terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Arte do biografado


Durante algum tempo pensei veementemente em biografar alguém, até o momento ainda não encontrei o perfil certo. Afinal nestes dias de hoje fica difícil manter segredo sobre a vida alheia, afinal o Google contribui para a quebra de todas as informações.

A magia da biografia ficou também mais difícil com a grande concorrência entre artistas e políticos, que na sua maioria tem saído em safras medíocres, nada dignas de Rodolfo Valentino ou Chaplin ou até mesmo De Gaule ou Churchill.

De artistas, acho que os mortos são mais dignos de biografar, mas não acredito muito em biografia de pessoas mortas, afinal as pinceladas do autor ou do ghostwriter são anuviadas demais aquém da verdade. Prefiro biografar os vivos, é mais prático não se abster da verdade ou preciosismos literários.

Já os estadistas; precisamos muito de grandes expoentes. Lula não é nem de longe um exemplo, podemos classificar no máximo como um batalhador que alcançou a presidência, algo parecido como Lec Valessa na Polônia. Mas nada além disso. Nem Fernando Henrique e nem pensar em José Sarney.

A vida relatada ainda interessa para o mundo, todos tem curiosidade de saber, de entender. Um dia desses ouvi no rádio um líder politico local dizendo que quando estava exilado, um cidadão em Cuba disse que ouvia o programa de rádio dele em Havana, cidade esta que o político só viria a conhecer na década de 90.

A base da informação é de suma importância para o homem público, seja ele do meio politico, artístico ou das demais áreas de abrangência da publicidade humana. Eu, um dia iria querer que alguém soubesse da minha vida, embora ache isso improvável. Isso é uma carência do ser humano, de se sentir visto de se sentir existente.

Biografar é muito mais do que derivar por metonímias algo que possa dar suporte até mesmo a uma obra cinematográfica (quem se dispuser ao fardo, tentem "Lula, o filho do Brasil"). O mundo literário está mais do que saturado de diacronismos, por isso não vale a pena requentar algo do passado.

Coisas como ressuscitar a sexualidade de Adolf Hitler, ou determinar por que Freud era aficionado por tendencias sexuais é assunto morto, sepulto e diacronismo sem teor. Enfim falta gás para queimar nesse ramo literário, hoje em dia há muito trash e pulp fiction.

Ainda tem a grande concorrência da internet, que divulga sem pudores tudo o que se sua para criar ou produzir, que se pirateia sem nenhum critério o fruto do alheio. Se alguém toma um tombo na rua, logo aparece no Youtube ou alguém twitta isso. Logo penso se é algo que vale a pena. Mas como todo bom e velho escritor que nem se compara a Machado nem a Alencar (até mesmo por que eles não tinham problemas com temas e nem com o Google), vou tentando.

Creio que logo logo encontro um personagem a altura, para enfim inaugurar a arte do alheio na minha vida literária, nem que seja a bala. Por ora só não aceito Sarney, pois Palmério Dória já fez isso com maestria e nem Lula, pois Fábio Barreto já criou este peso morto cinematográfico...



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