domingo, 16 de janeiro de 2011

O que fazer?


Começo de ano e mês com profundas mudanças em minha vida, a contar das sementes plantadas no ano passado. Plantei boas sementes que me valeram um novo status. Não abandonei minha deidade química, afinal Paracelso e Bequerel nunca mais vão mais me dar aulas novamente. Mas invadi outros feudos e outros povos rezaram para mim como novo padroeiro.

Reconstruí minha vida com base nos preceitos vazios e mundanos. Afinal minha intenção era ser vazio e mundano pelos próximos séculos. Mas, eis que o passado nunca me abandona de maneira homogênea, sempre sobra um fio, uma ponta do antigo a ser puxada e como não resisto em arrancar desta trama o fio do tempo, na esperança de achar algo, algum segredo inconfessável meu que me salve ou condene minha alma de vez.

Em virtude disso, confesso o quão perigoso é despertar o passado e suas conseqüências estrondosas com o presente e o impacto futuro de proporções avassaladoras. Mesmo com todas estas placas enormes de não ultrapasse, não entre, não mexa, não veja. O ser humano não resiste e quanto mais “nãos” nos venham em vida, mais “sins” faremos em que eles se transmutem.

E eu fui. E eu ultrapassei. E eu abri a caixa de Pandora. E seus anjos, demônios, pragas e cegas promessas de paraíso saíram de dentro dela. Não sei se isso foi uma maldição ou uma benção disfarçada, afinal, minha vida do jeito que estava, praticamente era uma existência amarela, sem expressão, onde meus seculares títulos e honrarias, medalhas embotadas pelo tempo me davam tanto prazer quanto um clitóris inexistente ou me faziam defecar mármore.

Não sei se maldição, pois chutei os baldes, chutei todos, me desliguei de tudo que me fazia um prisioneiro inexistente do Chateau Diff, um alguém de quem ninguém ouvira falar. Cansei disso, cansei desse exílio de merda! Chega de ostracismos, agorafóbicos, chega de esqueletos no armário, chega de ter medo de olhar para o passado e ver que ele passou mesmo. Chega de ter medo de não ter tentado, sem tentar. Sem pelo menos começar, não quero chegar ao fim de tudo e descobrir que se tivesse tentado antes, não estaria naquela situação.

Acho que está mais para benção, afinal Deus tem estado tão perto de mim que quase consigo lhe sentir as barbas sobre minha cabeça. Pedi tanto a ele que me desse uma nova vida, e acho que tudo que eu poderia pensar ser ruim, que me tem acontecido, na verdade é muito relativo, não é ruim. É apenas uma forma de me tirar desta inércia em que me acomodei por puro capricho e preguiça de enfrentar meus problemas e correr atrás dos meus sonhos.

Acabei entrando no sonho conformista dos meus pais, em que tudo que está bom, não se deve mudar, ou se deve acomodar com a situação cômoda enquanto ela te fizer sobreviver, só que eles já se foram. E não quero sobreviver, isso já tenho feito por oceanos de tempo. Quero mesmo é viver. Quebrar barreiras, esquecer as coisas ruins que me atrasaram tanto e me atrelaram a um peso morto do qual só agora consigo me desacorrentar. E ufa! Sinto-me como se pesasse menos de 1 quilo. (estou quase lá) voando, levitando, em busca do oculto desconhecido mundo de um novo “o que fazer?” a correr atrás de um amor que parecia perdido há 15 dias atrás, mas que foi achado e que pelo jeito vale a pena todo o sacrifício para fazê-lo emergir do nascedouro e durar a eternidade que o tempo me fizer durar.

Dane-se quem achar que sou o mesmo depois de tudo isso, afinal, ninguém é o mesmo depois de tantas experiências surreais e eu praticamente sou um ícone desta fase. Vivi as experiências mais surreais de todas, nem tenho como relatar metade delas sem cansar a paciência do meu leitor, com histórias longas e cheias de intrincadas tramas, capazes de fazer Mr. Poe, um contador de causos de beiral de porta, dada a variedade de escândalos, crises e intifadas ocorridas nesta longa fase passada.

Hoje não quero mais isso, só vou para onde vou mesmo, por que vou retomar o tempo pedido, buscar um amor do passado, que vivi paralelo outro amor do passado, mas este (que inclusive me deu uma filha), está sepulto e mortus est. Mas o que vivi até 15 dias atrás. Esse está mais vivo do que nunca, e embora fuja um pouco das convenções, de quem me conhece e esta acostumado a minhas paixões. Este é amor mesmo, que sobrevive ao tempo, ao espaço e as intempéries mais duras que possam vir. E barreiras mais profundas do que a idade em si.

Só espero que do outro lado, a visão seja bem parecida com a minha, até mesmo por que estou chegando a uma fase em que não tenho mais tanto tempo assim. Falando assim, um cara, condenado a pena perpétua, parece até piada pronta, mas o tempo passa e depois de certo tempo, começamos (mesmo eternos) a achar que deve se dormir um pouco, quem sabe alguns segundos na escala do tempo (séculos) para depois acordar novamente e tentar tudo de novo, quando esta geração estiver consumida.

Particularmente, acho que nunca havia tido um período tão cheio de adversidades quanto aquele mal afamado século 20. Particularmente, achei a renascença mais divertida.

Abraços.

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