Ah que dia bonito, finalmente minha sinusite me permitiu hoje aspirar o ar de Belém com as duas narinas, ao invés de somente uma como de costume.
Mentir todo mundo mente, mentimos capciosamente com a intenção de alguma coisa, quer seja para nos vangloriar-nos (Peguei aquela gata ontem!), quer seja para aumentar algo que para nós é insuficiente (meu bilau tem 20 cm), ou então para apaziguar uma questão de segurança nacional (Eu juro, seu marido tava tomando uma cerveja comigo ontem no bar do bilhar!).
Mas o que não se engole é a ausência da verdade, e quando isso acontece por omissão e não por conhecimento da verdade, não deixa de ser uma mentira e das brabas. Eu digo isso como mentiroso que também sou!
Florianópolis está em polvorosa e quem acendeu o estopim foi a Rede Record de televisão, que em sua epopéia contra a Rede Globo, decidiu declarar guerra a RBS, afiliada a Globo em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Mas ao que me recorda afiliada não é geradora, mas responde pelos abacaxis solidariamente. E um veículo sério (risos) como a Globo, que é capaz de criar um presidente da república a partir de um partideco e crucificar e condenar antecipadamente à justiça, a qualquer notícia que caia em suas garras grapiúnas, deveria noticiar sim que uma menor de 14 anos foi estuprada por dois menores também, diga-se de passagem que no ponto de vista do judiciário, menor não comete crime e sim ato infracional, logo, coisas comezinhas como assaltos, estupros e assassinatos estão enquadrados nestes termos.
Mas o que revolta mais ainda não é o caso em si, pois estes "atos infracionais" já viraram rotina nos juizados da infância e da juventude. Mas a revolta parte da declaração do delegado Nivaldo Claudino que após fazer tal comentário infeliz, pediu exoneração do cargo.
Data venha, a declaração do indivíduo de que não poderia afirmar o estupro, pois não estava presente é tão absurdo quanto o caso em si, você já imaginou esta cena: Um estuprador esta cometendo o ato hediondo e ao seu lado estão, o delegado geral, o delegado adjunto e o secretário de segurança pública? Para que enfim pudessem atestar como testemunhas o ato do estupro? Nossa isso é comovente demais. Estupro já é difícil de provar e com mais esta declaração estapafúrdia do senhor Nivaldo. Mais ainda.
Polícia tem que investigar basear-se em provas e atestar o crime. Nada tipo CSI, mas realidade. Delegados têm que retirar seus Plumbus maximus de suas cadeiras e colocar a ordem no sistema. Para isso são pagos, e não adianta dizer que ganham pouco, pois funcionário público concursado, já entra na carreira sabendo duas coisas: uma, de que será um emprego pra vida toda ser for correto, e duas, sabe o salário que vai ganhar e os tipos de reajustes que o poder público dá a seus servidores.
Esse negócio de ficar dizendo que não pode afirmar que não houve crime por que não estava presente é a gota d'água.
Quer saber?
Mintam.
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