terça-feira, 17 de março de 2015

Whats what?

Estou com várias tendinites de novo, além de dor nas costas, joelhos rangendo. Não vou pôr a culpa no excesso de trabalho nem em ninguém. O problema sou eu mesmo. Passei as férias lendo os três grossos volumes da biografia do Getúlio, escrita pelo Lira Neto. Ótima, aliás. Só que li metade na cama e a outra metade na cadeira de praia. Reclinada na posição cama.

O resto do tempo, quando não estava dormindo, cozinhando ou lavando louça, passei lendo notícias no tablet, checando o Instagram e trocando mensagens por SMS, WhatsApp e e-mail, entre outras atividades no celular. Alguém pode imaginar a posição do meu pescoço?

Escrevo WhatsApp e na imaginação ouço vozes pronunciando What’s Up! Mas melhor seria dizer What’s Down! Para baixo! É para o celular que a gente dobra o pescoço. É com o celular que a gente também tensiona o indicador, ou o polegar, ou ambos: para digitar. A propósito, também estou com tendinite na mão direita.

Voltei ao trabalho e passo o dia inteiro em frente a um computador enorme, lindíssimo. Pescoço projetado para a frente do corpo, esse é um dos meus vícios posturais. Outro problema é que a mega tela do computador, descobri hoje, mais de dois anos depois de comprá-lo, é que é grande demais para mim. Eu, que sou mediano, tenho de levantar a cabeça para enxergá-la direito, e com isso tensiono o pescoço.

A alternativa seria levantar a altura da cadeira, mas aí os meus pés não alcançariam o chão e detesto aqueles apoios de pé. Sinto que fico engessado. Quem acredita que um mobiliário “padrão” serve para quem é pequeno ou para quem é grande? Quantos serão os “normais”?
Outra alternativa para o meu caso, pensei agora, seria abaixar a altura da mesa, mas aí eu não poderia dividi-la com outras pessoas, como faço hoje.

O custo de passarmos mais tempo conectados não é só de eletricidade, telefonia, troca de equipamentos com obsolescência programada, atualizações de softwares etc. O custo é de saúde física.

Mas tem três coisas que eu adoro no WhatsApp. 1) Funciona. Até em circunstâncias em que o SMS não funciona (não me pergunte por que o SMS anda tão ruim); 2) Ele não tem publicidade! Que delícia não ser interrompido por mensagens que não estou interessado em receber 3) É uma forma de comunicação mais barata que SMS e telefonia.

Mas sou do tipo que entende o WhatsApp como instrumento de comunicação um a um. Não gosto de receber no WhatsApp mensagens que não foram escritas especificamente para mim.

Minhas filhas são diferentes. Acho que meus amigos também, porque todos vivem com o celular sem som, mas sempre tremendo em cima da mesa por conta do grande número de mensagens que recebem. Não gosto disso porque me interrompe o fluxo do raciocínio, da memória, do trabalho. Distrai. Tira a concentração e a produtividade.


Mas ao me deparar com um amigo de trabalho me mostrando uma DR via whats com todas as onomatopeias possíveis dos pá, pum, paf, pof pra frente, rendo-me as conveniências da modernidade rezando por uma nova rede social via celular em que eu apena fale e a pessoa do outro lado entenda. Aí me lembro que isso já existe há mais de um século: chama-se telefone!

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