sexta-feira, 8 de abril de 2016

Dois Josés

O destino de José Sarney teve uma drástica mudança em um fatídico 21 de abril, quando soube que se tornaria o primeiro presidente civil após um regime militar que durou duas décadas em um Brasil que clamava por mudanças.
O presidente Sarney; como costuma ser chamado até os dias de hoje em seus ciclos políticos e de amizade, representou um divisor de águas neste período, afinal saíamos de um nebuloso momento de nossa história sob o manto da intolerância para finalmente rumarmos a um processo democrático cujo bâtonnier Tancredo Neves, o destino fê-lo retirar-se mais cedo, cabendo a Sarney a condução do País durante a transição.
Os caminhos da nova república foram bastante sinuosos, afinal, antes de 1985, o restante do Brasil que quase não conhecia aquele maranhense com talento impar para a politica - já que o Maranhão assim como a maioria dos estados do Norte e do Nordeste pareciam ser alijados do cerne das questões decisórias do Brasil - mas Sarney, que já tinha uma trajetória vigorosa em seu estado natal de onde foi deputado, senador da República e governador encontrou o clímax de sua vida de serviços prestados ao País naquela Brasília de 1985.
Mesmo assim na fórmula da tentativa e erro, diversos planos econômicos nunca testados, das famosas “fiscais do Sarney”, do tabelamento e congelamento de preços, a história é testemunha do cômputo de significativos avanços em quase todos os setores da administração pública que impactaram direta ou indiretamente em benefício da sociedade durante sua gestão como presidente da República.
Como por exemplo, em 1988. Aquele foi um ano histórico para muitos; foi o ano do orgulho da raça negra que comemorava o centenário da abolição da escravatura no Brasil. E também o ano da promulgação da Constituição Cidadã, erguida por Ulysses Guimarães como um marco na história politica do país concedendo as liberdades e garantias individuais e coletivas para a sociedade.
Tecer loas à sua longevidade como politico ou como pessoa, não é reconhecimento digno até por que os brios de vaidade não lhe cabem. Grandes foram as empreitadas realizadas por Sarney durante este mais de meio século de vida pública que não se encerrou após sua passagem pela presidência do Brasil. Eis que na continuidade de sua carreira, os caminhos do Amapá e de José Sarney se cruzaram em uma relação de afeto que já chega a um quarto de século, 24 deles como Senador da República.
Um estado jovem e um politico experiente, uma junção cujo resultado não poderia ser diferente: Uma terra no extremo norte do país, esta terra de São José que encontrou um outro José para lhe dar amparo e transformá-la em uma terra de oportunidades, em um pedaço do Brasil que tantos brasileiros não conhecem ou só conheciam pelos livros.

Eis aqui um compêndio do que os anos produtivos da vida pública renderam aos brasileiros e em particular ao Amapá, terra adotiva deste José Maranhense, que como muitos brasileiros vieram para cá para desbravar um Brasil que o Brasil ainda não conhecia, mas que com certeza despontou aos olhos de nossa nação após a passagem deste grande brasileiro.

*Editorial para a Revista Personalidades, abril de 2016

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