O próprio termo já
esclarece: “debate”, o ato de duas ou mais pessoas, que queiram colocar suas
ideias em questão ou discordar das demais sempre tentando fazer prevalecer sua
própria opinião ou sendo convencido das opiniões opostas.
Neste conceito o que a gente
vê nas rádios e emissoras de televisão durante este período que antecede as
eleições, nada mais é do que um brocado muito mal bordado, um arremedo do que
seria uma oportunidade de cada candidato emitir sua opinião que na prática
seria seu projeto de governo. Mas o que ocorre nada mais é do que uma luta de
rua desnecessária, onde cada um pinta os defeitos do outro com mais detalhes do
que uma obra renascentista.
Afora isso, nada mais que se
aproveite se tira das sofríveis horas de bate-bate e nenhum debate. Com isso a ausência
de alguns candidatos é logo sentida, pois alguns não veem nenhum proveito
prático nesse desgaste em suas campanhas ou simplesmente não vê nenhum debate
nos tais “debates”.
Durante o tempo entre o fim
da ditadura militar, passando pelas eleições indiretas, até finalmente chegar a
nossa vez de escolhermos por nossa própria conta e risco os representantes do
povo, recordo-me apenas de um único debate que pôde realmente ser chamado
assim.
O que reuniu personagens
icônicos da política brasileira como Mario Covas, Ulysses Guimarães, Leonel
Brizola, Paulo Maluf, Roberto Freire, Aureliano Chaves, Ronaldo Caiado, Afif
Domingos, Lula, Fernando Collor, Enéias Carneiro e com direito até a Silvio
Santos que substituiu Armando Correa aos 44 do segundo tempo como postulante à
presidência do Brasil.
Dentre outros que disputaram
em 1989 a presidência da república recém redemocratizada com as primeiras
eleições diretas após o mandato de José Sarney. Foi a eleição com o maior
número de candidatos de que se tem história. Afinal naquela época ainda não se
tinham as catitas das coligações, já que a república engatinhava na democracia
recém concedida.
Debate histórico seguindo o
modelo americano, com regras e dinâmicas que permitiram cenas inesquecíveis e
discursos memoráveis, pois sim, chamado debate realmente debate. Afinal este
mesmo modelo proporcionou a Kenedy destronar Nixon, e a exemplo daqui elegemos
naquele ano, Collor – uma promessa de renovação...
O debate foi bom, mas Collor
renunciou em 1992 para escapar de um impeachment deflagrado por seu irmão Pedro
e os detalhes do que acontecia realmente na “casa Dinda”, sede residencial do
presidente naquele mandato.
Enfim, prova viva de que
debate não elege o melhor candidato, mas apenas o que tem ideias que conseguem
penetrar fundo as meninges do eleitor e fincar-se como semente mesmo que de
daninha erva. Mas não significa exatamente sinônimo de quem tem as melhores
ideias, tenha o melhor desempenho para os anseios do tão esperançoso eleitor
que ainda empresta seus ouvidos a tanta abobrinha que tentam alcunhar de
debate.
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