima da linha das prioridades dos outros habitantes do planeta, pode ser um sentimento pouco altruísta. Partindo do princípio de que nossas preocupações tucujús são válidas do ponto de vista da população, mas convenhamos que nem sempre o problema é tão grande que uma solução minimalista não equacione o mesmo.
No começo do século XX o mundo estava a beira de um colapso de proporções homéricas, afinal, o principal mecanismo impulsionador da sociedade, por mais absurdo que hoje possa parecer, eram os cavalos, que só nos Estados Unidos somavam mais de 21 milhões de indivíduos, que consumiam cada um mais de quatro toneladas agricultáveis por ano.
Com quase um terço das terras agricultáveis destinadas a alimentar a máquina impulsionadora, a crise era evidente, afinal desde o transporte até a própria agricultura dependiam dos cavalos, e restava a duvida: Alimentar a máquina ou saciar o homem que dela precisava?
Com um mundo beirando o bilionésimo habitante, o dilema que faria do economista Thomas Malthus o profeta do caos mais evidente, a conta da economia e agricultura baseada na era dos cavalos não fecharia, e o mundo estaria condenado a uma época das vacas magras como nos tempos de José do Egito.
Assim como nesse passado os donos do dinheiro não deram ouvidos a Malthus e o mundo estaria entrando em um período de fome pela omissão dos que podiam ter feito algo para evitar, mas não foram empáticos com as necessidades da população quando esta deveria ser uma prioridade.
Mas como todas as vertentes da natureza humana acabam encontrando um caminho, às vezes meio que equivocado ou não, em meio dessa quase desgraça os combustíveis fósseis foram desenvolvidos e na caçamba da evolução os motores á combustão interna também.
Atualmente a tecnologia da agricultura é uma das mais desenvolvidas. Novos processos, novas técnicas. Os transgênicos invadindo desde o feijão nosso de cada dia e até aquela batatinha frita que você come a beira do rio Amazonas goza deste processo evolutivo.
Mas o que é estranho em um mundo onde hoje até os trabalhadores braçais se alimentam mais e melhor do que Henrique VIII o Amapá ainda não consiga produzir nada mais do que uma safra pífia de uns grãozinhos aqui e uns hortifrútis mirradinhos acolá.
A mesma justificativa, mais do que superada sobre a pobreza, da acidez, da laterização e outras mais que fazem qualquer experiência produtiva como a de Israel que hoje produz uvas de qualidade em pleno deserto, ou de países que superaram as dificuldades com a tecnologia disponível no mundo.
É quase certo que falta mesmo, não é vontade politica, mas sim a disposição de deixar de ser um mero Estado esquecido no norte do país, com terras infindáveis, mesmo com as reservas florestais, fadado a ser apenas mais um número na divisão dos repasses federais.
O desejo de se produzir no Amapá, não é uma novidade, talvez até seja para os amapaenses que às vezes se conformam com politicas comezinhas de colher castanhas como se fosse a salvação da lavoura, mas um Estado forte, se baseia na premissa de ser realmente auto sustentável, pelo menos no tocante a alimentar seu povo e prover o mínimo de condições de crescimento.
Algo que talvez que falte, nestes tempos em que o Brasil deixou de ser o país do carnaval e passou a ser o país que idealizamos de verdade. Que no Amapá reapareçam os espíritos de velhos empreendedores, que apesar de não terem nascido do rico torrão, tentaram desenvolver algum projeto, mesmo que não apoiado a época de Ludwig, mas que pelo menos idealizaram a verdadeira sustentabilidade e não a ficção que tem se propagado aos quatro ventos, que parece que só inglês vê, mas o amapaense nem sonha...

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