quarta-feira, 30 de maio de 2012

O Maquiavélico Tucujú


Não é possível falar de contendas e meandros políticos sem citar Maquiavel que afirmava que o príncipe deve aprender a ser raposa e leão, mas nunca cordeiro. É curiosa a associação que o literato faz com a animalidade. Efetivamente, o simbolismo desses animais é bastante rico e enseja um sem-número de questões. Poderíamos, por exemplo, encaminhar esta análise para identificar a posição do Príncipe entre os seres metamórficos amapaenses.

Um destes seres é o mestre das metamorfoses, capaz de assumir toda e qualquer forma a hora que quiser, seja a de vítima, de opositor, de ignorante (não ofensivo) ou de sumidade. O nosso metamorfo politico é capaz de, pela sua metamorfose, enganar a quase todos que tem olhos destreinados às suas artes circenses e dos sortilégios obsoletos.

Seu poder repousa nas incontáveis formas que ele pode assumir. Ele tanto chega quanto desaparece de repente; ele apanha inesperadamente, e somente se deixa apanhar de modo a poder escapar. O meio essencial com que controla seus feitos espantosos é sempre a metamorfose.

Um poder real, o mestre das metamorfoses alcança na qualidade de xamã, invocando os poderes da floresta em seu proveito próprio. Em sua sessão, ele invoca espíritos aos quais submete; fala-lhes a língua das matas, transforma-se num deles e é capaz de, à maneira deles, dar-lhes ordens. Transforma-se em pássaro ao empreender sua viagem pelo céu e voar para longe das tormentas para fingir ação.

Na qualidade de animal marítimo, desce ao fundo do mar para fugir do mergulho de lama. Tudo lhe é possível, afinal detém um cheque em branco endossado pelo povo que o acreditou um ser metafísico. Seu paroxismo resulta da sucessão intensa e veloz de mais metamorfoses que o chacoalham até que, dentre elas, ele tenha escolhido aquela de que verdadeiramente necessita para seus propósitos.

O mestre das metamorfoses é aquele capaz das mais numerosas metamorfoses; se comparado à figura do rei sagrado e de mártir imolado que faz questão de apregoar. Sempre pregando um milagre inexistente, mas mesmo com as sucessivas metamorfoses continua com a essência sempre idêntica a si mesmo, fazendo com que ninguém possa aproximar-se dele ou mesmo, em muitos casos, olhá-lo, para que não se perceba suas imperfeições dicotômicas.

Este mítico ser, embora propagandeie um caráter estático, nada mais é do que um grande imbróglio á sua arte escura de metamorfosear-se, finge-se articulador do bem comum embora dele partam incessantes ordens a metamorfosear os outros, penetrou na essência do poder, para executar suas ações e acender fogos de artifício com elas.

Pensa fortemente que sua “divindade” não lhe permite descer de sua altura, ir ao encontro das pessoas; mas decerto pode elevar os outros, nomeando-os para este ou aquele posto. Pode transformá-los, elevando-os ou rebaixando-os de acordo com sua vontade ou grau de veneração que lhe dão.

Triste olhar por esta luneta mágica, que não pode ser socializada com os demais membros da população, pois para que isso ocorra se deve barrar os plenos poderes desse “rei” que tem como seu princípio básico; afastar a posse da visão límpida, dessa luneta mágica que faria com que todos os vissem despido desses sortilégios. A educação! Que tem sido meta do “rei” fazê-la nunca chegar a todos. Assim o “rei” nunca ficará nu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...