Em Belém, o mal das grandes metrópoles chegou primeiro que o progresso, a violência arrasadora nos faz esgueirar-nos pelos cantos com medo de tudo e de todos. As pessoas andam na rua com desconforto, às vezes quando ando na calçada do Museu Emilio Goeldi, sinto que as pessoas vão desconfortáveis por haver alguém atrás delas. É muito chato, passo na frente e vou mais rápido para fugir da sensação de ser o cara que vai arrancar a bolsa da velinha na frente.
Mas recentemente fui batizado em Belém, um lanceiro (é como se denominam os oportunistas de momento para roubar uma bolsa, um objeto), meteu a mão no meu bolso em um coletivo e me levou a porta cédulas. Sorte que sou sempre pão duro e só ando com o dinheiro necessário, cerca de seis reais. Mas o gatuno me levou a cédula de identidade, e ai vem meu segundo batismo. A epopéia de tirar um novo documento.
Fui a uma delegacia no centro da cidade, ótimo, fui atendido rapidamente, eficiência das escrivãs de polícia da Seccional do São Braz merece aplausos.
Vem a segunda parte; fui tirar a propriamente dita cédula de identidade, fui a um posto em um Shopping Center, que segundo me informaram, dava gratuidade para quem teve seu RG roubado, como eu. Ao chegar lá por volta de sete e meia, surpresa, são distribuídas apenas setenta senhas, e quem estava fora desse número, na quilométrica fila, era informado por um super educado guarda que dizia: _Acabou, acabou, vão embora, só amanha!
Fui para casa, resolvi tentar no dia seguinte. Quatro da manhã, banho tomado, café da manhã no buchinho e zás. Cheguei às quatro e vinte. Pensei ser um dos primeiros. Que nada fui o vigésimo quarto (que sacanagem!), mas aí comecei a descobrir uma prática bem peculiar, gente que vai para a fila e vende o lugar, até ai tudo bem, quer vender? Vende. Mas os larápios, vendiam o lugar e continuavam ao lado de quem comprou, vendendo a vaga inúmeras vezes.
Resultado; de vigésimo quarto saltei para trigésimo sétimo (ufa), e finalmente às oito da manhã, fomos entrando no estacionamento do shopping. Mais um contra tempo; minha foto não estava no padrão exigido, cara de bolacha Maria na foto, fui e tirei nova. Mais um imprevisto, meu BO não serviu para nada, só é concedida a gratuidade para quem foi roubado uma vez, para quem foi roubado mais de uma vez, que se dane, pague a taxa.
Paguei R$ 28,10.
E ai lá pelas onze e quarenta, saí feliz, identidade nova, tudo maravilhoso. Enfim, o que me dá alento é que amanhã vou tirar uma nova carteira de trabalho, já me falaram que lá a fila enrola e as senhas são só vinte. Já estou pensando em comprar o colchão e levar hoje a noite, vai ser uma longa noite...
Fortes abraços!
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