Na
cabeça de Bertolt Brecht a Ópera de Três Vinténs ambientada no Soho, um bairro que
abriga a boemia de Londres, contando a história do carismático anti-herói
Macheath, apelidado de Mac Navalha. Cercado de mendigos, ladrões e prostitutas,
Mac Navalha, um estereótipo de Don Juan do submundo, miscigena o amante, o cavalheiro
e o ladrão. A trama que poderia ser uma comédia situacional é um grande celeiro
onde são desveladas as verdadeiras relações sociais, políticas e financeiras
contidas nessa história de amor ordinária.
Mas
não foi para fazer uma crítica literária sobre Brecht que dispensa tais
catarses, mas sim sobre uma fala do personagem que me remete a corroborar o
pensamento de Maílson da Nóbrega sobre as ações dos bancos em detrimento à
falácia governista de bancar o indulgente e fazer a usura desaparecer.
Mas (...)
o que é roubar um banco comparado a abrir um banco?
Assim
já dizia o anti-herói de Brecht. Colocando abertamente o poder usurário das
casas bancárias contrariando até a bíblia, que o condena. Mas os bancos serão
mesmo os Mac Navalhas da história do brasileiro ou simplesmente apenas demonizamos
o lado errado da moeda?
Afinal
é unanime se falar mal de governos, sogras e bancos. Pois o pensamento
institucional é de que um banco será sempre uma porta de vidro com moças
sorridentes e rapazes engravatados onde você entra e pega dinheiro emprestado
dando como garantia a sua alma e a certeza de que você não precisa do dinheiro.
Desde
que o ser humano descobriu que se pode intermediar valores auferindo lucro por
isso, os bancos já tem esta imagem comprometida perante o publico. Os serviços de
intermediação financeira ainda são muito pouco entendidos pela população e
considerados caros demais até pelos abastados da vida.
Eu
até compreendo que a presidente Dilma queira ser a mãezona de muitos PACs e
outros feitos heroicos dentre eles a luta colossal contra os juros bancários. O
discurso populista de Dilma no dia do trabalhador encheu de lágrimas qualquer
um que tenha um carnê com no máximo 80 folhas impressas por códigos de barras e valores a pagar a diminuir
o volume ao longo dos anos. A presidente ao dizer que não crê que um sistema
bancário dos mais sólidos e lucrativos, continue com juros tão altos.
Talvez
a presidente nunca tenha atrasado uma fatura do seu cartão de crédito e sentido
o peso da mão dos juros draconianos praticados pelas administradoras em função
do risco cliente-inadimplência. Ou que jamais tenha precisado recorrer a um empréstimo sem garantias alienáveis.
Realmente
os juros em países da Europa são menos exorbitantes do que no Brasil, mas temos
que convir que a politica fazendária nestes países fez as coisas chegarem no
estagio em que estão atualmente; uma Europa em crise de riscos de quebra não de
bancos, mas de nações inteiras.
Talvez
o processo de demonização dos bancos brasileiros seja menos avassalador do que
reza a lenda, de que banqueiro faz de nossas vidas o que Mefistófeles pretendia
com doutor Fausto. Talvez não haja só uma perversidade das instituições e concupiscência
dos donos de bancos. Mas também existam as maiores expressões de vilania e sejam as tributações das
transações financeiras e o volume de recursos que os bancos são obrigados a
recolher ao Banco Central. Em ambos os casos não há comparativo existente ao
brasileiro em nenhum canto do mundo.
Talvez
a politica futura, bem futura se depender da boa vontade de governo e
banqueiros. O cadastro positivo, que seria uma espécie de premiação para o bom
pagador. Que hoje paga a conta dos juros junto com o risco do inadimplente. Seja beneficiado com juros mais baixos, condizentes com a sua condição de honra contratual.
Mas estes são mecanismos que dependem de muita vontade multilateral dos
envolvidos. Coisa que a presidente parece ainda não compreender: O mercado
financeiro sofre interferências sim, mas jamais aceita a coleira e amansa
diante de uma canetada presidencial.
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