segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Quando se consegue ver a alma de verdade

Nunca vi um fantasma. Algumas vezes até tive a impressão que algum visitante do além veio até mim com alguma intenção, se negativa ou positiva nunca saberei, pois tais visitantes não disseram a que vieram, sendo assim não pude ver suas verdadeiras faces e nem atestar sua real existência.

Ontem entendi finalmente que para ser ver uma alma, não se precisa tê-la extraído de algum desencarnado, não se precisa ir buscar alguma ferramenta do oculto para aprisionar o espírito e enfim poder vê-lo, nem muito menos sentar-se ao lado dos túmulos. Basta apenas percebe-lo nos olhos de que está vivo e bem vivo.

A alma é algo indescritível, afinal ela emana confiança, quando liberta de todos os casulos que a contém. Percebi isso nos olhos de quem olhei. Vi a pureza da alma, resplandecendo dentro daqueles olhos, que me falavam pela primeira vez em uma vida inteira, não a verdade, mas a sinceridade mais pura e mais sublime que não houve como conter as lágrimas e arrepios pelo simples fato de reconhecer a visão da pureza e sinceridade da alma.

Acredito no que vi, mas sei que não é tão a toa assim que podemos ver o interior do ser humano e visualizar sua alma pura. Uma sucessão de fatos e acontecimentos são necessários para que este momento ocorra, e vejo que cada pessoa tem os seus fatores individuais e por isso, jamais seria possível reproduzir esta cena como uma receita generalizada.

Muitos foram os fatores que me levaram a ter minha visão da criação mais perfeita. Vi a alma do meu amor, e isso não é frase de cartão barato nem adesivos clichês. Vi realmente o interior do meu grande amor, sem interferentes, sem máscaras nem adereços que pudessem me anuviar os sentidos. Nenhuma mentira foi sentida, nenhuma lacuna apresentada.

As palavras que saíram da boca daquele corpo, em nem um pouco seriam advindas de seu estado comum. Palavras que nos atravessam e nos tocam, sem ao menos pedir licença ou ter medo de nos machucar. Ouvi coisas que comumente ouviria de uma boca comum, mas não com a intensidade e sinceridade que consegui sentir quando as palavras chegaram até mim.

Uma reconciliação, um perdão, um recomeço. As palavras chegaram até mim clamando por serem ouvidas e atendidas como se eu pudesse por alguns instantes estar com todos os dons de Deus sem ser Deus. E ao perdoar, ao conciliar e ao atender o clamor de um recomeço não me senti Deus, mas me senti realmente seu filho amado.

Eis-me aqui! Um homem que atendeu ao apelo de uma alma, sublime criação de uma pureza inestimável, que vista sem seus adereços e penduricalhos, mostra-se como algo incapaz de ser mal, de ser profana de ser cruel. Somente amor e verdade, provando assim que nossas almas são parte do próprio Criador.
 Vi sim uma alma, vi sua grande existência, e ela estava viva e clamava por mim, me pedia ajuda, ajuda por seu corpo, pelo ser que a contem. Ouvi então o eco de um mundo em que minha carne não colabora, mas os sentimentos se aguçam. E que o poder de fazer algo de bom, só dependia do meu amor, meu perdão e a minha reconciliação.

Então agora já posso aposentar as histórias de miragens e misuras, que se escondem nas sombras e espreitam e invejam nossa vivacidade humana. Afinal pelo que pude perceber. Algo tão perfeito contido dentro de algo tão falho como nós. Não pode ser senão a compleição de uma existência à outra. Carne e espírito coexistindo e nunca uma sem a outra. Logo assim, fantasmas, espíritos e almas penadas a solta a vagar pelo limbo, simplesmente devem fazer parte do mesmo universo dos unicórnios, fadas e duendes.

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